Resenhar “Diário de Busca” dos escritores catarinenses Wânio e Wolnéia Souza é muito complicado. Normalmente durante as resenhas, os blogueiros
por mais discretos que sejam, sempre acabam deixando escapar alguns detalhes
sobre a trama. Ocorre que os autores adotaram uma estratégia muito inteligente para divulgar a obra, represando toda
e qualquer forma de spoiler. Quer seja no site da editora Chiado, no blog do
autor ou nos releases distribuídos para os blogs literários, as informações
sobre o enredo eram ínfimas, mas surpreendentemente curiosas. Geralmente tratavam-se
de trechos aleatórios do enredo ou características de alguns personagens que
não comprometiam a essência da história. Bem, essa estratégia de marketing
somada ao título chamativo do livro, com certeza despertou a curiosidade dos
leitores.
Por isso, creio que seria injusto, escrever uma
resenha que revelasse detalhes da trama, estragando assim, todo o trabalho de
divulgação. Mesmo acreditando que já circulam na rede algumas resenhas com spoilers,
prefiro ficar em paz com a minha consciência.
Deixando os floreios de lado, vou direto ao que
interessa: o livro é muito bom. Não querendo bancar o ‘língua de spoiler’ posso
dizer que parte da história se passa no planeta terra, em nossa época, e a
outra parte no espaço sideral.
W-Souza (este é o codinome com o qual os dois irmãos assinam a obra) amarraram muito bem a linha narrativa, não
deixando situações soltas, passagens mal explicadas ou personagens perdidos e
desinteressantes na trama. Cara, são muitos personagens; mesmo porque na
primeira parte da trama, W-Souza contam a saga de uma família, passando por três
gerações. Na sequencia quando o foco narrativo se desloca para o espaço,
somam-se mais personagens. Quando percebemos, estamos cara a cara com uma miscelânea
de nomes e não precisa ser nenhum ‘bidu’ para descobrir que quanto mais
personagens um autor coloca em sua história, maior o risco dele errar a mão.
Já li sagas parecidas com maioneses caseiras desandadas.
Sabe quando você começa a bater uma maionese no liquidificador? Pois é, no
início ela fica um ‘creme só’, linda de morrer; entonce, você erra a mão,
coloca um pouco mais de óleo do que deveria e buuummm! Aquele creme bonito vira
uma gosma feia e indigerível. È assim, também com as sagas literárias
‘forradas’ de personagens. Se o autor erra a mão, já era. Então, o início promissor, a exemplo da tal maionese,
também desanda.
Por isso, ao começar a ler “Diário de Busca”, cada
vez que era inserido um novo personagem, juro que ficava receoso, porque estava
gostando muito enredo e temia que ele ‘desandasse’. Mas conforme a leitura se
desenvolvia, o receio também ficava para trás porque os personagens iam se
adequando perfeitamente a trama.
“Diário de Busca” tem momentos tensos, alegres e
tristes. Fiquei surpreso com a morte de uma personagem. No início até pasmado,
mas depois no decorrer da leitura, entendi que aquela perda seria necessária
para o crescimento de um outro personagem e consequentemente uma virada
essencial no enredo.
Os personagens Leopoldo e Tony são muito
carismáticos. Ana Paula, apesar de aparecer pouco, é encantadora. Juliana, Russo, Drª Mey, Layla, Eval,
Leopoldina, enfim, todos são carismáticos à sua maneira. Quanto aos vilões, estão
mais presentes na segunda parte da história, mas vale à pena esperar porque
eles não negam fogo e pior: e espalham o caos perto do final.
Confesso que é triste vermos autores brasileiros com
enredos fantásticos como “W-Souza, Flavio St Jayme, Wemerson Damasio, César
Bravo, Raphael Miguel e outros serem obrigados a lançar seus livros através de
uma editora fora do País ou então de maneira independente em e-books.
Ponto a menos para as nossas editoras que estão
perdendo verdadeiros filés literários.
Inté!
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