04 junho 2023

10 livros polêmicos que provocaram um grande rebuliço em suas épocas

Um dia desses; não sei ao certo qual deles – semana passada, mês passado, sinceramente, não sei – por isso vou deixa-lo apenas como “um dia desses”; estava na biblioteca pública de minha cidade quando bati os olhos num livro muito antigo – depois soube que foi escrito em 1946 – e comecei a lê-lo. Acho que me interessei pela capa que trazia a imagem de uma criança; muito parecida com as capas daqueles almanaques de farmácia. E... sabe né... como sou fã desses almanaques decidi encarar a leitura do tal livro. Cara; fiquei abismado com o seu conteúdo; melhor, fiquei chocado. Pensei comigo o cara que escreveu tudo isso é um baita de um sem noção. Caráculas! Quantas ideias malucas, absurdas e tresloucadas.

O tal livro causou um reboliço há 77 anos e as suas teorias esdrúxulas caíram como uma bomba, mas apesar disso muitos pais acharam o máximo e... infelizmente as seguiram. O nome do livro? Eu conto: Meu Filho, Meu Tesouro de um certo Dr. Benjamin Spock. Depois pensei comigo: “Esse sujeito maluco ainda era médico?!!”. Pois é, saiba que essa “obra de arte” teria levado a morte de aproximadamente 50 mil bebês!  Mas vou falar detalhadamente sobre isso mais para frente.

Depois, após o choque inicial que tive com o livro do “Sr. Spock”, percebi que ele estava na estante que recebia a classificação de “Obras Polemicas”. E confesso que havia muita “coisa braba” naquele espaço e que causou um verdadeiro rebu na época de seus lançamentos ou então, pouco tempo depois. Saí da biblioteca com propósito de escrever esse post que você está lendo agora.

Selecionei dez livros que causaram um grande furor na sociedade quando foram lançados devido ao extremismo do conteúdo ou das ideais revolucionárias que apresentam. Vamos a nossa lista.

01 – O Príncipe (Nicolau Maquiavel)

Ano de lançamento: 1532

Em O Príncipe, Nicolau Maquiavel escreveu um guia sobre como subir ao poder e se manter nele. O autor expôs de forma inaudita os meandros e as artimanhas do poder.

Maquiavel discorre sobre os diferentes tipos de Estado e ensina como um príncipe pode conquistar e manter o domínio sobre um Estado. Trata daquilo que é o seu objetivo principal: as virtudes que o governante deve adquirir e os vícios que deve evitar para manter-se no poder.

O autor mostra em O Príncipe que a moralidade e a ciência política são separadas. Ele aponta a contradição entre governar um Estado e, ao mesmo tempo, levar uma vida moral.

Apesar de ter sido redigido por volta de 1513, a obra de Maquiavel foi publicada somente em 1532.

02 – Os Versos Satânicos (Salman Rushdie)

Lançamento: 1989

Imagine um livro capaz de condenar o seu autor a morte. Quer mais polemicidade do que isso? Pois é, Os Versos Satânicos de Salman Rushdie quase conseguiu mandar o seu autor para a cova. Para quem não sabe, Rushdie ficou conhecido após a ameaça de morte por um decreto do aiatolá Khomeini em 1989, como punição por este romance.

Os Versos Satânicos conta a história de dois muçulmanos que, após sobreviverem a um atentado terrorista, começam a sofrer uma transformação: um transforma-se num demônio, enquanto o outro num anjo.

O livro está recheado de críticas e sátiras irônicas contra o islamismo e o Alcorão, o livro sagrado do islão. Vários líderes religiosos muçulmanos ofereceram milhões de dólares como recompensa para a captura e assassinato de Rushdie, que teve que receber proteção policial durante muitos anos!

03 – O Amante de Lady Chatterley (D.H. Lawrence)

Lançamento: 1928

O Amante de Lady Chatterley foi uma publicação censurada em diversos países durante anos. No Reino Unido, país de origem do livro, sua primeira edição final passou a ser comercializada em 1960, ou seja, 32 anos após sua conclusão.

Apesar do sucesso atual, o enredo foi adaptado pela Netflix em 2022, O Amante de Lady Chatterley sofreu forte repressão em diversos países devido ao seu conteúdo. Na época, o livro foi proibido pelas descrições ativas e contundentes dos atos sexuais da protagonista.

D.H. Lawrence recria as relações entre uma jovem chamada Constance Chatterley, que cresceu em meio a um contexto burguês e liberal. Após ser criada por uma família de aristocratas, ela se casa ainda muito nova e é forçada a ver seu marido indo para guerra meses após o matrimônio.

