O Parque dos Dinossauros

11 janeiro 2012
Há livros que damos a vida para consegui-los. Então, quando atingimos o nosso objetivo, pegando em nossas mãos a “jóia preciosa”, nos transformamos numa verdadeira criança; daquelas que acabam de ganhar o presente dos seus sonhos, ficando com aquele sorriso bobo e ao mesmo tempo inocente no rosto. “O Parque dos Dinossauros”, de Michael Crichton, é um livro que tem essa aura. Pelo menos teve comigo. Lutei muito para consegui-lo, mesmo porque naquela época – 2001 - não tínhamos ainda o advento dos sebos on line. Se não encontrássemos o livro que queríamnos numa livraria on line tradicional, tínhamos de procura-lo em um sebo numa cidade próxima ou distante de onde morávamos.
Consegui localizar “O Parque dos Dinossauros”de uma maneira nada convencional: através de uma sala de bate-papo na Net. Isso mesmo, numa sala de bate-papo!! Joguei o meu desejo de consumo na “Rede”  e qual não foi a minha surpresa quando uma professora da época de universidade viu o meu recado e resolveu enviar o livro pelo correio.
Se você me perguntar se valeu a pena toda essa loucura e sacrifício para conseguir o livro de Crichton, vou gritar com todas as forças: VALEU E MUITO!
“O Parque dos Dinossauros” mereceu ser um dos meus principais desejos de consumo. O livro é fantástico, e para não fugir da rotina, muito superior ao filme.
Diferentemente da produção cinematográfica de Steven Spielberg, filmada dois anos após o lançamento da obra escrita, em 1993, o livro é muito mais completo. Crichton recheia o seu texto com detalhes técnicos que foram inteiramente banidos do filme. Desde o processo de criação dos dinossauros por meio de manipulação genética até informações sobre as características dos animais pré-históricos. O autor lembra do perigo de se tentar adaptar ao eco-sistema atual, animais que viveram há milênios,  num habitat completamente adverso do nosso. Ele faz um alerta para os perigos da manipulação genética desenvolvida de maneira irresponsável, pensando apenas em lucros fáceis.
Você deve pensar que um livro com tantos detalhes técnicos e científicos acabe se tornando uma leitura enfadonha e sem atrativos. Mero engano. “O Parque dos Dinossauros” tem muita ação e suspense, e em doses cavalares. Aliás, Crichton é mestre nesse tipo de enredo, ou seja, ele é capaz de “lotar” seus textos de informações científicas sem torná-lo cansativo.
À exemplo do que Spielberg fez no filme de 1993, apresentando logo na primeira cena, um dos personagens principais da película: o temível velociraptor; Crichton também faz o mesmo em seu livro, mas de uma maneira muito mais impactante e detalhista. Enquanto Spielberg opta em não dar detalhes sobre o ataque do monstro pré-histórico que está preso numa jaula de metal fortemente lacrada - de onde pode se observar apenas o seu horripilante olhar de predator - e que mesmo imobilizado, consegue devorar um incauto trabalhador do parque; Crichton, no prólogo de seu livro, já narra com riqueza de informações o tipo de ferimento que o velociraptor causou num funcionário do Jurassic Park. Cara! É de arrepiar os pelinhos do corpo....
No início do livro, um helicóptero traz a vítima para ser atendida em um pequeno hospital localizado numa humilde vila de pescadores no litoral da Costa Rica. Um dos administradores do parque tenta manter segredo sobre o fato, dizendo para a médica que o funcionário sofreu um acidente com uma retro escavadeira. A médica retruca dizendo: “Parece que foi atacado por uma fera!”. Este é o ponto de partida para o autor prender a atenção do leitor. Ele descreve em detalhes o que a médica presencia, fazendo com que o leitor se sinta ali, ao lado dela, como se fosse um enfermeiro vendo a pobre vítima dilacerada na maca. “... a pele do rapaz havia sido rasgada, lacerada do ombro até a coxa...”A médica sentiu um arrepio ao olhar para as mãos do rapaz, havia...”. Vou parar por aqui para não quebrar o clima de suspense daqueles que ainda não leram o livro. Mas o prólogo da obra, que recebeu o nome sugestivo de “A Mordida do Raptor” já é um exemplo do que o leitor irá encontrar nas próximas páginas. E tudo, como já escrevi acima, recheado de informações científicas.
