1808 (1º volume da trilogia Família Real no Brasil)

29 dezembro 2024

Um baita livro-reportagem sobre a história do Brasil. É assim que defino 1808 do jornalista Laurentino Gomes. Que livraço!  Todos nós sabemos que aprender História do Brasil seguindo métodos acadêmicos não é lá muito atrativo e quase sempre os assuntos acabam se tornando enfadonhos. Agora, em 1808 você aprende História do Brasil de uma maneira fluida, bem longe do academismo, e o mais importante: se divertindo. Isso mesmo; o autor recheia o seu texto de tantas curiosidades interessantes, algumas delas, muito engraçadas - como por exemplo, os momentos íntimos de dom João que na realidade não tinham nada de íntimos – que faz com que os leitores não leiam, mas devorem o enredo.

Outro ponto importante a ser destacado na obra – acredito também que seja uma característica comum nos outros dois livros (1822 e 1889) que fecham a trilogia Família Real no Brasil – é o seu lado desmistificador que mostra como personagens importantes da história como o Príncipe Regente D. João VI, a princesa Carlota Joaquina e até mesmo Napoleão Bonaparte eram na realidade ou como diz o velho ditado popular: como eram “entre quatro paredes”.

1808 narra a fuga da família real portuguesa para o Brasil. Nunca algo semelhante havia acontecido na história de Portugal ou de qualquer outro país europeu. Em tempos de guerra, reis e rainhas haviam sido destronados ou obrigados a se refugiar em territórios alheios, mas nenhum deles foi tão longe quanto o príncipe regente dom João, forçado a cruzar um oceano com toda a família real portuguesa para viver e reinar do outro lado do mundo, enquanto as tropas do imperador francês Napoleão Bonaparte marchavam sobre Lisboa.

Podemos afirmar que a chegada da família real de dom João ao Rio de Janeiro, acossada pelas tropas de Napoleão marcou o início da rápida e profunda transformação do Brasil colonial, cujo resultado seria a Independência, em 1822, tema esse abordado no segundo livro da trilogia.

Ao chegar ao Brasil, dom João determinou, entre outras medidas, a abertura dos portos, fundou escolas, mandou construir estradas e fábricas, autorizou a publicação de livros e jornais, incentivou a ciência e as artes. Ao retornar para Portugal, em 1821, deixava para trás um país transformado e pronto para a independência.

Laurentino Gomes descreve em detalhes como foi a fuga da corte para o Brasil, em 1808, em um dos momentos mais apaixonantes e transformadores da história da humanidade. Milhares de pessoas acompanharam dom João na viagem. Foram cem dias entre o céu e o mar até chegarem ao Brasil colônia. Uma viagem que se transformou numa verdadeira aventura e ao mesmo tempo num verdadeiro suplício e sofrimento. A corte portuguesa fugiu para o Brasil em navios improvisados, abarrotados, infestados de pragas e piolhos, comida estragada, enfim, sem conforto algum.

A obra também conta com ilustrações fantásticas dos principais momentos da chegada da corte ao Brasil, além de gravuras representando o cotidiano da época do Brasil colônia.

Depois de 1808 já iniciei a leitura de 1822 que narra os fatos relacionados a independência do Brasil. Espero que seja uma “viagem” tão apaixonante como foi ao ter lido o primeiro livro da trilogia.

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