O que ela não esperava, contudo, era que seu marido fosse retornar para casa com todos os membros inferiores paralisados. Ainda sem saber como lidar, o casal se exila em uma propriedade rural no interior do Reino Unido, herdada pelo Lorde Chatterley. Lá, entretanto, Lady Chatterley é obrigada a ver seu marido se distanciando do relacionamento enquanto se entrega para sua carreira literária e aos negócios da propriedade.

A personalidade única de Lady Chatterley, contudo, impede que ela se isole completamente. Nesse sentido, ela encontra afeto na companhia de Oliver Mellors, guarda-caças responsável pela propriedade. Da mesma forma que ela, o personagem também foi obrigado a isolar-se após diversas decepções amorosas. Agora, eles embarcam em uma jornada mútua de amor, descobertas e muita paixão.

04 – A Origem das Espécies (Charles Darwin)

Lançamento: 1859

Publicado em 1859, A Origem das Espécies, de Charles Darwin, ficou conhecido como O livro que abalou o mundo. Sua primeira edição se esgotou no primeiro dia e o mesmo ocorreu com seis versões posteriores. Até hoje a teoria da evolução do naturalista gera polêmica. 

Segundo Darwin, as espécies competem pela sobrevivência, as que sobrevivem dão origem à próxima geração, que por sua vez incorpora as variações naturais favoráveis e as repassa de maneira hereditária. Até sua morte Darwin reescreveu incansavelmente sua teoria e em cada uma das seis edições foram incluídas novas pesquisas.

Mesmo nos tempos atuais, 150 anos após sua publicação, A Origem das Espécies, de Charles Darwin, continua a alimentar choques entre cientistas convencidos da veracidade de suas teses e críticos que rejeitam a visão da vida sem um criador.

05 – As Caçadas de Pedrinho (Monteiro Lobato)

Lançamento: 1933

Com mais de 70 anos já transcorridos desde a morte de seu criador, os personagens infantis de Monteiro Lobato prosseguem “provocando” dentro e fora da escola. Você acreditaria se eu lhe revelasse que o “Sítio do Pica-pau Amarelo” teria a distribuição repreendida nas escolas brasileiras pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), em 2010? Podem acreditar é a mais pura verdade. Uma obra infantil gerando uma baita polemica.

Em 2010, o livro Caçadas de Pedrinho foi acusado de possuir teor racista pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que recomendou que a obra não fosse distribuída pelo governo nas escolas públicas. Posteriormente, a relatora do caso voltou atrás e decidiu que cada professor deveria dar explicações sobre o preconceito presente no livro para os alunos.

Depois disso, o Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) junto com o mestre em educação Antônio Gomes da Costa Neto entraram com um mandado de segurança contra Caçadas de Pedrinho e contra o relatório do CNE. Cara, que furor!

A obra de Lobato correu um grande risco de ter a sua distribuição suspensa.

06 – Meu Filho, Meu Tesouro (Benjamin Spock)

Lançamento: 1946

E, finalmente, cheguei à obra que originou esse texto. Como escrevi no início da postagem, supostamente, Meu Filho, Meu Tesouro de Benjamin Spock teria levado a morte de aproximadamente 50 mil bebês! 

O Dr. Spock ensinava as mamães como cuidar dos seus filhos nos primeiros meses de vida. No entanto, algumas de suas dicas chegaram a ser letais para as crianças! O doutor aconselhava as mães a deixarem os seus filhos dormirem com a barriga para baixo, pois acreditava que se estivessem ao contrário poderiam se engasgar com o próprio vômito. Porém, estudos posteriores comprovaram que deixar o bebê com a barriga para baixo aumenta os riscos de sufocamento. Atualmente, esta técnica é totalmente desaconselhada pelos médicos!

Depois da Bíblia, Meu Filho, Meu Tesouro foi o livro mais vendido nos Estados Unidos durante o século XX. My God!!

07 – Lolita (Wladimir Nabokov)

Lançamento: 1955

Wladimir Nabokov escreveu muitas outras obras complexas e importantes, mas foi Lolita que, de fato, marcou a sua carreira de escritor. O livro é considerado um dos mais controversos na história da literatura.

O livro conta a história de Humbert, um homem de meia idade, que se “apaixona” perdidamente por Dolores Haze (que ele apelida de Lolita), uma menina de 12 anos e para ficar perto dela, ele se casa com sua mãe, Charlotte Haze. Quando Dolores fica órfã, Humbert vê seu caminho a garota completamente livre e parte com ela para uma viagem pelos Estados Unidos.

