Já falei escrevi sobre a banalização das
biografias em posts anteriores. Este fenômeno se tornou algo avassalador nos
últimos anos. Alguns dizem que os culpados são os BBB’s da Rede Globo que
abriram caminho para algo que era considerado praticamente impossível há
décadas.
Nos meus tempos de leitor pré-adolescente para
publicar uma biografia, o sujeito tinha que ter uma história, um passado e
acima de tudo ser considerado referência em seu setor de atividade e mesmo
assim, as editoras pensavam muito antes de lançar qualquer coisa do gênero.
Hoje... os ‘ares’ são outros e qualquer BBB – do mais
ao menos famoso – consegue ter o seu livrinho publicado. Cara, como se tornou
fácil ser um biografado! Basta ter feito
algo que chamou a atenção de certo grupo social ou então ter exposto a sua
vida, tão comum e rotineira como a de muitos brasileiros, na frente das
câmeras dos “BBB’s” e “As Fazendas” da
vida.
Hoje, as livrarias lançam esse tipo de biografia aos
rodos. Elas vendem muito naquele momento, mas depois caem no esquecimento
total. Também vejo esse fenômeno como uma baita exploração das editoras que
querem apenas aproveitar enquanto a laranja tem suco para depois jogá-la fora. Depois, nossos ‘queridos’ editores saem correndo atrás
de novas laranjas, antes que elas apodreçam e caiam do pé.
Acho importante esclarecer que não estou criticando,
antecipadamente, o livro “Sou Dessas” que Valesca Popozuda estará lançando em
29 de agosto com direito à autógrafos e entrevistas na Bienal do Livro deste
ano. Fiz apenas uma explanação geral do atual panorama relacionado a publicação
de biografias em nosso País. Pode ser que Valesca quebre essa regra e brinde os
seus leitores com declarações interessantes, principalmente para aqueles que
curtem o gênero funk. Acredito que seja possível – difícil, mas possível – já que
ela pode ser considerada uma das disseminadoras do funk no País, numa época em
que o ritmo ainda era desconhecido e restrito a pequenos bailes no subúrbio do
Rio de Janeiro. Se isto acontecer, ela será a primeira a quebrar essa regra de ‘biografias’
relâmpagos.
Valesca Reis dos Santos começou cantando no grupo “Gaiola
das Popozudas” entre 2000 e meados de 2013. Logo em seguida, lançou-se em
carreira solo e em pouco tempo conquistou o título de “Rainha do Funk”.
Dona de hits como Beijinho no Ombro, Sou Dessas e outras pérolas do funk carioca, Valesca Popozuda, jáchegou a ser citada em uma prova de ensino médio no Distrito Federal como "grande pensadora contemporânea", além de ter seu nome mencionado em várias redações do Enem, no ano passado, por estudantes que escreviam sobre o tema "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira".
“Sou Dessas”, como já disse será
lançada em 29 de agosto na Bienal do Livro, em São Paulo, pela editora
BestSeller.
Numa entrevista ao site Ego, a
cantora e agora escritora agradeceu a Deus pelo livro e contou que a escrita
trouxe lembranças a ela. ”Foi como relembrar cada passo que dei ao longo de
todos esses anos de luta para sobreviver e dar o melhor ao meu filho e a minha
família. E sabe, que escrevendo, fui vendo que a gente se torna guerreira pela
necessidade e não por vocação. Eu, que até latada já tomei, fiz e faço disso,
algo para me dar força. E olha onde cheguei? Com muita humildade e pés fincados
ao chão, eu me sinto realizada e cheia de medo em saber que estarei na Bienal
do Livro, lançando parte da minha história para tanta gente. É
um presente do Papai do Céu”, disse.
Segundo a publicação, a capa do
livro de Valesca foi inspirada no famoso cartaz ”We can do it” (Nós podemos
fazer isso). A ilustração ”original” foi criada por J.Howard Miller para a propaganda da Segunda Guerra Mundial e foi muito utilizada pelo movimento femninista nos anos 80. Na época, o cartaz foi criado para incentivar as mulheres norte-americanas a realizarem os trabalhos extra domésticos.
Não posso negar que Valesca já saiu
na frente, pelo menos com relação a capa do livro. Ela teve um insight que lhe
rendeu uma grande sacada de marketing. Vamos ver, agora, o conteúdo.
Inté.
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