Livro “A Família Corleone” que aborda a mocidade de Don Vito chega na Terra do Tio Sam. Agora, só falta o Brasil

25 outubro 2012


“O Poderoso Chefão” pode entrar tranquilamente para a galeria dos ‘clássicos dos clássicos’. O livro escrito por Mário Puzo e publicado em 1969, apesar de mais de quatro décadas decorridas, ainda continua atual, sendo lido por jovens e adultos de diferentes ideologias. Certamente, um livro diferenciado. Pena que não posso escrever o mesmo sobre os seus sucessores. “O Chefão”, também de Puzo, não agradou tanto a crítica especializada quanto os leitores. Aqueles que leram disseram que a história sobre a Máfia siciliana perdeu completamente o foco quando o autor decidiu “misturá-la” aos bastidores de Hollywood. Quanto “A Volta do Poderoso Chefão” de Mark Winegardner, apesar da edição ultra-luxuosa, foi um verdadeiro desastre. História cansativa e com personagens nada carismáticos. Aliás, acho que Winegardner ‘matou’ o personagem Michael Corleone, transformando-o num ser amorfo, sem sal nem açúcar, muito diferente do Michael brilhantemente elaborado por Puzo em sua obra máxima. Com relação ao livro, “A Vingança do Poderoso Chefão”, também de Winegardner,  ainda não arrisquei a lê-lo. Pretendo encará-lo, mas confesso que devido a decepção com o seu antecessor, estou... digamos que um pouco receoso. Quando criar coragem, certamente o estarei tirando da minha estante; mas por enquanto, deixe ele quietinho por lá. Sei que o trauma, um dia, vai passar (rss).
“Migo” deixa eu confessar vai: a surra que levei com “A Volta do Poderoso Chefão” foi grande. Fiquei todo lanhado, arrebentadinho da Silva. A convalescença demora um tempo, os traumas foram grandes. Por isso quero manter distância, pelo menos por enquanto, de uma outra obra genérica a “La Puzo”. Bem... quer dizer... bom... Cara, quer saber de uma coisa, vamos trocar o presente do verbo “quero” que usei lá em cima pelo seu pretérito imperfeito!! Pronto! Basta!! Eu “Q-U-E-R-I-A” manter distância dessas obras genéricas de Puzo; mas agora, mesmo estando todo quebrado após a surra que levei do Chefão de Winegardner, acabei de cair de quatro no chão, completamente rendido pela “Família Corleone” que chegou nas lojas americanas em maio.
Confesso que após tomar conhecimento do enredo do novo “genérico”, dessa vez escrito por Ed Falco, um professor universitário – Ai Jesus!! Winegardner também é professor universitário!! - me esqueci da “Volta do Poderoso Chefão” e passei a recordar os momentos marcantes que tive com a leitura da obra original escrita por Puzo.
Pois é, onde já se viu se empolgar com um roteiro... com uma história... não sabendo quem a escreveu, não é verdade? Tudo bem, confesso que esse é um dos meus defeitos. Dar um voto de confiança para todos os “Zé Ninguéns” que tem uma excelente idéia sobre como desenvolver uma história ou um roteiro, mas... antes de colocá-la inteirinha, ali no papel. Já me estrepei muitas vezes por isso. Mas, fazer o que?
Mas, vê se me entende. No caso da “Família Corleone”, essa minha empolgação tem uma razão. É que Falco escreveu a sua história baseado num roteiro do próprio Puzo que não chegou a ser utilizado no cinema. Após algumas pesquisas virtuais fiquei sabendo que Puzo pretendia produzir  um prequel de sua obra máxima “O Poderoso Chefão”. Foi assim, que decidiu escrever um roteiro sobre os primórdios dos mafiosi Corleone. Algo bem mais profundo do que teria sido apresentado na película “O Poderoso Chefão II com o grande Robert De Niro que interpretou o jovem Vito Corleone.
Vejam bem, ao contrário de Mark Winegardner que escreveu uma história inédita, criada por ele e mais ninguém, tendo por base, apenas os personagens do romance de Puzo; Falco escreveu um livro baseado num roteiro praticamente concluído de Puzo. E ainda mais: um roteiro inédito! Isto mesmo, inédito, já que ninguém teve acesso à ele, excetuando, é evidente, os herdeiro do saudoso escritor americano. Vou ser mais claro ainda: Winegardner escreveu uma história sua, sem nenhuma ajuda, enquanto Falco contou com a assessoria de Mário Puzo. Tudo bem, que foi uma assessoria “a la ghost”, já que a ‘fera’ estava descansando no além; mas contou! Resultado, enquanto Winegardner escreveu uma bagaceira, Faco tem a obrigação de produzir  algo, ao menos aceitável. Poxa vida, ele tinha um verdadeiro diamante lapidado em suas mãos: o roteiro de Puzo.
Escritor Ed Falco
Será que a minha empolgação não vale? Acho que sim. Espero que não me decepcione novamente; caso contrário, ficarei parecendo o Rambo com aquela cara de bobo no cartaz de cinema com os dizeres: “Ele foi torturado, humilhado e o escambau a quatro”.
No livro de Falco, o enredo se desenrola no de 1933, na cidade de Nova York durante o período da Grande Depressão. Nesta época, as famílias que vivem do crime estão prosperando, mas coisas vão ficando cada vez mais complicadas e algumas delas podem chegar a um final violento. Enquanto os filhos de Vito Corleone estão na escola, apenas Sonny, o mais velho, sabe do verdadeiro negócio da família. E apesar dos esforços do pai em enviá-lo para uma faculdade, o que o garoto quer é seguir os passos da profissão do pai.
Mas de acordo com informações da imprensa americana, “A Familia Corleone” aborda situações bem anteriores a essa, ou seja, é um PREQUEL, de fato, com todas as letras maiúsculas. O leitor tem a oportunidade de conhecer Vito Corleone antes de entrar no mundo do crime, seus pais, sua educação, sua infância, mocidade. É claro que a ascendência de Vito no mundo da Máfia até ter se tornado um Don também foi abordado pelo autor, mas o foco, mesmo, é para o Vito jovem.
Antes de fechar o post, vale a pena informar algo curioso sobre o lançamento do livro, tipo uma fofoquinha de bastidores. O romance, simplesmente perigou não sair do prelo!
A Paramount entrou com processo contra os herdeiros do escritor no início desse ano, alegando que eles permitiram a publicação de “A Família Corleone” sem sua permissão. O estúdio teria assegurados os direitos de filmagem dos roteiros e livros originais, e a família Puzo, os direitos dos livros. Ocorre que, segundo a Paramount, a história de “A Família Corleone” foi baseada num roteiro cinematográfico, já que Puzo pretendia levar a história para a tela grande. Mas parece que foi firmado um acordo entre as partes envolvidas e o livro acabou saindo... por muito pouco, mas acabou saindo.
Agora só resta aguardar a sua tradução para o português e consequentemente o seu lançamento em terras tupiniquins.
Valeu!!