Por abordar o tema pedofilia de uma maneira bem aberta a obra foi considerada naquela época escandalosa e inapropriada, causando um grande quiproquó. O livro chegou a ser banido de diversos lugares tornando-se uma obra do tipo “maldita”.

08 – O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë)

Lançamento: 1847

Se atualmente, O Morro dos Ventos Uivantes - único livro escrito por Emily Brontë - é tido como um grande clássico da literatura mundial, no passado não foi bem assim. Por ser uma obra polêmica, não foi bem recebida pela sociedade inglesa da época. A redenção viria vários anos após sua publicação quando acabou por ser aceito, e, após o choque inicial tornou-se cânone da literatura inglesa e mundial.

O Morro dos Ventos Uivantes foi vista como uma história de amor muito avançada para a Inglaterra do século XIX, onde a paixão impossível de Heathcliff por Catherine, devido aos preconceitos sociais, se transforma em violenta obsessão por vingança. O romance foi criticado porque não era comum para a época um protagonista com tantos desvios de caráter quanto Heathcliff.

Brontë não chegou a conhecer o sucesso de sua obra, publicada com o pseudônimo de Ellis Bell, tampouco conseguiu escrever outros livros porque morreu aos trinta anos de tuberculose, um ano após o lançamento de sua obra prima.

09 – O Apanhador no Campo de Centeio (J. D. Salinger)

Lançamento: 1951

O livro foi banido de algumas escolas norte-americanas por conter, segundo os críticos, educadores e “especialistas” daquela época, uma linguagem ofensiva. O Apanhador no Campo de Centeio foi assim... como posso dizer... um livro meio que transgressor, mas isso, somente na cabeça da sociedade puritana da década de 1950. 

O romance de J. D. Salinger ficou marcado na história como livro favorito de psicopatas e desajustados. O autor narra a saga de um jovem adolescente chamado Holden Caulfield que conta suas experiências em primeira pessoa. Holden é um péssimo estudante e foi expulso de várias escolas. Sua situação parece não melhorar, porque acabaram de notificá-lo de que ele será expulso de sua escola atual. Holden decide não contar a verdade a seus pais, nem mesmo quer encontrá-los, então, ele foge no meio da noite e retorna para sua cidade, Nova York. Lá, fica em um hotel de classe muito baixa e começa sua aventura.

O Apanhador no Campo de Centeio nos mostra a jornada de Holden, a de qualquer adolescente desencantado com o mundo (e orgulhoso de estar assim), que parece odiar tudo e todos.

10 – Os 120 Dias de Sodoma (Donatien Alphose François – Marquês de Sade)

Lançamento: 1785

Perturbador, chocante, ultrajante e por aí afora. Os 120 Dias de Sodoma ganhou várias definições ao longo doas anos, décadas e séculos. Para ser sincero, até hoje essa obra tem a capacidade de chocar os leitores.

Cenas de estupro, violência gratuita e abusos sexuais contra crianças… são apenas alguns detalhes que recheiam esta novela escrita por Sade, durante a sua prisão na Bastilha, em 1785.

A história mostra quatro aristocratas libertinos que sequestram quarenta e seis jovens (entre meninos e meninas) e praticam a mais hediondas torturas sexuais durante quatro meses ininterruptos!

Em 1975, a história narrada por Marquês de Sade ganhou uma versão cinematográfica, sob direção do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini. “Salò ou os 120 Dias de Sodoma” ficou conhecido como um dos filmes mais perturbadores da história do cinema!

E assim fechamos a nossa lista com dez dos livros mais polêmicos do mundo.

Inté galera!

31 maio 2023

Seis livros para entender e conviver com a esquizofrenia

A esquizofrenia é, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a terceira causa de perda de qualidade de vida em pessoas entre 15 e 44 anos. O transtorno mental caracterizado pela perda de contato com a realidade, alucinações e falsas convicções atinge cerca de 1,6 milhão de pessoas no Brasil.

Segundo Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG - Residência Terapêutica, a esquizofrenia é um transtorno mental tão agressivo que não é classificado como leve, moderado ou grave. Segundo o médico, na grande maioria dos casos, trata-se de uma doença em que a pessoa não consegue dar conta da própria vida, necessitando por isso, da ajuda de familiares e em alguns casos, das chamadas ‘residências terapêuticas’ que são casas construídas para responder às necessidades de moradia de pessoas que possuem esse ou qualquer outro tipo de transtorno mental mais grave.

