Antes de ‘atacar’ “Sob a Redoma” do King, estou
concluindo a leitura do “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” do
jornalista Leandro Narloch. O livro – pelo menos até agora – está me agradando
em cheio, com o autor desmistificando algumas passagens sagradas da História do
Brasil ou então desmascarando vários personagens que pensávamos serem santos,
mas... bem... tiveram uma mocidade um tanto que rebelde, com atitudes mais
rebeldes ainda. Leitura para viajar e ao mesmo tempo ver a historia do nosso
país com outros olhos.
Ontem, perto da madrugada, após encerrar a leitura
do capítulo ‘Escritores’, não pude resistir a tentação de postar algo sobre o
assunto. Tudo bem que seja um pouco incomum e arriscado opinar sobre um livro
sem antes lê-lo num todo. Pode ser que a obra nos encante do início para o
meio, mas daí para adiante acabe se transformando numa verdadeira bucha de canhão.
Apesar disso, após ler o capítulo Escritores de “Guia Políticamente Incorreto
da História do Brasil” não pude resistir de falar escrever algumas
cositas.
Cara! Com todo respeito à Machado de Assis, José de
Alencar, Jorge Amado e outros; eu achava essas “feras” tão imaculadamente
geniais, ao cúmulo de não admitir enxergar nenhum defeito em suas
personalidades. Nesse rol de “escritores imaculados” que desfilavam em minha
cabecinha inocente, cabe uma ressalva a um deles: Euclides da Cunha, o qual,
digamos que, eu já tinha uma certa noção de sua personalidade do cão. Mas os
demais... Olha, confesso que foi difícil acreditar no ‘rompimento do mito’. Para
aqueles que estão se perguntando agora: - O vida boa leu apenas um livro e já
está crucificando essas lendas da nossa literatura.
Prá você que pensa dessa maneira gostaria, antes de
tudo, de recomendar o livro de Narloch. Você vai entender o motivo da minha,
digamos... mudança de ideologia com relação as nossas “lendas da literatura”. O
autor que é jornalista e já foi repórter da revista Veja, simplesmente, não
joga o assunto na sua cara e diz: - “fulano fez isso e aquilo porque eu sei que
fez”. Pelo contrário, Narloch entope o leitor de provas e, diga-se de passagem,
provas provenientes de fontes ultra-confiáveis de pesquisadores de grande
respeito.
Por outro lado, você que admira esses escritores,
não precisa ficar chateado comigo ou com o próprio autor do livro. A obra não
está ‘malhando’ ninguém, simplesmente mostrando uma fase nada ‘católica’ da
vida desse pessoal e que o tempo e a fama haviam escondido. Erros, besteiras e
cabeçadas que aconteceram, geralmente, na mocidade. E agora, me diga uma coisa:
quem de nós teve uma adolescência ou mocidade santa??? Porra! Nem o mais santo dos padres ou
pastores!!
Outros, também podem acusar Narloch de bisbilhoteiro
ou fofoqueiro, mas pêra lá... Esses escritores foram homens públicos,
formadores de opinião, além de estarem presentes em nossas vidas através de
suas obras. E aqui entre nós, toda personalidade acaba tendo a sua vida
vasculhada; não pela fofoca, mas pelo interesse de querermos conhecer essa
pessoa num todo, não só as suas virtudes, mas também os seus defeitos. E
Narloch faz isso: mostra o céu azul desses ilustres escritores e intelectuais,
mas também mostra as tormentas em suas vidas. Tudo baseado em fontes, como já
disse ultra-confiáveis.
Passam pelo clivo de Narloch, sete monstros sagrados
da literatura brasileira que aprontaram poucas e boas em suas vidas, algumas
atitudes terribles que não combinam em nada com a tal estampa imaculada que já citei.
Racismo, nazismo, stalinismo, inquisição... Ufa!! A
poeira que estava embaixo do tapete dessa gente e que agora foi revelada é
grande. Por exemplo, uma verdadeira lenda da nossa literatura foi um dos
maiores censores do governo, proibindo peças teatrais que julgava muito
libertinas, mas que de libertinas não
tinham nada. Outro autor, defendia abertamente a escravidão no Brasil como fica
evidente em uma de suas cartas descobertas por historiadores e publicadas por Narloch. “Se a escravidão não fosse
inventada, a marcha da humanidade seria impossível, a menos que a necessidade
não suprisse esse vínculo por outro igualmente poderoso.” Se espantaram? Este é
apenas o início da carta desse conhecido intelectual; tem muito mais!
O capítulo Escritores de “Guia Politicamente
Incorreto da História do Brasil” revela também o caso de um respeitado escritor
contemporâneo que conseguiu defender, ao mesmo tempo, dois dos maiores tiranos
que o mundo já conheceu.
Há ainda a história de um dos escritores e
pensadores brasileiros mais bambans que já conheci, criador de uma obra
considerada um verdadeiro marco para a história do país, que admirava a Ku Klux
Klan.
Quanto a Euclides da Cunha, o autor faz revelações
importantes sobre a sua vida e que vão bem mais além do que a sua tentativa de
matar o amante de sua mulher, o jovem cadete da Escola de Guerra Dilermando de
Assis. O descontrole e o destempero de Euclides da Cunha eram tão grandes que
ele chegou a trancar a sua esposa no quarto, quando descobriu que estava sendo
traído, o que culminou com a morte do filho da mulher que havia acabado de
nascer. Narloch conta em detalhes como ocorreu esse fato macabro e cruel,
evidenciando a falta de controle do conhecido autor de “Os Sertões”. Para
escrever tal passagem sobre a vida de Euclides da Cunha; Narloch se baseou na
biografia da própria mulher do escritor carioca: Anna, escrita por sua filha
Judite de Assis.
Enfim, um capítulo que me prendeu tanto e que acabou
valendo esse post antecipado sobre o delicioso guia politicamente incorreto da
história do nosso país, o qual estarei resenhando, num todo, brevemente por
aqui.
3 comentários
É delicioso saber a verdade né
ResponderExcluirE verdades que até há pouco tempo estavam bem guardadinhas (rs)
ExcluirA fonte do autor para denegrir a memória de Euclides da Cunha é um livro ridículo escrito pela filha da Anna Cunha com o amante Dilermando. Realmente, é uma fonte das mais confiáveis!! Que piada. Esse livro é uma fraude do início ao fim.
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