Existem livros que damos o sangue para consegui-lo.
Quando me refiro em “dar o sangue” estou querendo dizer: passar madrugadas e
mais madrugadas em claro vasculhando a internet na esperança de encontrar em
algum sebo a tal obra difícil ou então, até mesmo, publicar anúncios em jornais
e nas redes sociais se propondo a pagar preços exorbitantes para realizar o seu
sonho literário. Enfrentei essa situação, no passado, quando ainda nem pensava
em ter um blog literário. Acho que foi bem antes do saudoso Orkut e até mesmo
do finado ICQ.
Foi na época das antológicas salas de bate-papo, na
virada dos anos 1990 para os anos 2000. Elas eram o ponto de encontro entre
desconhecidos de todo o mundo na internet que ainda engatinhava, na era das
conexões discadas, dos “belíssimos” sites em HTML, dos GIFs em baixa qualidade
e contadores de visitas exóticos. E foi numa dessas salas que eu consegui O Parque dos Dinossauros de Michael
Crichton. Em 2001 ainda não tínhamos o advento dos sebos online. Se não
encontrássemos o livro que queríamos numa livraria online tradicional, tínhamos
de procura-lo em um sebo numa cidade próxima ou distante de onde morávamos ou
então contar com a sorte somada a generosidade de algum bom samaritano. Pois é,
demorou, mas consegui encontra-lo. Ufa! (conto como ‘pesquei’ o livro de
Crichton nesse post aqui).
O Destino do Poseidon de Paul Gallico e Elvis e Eu de Priscilla Presley e Sandra Harmon tiveram histórias
semelhantes, ou seja, foram conseguidos na raça, um verdadeiro achado na
loteria. Daqueles achados dos quais você se vê no dever de agradecer a Deus mil
vezes. Hoje, o contexto envolvendo duas dessas três obras mudou radicalmente,
já que você pode encontra-las, facilmente e por preços módicos, em qualquer
livraria ou sebo. O outrora raro O Destino
do Poseidon pode ser adquirido no portal de sebos da Estante Virtual entre
R$ 6,50 e R$ 14,30. O Parque dos
Dinossauros ou Jurassic Park,
apesar de um pouco mais caros, também podem ser encontrados aos borbotões nas
livrarias e nos sebos por valores que variam de R$ 23,00 a R$85,00. Os leitores
tem ainda a opção de adquirir um box ultra-luxuoso contando além de Jurassic
Park com “O Mundo Perdido”, ambos escritos por Crichton. Aqueles que estiverem
dispostos a pagar em torno de R$ 150,00 terão em mãos essa edição “puro luxo”
de encher os olhos.
Capa de "Elvis e Eu" lançado em 1986 |
Resumindo, o que antes era considerado água num
deserto se transformou em água num oásis. Com exceção, claro, de Elvis e Eu que insiste em dar uma de
difícil (rs). O livro escrito pela ex-mulher do rei do rock continua
completamente foragido dos sebos. Quanto as livrarias, melhor esquecer. No
Brasil, a obra só teve a edição publicada em 1986 pela editora Rocco, depois
nenhuma outra foi lançada nesses últimos 38 anos. Aqueles que arriscarem a dar
uma zapeada nos sebos encontrarão um único exemplar usado e em condições apenas
razoáveis de conservação por R$ 180,00, ou seja, mais caro do que o box imponente
com os dois livros tinindo de novos escritos por Crichton.
Esta “secura” tem deixado os fãs de Elvis desesperados
porque a maioria dos leitores e críticos consideram o livro de Priscilla
Presley e sua colaboradora Sandra Harmon como a obra mais intimista já escrita sobre
a vida de Elvis.
Mas brevemente o desespero dos fãs vai chegar ao fim.
Isto mesmo; você que não chegou a ler o título desse post pode comemorar com
direito a uma grande bateria de fogos. Posso revelar a tão aguardada novidade?
Ok. Então, lá vai: Elvis e Eu vai ser
relançado no Brasil no segundo semestre desse ano. E aí? Vibrou com a novidade?
Galera, não tem como deixar de vibrar, não é?
Nascimento de Lisa Marie Presley
Vale lembrar que Elvis
e Eu é a obra utilizada como referência para o novo filme sobre aquele que
ficaria conhecido como "rei do rock": 'Priscilla'. Dirigido por Sofia
Coppola, o longa conta com Cailee Spaeny interpretando Priscilla, e Jacob
Elordi dando vida à mais nova versão de Elvis, foi lançado no fim de 2023. O
livro também virou uma famosa série de TV lançada em 1988.
Priscilla Presley foi casada com Elvis entre 1967 e
1973. Depois desse período, ela investiu na carreira de atriz, eternizando
papéis na franquia “Corra que a Polícia Vem Aí” e na série “Dallas”.
Tenho o hábito de dizer que Elvis e Eu é uma ‘biografia honesta’ sobre o cantor. É importante
frisar que mesmo separados, Elvis e Priscilla continuaram sendo verdadeiros
amigos, com o cantor dando uma importância enorme aos conselhos de Priscilla, e
vice-versa.
Ok, ok... você pode estar pensando: “Pô, se ambos se
respeitavam tanto, então o livro deve ser uma verdadeira puxação de saco, uma
babaquice!”. Mero engano. Priscilla abre as comportas de seu coração e conta
tudo: os momentos bons e também os péssimos. Porque ela fez isso? Sinceramente,
não sei; aliás só ela deve saber os motivos. Já há algum tempo, acompanhei uma
entrevista de Priscilla, onde ela disse que optou por escrever o livro para que
os fãs conhecessem o Elvis verdadeiro em sua intimidade com as suas virtudes, mas
também com os seus defeitos (revelo mais detalhes sobres esse livro nestas duas postagens - aqui e aqui).
Portanto, agora, é só aguardar a chegada do segundo
semestre de 2024. Haja coração! Haja expectativa!
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