Vocês devem estar se perguntando, agora, se essa postagem tem algum motivo especial. Eu repondo que sim; tem. Eu e Lulu convivemos com uma pessoa muito querida e amada mas que infelizmente sofre com esse problema. Esta pessoa tem esquizofrenia paranoide que está associado a delírios e alucinações, que são os sintomas mais conhecidos da doença: Elas costumam ser desconfiadas, já que elas acabam perdendo a noção do que é real e do que não é. Nesses casos, os sintomas também incluem insônia, muita irritabilidade e até mesmo uma menor socialização nos ambientes de trabalho, escolares, etc.

Por causa da doença, mesmo sob tratamento, ela vive em isolamento social já que dificilmente sai de casa por causa dos sintomas que também a impossibilitam de desenvolver as suas atividades. Costumo dizer que para entender o sofrimento de alguém portador de esquizofrenia só sendo um psiquiatra, um familiar e claro, o próprio doente. Fora essas três pessoas, ninguém mais terá condições de mensurar o tormento desse paciente, mesmo durante os momentos em que não está em crise.

Taí galera, por conviver com alguém nessas condições decidi escrever esse post. Espero que esses seis livros possam ajudar os profissionais da saúde, da educação e principalmente os familiares que enfrentam uma situação semelhante a que eu e Lulu estamos vivendo.

Vamos nessa!

01 – Esquizofrenia (Dr. Edwin Fuller Torrey)

De repente, aquela pessoa com a qual você convive há anos apresenta alterações significativas de comportamento e começa a misturar a realidade com delírios e alucinações. Esquizofrenia é um livro que serve tanto para médicos quanto para leigos. A linguagem é acessível para os dois. Em geral, a esquizofrenia se manifesta no final da adolescência e no início da vida adulta. É uma doença crônica, para toda a vida, que trará uma série de desafios para o indivíduo, seus familiares e cuidadores.

Em Esquizofrenia, o conceituado psiquiatra e pesquisador Dr. Edwin Fuller Torrey, PhD em psiquiatria e clínico e pesquisador, especializado nesse tipo de distúrbio, descreve de maneira científica – e ao mesmo tempo compreensível para aqueles que não são profissionais de saúde – o conceito de esquizofrenia, os sintomas, as mudanças no comportamento, os impactos sobre o indivíduo e a família; bem como tratamentos, medicações, terapias e outros cuidados que ajudarão tanto o paciente quanto familiares e cuidadores a lidarem com a doença de forma mais adequada e preparada.

No caso dos profissionais de saúde, eles encontrarão neste livro, além de conceitos fundamentais para compreenderem a esquizofrenia, uma série de referências científicas para aprofundarem seus estudos e sua prática profissional em consultórios, clínicas e hospitais.

Em uma expressiva maioria dos casos, a esquizofrenia se manifesta na adolescência – por isso, professores e outros profissionais da educação que atuam no ambiente escolar poderão se beneficiar deste livro para atuarem como rede de apoio a pacientes e suas famílias. Isso pode se dar pela identificação dos primeiros sinais da doença, fator decisivo para a eficácia do tratamento, e também pelo fornecimento de apoio para que os jovens acometidos pela esquizofrenia sejam acolhidos nas escolas e instruídos adequadamente para serem capazes de desenvolver todo seu potencial e suas habilidades sociais.

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Editora: Autêntica

Lançamento:13 setembro 2022

Capa: brochura

Páginas: ‎576

Dimensões: 16 x 3 x 23 cm

02 – Os demônios de Henry (Patrick e Henry Cockburn)

Os sinais foram chegando aos poucos: comportamento excêntrico, ambientes em total desordem, objetos eletrônicos que, de uma hora para outra, pareciam ameaçadores. Mas o jornalista Patrick Cockburn só teve certeza de que seu filho Henry sofria uma grave doença mental quando foi informado pela mulher, em 2002, enquanto cobria a queda do regime Talibã, em Cabul, que o rapaz quase morrera ao se jogar de roupa em águas praticamente congeladas. 

Os demônios de Henry é o relato de uma família em busca do tratamento para a esquizofrenia. Patrick conta a história em detalhes: as quedas e melhoras, as muitas internações, a dificuldade em convencer o filho a tomar os medicamentos, enquanto para ele imaginação e realidade se misturavam até o ponto de ser impossível dissociar uma da outra.

Henry apresenta um surpreendente relato de quem está no meio desse doloroso processo, revelando a experiência solitária de viver em hospitais psiquiátricos, as vozes e visões que o convidam a vagar nu pelo campo ou viver nas ruas, as ondas de culpa sem explicação, as árvores e arbustos que falam.

Completando o relato, trechos do diário da mãe de Henry. Uma história assustadora e surpreendente, exibida pela BBC em uma série televisiva, que mostra um jovem lutando para regressar de sua viagem pela loucura e uma família aprendendo a lidar com essa situação inesperada e aterradora.