13 comentários

  1. Cara, pessoalmente não gosto de outros autores metendo o bedelho na mitologia de obras originais. Não saberia explicar isso com poucas palavras, mas acho que perde um pouco da pureza, da essência do universo criado pelo primeiro autor, por mais brilhante que o enredo criado pela sequência - ou pela "prequel" - possa vir a ser.

    Será que as sequências de O Silêncio dos Inocentes seriam tão boas se escritas por outro senão Thomas Harris? Ou se, em algum momento da saga de Sandman (desculpe, mencionei ele de novo) outro roteirista além de Neil Gaiman se aventurasse neste mundo tão particuar do britânico?

    Não sei, acho que O Poderoso Chefão é perfeito por si só.

    Abraço

    regthorpe.blogspot.com

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    1. A culpa dos novos autores (muitos, até mesmo, desconhecidos) meterem o dedo em obras originais é da própria família do morto que escreveu a tal obra original. Vários herdeiros, ávidos em faturar uma grana 'preta' nas custas do falecido, entregam personagens carismáticos que foram tratados com tanto carinho e atenção ao longo de décadas nas mãos de verdadeiros açougueiros. Como já disse li e não gostei da primeira sequencia de "O Poderoso Chefão"; mas por admirar demais dos personagens desenvolvidos por Puzo, acredito que ainda faça uma nova tentativa... Talvez, eu goste de apanhar (rs).
      Abcs!

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  2. Oba! Meu nome é Sinistro Negro, mas não se assuste com isso.
    Sou do bem. Visitei o seu blog e gostei o que é raro e
    estou seguindo, o que pode ser preocupante.
    Tenho um blog e gostaria que o visitasse para o seu próprio bem.
    E se o seguir tudo Dara certo em sua vida.
    Valeu e boas almas para você.
    http://almaesferia.blogspot.com.br/

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Obrigado Ulisses,
    Tbém gostei dos textos do seus cinco blogs (já estou seguindo. Muito interessantes.Realmente, de primeira. Qto ao almasferia do Sinistro Negro - acredito que tbém seja seu - achei bem sinistro (rs), histórias ultra-sinistras. Quero desejar boa sorte em sua vida de escritor. Sei o qto é difícil, principalmente para aqueles que estão começando sem o apoio de uma grde editora; tendo assim, de lutar por si mesmos. Acredito que é isso que dignifica ainda mais a luta dos novos escritores. Parabéns, principalmente pelo dia de amanhã, qdo comemoramos o dia do livro.
    Abcs

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  5. oi.. por acaso acabei achando seu blog, hehe. Então,eu estou terminando de ler "O Chefão" e pelo o que eu li do teu texto ele é uma 'genérico'.. poderia me explicar (porque não consegui achar em outros lugares) qual é exatamente a sequencia dos livros e os 'genéricos' e 'não-genéricos' ... se puder, muito obrigada!

