“O Poderoso Chefão” pode entrar tranquilamente para a galeria
dos ‘clássicos dos clássicos’. O livro escrito por Mário Puzo e publicado em
1969, apesar de mais de quatro décadas decorridas, ainda continua atual, sendo
lido por jovens e adultos de diferentes ideologias. Certamente, um livro
diferenciado. Pena que não posso escrever o mesmo sobre os seus sucessores. “O
Chefão”, também de Puzo, não agradou tanto a crítica especializada quanto os
leitores. Aqueles que leram disseram que a história sobre a Máfia siciliana
perdeu completamente o foco quando o autor decidiu “misturá-la” aos bastidores
de Hollywood. Quanto “A Volta do Poderoso Chefão” de Mark Winegardner, apesar
da edição ultra-luxuosa, foi um verdadeiro desastre. História cansativa e com
personagens nada carismáticos. Aliás, acho que Winegardner ‘matou’ o personagem
Michael Corleone, transformando-o num ser amorfo, sem sal nem açúcar, muito
diferente do Michael brilhantemente elaborado por Puzo em sua obra máxima. Com
relação ao livro, “A Vingança do Poderoso Chefão”, também de Winegardner, ainda não arrisquei a lê-lo. Pretendo encará-lo,
mas confesso que devido a decepção com o seu antecessor, estou... digamos que
um pouco receoso. Quando criar coragem, certamente o estarei tirando da minha
estante; mas por enquanto, deixe ele quietinho por lá. Sei que o trauma, um
dia, vai passar (rss).
“Migo” deixa eu confessar vai: a surra que levei com “A Volta
do Poderoso Chefão” foi grande. Fiquei todo lanhado, arrebentadinho da Silva. A
convalescença demora um tempo, os traumas foram grandes. Por isso quero manter
distância, pelo menos por enquanto, de uma outra obra genérica a “La Puzo”.
Bem... quer dizer... bom... Cara, quer saber de uma coisa, vamos trocar o
presente do verbo “quero” que usei lá em cima pelo seu pretérito imperfeito!!
Pronto! Basta!! Eu “Q-U-E-R-I-A” manter distância dessas obras genéricas de
Puzo; mas agora, mesmo estando todo quebrado após a surra que levei do Chefão
de Winegardner, acabei de cair de quatro no chão, completamente rendido pela
“Família Corleone” que chegou nas lojas americanas em maio.
Confesso que após tomar conhecimento do enredo do novo
“genérico”, dessa vez escrito por Ed Falco, um professor universitário – Ai Jesus!!
Winegardner também é professor universitário!! - me esqueci da “Volta do
Poderoso Chefão” e passei a recordar os momentos marcantes que tive com a leitura
da obra original escrita por Puzo.
Pois é, onde já se viu se empolgar com um roteiro... com uma
história... não sabendo quem a escreveu, não é verdade? Tudo bem, confesso que
esse é um dos meus defeitos. Dar um voto de confiança para todos os “Zé
Ninguéns” que tem uma excelente idéia sobre como desenvolver uma história ou um
roteiro, mas... antes de colocá-la inteirinha, ali no papel. Já me estrepei
muitas vezes por isso. Mas, fazer o que?
Mas, vê se me entende. No caso da “Família Corleone”, essa
minha empolgação tem uma razão. É que Falco escreveu a sua história baseado num
roteiro do próprio Puzo que não chegou a ser utilizado no cinema. Após algumas
pesquisas virtuais fiquei sabendo que Puzo pretendia produzir um prequel de sua obra máxima “O Poderoso
Chefão”. Foi assim, que decidiu escrever um roteiro sobre os primórdios dos
mafiosi Corleone. Algo bem mais profundo do que teria sido apresentado na
película “O Poderoso Chefão II com o grande Robert De Niro que interpretou o
jovem Vito Corleone.
Vejam bem, ao contrário de Mark Winegardner que escreveu uma
história inédita, criada por ele e mais ninguém, tendo por base, apenas os
personagens do romance de Puzo; Falco escreveu um livro baseado num roteiro
praticamente concluído de Puzo. E ainda mais: um roteiro inédito! Isto mesmo,
inédito, já que ninguém teve acesso à ele, excetuando, é evidente, os herdeiro
do saudoso escritor americano. Vou ser mais claro ainda: Winegardner escreveu
uma história sua, sem nenhuma ajuda, enquanto Falco contou com a assessoria de
Mário Puzo. Tudo bem, que foi uma assessoria “a la ghost”, já que a ‘fera’
estava descansando no além; mas contou! Resultado, enquanto Winegardner
escreveu uma bagaceira, Faco tem a obrigação de produzir algo, ao menos aceitável. Poxa vida, ele tinha
um verdadeiro diamante lapidado em suas mãos: o roteiro de Puzo.