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Editora: ‎Zahar

Lançamento: 1 de outubro de 2011

Capa: brochura

Páginas: ‎208

Dimensões: 22.86 x 14.99 x 1.02 cm

03 – O desafio da esquizofrenia (Itiro Shirakawa, Ana Cristina Chaves e Jari Mari)

O livro surgiu a partir de um programa de Esquizofrenia (PROESQ), criado há mais de 15 anos pelo corpo clínico do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo - EPM-UNIFESP. Trata-se de uma equipe multidisciplinar integrada por psiquiatras, psicólogos e terapeutas ocupacionais. A obra escrita por essa galera fez tanto sucesso que já se encontra em sua 3ª edição.

Como se sabe, a esquizofrenia é distúrbio que atinge 1% da população mundial. Compromete a relação interpessoal do indivíduo e sua capacidade de trabalhar. Torna-o quase sempre dependente, surgindo daí as evidentes restrições à sua vida. O impacto da esquizofrenia na vida de seu portador não se limita a si próprio, estende-se a sua família, o que ocasiona situações de preocupação e angústia para todos.

A experiência clínica tem demonstrado que o melhor modo de evitar ou retardar os seus efeitos é o reconhecimento precoce de seus sintomas e o tratamento incisivo dos surtos psicóticos. Compreende-se, assim, a importância do presente trabalho para todos os envolvidos com o diagnóstico e o tratamento de esquizofrenia.

O Desafio da Esquizofrenia, 3ª edição, apresenta 3 Editores, 21 Colaboradores, 5 partes, 19 capítulos, num total de 242 páginas. O livro tem como público-leitor Psiquiatras, Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais, Residentes em Psiquiatria e Pós-graduandos em Psicologia e Terapia Ocupacional.

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Editora: Atheneu

Lançamento: 6 de novembro de 2015

Capa: brochura

Páginas: ‎250

Dimensões: 25 x 17.2 x 1.8 cm

04 – A equoterapia aplicada no tratamento da esquizofrenia (Sabrina Lombardi Martinez Breslau)

A equoterapia ainda é considerada um método de tratamento terapêutico relativamente novo, sendo oficializado no Brasil ainda em 1997 - e ganhando espaço. O mais comum é a ajuda no tratamento de pessoas com problemas motores, causados tanto por acidentes quanto por problemas congênitos.

Nestes casos, a utilização do cavalo ajuda o paciente a desenvolver seu equilíbrio e o controle postural, através do “andar do animal”, que é considerado tridimensional, ou seja, para frente e para trás, para os lados e para cima e para baixo.

Mas um dos tratamentos envolvendo a equoterapia ainda pouco divulgado é o da esquizofrenia. Segundo a autora do livro A Equoterapia Aplicada ao Tratamento da Esquizofrenia, a fisioterapeuta Sabrina Martinez, o método ajuda o paciente no seu autocontrole.

A autora co0omenta que com a equoterapia, o esquizofrênico consegue manter o controle da mente e os surtos ficam bem mais espaçados. Segundo ela, o envolvimento do paciente com o animal também cria uma relação de afeto, ajudando o quadro clínico neste tipo de tratamento psiquiátrico.

Assim, ela propõe em seu livro, uma metodologia para o desenvolvimento de um programa de equoterapia voltado ao tratamento do esquizofrênico.

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Editora: Idéias & Letras

Lançamento: 12 de novembro de 2012

Capa: brochura

Páginas: ‎80

Dimensões: 20.8 x 13.6 x 0.6 cm

05 – Manu e o povo que mora na mente (Maria das Graças Pires)

A obra Manu e o Povo que Mora na Mente (Editora Autografia) é uma combinação de ficção e não-ficção. Inspirado na vida de duas pessoas esquizofrênicas acompanhadas pela autora e filósofa Maria das Graças Pires, o livro conta a história de Manu, um jovem que convive com a doença.

A autora relata que Manu teve várias crises, mas conseguiu mudar. Com a ajuda da família e da equipe médica, ele passou a compreender as suas crises. “Quando nós conversávamos, frequentemente Manu dizia para mim ‘o povo da mente está chegando’. Mas a partir do momento que ele foi dominando essas criaturas, conseguiu ter uma vida normal”, conta Pires.

A história de Manu, que entrelaça drama e humor, é um alerta a todos os seguimentos da sociedade, quando se trata de rótulos, de tabus, de crenças, dentre outros.

