Livro de Boulle com novo layout lançado pela Aleph |
Lembro, como se fosse hoje, da minha peregrinação
para adquirir “O Planeta dos Macacos”. Também pudera, como sofri para comprar o livro do francês Pierre
Boulle. Todo santo dia, entrava nos sebos virtuais – acho que o portal da
Estante Virtual estava começando a dar os seus primeiros passos naquele longínquo
2005 – e não encontrava nada. Com isso, a minha frustração ia aumentando cada
vez mais. Queria tanto ler a história de Boulle que cheguei ao ponto de dar uma
‘balançada’ na hora de comprar “a última bolacha do pacote” que havia localizado
num sebo escondido no fundo do baú. Detalhe: essa “última bolacha do pacote” estava
traduzida no idioma dos nossos patrícios portugueses. Tudo bem que se trata de uma
língua co-irmã, mas convenhamos: o português europeu tem algumas diferenças,
digamos que ‘meio’ chatinhas que dificultam no momento de lermos um livro. Por
exemplo, enquanto usamos gerúndio à vontade, eles esbanjam no infinitivo (“falando”
x “a falar”); sem contar as palavras com significados diferentes para as duas
línguas (Delegacia para nós, Esquadra para eles; Moleque para nós, Puto para
eles e etc e mais etc). Pois é, a minha vontade de devorar as páginas de “O
Planeta dos Macacos” era tão grande, mas tão grande, que por um triz quase
compro uma edição lusitana.
Após muito tempo sofrendo, o Grande Homem lá de cima
se apiedou de mim e fez com que caísse em minhas mãos do nada, uma edição
Pocket Ouro de 2005 do livro. Agradeço aos céus por aquela madrugada insone
zapeando na net, porque graças a “ela’ topei com uma edição de bolso perdida
num sebo e por um preço minguadinho. Após soltar um “Iahuuuuuuuuuuuuuuu!!! que estava
entalado há anos em minha garganta, efetuei a compra com as mãos tremendo de
emoção.
O meu drama com “O Parque dos Dinossauros” (Jurassic
Park) de Michael Crichton foi semelhante. Não encontrava o livro em lugar
nenhum e para piorar, naqueles idos tempos, os fundadores do portal estante
virtual nem sonhavam com um projeto daquela magnitude. Aliás, os sebos virtuais
estavam engatinhando e mal saiam do chão. A salvação de todos nós, leitores
inveterados, eram os livreiros que nos socorriam à distância pelo MSN. Mas, no
meu caso, nem eles puderam ajudar, porque no final dos anos 90, a obra máxima
de Crichton já estava esgotada nas livrarias.
Quando tudo parecia perdido, o cara de pau, aqui,
jogou a sua vergonha e o seu amor próprio no lixo e começou a ‘publicar’
insistentemente nas salas de bate-papos mensagens implorando pelo livro. Entonce,
alguém deve ter se penalizado com a minha situação e se propôs a prestar
auxílio. Resultado: recebi dessa boa alma o ‘presente’ pelo correio. Cara, que
Iahuuuu gostoso ‘soltei’ quando peguei em minhas mãos o livraço de Crichton.
Nova capa de Jurassic Park |
Galera, achei importante contar essas duas
experiências pessoais para que vocês entendam como, nós leitores, sofremos
quando queremos ler um livro e não o encontramos. Por esse motivo, sempre fui
contra a proposta de algumas editoras ficarem relançando obras que ainda podem
ser encontradas facilmente no mercado, ao invés de adquirirem os direitos de de
histórias raras ou esgotadas.
Então, de repente, chega a editora Aleph e muda todo
esse conceito ou preconceito, tanto faz. De cara, eles colocaram no mercado neste
mês de abril “O Planeta dos Macacos” e como não bastasse, prometeram para maio “Jurassic
Park”.
Cara, só tenho que elogiar a atitude dos
responsáveis pela editora que decidiram romper todos os paradigmas ao adotar a
postura de colocar no mercado literário, obras raras, de fato.
Agora, falando escrevendo um pouco sobre os
dois hiper relançamentos da Aleph, eles chegam numa boa hora, já que os
livreiros que ainda dispunham das poucas edições em estoque, estavam ‘enfiando
a faca’ até o cabo. Tanto O Planeta dos Macacos como O Parque dos Dinossauros
estavam sendo vendidos em média de R$ 90,00 a R$ 180,00!!
Em abril quando a editora anunciou que iria relançar
os livros de Boulle e Crichton, os preços nos sebos começaram a despencar e
hoje, ambos podem ser adquiridos à preços módicos.