Escritor Ed Falco |
Será que a minha empolgação não vale? Acho que sim. Espero
que não me decepcione novamente; caso contrário, ficarei parecendo o Rambo com
aquela cara de bobo no cartaz de cinema com os dizeres: “Ele foi torturado,
humilhado e o escambau a quatro”.
No livro de Falco, o enredo se desenrola no de 1933, na
cidade de Nova York durante o período da Grande Depressão. Nesta época, as
famílias que vivem do crime estão prosperando, mas coisas vão ficando cada vez
mais complicadas e algumas delas podem chegar a um final violento. Enquanto os
filhos de Vito Corleone estão na escola, apenas Sonny, o mais velho, sabe do
verdadeiro negócio da família. E apesar dos esforços do pai em enviá-lo para
uma faculdade, o que o garoto quer é seguir os passos da profissão do pai.
Mas de acordo com informações da imprensa americana, “A
Familia Corleone” aborda situações bem anteriores a essa, ou seja, é um
PREQUEL, de fato, com todas as letras maiúsculas. O leitor tem a oportunidade
de conhecer Vito Corleone antes de entrar no mundo do crime, seus pais, sua
educação, sua infância, mocidade. É claro que a ascendência de Vito no mundo da
Máfia até ter se tornado um Don também foi abordado pelo autor, mas o foco,
mesmo, é para o Vito jovem.
Antes de fechar o post, vale a pena informar algo curioso
sobre o lançamento do livro, tipo uma fofoquinha de bastidores. O romance,
simplesmente perigou não sair do prelo!
A Paramount entrou com processo contra os herdeiros do
escritor no início desse ano, alegando que eles permitiram a publicação de “A
Família Corleone” sem sua permissão. O estúdio teria assegurados os direitos de
filmagem dos roteiros e livros originais, e a família Puzo, os direitos dos
livros. Ocorre que, segundo a Paramount, a história de “A Família Corleone” foi
baseada num roteiro cinematográfico, já que Puzo pretendia levar a história
para a tela grande. Mas parece que foi firmado um acordo entre as partes
envolvidas e o livro acabou saindo... por muito pouco, mas acabou saindo.
Agora só resta aguardar a sua tradução para o português e
consequentemente o seu lançamento em terras tupiniquins.
Valeu!!
13 comentários
Cara, pessoalmente não gosto de outros autores metendo o bedelho na mitologia de obras originais. Não saberia explicar isso com poucas palavras, mas acho que perde um pouco da pureza, da essência do universo criado pelo primeiro autor, por mais brilhante que o enredo criado pela sequência - ou pela "prequel" - possa vir a ser.
ResponderExcluirSerá que as sequências de O Silêncio dos Inocentes seriam tão boas se escritas por outro senão Thomas Harris? Ou se, em algum momento da saga de Sandman (desculpe, mencionei ele de novo) outro roteirista além de Neil Gaiman se aventurasse neste mundo tão particuar do britânico?
Não sei, acho que O Poderoso Chefão é perfeito por si só.
Abraço
regthorpe.blogspot.com
A culpa dos novos autores (muitos, até mesmo, desconhecidos) meterem o dedo em obras originais é da própria família do morto que escreveu a tal obra original. Vários herdeiros, ávidos em faturar uma grana 'preta' nas custas do falecido, entregam personagens carismáticos que foram tratados com tanto carinho e atenção ao longo de décadas nas mãos de verdadeiros açougueiros. Como já disse li e não gostei da primeira sequencia de "O Poderoso Chefão"; mas por admirar demais dos personagens desenvolvidos por Puzo, acredito que ainda faça uma nova tentativa... Talvez, eu goste de apanhar (rs).
ExcluirAbcs!
Oba! Meu nome é Sinistro Negro, mas não se assuste com isso.
ResponderExcluirSou do bem. Visitei o seu blog e gostei o que é raro e
estou seguindo, o que pode ser preocupante.
Tenho um blog e gostaria que o visitasse para o seu próprio bem.
E se o seguir tudo Dara certo em sua vida.
Valeu e boas almas para você.
http://almaesferia.blogspot.com.br/
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigado Ulisses,
ResponderExcluirTbém gostei dos textos do seus cinco blogs (já estou seguindo. Muito interessantes.Realmente, de primeira. Qto ao almasferia do Sinistro Negro - acredito que tbém seja seu - achei bem sinistro (rs), histórias ultra-sinistras. Quero desejar boa sorte em sua vida de escritor. Sei o qto é difícil, principalmente para aqueles que estão começando sem o apoio de uma grde editora; tendo assim, de lutar por si mesmos. Acredito que é isso que dignifica ainda mais a luta dos novos escritores. Parabéns, principalmente pelo dia de amanhã, qdo comemoramos o dia do livro.