A outra jovem que inspirou a autora a escrever o livro tinha surtos a cada vez que ficava frustrada. “Ela dizia que tinha uma pessoa, geralmente uma mulher, a vigiando e que queria lhe fazer mal. Eles ficam nesse meio-termo entre o que é real e o que é imaginário”, relata. De acordo com a autora, a realidade é aquilo que é acordado em uma cultura. Quando alguém sai desses padrões, causa-se um certo estranhamento.

A filósofa conta ainda que, durante o tempo em que trabalhou com esquizofrênicos, uma das maiores dificuldades que ela observou foi a falta de entendimento e acolhimento por parte de quem os rodeia. Ela conclui dizendo que Manu e o Povo que Mora na Mente veio para conscientizar e promover uma reflexão sobre tais questões.

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Editora: Autografia

Lançamento: 2018

Capa: brochura

Páginas: ‎48

Dimensões: 21 x 14 x 0.4

06 - Entendendo a Esquizofrenia: Como a Família Pode Ajudar no Tratamento? (Leonardo Figueiredo Palmeira)

Podemos afirmar sem medo de errar que é voz unanime entre os psiquiatras que a família tem fundamental importância não só para o tratamento da esquizofrenia, mas também para todos os transtornos mentais, no sentido de não agir com preconceito, incentivar o tratamento e sempre ir às consultas para tirar dúvidas a respeito do manejo do quadro com os remédios e horários; e por aí afora. 

Quanto mais próxima a família estiver do paciente, entendendo como a esquizofrenia se comporta e quais são os cuidados necessários no dia a dia, maiores serão as chances do tratamento ter resultados satisfatórios. Esta filosofia é a vertente principal do livro de Leonardo Figueiredo Palmeira que ainda tenta lançar uma luz para os seguintes questionamentos: ‘É possível se recuperar da esquizofrenia?’, ‘o que os pacientes que se recuperaram têm a nos ensinar?’

O livro também traz o depoimento de várias pessoas que tem esquizofrenia e o que fazem para conviver com o problema.

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Editora: Interciência

Lançamento: 28 de agosto de 2013

Capa: brochura

Páginas: ‎286

Dimensões: 22.86 x 16 x 1.27

Espero que essas seis obras possam ajudar todas aquelas pessoas que de uma forma ou outra convivem com essa situação.

 

27 maio 2023

Oito clássicos de terror que você precisa ter em sua estante

Existem enredos que apesar de terem sido escritos há muitos anos, até mesmo em outros séculos, acabaram rompendo as barreiras do tempo tornando-se assim, atemporais. Enredos que merecidamente ganharam o “carimbo” de clássicos.

Para um livro se tornar um clássico, ele precisa marcar a literatura, nacional ou mundial, de alguma forma. Seja pelo formato, linguagem, narrativa, história, entre outros fatores. Os clássicos lançam novos olhares sobre os livros que lemos e o mundo em que vivemos. Um livro clássico é um livro considerado exemplar, ou seja, uma obra a servir de inspiração para outras futuras obras literárias. E se ele tiver sido escrito em outra época, o título de “clássico” se torna mais merecido ainda porque apesar da linguagem, dos costumes, enfim do contexto em que foi escrito e que difere totalmente dos tempos atuais, essa obra tem o poder de encantar e conquistar gerações futuras.

Enfim galera, clássico é clássico e ponto final. Tenho vários clássicos da literatura de terror em minha estante e volta e meia lá estou eu relendo-os. E confesso que a cada novo contato com esses livros tenho novas emoções. São enredos, cujas releituras não cansam; pelo contrário, se tornam cada vez mais prazerosas como um bom vinho de uma safra antiga que a cada ano que passa fica cada vez melhor.

Nesta postagem selecionei oito obras clássicas do gênero terror que não podem faltar em suas estantes. Livros fantásticos que apesar da época em que foram escritos acabaram se tornando atemporais por causa da qualidade de seus enredos.

01 – Frankenstein (Mary Shelley)

Lançamento: 1818

A autora britânica Mary Shelley revolucionou a literatura europeia ao escrever Frankenstein, um terror gótico pioneiro em experimentar as fronteiras do horror com a ficção científica. O romance foi considerado um clássico do estilo gótico romântico, que influenciou muitos escritores do século XX.

A história do monstro concebido de forma desumana, movido unicamente pela ambição de um cientista, foi publicada originalmente em 1818 quando a autora tinha apenas 20 anos. Considero Frankenstein um dos três pilares da literatura de terror juntamente com Drácula (Bram Stoker) e O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde (Robert Louis Stevenson).