A história do livro é praticamente a mesma do filme: Um milionário excêntrico, John Hammond resolve construir um parque tendo como habitantes dinossauros que foram extintos a sessenta e cinco milhões de anos. Hammond monta uma equipe de renomados cientistas, liderados pelo jovem e ambicioso Henry Wu para clonar esses animais. O processo de clonagem se tornou possível, após ter sido encontrado um inseto fossilizado, que tinha sugado sangue destes dinossauros, de onde pôde-se isolar o DNA, o código químico da vida, e, a partir deste ponto, recriá-los em laboratório. O parque, então é montado com várias espécies de dinossauros, mas antes de ser aberto ao público, Hammond convida
o paleontólogo Alan Grant e a paleobotânica Ellie Sattler, para ver se os dinossauros recriados geneticamente são idênticos aos animais extintos. À exemplo da dupla de pesquisadores, também embarcam para a ilha onde está localizado o parque, o matemático Ian Malcolm, advogado Donald Gennaro e os netos de Hammond, Tim e Alexis. Chegando por lá, eles resolvem fazer um passeio pelo parque para conhecer de perto os animais. Depois disso, a maioria das pessoas já conhece a história. Tem o cientista traidor que tenta roubar vários embriões de espécies de dinossauros para revender à uma outra firma concorrente, mas acaba dando de cara com um bichinho pré histórico que gospe veneno; tem  os ataques do tiranossauro e dos velociraptores aos nossos heróis; e por aí afora.
Mas o livro de Crichton mostra muito mais, diferenciando “anos-luz”do filme. Só para que o leitor tenha uma noção da importância da obra escrita, basta dizer que ela serviu de base para o roteiro de três filmes da franquia idealizada por Spilberg.
A cena do aviário quando Alan Grant, Tim e Lex, ao tentarem chegar na casa de comando do parque, – eles estavam fugindo do tiranossauro rex – acabam entrando num domo onde eram recriados os ceradáctilos (répteis voadores muito maiores do que os pterodáctilos), passando a ser atacados pelos animais só foi aproveitada no terceiro filme. Outra cena presente no livro de Crichton e que também não fez parte do primeiro filme é aquela em que uma criança acaba sendo cercada por um grupo de pequenos dinossauros venenosos chamados procompsognatos. Os produtores da franquia preferiram aproveitar essa parte do enredo somente no segundo filme que recebeu o nome de “ O Mundo Perdido”; produção cinematográfica, aliás baseada em um segundo livro de Crichton.
As diferenças livro e filme são gritantes. Por exemplo: no filme só temos um tiranossauro rex; já no livro são dois; os velociraptores são mortos com tiros de bazuca; já no filme nem se cogita uma hipótese dessas.
Enquanto na produção de Spielberg, o tiranossauro só aparece em pouco mais de três cenas; no livro, um dos bichões – o outro, é filhote – domina vários capítulos e dá um trabalho danado  para Grant. O dinossauro persegue o paleontólogo e os dois netos de John Hammond de maneira implacável, fazendo com que o leitor agarre as páginas sem querer largá-las um minuto se quer; nem... para ir ao banheiro. A cena em que o “rei dos predadores pré-históricos” encurrala as duas crianças numa caverna e tenta devorá-las, não sem antes senti-las com a língua é narrada em detalhes por Crichton. “A língua moveu-se lentamente para a esquerda, depois para a direita”... “Tim percebeu que aquilo se movimentava graças aos músculos como uma tromba de elefante”.  “A língua pesquisou o canto direito, passando pela perna de Alexis e depois parou; curvando-se, começou a subir, como uma cobra, pelo corpo da menina”. Agora me responda: dá pra largar as páginas do livro com esse clima de tensão? Pois é, foi o que eu fiz: fiquei grudado nelas como uma perereca.
Enfim, “O Parque dos Dinossauros” é recomendado para aqueles que assistiram ou não o primeiro filme da série; tanto faz, já que a obra de Crichton tem detalhes e mais detalhes que foram omitidos na produção cinematográfica, além de diferenças bem acentuadas.
Prá começar um dos personagens principais acaba morrendo durante a aventura.... mas, de maneira inexplicável, volta à vida, depois, no segundo livro da série, “O Mundo Perdido”, também escrito por Crichton..
Bem, acho melhor parar por aqui, antes que me empolgue e acabe revelando spoilers da história.
Inté!