Abcs
Thanks! Sucesso prá vc também!
ResponderExcluirAbcs!
oi.. por acaso acabei achando seu blog, hehe. Então,eu estou terminando de ler "O Chefão" e pelo o que eu li do teu texto ele é uma 'genérico'.. poderia me explicar (porque não consegui achar em outros lugares) qual é exatamente a sequencia dos livros e os 'genéricos' e 'não-genéricos' ... se puder, muito obrigada!
ResponderExcluirOlá Valesca!
ExcluirMe desculpe a demora em responder, estava com alguns probleminhas de saúde em família, mas agora, graças a Deus,tudo está resolvido. Mas vamos ao que interessa. Anote a sequencia dos livros que são continuidade da história primitiva (O Chefão ou O Poderoso Chefão, dependendo da editora).
01 - O Siciliano (1984) - autor Mário Puzo
Participa da história Michael Corleone quando estava foragido depois de ter matado Sollozo e o capitão de polícia, contados no livro O Poderoso Chefão.
02 - A Volta do Poderoso Chefão (2006) - autor: Mark Winegardner.
Neste livro que é a sequencia direta de "O Poderoso Chefão", de Puzo, Michael Corleone sai vitorioso da batalha sangrenta entre as famílias do crime de Nova York. Mas sua ambição pede mais. Para consolidar seu poder, Corleone deve enfrentar um poderoso adversário: seu antigo guarda-costas Nick Geraci.
03 - A Vingança do Poderoso Chefão (2009) - Autor: Mar4k Winegardner
Na história, Michael Corleone, que se firmou como chefe da família de criminosos mais temida dos estados Unidos, luta para permanecer no controle de seu clã, dividido entre a complexidade de questões locais e interesses internacionais. Nick Gerasi, seu velho inimigo, é procurado com fervor pelos Corleone, que o querem morto.
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
OBS: Bem com relação ao livro tema desse post - "A Família Corleone" - o correto seria lê-lo antes de todos os outros, já que narra os primórdios de Don Vito, o patriarca do clã dos Corleone.
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Mas tem um outro detalhe Valesca, se vc quiser ser fiel a escrita de Mário Puzo, esqueça os livros de Winegardner e siga a seguinte ordem:
01 - O Poderoso Chefão
02 - O Siciliano
03 - O Último Chefão
04 - Omertá
Espero tê-la ajudado.
Abcs!
Olá, estava pesquisando sobre o livro "A Família Corleone" e cheguei no seu blog. Será que o livro foi publicado no Brasil? Ainda não encontrei nenhuma informação. Sobre os livros escritos pelo Winegardner, eu detestei "A Volta do Poderoso Chefão" mas já o livro "A Vingança do Poderoso Chefão" eu achei muito bom!! vai explicar isso...
ResponderExcluirDanilo,
ResponderExcluirO livro ainda não foi lançado no Brasil e pelo que eu pesquisei, nem há previsão.. Por enquanto, a editora Bertrand fez o lançamento, apenas, em Portugal. Se quiser ler o livro na linguagem dos patrícios segue o site para compra.
http://www.bertrandeditora.pt/livros/ficha/a-familia-corleone?id=15398355
Bicho, eu li A Família Corleone, de Ed Falco, e confesso que fiquei com uma pulgona atrás da orelha. Parece que Ed Falco baseou-se no filme e nção no livro. Vito Corleone é totalmente estranho ao que Puzo descreve em sua obra. Santino é fraco em relação ao Santino de Puzo. Brasi é bobão, em relação ao Brasi de Puzo. Sem contar que, segundo Falco, Santino presenciou o assassinato de Henry Hagem, pai de Tom Hagem, e não Fanucci,por seu pai. Fora outras contradições, que não me lembro agora. Por isso que disse que parece que Falco baseou-se no filme e não no livro.
ResponderExcluirAinda não tive oportunidade de ler a obra de Falco, mas pelo que vc disse o autor desvirtuou tudo. Um Santino fraco, um Brasi bobo, além de um Corleone diferente do livro de Puzo é um pé nas partes íntimas. Lembro que o Brasi descrito em flashback na obra de Puzzo éw fodástico. Uma pena.
ExcluirPessoal, boa noite,
ResponderExcluirAchei esse livro incrível, recomendo muito, em 1 semana li tudo, pra quem é amante da familia corleone e sempre quis saber mais sobre ela, como as coisas foram acontecendo e tal vai curtir demais, livro realmente com a cara do puzzo embora seja do ed falco, achei realmente muito bommmm.