Shelley conta a saga vivida por um médico chamado Victor Frankenstein que após ser resgatado do gelo do Ártico, passa a relatar ao Capitão Walton sua vida e tragédia, ou seja, como ele descobriu o segredo para trazer carne morta à vida e como ele criou um monstro com pedaços de cadáveres e que mais tarde se rebelou contra ele passando a persegui-lo.

02 – O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde (Robert Louis Stevenson)

Lançamento: 1886

Lançado em 1886, o impacto do romance escrito por Robert Louis Stevenson foi tanto que se tornou parte do jargão inglês, com a expressão "Jekyll e Hyde" usada para indicar uma pessoa que agia de forma moralmente diferente dependendo da situação.

OEstranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde – lançado por algumas editoras com o título de O médico e o monstro - foi um sucesso imediato e uma das obras mais vendidas do autor escocês. Adaptações teatrais começaram a ser encenadas em Londres um ano após o seu lançamento.

O aclamado autor de literatura de terror, Stephen King considerou a obra um dos três grandes clássicos do gênero, sendo os outros dois: Frankenstein (Mary Shelley) e Drácula (Bram Stoker).

O enredo aborda a vida de dois personagens distintos que moram na cidade de Londres: o respeitável Dr. Henry Jekyll e o misterioso Edward Hyde. Eles têm seus destinos unidos por uma peculiar amizade. Cabe a Gabriel Utterson, advogado e amigo de Jekyll, desvendar o motivo pelo qual o bondoso doutor se associou à violenta figura de Hyde.

O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde tem aterrorizado e intrigado as pessoas há mais de um século e influenciado a cultura e o imaginário popular até os dias de hoje.

03 – Drácula (Bram Stoker)

Lançamento: 1897

Drácula é todo escrito no formato de epístolas, diários, telegramas e memorandos. Quem escreve essas cartas são os próprios personagens, o que a torna a história mais densa, conferindo-lhe um certo clima de realidade. Cara, e como essas epístolas provocam medo, aliás muito medo. Algumas delas, inclusive, chegam a ser perturbadoras como por exemplo, os diários de Jonathan Harker e do capitão de um navio chamado Demeter. Leiam, depois me digam se estou certo. 

O romance publicado em 1897 se tornou a pedra fundamental dos enredos literários e cinematográficos sobre vampiros.

Aqueles que ainda ouçam duvidar da importância do livro escrito por Stoker, basta citar que ele já foi adaptado para o cinema mais de 30 vezes, e seus personagens fizeram inúmeras aparições em praticamente todas as mídias.

O Conde Drácula criado pelo autor é o primeiro personagem que vem à mente quando as pessoas discutem vampiros. Este clássico do gênero terror conseguiu reunir folclore, lenda, ficção vampírica e as convenções do romance gótico.

Sem dúvida nenhuma, um sucesso literário atemporal.

04 – A lenda do cavaleiro sem cabeça (Washington Irving)

Lançamento: 1820

A história é uma das mais antigas da ficção norte-americana. A partir da lenda de um homem decapitado montado em seu cavalo, tradicional referência no antigo folclore europeu, Irving estruturou a obra A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça considerada uma das primeiras histórias de fantasmas da literatura dos Estados Unidos.

Ainda que sua aparição inicial tenha acontecido no século XIX, há 202 anos, o cavaleiro sem cabeça criado por Irving gerou um grande impacto cultural que continua ecoando nas mídias artísticas, seja no cinema, teatro e na literatura. Dentre as variadas versões inspiradas no conto, evidenciam-se o filme mudo “The headless horseman” (1922), a animação da Disney “As aventuras de Ichabod e Sr. Sapo” (1949) e a adaptação cinematográfica de 1999, dirigida por Tim Burton.

No romance escrito por Irwing, o leitor encontra suspense, terror, intrigas e comicidade. E tudo isso, em pouco mais de 70 páginas com ilustrações.

05 – O exorcista (William Peter Blatty)

Lançamento: 1971

Não tem como deixar O Exorcista fora dessa lista. Tudo bem que o livro não foi escrito no século 18 ou 19, mas nem por isso deixou de influenciar as gerações dos anos 70, 80, 90 e 2000. Este clássico da literatura de terror vendeu 13 milhões de exemplares e conseguiu mudar a cultura pop para sempre.

O enredo escrito por Blatty deu origem ao maior filme de terror do século XX. Quatro décadas após chocar o mundo inteiro, o livro permanece uma metáfora moderna do combate entre o sagrado e o profano, em um dos romances mais macabros já escritos.

