Diário de Busca

17 abril 2016
Resenhar “Diário de Busca” dos escritores catarinenses Wânio e Wolnéia Souza é muito complicado. Normalmente durante as resenhas, os blogueiros por mais discretos que sejam, sempre acabam deixando escapar alguns detalhes sobre a trama. Ocorre que os autores adotaram uma estratégia muito inteligente para divulgar a obra, represando toda e qualquer forma de spoiler. Quer seja no site da editora Chiado, no blog do autor ou nos releases distribuídos para os blogs literários, as informações sobre o enredo eram ínfimas, mas surpreendentemente curiosas. Geralmente tratavam-se de trechos aleatórios do enredo ou características de alguns personagens que não comprometiam a essência da história. Bem, essa estratégia de marketing somada ao título chamativo do livro, com certeza despertou a curiosidade dos leitores. 
Por isso, creio que seria injusto, escrever uma resenha que revelasse detalhes da trama, estragando assim, todo o trabalho de divulgação. Mesmo acreditando que já circulam na rede algumas resenhas com spoilers, prefiro ficar em paz com a minha consciência.
Deixando os floreios de lado, vou direto ao que interessa: o livro é muito bom. Não querendo bancar o ‘língua de spoiler’ posso dizer que parte da história se passa no planeta terra, em nossa época, e a outra parte no espaço sideral.
W-Souza (este é o codinome com o qual os dois irmãos assinam a obra) amarraram muito bem a linha narrativa, não deixando situações soltas, passagens mal explicadas ou personagens perdidos e desinteressantes na trama. Cara, são muitos personagens; mesmo porque na primeira parte da trama, W-Souza contam a saga de uma família, passando por três gerações. Na sequencia quando o foco narrativo se desloca para o espaço, somam-se mais personagens. Quando percebemos, estamos cara a cara com uma miscelânea de nomes e não precisa ser nenhum ‘bidu’ para descobrir que quanto mais personagens um autor coloca em sua história, maior o risco dele errar a mão.
Já li sagas parecidas com maioneses caseiras desandadas. Sabe quando você começa a bater uma maionese no liquidificador? Pois é, no início ela fica um ‘creme só’, linda de morrer; entonce, você erra a mão, coloca um pouco mais de óleo do que deveria e buuummm! Aquele creme bonito vira uma gosma feia e indigerível. È assim, também com as sagas literárias ‘forradas’ de personagens. Se o autor erra a mão, já era. Então, o  início promissor, a exemplo da tal maionese, também desanda.
Por isso, ao começar a ler “Diário de Busca”, cada vez que era inserido um novo personagem, juro que ficava receoso, porque estava gostando muito enredo e temia que ele ‘desandasse’. Mas conforme a leitura se desenvolvia, o receio também ficava para trás porque os personagens iam se adequando perfeitamente a trama.
“Diário de Busca” tem momentos tensos, alegres e tristes. Fiquei surpreso com a morte de uma personagem. No início até pasmado, mas depois no decorrer da leitura, entendi que aquela perda seria necessária para o crescimento de um outro personagem e consequentemente uma virada essencial no enredo.
Os personagens Leopoldo e Tony são muito carismáticos. Ana Paula, apesar de aparecer pouco, é encantadora.  Juliana, Russo, Drª Mey, Layla, Eval, Leopoldina, enfim, todos são carismáticos à sua maneira. Quanto aos vilões, estão mais presentes na segunda parte da história, mas vale à pena esperar porque eles não negam fogo e pior: e espalham o caos perto do final.
Confesso que é triste vermos autores brasileiros com enredos fantásticos como “W-Souza, Flavio St Jayme, Wemerson Damasio, César Bravo, Raphael Miguel e outros serem obrigados a lançar seus livros através de uma editora fora do País ou então de maneira independente em e-books.
Ponto a menos para as nossas editoras que estão perdendo verdadeiros filés literários.
Inté!


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