Escritores nem tão santos assim. Um capítulo do “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” que certamente vale um post antecipado

13 outubro 2012


 Antes de ‘atacar’ “Sob a Redoma” do King, estou concluindo a leitura do “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” do jornalista Leandro Narloch. O livro – pelo menos até agora – está me agradando em cheio, com o autor desmistificando algumas passagens sagradas da História do Brasil ou então desmascarando vários personagens que pensávamos serem santos, mas... bem... tiveram uma mocidade um tanto que rebelde, com atitudes mais rebeldes ainda. Leitura para viajar e ao mesmo tempo ver a historia do nosso país com outros olhos.
Ontem, perto da madrugada, após encerrar a leitura do capítulo ‘Escritores’, não pude resistir a tentação de postar algo sobre o assunto. Tudo bem que seja um pouco incomum e arriscado opinar sobre um livro sem antes lê-lo num todo. Pode ser que a obra nos encante do início para o meio, mas daí para adiante acabe se transformando numa verdadeira bucha de canhão. Apesar disso, após ler o capítulo Escritores de “Guia Políticamente Incorreto da História do Brasil” não pude resistir de falar escrever algumas cositas.
Cara! Com todo respeito à Machado de Assis, José de Alencar, Jorge Amado e outros; eu achava essas “feras” tão imaculadamente geniais, ao cúmulo de não admitir enxergar nenhum defeito em suas personalidades. Nesse rol de “escritores imaculados” que desfilavam em minha cabecinha inocente, cabe uma ressalva a um deles: Euclides da Cunha, o qual, digamos que, eu já tinha uma certa noção de sua personalidade do cão. Mas os demais... Olha, confesso que foi difícil acreditar no ‘rompimento do mito’. Para aqueles que estão se perguntando agora: - O vida boa leu apenas um livro e já está crucificando essas lendas da nossa literatura.
Prá você que pensa dessa maneira gostaria, antes de tudo, de recomendar o livro de Narloch. Você vai entender o motivo da minha, digamos... mudança de ideologia com relação as nossas “lendas da literatura”. O autor que é jornalista e já foi repórter da revista Veja, simplesmente, não joga o assunto na sua cara e diz: - “fulano fez isso e aquilo porque eu sei que fez”. Pelo contrário, Narloch entope o leitor de provas e, diga-se de passagem, provas provenientes de fontes ultra-confiáveis de pesquisadores de grande respeito.
Por outro lado, você que admira esses escritores, não precisa ficar chateado comigo ou com o próprio autor do livro. A obra não está ‘malhando’ ninguém, simplesmente mostrando uma fase nada ‘católica’ da vida desse pessoal e que o tempo e a fama haviam escondido. Erros, besteiras e cabeçadas que aconteceram, geralmente, na mocidade. E agora, me diga uma coisa: quem de nós teve uma adolescência ou mocidade santa???  Porra! Nem o mais santo dos padres ou pastores!!
Outros, também podem acusar Narloch de bisbilhoteiro ou fofoqueiro, mas pêra lá... Esses escritores foram homens públicos, formadores de opinião, além de estarem presentes em nossas vidas através de suas obras. E aqui entre nós, toda personalidade acaba tendo a sua vida vasculhada; não pela fofoca, mas pelo interesse de querermos conhecer essa pessoa num todo, não só as suas virtudes, mas também os seus defeitos. E Narloch faz isso: mostra o céu azul desses ilustres escritores e intelectuais, mas também mostra as tormentas em suas vidas. Tudo baseado em fontes, como já disse ultra-confiáveis.
Passam pelo clivo de Narloch, sete monstros sagrados da literatura brasileira que aprontaram poucas e boas em suas vidas, algumas atitudes terribles que não combinam em nada com a tal estampa imaculada que já citei.
Racismo, nazismo, stalinismo, inquisição... Ufa!! A poeira que estava embaixo do tapete dessa gente e que agora foi revelada é grande. Por exemplo, uma verdadeira lenda da nossa literatura foi um dos maiores censores do governo, proibindo peças teatrais que julgava muito libertinas,  mas que de libertinas não tinham nada. Outro autor, defendia abertamente a escravidão no Brasil como fica evidente em uma de suas cartas descobertas por historiadores e publicadas  por Narloch. “Se a escravidão não fosse inventada, a marcha da humanidade seria impossível, a menos que a necessidade não suprisse esse vínculo por outro igualmente poderoso.” Se espantaram? Este é apenas o início da carta desse conhecido intelectual; tem muito mais!
O capítulo Escritores de “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” revela também o caso de um respeitado escritor contemporâneo que conseguiu defender, ao mesmo tempo, dois dos maiores tiranos que o mundo já conheceu.
Há ainda a história de um dos escritores e pensadores brasileiros mais bambans que já conheci, criador de uma obra considerada um verdadeiro marco para a história do país, que admirava a Ku Klux Klan.
Quanto a Euclides da Cunha, o autor faz revelações importantes sobre a sua vida e que vão bem mais além do que a sua tentativa de matar o amante de sua mulher, o jovem cadete da Escola de Guerra Dilermando de Assis. O descontrole e o destempero de Euclides da Cunha eram tão grandes que ele chegou a trancar a sua esposa no quarto, quando descobriu que estava sendo traído, o que culminou com a morte do filho da mulher que havia acabado de nascer. Narloch conta em detalhes como ocorreu esse fato macabro e cruel, evidenciando a falta de controle do conhecido autor de “Os Sertões”. Para escrever tal passagem sobre a vida de Euclides da Cunha; Narloch se baseou na biografia da própria mulher do escritor carioca: Anna, escrita por sua filha Judite de Assis.
Enfim, um capítulo que me prendeu tanto e que acabou valendo esse post antecipado sobre o delicioso guia politicamente incorreto da história do nosso país, o qual estarei resenhando, num todo, brevemente por aqui.

3 comentários

  1. Respostas
    1. E verdades que até há pouco tempo estavam bem guardadinhas (rs)

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  2. A fonte do autor para denegrir a memória de Euclides da Cunha é um livro ridículo escrito pela filha da Anna Cunha com o amante Dilermando. Realmente, é uma fonte das mais confiáveis!! Que piada. Esse livro é uma fraude do início ao fim.

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