Divagações sobre a “Dona Velhice”

12 julho 2022

Não quero ser down enquanto escrevo essa postagem, mas isso é impossível quando o tema abordado é a velhice. Vejam bem, não a terceira ou até mesmo a quarta idade que são fases maravilhosas de se viver enquanto ainda estamos ativos, mas eu me refiro à “dona Velhice”, ou seja, a velhice em toda a sua essência; quando os nossos neurônios começam a falhar e nos pregar peças e quando o nosso corpo começa a “engasgar” como o motor de um fusquinha com o seu platinado já nas últimas. Ao ler essa postagem, você pode até me chamar de pessimista, cético ou mesmo derrotista, Ok, eu respeito a sua opinião, mas não posso fazer nada porque a minha visão de velhice é essa.

Cara, a “dona Velhice”, sabe ser cruel com algumas pessoas. Taí a música “Nosso Amor Envelheceu” da saudosa cantora sertaneja Marília Mendonça que não me deixa mentir. Entonce, dia desses estava refletindo como a velhice pode interferir em nossas vidas e uma forma ou de outra. Vou tentar ser mais claro através de três exemplos. No primeiro, imagine você levando uma vida tranquila e estável, tanto familiar quanto profissional. Preocupações não são visíveis em seu vasto horizonte. Você sabe que no momento em que todas as suas sinapses nervosas começarem a falhar e o “platinado” de seu “motor” começar a engasgar, você e a sua cara metade – se ela ainda estiver viva – estarão cercados do carinho e atenção dos seus filhos ou então graças a sua estabilidade financeira, poderá viver no conforto de uma casa de repouso particular e no seu quarto, também, particular. Quem leu Diário de Uma Paixão do Nicholas Sparks, certamente, entenderá a minha colocação.

Vamos agora para os outros dois exemplos quando a “dona Velhice” deixa de ser boazinha para se tornar cruel. Pense uma outra situação. Um casal de classe média que rala para ter uma vida estável ou perto do estável, tendo por companhia parentes e familiares egoístas que só pensam em si mesmos. Para ser sincero, eles não ficam felizes nem com a sua visita, imagine, então para algo mais sério. Somado a isso, esse casal ainda tem um filho com necessidades especiais que necessita dos cuidados dos pais, mesmo que não seja um acompanhamento constante, do tipo 24 horas, mas precisa da segurança dos pais por causa de algum problema físico ou principalmente psicológico. Tente imaginar como esse casal encara a vinda de sua velhice. Mêo! Os questionamento que passam pela suas cabeças são muitos, entre eles: ‘Quando ficarmos velhos quem vai cuidar do nosso filho?’ ‘Ele é muito apegado a nós, o que será dele?’

Finalmente, vamos para o nosso terceiro e último exemplo, afinal, acho que já estou exagerando em ser down. Vamos lá.  Você é solteiro ou solteira, mora sozinho e não pretende ter um relacionamento estável com ninguém. Grande parte de seus familiares, os bons e abnegados, já morreram. Quanto aos parentes de segundo grau... bem, melhor esquecer. Você trabalha para se manter. O que ganha é o suficiente para uma vida tranquila, mas sem excessos, e só. Apesar disso, você é uma pessoa ativa. Pensamento nº 1: ‘Quando eu ficar fodasticamento velho’ mas ainda com vários momentos de lucidez, o que vai acontecer comigo? Ficarei abandonado num asilo, longe e esquecido pelos meus colegas?

Galera, me desculpem por ser tão cruel com a velhice nesse texto, mas prefiro a sinceridade ao invés de pintar o assunto com uma aquarela cheia de cores vivas. Para poucos, pensar nela não assusta, nem um pouquinho; mas para muitos, ela assusta, sim.

No meu caso e no de Lulu – que inclusive, concorda comigo nesse assunto, mas apenas em parte – procuramos não dar muita trela, não pensar muito nesse assunto. Temos o lema de viver a vida enquanto podemos vive-la, mas vive-la bem, de maneira consciente. Somos felizes; mas quer saber de uma coisa? Não nego que algumas vezes, esses pensamentos down, batem com tudo na porta das nossas vidas: minha e de Lulu. Como espantamos esses pensamentos? De duas maneiras. Primeiro: Olha, podem acreditar, mas crer em um Deus ajuda e muito. Converso muito com Ele, e essas conversam me acalmam, me dão paz. Segundo: Lendo, lendo muito! Cada leitura uma viagem, cada viagem, uma aventura. Por ‘falar’ nisso, descobri vários livros interessantes que nos ensinam a aceitar melhor a velhice; e aproveitando essas minhas divagações, resolvi fazer uma lista com alguns deles que eu achei bem interessantes. Para que essa postagem não fique muito extensa, prometo que publicarei a lista no próximo post.

Por enquanto, vou ficar apenas com essas divagações.

 

 

2 comentários

  1. Que artigo lindo e reflexivo. Que escrita encantadora. ❤
    A vida, assim como o desfrutar de um livro, nos mostra que o mais importante de tudo não é o final da história, mas a jornada.

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    1. Chic, Sammy. Sintetizou super, super bem! "O mais importante é a jornada num todo e não apenas o final". Perfeito. É assim que devemos viver as nossas vida. Que bom que gostou do texto; escrevi quando estava num momento 'meio' down... . mas serviu muito para refletir sobre alguns pontos em minha vida. Grande abraço!!

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