O mal assume várias formas. Seja com monstros, fantasmas ou demônios, tanto a literatura quanto o cinema sempre foram bem-sucedidos em representar a essência do nosso lado mais reprovável. O exorcista, no entanto, conseguiu superar qualquer outra obra do gênero. Inspirado no caso real do exorcismo de um adolescente, o escritor William Peter Blatty publicou em 1971 a perturbadora história de Chris MacNeil, uma atriz que sofre com inesperadas mudanças no comportamento da filha de 11 anos, Regan. Quando todos os esforços da ciência para descobrir o que há de errado com a menina falham e uma personalidade demoníaca parece vir à tona, Chris busca a ajuda da Igreja para tentar livrar a filha do que parece ser um raro caso de possessão. Cabe a Damien Karras, um padre da universidade de Georgetown, salvar a alma de Regan e ao mesmo tempo tentar restabelecer a própria fé, abalada desde a morte da mãe. Neste livro, Blatty conseguiu dar ao demônio a sua face mais revoltante: a corrupção de uma alma inocente. A menina Regan é, ao mesmo tempo, o mal e sua vítima. Ela recebe a pena e a revolta de leitores e espectadores em doses equivalentes e, mesmo quarenta anos depois, seu sofrimento e o abismo entre o que ela era e o que se torna continuam atormentando os leitores a cada página, a cada cena.

06 – A volta do parafuso (Henry James)

Lançamento: (1898)

A Volta do Parafuso lançada em 1898 foi publicada inicialmente no formato de folhetim, com edições semanais no jornal da revista Collier. A  obra do escritor britânico Henry James foi uma das precursoras do “terror de fantasmas”, além de ser classificada como uma das primeiras novelas, já que era curto demais para ser um romance e longo demais para um conto.

Foi adaptada diversas vezes, em programas de rádio, cinema e televisão, incluindo as talvez mais conhecidas, a peça da Broadway em 1950 e o filme de 1961, “Os Inocentes”, dirigido por Jack Clayton, com Deborah Kerr e Michael Redgrave. Sendo uma história de tamanha importância para a literatura de terror, não é de se espantar que muitas adaptações tenham sido feitas a partir ela.

Este clássico do terror conta a história de uma governanta que é contratada para cuidar de duas crianças em uma grande casa inglesa. Até que ela descobre que a casa é frequentada por fantasmas. O suspense aumenta quando a gvernanta começa a desconfiar que as crianças, de uma beleza mais que terrena e bondade absolutamente incomum, não só enxergam esses espíritos, como também convivem com eles.

07 – A assombração na casa da colina (Shirley Jackson)

Lançamento: 1959

A Assombração na Casa da Colina é considerada por leitores e críticos uma das melhores histórias de terror do século XX. Vista por mestres como Stephen King e Neil Gaiman como a rainha do terror, Shirley Jackson entrega um livro perturbador sobre a relação entre a loucura e o sobrenatural. 

A história segue um grupo de indivíduos que participam de um estudo paranormal de uma mansão supostamente mal-assombrada. O romance, que intercala fenômenos sobrenaturais com psicologia, tornou-se um exemplo respeitado pela crítica de história de casa mal-assombrada.

A Assombração na Casa da Colina foi transformada em dois longas-metragens e uma peça de teatro, além de servir de base para uma série da Netflix .

Durante sua carreira literária, com duração de mais de duas décadas, Jackson lançou seis livros, duas memórias e diversos contos. Infelizmente, ela veio a falecer cedo, aos 48 anos de idade.

08 – Histórias Extraordinárias (Edgard Allan Poe)

Lançamento: 1845

A maior prova de que Edgard Alan Poe se tornou um ícone da literatura de terror é que apesar de ser sido um homem do século 18, vive até hoje na mente da maioria dos leitores que são fãs do gênero. 

Nos últimos dois séculos, o nome de Edgar Allan Poe se tornou sinônimo de histórias de mistério, seja o suspense detetivesco (seu personagem Auguste Dupin inspirou a criação de ninguém menos que Sherlock Holmes), sejam as narrativas de teor sobrenatural, chegando a flertar em alguns textos com a ficção científica. Sua mente altamente inventiva perscrutou os limites da mente humana, as fronteiras entre a lucidez e a insanidade.

HistóriasExtraordinárias traz uma coletânea com catorze dos mais célebres textos do grande mestre da narrativa breve: A queda da casa de Usher, Os assassinatos da rua Morgue, O mistério de Marie Rogêt, A carta roubada, Enterrado vivo, O barril de Amontillado, O gato preto, O poço e o pêndulo, O retrato oval, A máscara da morte rubra, Berenice, Eleonora, Ligeia e Morella.

E isso aí galera? Gostaram de algum ou de alguns? Então, escolham o seu e boa leitura, acompanhada de bons calafrios.

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