11 comentários

  1. Oi, José Antônio!

    Primeiro gostaria de agradecer sua visita lá no meu blog, e dizer que bom que você gostou da minha singela homenagem ao Livros e Opinião! =)
    Segundo, eu nem sabia que Parque do Dinossauros era baseado em um livro! Mei noivo é super fã dos filmes, agora já sei o que vou dar de presente de aniversário pra ele, e claro que vou ler também!

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  2. Joelma, tenho certeza de que irá gostar; e o seu noivo por ser fã da sétima arte, com certeza vai gostar mais ainda! Aproveite a oportunidade para ler "O Mundo Perdido", também de Michael Crichton, que é a sequencia de " O Parque dos Dinossauros".

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  3. Este é meu livro favorito! Parabéns pela análise.

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  4. Nossa, lendo esses post fiquei com água na boca rsrs (e falo sério)me pareceu ser uma obra fantástica, quando eu era criança dinossauros me fascinavam tinha até uma pqna coleção, inclusive alguns ñ consigo me desfazer u.u mas vou ler assim que conseguir por as mãos nesse livro que me pareceu ser incrível

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  5. eite esse eu conseguir ja esta na minha minimini biblioteca abcrs

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  6. Muito boa sua opinião sobre o livro. Eu já o li e o Mundo Perdido também. O meu trecho favorito é a descrição da morte de Nedry, é assustador.
    "...Neste instante sentiu uma dor horrível, como se abrissem sua barriga com uma faca. Nedry cambaleou, tateando a barriga às cegas, e sentiu uma massa mole, escorregadia, surpreendentemente quente e com horror percebeu que segurava os próprios intestinos, o dinossauro rasgara seu ventre. As vísceras se espalharam..."

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    1. Obrigado Felipe!
      Sem dúvida, o ataque do dilofossauro em Nedry é assustador e impressionante. Primeiro, ele cega e paralisa a vítima... depois, ele 'destripa'. Brrrrr!!
      Abcs!

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  7. Estou lendo Jurassic Park, e estou na parte em que Nedry o traidor, desliga a energia do parque, o livro é demais, não da vontade de largar as páginas, é bem mais detalhista que o filme, e tem muitas diferenças, da asas a imaginação do leitor, e consegue falar de genética e outros fatos científicos sem parecer nada entediante. Nem acabei o primeiro e já desejo obter o segundo livro "O Mundo Perdido"

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    1. Patterson, prepara-se, então, para "Mundo Perdido", tão 'adrenalina' ou mais do que "O Parque dos Dinossauros. Qto à Nedry - como vc pode ver pelos comentários acima - a sua morte é assustadora, muito mais descritiva do que no filme e repleta de detalhes.

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  8. Estou simplesmente apaixonada pelo livro, descobri a pouco tempo que existia o livro.
    Comecei lendo online, mais preferir comprar o livro..
    No começo lia muito baseando no filme, mais depois meio que me deu ate uma raiva do filme por mudar muitas coisas do livro, a falta de personagens, as mortes e os diálogos em desacordo com o livro.
    Mais como sempre falam o livro é mais interessante que o filme.

    O livro é tipo uma dose de Whisky Red Label e o filme um simples copo com água da torneira.

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    1. Michelle, apesar do filme de Spielberg ser muito bom, o livro de Crichton é melhor ainda. Quanto as diferenças, não se discute: são muitas. Recomendo, também, a leitura de "Mundo Perdido", a sequencia de 'O Parque dos Dinossauros'. Neste livro, as diferenças coim relação a sua adaptação cinematográfica são ainda mais acentuadas.
      Abcs!

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