1822 (2º Volume da Trilogia Família Real no Brasil)

26 janeiro 2025

Pois é, oito dias sem nenhuma postagem. Galera, não esqueci do blog, não. Os motivos do “menino”, aqui, ter ficado mais de uma semana sem postar nada foram dois: o primeiro diz respeito a uma cirurgia que serei obrigado a fazer. Isso mesmo, obrigado, porque não tenho mais escapatória, não tenho mais onde me agarrar, portanto é agora ou agora. E os exames preparatórios para essa cirurgia demandam muito tempo e energia, já que o meu médico é muito meticuloso e graças a Deus por sê-lo. O segundo motivo está relacionado com o Projeto de Lei 5332 que, de maneira surpreendente e inesperada, foi vetado pelo Sr. Lula que desferiu um verdadeiro tapa na cara de todos os aposentados por invalidez permanente. Como os congressistas estarão se reunindo, provavelmente, em fevereiro para analisar se derrubam ou não o Veto 38, passo grande parte do meu tempo escrevendo para deputados e senadores, telefonando para os seus assessores pedindo apoio para a derrubada desse veto. Agora se você juntar esses dois motivos, garanto-lhes que toma muito do meu tempo. Espero ter justificado esses oito dias sem ter postado nada. Mas, com certeza, essa maré vai passar e no final de março voltarei ao esquema normal de publicações de posts.  Não estou “dizendo” que até lá não publicarei nada. Longe disso. Sempre estarei por aqui e também nas minhas redes sociais comentando, resenhando, divagando ou publicando as minhas listas literárias. Com menos frequência, mas estarei. Mas depois, no mês de março, tudo voltará ao normal, se Deus quiser e com certeza Ele quer.

Mas agora, vamos ao que interessa, vamos escrever sobre livros. Galera, há mais ou menos uma semana, conclui a leitura de 1822, segundo volume da trilogia Família Real no Brasil, premiada saga do jornalista Laurentino Gomes com mais de 4 milhões de exemplares vendidos e vencedora do prêmio Jabuti. A saga formada pelos livros 1808, 1822 e 1889 que contam de uma maneira divertida mas real a história da construção do Estado brasileiro no século XIX é considerada um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro.

Adorei a leitura de 1808 que narra a chegada da família real ao Rio de Janeiro que sai praticamente fugida de Portugal após ser acossada pelas tropas do imperador francês Napoleão Bonaparte. O livro aborda também as transformações feitas por D. João VI no Brasil colonial e a criação do Reino Unido de Brasil, Portugal e Algarves, que colocou um ponto final no período colonial brasileiro, dando início ao processo de independência do País. Como “disse” acima, amei a obra (veja resenha aqui).

É uma pena afirmar que não posso expor o mesmo de 1822, segundo volume da saga. Não que o livro seja ruim, não é isso. 1822 é bom, mas falta a leveza e o ritmo de 1808. Enquanto que no primeiro volume da trilogia, o autor foge da chamada linguagem acadêmica, quase sempre cansativa e desinteressante, optando por uma abordagem leve e divertida – são narradas várias curiosidades interessantes e até mesmo engraçadas sobre a Família Real em nosso País e também como se deu o início da formação do Estado Brasileiro - em 1822, a linguagem acadêmica chega com tudo enquanto que aquelas curiosidades tão interessantes e ao mesmo tempo divertidas ficam mais escassas.

1822 compara diferentes relatos sobre o Sete de Setembro e a proclamação da independência e analisa como D. Pedro I conseguiu, apesar de todas as dificuldades, fazer do Brasil uma nação soberana.

Neste segundo volume de Família Real no Brasil o leitor fica sabendo que a independência do nosso País não terminou com o chamado ‘Grito do Ipiranga”. Ali, foi apenas o início. Para se tornar uma nação independente de Portugal o caminho foi longo, pois nem todos os estados (capitanias) concordavam com a independência e preferiam que o Brasil continuasse como colônia de Portugal. Dentro desse contexto, por muito pouco Pernambuco não se desvinculou do Brasil para se transformar em uma nação independente. Outras capitanias também tiveram essa mesma ideia.

Laurentino explica como Dom Pedro I, José Bonifácio e outros baluartes tiveram que se desdobrar para unir o Brasil e transformá-lo num País independente após o famoso grito: “Independência ou Morte”.

Laurentino Gomes, auto da trilogia "Família Real no Brasil"

Achei essa abordagem cansativa e me senti como um estudante num banco escolar participando de uma aula tradicional de História do Brasil num ritmo bem maçante.

A narrativa melhora muito, tornando-se bem interessante, quando o autor explora detalhes de figuras importantes da História do Brasil como a Princesa Leopoldina, a Marquesa de Santos, José Bonifácio e o próprio Dom Pedro I que ganham capítulos exclusivos no livro.

Ficamos sabendo o quanto a Princesa Leopoldina – mulher de Dom Pedro I – foi importante para a Independência do Brasil, além de detalhes do seu relacionamento conturbado com marido. Aprendemos a ver, também, um Dom Pedro desmistificado, com todos os seus defeitos – e olha que eram muitos – mas em contrapartida, um grande líder e um comandante sem igual. E já que estou “falando” em desmistificação, o autor desconstrói totalmente o “Grito do Ipiranga”, mostrando aos leitores como, de fato, aconteceu um dos momentos mais importantes da história do Brasil.

Aprendemos também a ver a verdadeira faceta da Marquesa de Santos, cujo nome verdadeiro era Domitila de Castro e que chegou a ter 14 filhos entre os quais, cinco com Dom Pedro I com o qual mantinha um romance secreto na época em que o Príncipe Regente era casado com a Princesa Leopoldina.

Todas essas narrativas prendem a atenção do leitor, o problema é que elas são intercaladas com as cansativas lições de História do Brasil, envolvendo os conflitos entre as capitanias; as diversas batalhas oriundas desses conflitos, entre as quais, a Batalha do Jenipapo, dos Mascates (envolvendo Olinda e Recife), além de uma longa explicação sobre as Cortes de Portugal que era algo parecido com uma Câmara dos Deputados, atualmente, onde eram tomadas decisões importantes envolvendo o Brasil. Enfim, quando a leitura engatava uma quinta marcha, de repente, ela era, abruptamente, reduzida para uma primeira, e bem forçada.

Quando terminei 1808 estava ansioso para ler 1822, mas agora que conclui a leitura do segundo volume da trilogia, aquele “fogo” deu uma ‘apagadinha”, tanto é verdade que optei por ler uma obra de ficção para somente depois encarar 1889 o qual espero tenha uma narrativa mais interessante e sem tantos altos e baixos.

Valeu galera!

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