Não só li o livro de Stephen King como também assisti
ao filme dirigido por Lewis Teague. Gostei dos dois; aliás, com exceção do
final, a roteirista Lauren Currier seguiu ao pé da letra o enredo escrito por
King, optando por fazer poucas mudanças na história que ‘rolou’ nos cinemas.
O livro (ver resenhas aqui e aqui) foi adaptado para as telonas em 1983 e não
decepcionou os fãs, apesar de alguns críticos terem torcido o nariz para a
produção. Aliás, não sei o porquê dessa decepção, já que o filme mantém o mesmo
clima do livro e com atuações que não chegam a comprometer a obra
cinematográfica.
Mas vamos ao que interessa nesta postagem, ou seja,
revelar curiosidades interessantes sobre o livro e o filme Cujo. Vamos nessa.
01
- King enfrenta “Cujo”
Em sua juventude, quando escreveu Cujo, Stephen King encontrou sua inspiração para o enredo ao ficar
cara a cara com um enorme cachorro não muito amigável da raça São Bernardo.
Tudo começou quando a sua moto Harley-Davidson teve
alguns problemas e o escritor a levou numa oficina que era muito afastada da
cidade para o concerto. Ao chegar na tal oficina que funcionava num isolado
galpão em uma também isolada propriedade rural, eis que sai do local um enorme
são-Bernardo que começa a rosnar com a cara de poucos amigos para o escritor. Segundo
o dono, o animal que se chamava Browser e não Cujo, nunca tinha ousado atacar
ninguém, apenas King.
Com isso, sua mente mirabolante começou a questionar
como seria se um cachorro daquele porte
começasse a atacar todos com extrema ferocidade ou ainda se ele ou sua mulher
Tabitha estivesse num carro – ao invés da moto – e esse carro parasse de
funcionar naquela oficina isolada com o enorme cachorro e sem a presença do
mecânico.
Também foi preponderante para a formação do enredo na
cabeça do autor, uma notícia publicada no jornal local de Portland. O artigo
contava a história de um São Bernardo que atacou uma criança pequena. Os
cachorros da raça são conhecidos por serem calmos e obedientes. E o contraste
entre o temperamento normalmente dócil e a agressividade causada pela raiva é
com certeza um dos maiores terrores do livro.
02
– Cachorros treinados, fantoche e ator fantasiado
Para as filmagens de “Cujo” foram necessários cinco
cachorros treinados, um fantoche mecânico e um ator fantasiado de São Bernardo.
Karl Miller – adestrador de cães – que trabalhou no
filme, sempre foi contra a ideia de utilizar São Bernardos. Para ele, trata-se
de uma raça impossível de adestrar e isso não daria certo para o filme. No
final, ele foi voto vencido, mas os seus esforços valeram a pena, já que os
quatro cães São Bernardo que se revezaram no filme se saíram muito bem em suas
atuações.
A produção usou ainda um ator chamado Gary Morgan,
vestido numa roupa de cachorro — que rendeu fotos incríveis nos bastidores,
além de uma cabeça mecânica simulando a cabeça verdadeira de um São Bernardo.
03
– Ataques verdadeiros ao carro
Uma curiosidade interessante que alguns cinéfilos
desconhecem é que as cenas de ataques no momento em que as personagens Donna e
Tad estão dentro do carro foram cenas de ataques reais — mas muito menos
sanguinolentas do que podemos imaginar.
Para garantir que os cães se chocassem contra o
veículo, Karl Miller e sua equipe de adestradores deixaram os brinquedos
preferidos dos cães São Bernardo dentro do carro. Dessa forma, eles ficariam
desesperados para apanhar os seus brinquedinhos.
ATENÇÃO!
A SEGUIR, SPOILER !!
04
– King concordou com o final diferente do filme
Galera, antes de continuar quero alertar sobre um spoiler violento, tanto do livro quanto do filme, que irei revelar. Portanto leiam por sua conta e risco. Como escrevi no início dessa postagem o final do filme é completamente diferente do livro. Falando abertamente... Antes, novamente, fica aqui, o último aviso de spoiler. Pensem bem se irão querer ler as próximas linhas.
Lá vai: no livro, Tad, o filho de Donna acaba morrendo de
desidratação por causa do forte calor, já que eles estão presos dentro do carro
por causa do cão raivoso. Já no filme, o personagem consegue sobreviver. King
concordou com o final mais ameno da produção cinematográfica para não chocar
tanto os cinéfilos.
MAIS
UM SPOILER, MAS SE VOCÊ JÁ LEU O ANTERIOR, FIQUE TRANQUILO; ESSE NÃO IRÁ FAZER
DIFERENÇA.
05
– Cartas de ódio
O autor revelou que recebeu muitas cartas de ódio de
seus leitores por ter decidido matar Tad no final do livro. Cartas que afinal,
ele recebe até hoje, mesmo tendo escrito o romance há quase quatro décadas e
meia.
Na minha opinião trata-se de um dos finais mais tensos
e pesados no que se refere a carga emocional. Mexe muito com a sensibilidade
dos leitores.
06
– Cujo arranca o nariz da dublê
Durante uma das cenas mais perigosas de ataque de Cujo
contra Donna, a atriz foi substituída pela dublê Jean Coulter. Um dos cachorros
chamado Cubby, foi treinado para atacar Coulter logo que ela avançasse em sua
direção, e o cão conseguiu acertar a tomada de primeira. Mas, assim que ouviu o
“corta!” vindo da equipe, a dublê comemorou dando um pulo para frente. Cubby
então a atacou, mordendo seu nariz e arrancando um pedaço. A dublê foi levada
para o hospital, onde recolocaram a parte arrancada.
07
– Chapadão quando escreveu Cão Raivoso
King já declarou publicamente não se lembrar de ter
escrito Cujo por tê-lo feito no auge
de seu vício em cocaína. Atualmente sóbrio há décadas, o autor já sofreu muito
na trajetória devido ao abuso de substâncias, principalmente o álcool e a
cocaína. E foi durante essa fase crítica que nasceu “Cujo”.
São conhecidas as histórias de como o primeiro filme
dirigido por ele, Maximum Overdrive(1986) e o livro Os Estranhos (1987), considerados algumas das piores obras de King,
foram feitas enquanto ele estava consumindo muita cocaína. Acontece que ele
também fez Cujo um dos melhores
livros da carreira nessa época, mas o autor estava tão chapado que nem se
lembra de ter escrito o romance. O livro publicado originalmente em 1981 se
tornou um dos best-seller de King mais aclamados pela crítica e favorito de
muitos fãs.
08
– Frio amenizado por aquecedores
O filme foi gravado na California durante o inverno
quando fazia um frio absurdo, mas acontece que o clima escolhido para o filme
era o calor. Resultado: a produção teve que se virar para conseguir um grande
número de aquecedores para serem usados em várias cenas, incluindo o interior
do carro onde os personagens vividos por Dee Wallace e Danny Pintauro estavam sofrendo pelas temperaturas elevadas.
Imagine só o choque térmico que esses dois atores
sofreram: um frio absurdo regado com um calor também absurdo. Trocas de
temperatura que aconteciam num curto espaço de tempo e de maneira constante. Dee
Wallace revelou que sofreu muito durante essas tomadas.
Taí galera, por hoje é só!
Postar um comentário