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    1. Olá Valesca!
      Me desculpe a demora em responder, estava com alguns probleminhas de saúde em família, mas agora, graças a Deus,tudo está resolvido. Mas vamos ao que interessa. Anote a sequencia dos livros que são continuidade da história primitiva (O Chefão ou O Poderoso Chefão, dependendo da editora).
      01 - O Siciliano (1984) - autor Mário Puzo
      Participa da história Michael Corleone quando estava foragido depois de ter matado Sollozo e o capitão de polícia, contados no livro O Poderoso Chefão.
      02 - A Volta do Poderoso Chefão (2006) - autor: Mark Winegardner.
      Neste livro que é a sequencia direta de "O Poderoso Chefão", de Puzo, Michael Corleone sai vitorioso da batalha sangrenta entre as famílias do crime de Nova York. Mas sua ambição pede mais. Para consolidar seu poder, Corleone deve enfrentar um poderoso adversário: seu antigo guarda-costas Nick Geraci.
      03 - A Vingança do Poderoso Chefão (2009) - Autor: Mar4k Winegardner
      Na história, Michael Corleone, que se firmou como chefe da família de criminosos mais temida dos estados Unidos, luta para permanecer no controle de seu clã, dividido entre a complexidade de questões locais e interesses internacionais. Nick Gerasi, seu velho inimigo, é procurado com fervor pelos Corleone, que o querem morto.
      >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
      OBS: Bem com relação ao livro tema desse post - "A Família Corleone" - o correto seria lê-lo antes de todos os outros, já que narra os primórdios de Don Vito, o patriarca do clã dos Corleone.
      >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
      Mas tem um outro detalhe Valesca, se vc quiser ser fiel a escrita de Mário Puzo, esqueça os livros de Winegardner e siga a seguinte ordem:

      01 - O Poderoso Chefão
      02 - O Siciliano
      03 - O Último Chefão
      04 - Omertá

      Espero tê-la ajudado.
      Abcs!

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  6. Olá, estava pesquisando sobre o livro "A Família Corleone" e cheguei no seu blog. Será que o livro foi publicado no Brasil? Ainda não encontrei nenhuma informação. Sobre os livros escritos pelo Winegardner, eu detestei "A Volta do Poderoso Chefão" mas já o livro "A Vingança do Poderoso Chefão" eu achei muito bom!! vai explicar isso...

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  7. Danilo,
    O livro ainda não foi lançado no Brasil e pelo que eu pesquisei, nem há previsão.. Por enquanto, a editora Bertrand fez o lançamento, apenas, em Portugal. Se quiser ler o livro na linguagem dos patrícios segue o site para compra.

    http://www.bertrandeditora.pt/livros/ficha/a-familia-corleone?id=15398355

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  8. Bicho, eu li A Família Corleone, de Ed Falco, e confesso que fiquei com uma pulgona atrás da orelha. Parece que Ed Falco baseou-se no filme e nção no livro. Vito Corleone é totalmente estranho ao que Puzo descreve em sua obra. Santino é fraco em relação ao Santino de Puzo. Brasi é bobão, em relação ao Brasi de Puzo. Sem contar que, segundo Falco, Santino presenciou o assassinato de Henry Hagem, pai de Tom Hagem, e não Fanucci,por seu pai. Fora outras contradições, que não me lembro agora. Por isso que disse que parece que Falco baseou-se no filme e não no livro.

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    1. Ainda não tive oportunidade de ler a obra de Falco, mas pelo que vc disse o autor desvirtuou tudo. Um Santino fraco, um Brasi bobo, além de um Corleone diferente do livro de Puzo é um pé nas partes íntimas. Lembro que o Brasi descrito em flashback na obra de Puzzo éw fodástico. Uma pena.

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  9. Pessoal, boa noite,
    Achei esse livro incrível, recomendo muito, em 1 semana li tudo, pra quem é amante da familia corleone e sempre quis saber mais sobre ela, como as coisas foram acontecendo e tal vai curtir demais, livro realmente com a cara do puzzo embora seja do ed falco, achei realmente muito bommmm.

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