“O Planeta dos Macacos” é o livro que deu origem à
franquia do cinema que começou em 1968 com Charlton Heston e continua até nos
tempos atuais. A história fez tanto sucesso que além das telonas também virou
seriado de televisão e desenho animado.
O livro - lançado originalmente em 1963 - que já
está á venda conta com uma série de extras e projeto gráfico de Pedro Inoue,
responsável por “laranja Mecânica – 50 anos” e “Uma Odisséia no Espaço”
A história de Boulle começa no espaço, onde um casal
passa a lua de mel em uma espaçonave particular, prática que o autor previu
como algo corriqueiro no futuro. O passeio é interrompido por uma
garrafa carregada com um manuscrito, que aparece boiando e é capturada pelos
viajantes. O texto é assinado pelo protagonista Ulysse, um jornalista que topa
participar de uma viagem intergaláctica que levará três tripulantes a planetas
distantes, nunca antes alcançados pelo homem. O trio aventureiro descobre um
sistema muito parecido com a Terra, com oxigênio no ar e gravidade semelhante à
nossa. Mas também se depara com o absurdo: ali, os homens são animais
selvagens, sem fala ou consciência, capazes apenas de uivar, enquanto os
macacos são seres pensantes e culturais.
Cena do filme "O Planeta do Macacos" lançado em 1968 |
Em um processo reverso, humanos são testados em
laboratório por macacos, são objetos de lobotomia e de extirpações, além de se
tornarem animais de estimação e de entretenimento em zoológico. Nesse ambiente,
o protagonista se envolve com uma selvagem humana, Nova, por quem
sente tanto desejo físico como frustração intelectual, e também com
Zira, uma macaca cientista, com quem estabelece uma comunicação e para quem
consegue provar que é um ser pensante. Apesar de o primeiro filme ser fiel à
trama literária, as diferenças entre uma obra e outra são muitas, principalmente
o final. Fica difícil saber qual é o desfecho mais impactante: do livro ou do
filme.
Já na trama de “Jurassic Park” que também será
relançado pela Aleph nos próximos dias, um grupo de cientistas desenvolve uma
técnica para recuperar e clonar o DNA de várias espécies de dinossauros. Extintos
há milhões de anos, os repteis pré-históricos são recriados em laboratório com
o objetivo de se tornarem atração turística de um parque temático localizado em
uma ilha remota a oeste do litoral da Costa Rica. Algo acaba dando errado e os
animais furiosos e famintos saem caçando os habitantes e visitantes da ilha.
Em 2012 escrevi um post resenhando “O Parque dos
Dinossauros”, os leitores interessados poderão conferir aqui.
Bem, é isso aí galera. Só me resta parabenizar os
editores da Aleph e torcer para que eles continuem criando tendências e não
seguindo o ‘feijão com arroz’ tradicional de outras editoras.
E que venha “Jurassic Park”!
4 comentários
Meu problema em ler em português de Portugal é que sempre acho que a história está se passando no país dos gajos. Quanto ao planeta dos macacos, há pouco mais de um mês vi uma edição de bolso numa banca de revistas por R$ 12,00. Se soubesse que era tão raro teria comprado. Na verdade, ele deve estar lá ainda. Mas agora que será, ou já foi, reeditado, prefiro comprar o novo. Quanto ao Jurassic park também não sabia que era raro. Também acho que essas reedições de livros são desnecessárias. Tudo bem que a edição de luxo de Tubarão está linda, mas pagar R$ 50,00 num livro que você encontra por R$ 8,00 em sebos é um pouso nonsense.
ResponderExcluirRonaldo, se a Editora Aleph não tivesse relançado "O Planeta dos Macacos", eu iria lhe aconselhar sair correndo nesse exato momento para comprar a edição de R$ 12,00 da obra de Pierre Boulle. Cara, acho que o dono desse sebo pirou ou então deve ser parente da Madre Tereza de Calcutá (rs).
ExcluirGrande abraço e volte sempre!
Não vou atrás dessas edições novas porque já tenho o meu Jurassic Park de bolso da LPM, o meu Planeta dos Macacos foi importado em inglês mesmo. Ambos foram bem difíceis de encontrar, o Jurassic Park era o único exemplar que a loja da Saraiva tinha quando comprei. Mas apoio essa atitude da Aleph, proporcionar edições belas de clássicos modernos que tornaram-se raridades aqui no Brasil.
ResponderExcluir
ResponderExcluirOlá blogueira(o),
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