Os cinco livros mais importantes de Agatha Christie que eu li em minha puberdade

04 maio 2014


Agatha Mary Clarissa Christie, ou simplesmente, Agatha Christie. Esta tremenda escritora começou a fazer parte da minha vida durante a puberdade. Costumo dizer que comecei a ler as aventuras de Hercule Poirot e Miss Marple simultaneamente ao nascimento dos meus primeiros pêlos pubianos. E como curtia aquelas histórias! Admirava a inteligência, sagacidade e aquele ar de certa superioridade de Hercule Poirot. Também amava Miss Marple, aquela idosa solitária e solteirona metida a detetive amadora e que solucionava os mais intricados crimes. Enfim, esses dois personagens me acompanharam nesta fase de minha vida.
Tomei contato pela primeira vez com os livros de Christie por intermédio da minha bibliotecária. No final das aulas no período da manhã, como já era hábito passava na biblioteca da escola para dar uma fuçada nas estantes ‘forradas’ de livros. Certo dia,  percebi que a bibliotecária, uma velhinha muito atenciosa, estava lendo um livro, cuja capa despertou a minha atenção. –“Dona Alice, a capa desse livro que a senhora está lendo é muito legal”. – “Você gostou?. Sou fã de Agatha Christie, venha aqui que eu vou mostrar alguns livros dela, talvez você também goste”. Pronto! E assim, eu com os meus primeiros pelinhos pubianos tinha sido iniciado no chamado “Universo Agatha Christie”.
Posso garantir que entre os muitos momentos maravilhosos que vivi na biblioteca da antiga Escola Industrial, a leitura das aventuras de Poirot e Temple foi um deles. Por isso hoje, resolvi homenagear essa escritora, escolhendo os cinco livros de sua autoria que marcaram a minha pré-adolescência.
01 – Assassinato no Expresso do Oriente
A minha iniciação a “La Agatha” começou com esse livro. E sorte minha que tinha uma bibliotecária à tiracolo, paciente à beça por perto, caso contrário encontraria algumas dificuldades para entender quem era o tal Hercule Poirot. Explico melhor: nesse livro, o famoso detetive é jogado sem nenhuma apresentação no enredo. Juro que fiquei meio perdidão quando vi Poirot ingressando no trem acompanhado de um policial. –“Dona Alice quem é Hercule Poirot??” Perguntei para a boa e saudosa velhinha. “- Ele é um detetive muito inteligente, talvez o mais inteligente de todos, capaz de solucionar os casos mais difíceis”. Bem, mais ou menos com essas palavras, fiquei sabendo quem era Poirot. E assim, mandei ver na leitura.
Posso dizer que foi “Assassinato no Expresso Oriente” que me estimulou a procurar outros livros da autora. A falta de apresentação de Poirot não atrapalha em nada a história que tem momentos muito tensos. Agatha escreve sobre um assassinato que ocorre num trem chamado Expresso do Oriente que está cheio de passageiros. Um americano é encontrado morto em sua cabina, com doze facadas, e com a porta estava trancada por dentro. Pistas falsas são colocadas no caminho de Hercule Poirot para tentar mantê-lo fora de cena, mas num dramático desenlace, ele apresenta não uma, mas duas soluções para o crime. Fantastic! Tornei-me um super-fã do detetive belga após ter lido esse livro.
02 – O Misterioso Caso de Styles
A leitura de “Assassinato no Expresso do Oriente” serviu de estímulo para prosseguir a leitura das obras de Agatha Christie. Queria conhecer mais detalhes sobre aquele detetive excêntrico e convencido de sua inteligência, mas de uma capacidade à toda prova. E nada melhor do que procurar o primeiro livro escrito pela autora inglesa para digamos... ficar mais íntimo de Poirot.
Tão logo conclui a leitura de “Assassinato no Expresso do Oriente”, entrei ‘voando’ na biblioteca e comecei a fuçar as estantes à procura de “O Misterioso Caso de Styles”. Ao perguntar para dona Alice se o livro estava emprestado, já que não o estava encontrando, ela respondeu que a escola não tinha aquela obra. Ao perceber a minha cara de frustrado,  a boa velhinha acrescentou com aquele olhar de vovó matreira: - “A escola não tem, mas eu tenho...” Ehehehe... Adivinhem se ela não me emprestou o livro? E lá vai o novo fã de Poirot devorar as páginas do livro. “O Misterioso Caso Styles” começa quando uma aristocrata inglesa morre trancada em seu quarto, vítima de um aparente ataque cardíaco. A coisa ficaria por aí, não fosse a suspeita de envenenamento levantada pelo médico da família. E então, entra em cena com toda a sua perspicácia, inteligência e é claro... arrogância: Hercule Poirot.
Apesar de ter gostado bem mais do ritmo de “Assassinato no Expresso do Oriente”, não me decepcionei com o caso Styles; nem poderia, já que há uma boa dose de mistério para os fãs de histórias policiais onde o assassino só é descoberto no final do enredo, sem contar as inúmeras pistas falsas plantadas e que são desvendadas por Poirot.
Mas o que me interessou, de fato, no livro foi a oportunidade de conhecer um pouco mais (bem pouco, mas já deu pro gasto) a origem do detetive belga, dono de um famoso ‘bigodon’.
03 – Cai o Pano
Após ter lido vários livros onde Poirot elucidava os crimes mais complicados, eis que criei coragem para ler “Cai o Pano”. Passei a gostar tanto de Poirot que não tinha ‘colhões’ para encarar um livro que anunciava a morte do grande detetive, mas no meu aniversário, quando completei – se não me falhe a memória – 13 ou 14 anos, qual presente eu ganho? Se você respondeu: “Cai o Pano, acertou, é evidente!”. Quando dona Alice (cara, que saudades dela!!) chegou com aquele objeto quadrado e muito bem embrulhado, na mesma hora, soube que se tratava de um livro. Olha galera, até passou pela minha cabeça que poderia ser um livro de Agatha Christie, já que a minha bibliotecária sabia o quanto eu gostava das obras da conhecida escritora, principalmente as de Poirot, mas nunca imaginava que seria “Cai o Pano”.
Fazer o que, né? Não poderia fazer pouco caso de um presente daquela pessoa que me iniciou no “Universo Agatha”.  E lá fui eu.
O livro segue as nuances dos anteriores, onde o verdadeiro assassino é revelado apenas perto do final da história, dando um trabalho danado para Poirot. Juro que pensei abandonar a obra no meio ou bem antes de seu final, tudo para não ver morrer aquele detetive que conquistou o meu respeito como leitor; mas criei coragem e acabei encarando essa difícil missão.
Muito depois, soube que Agatha Christie havia decidido ‘eliminar’ Hercule Poirot para que outros escritores não utilizassem o seu principal personagem após a sua morte. Tanto é que a escritora só permitiu que o livro fosse publicado quando ela ‘partisse dessa para melhor’.
04 – Assassinato na Casa do Pastor
Já havia ‘virado’ fã nº 01 de Agatha Christie, quando descobri que Hercule Poirot não havia sido a sua única criação. Existia mais alguém: uma velhinha danada de esperta chamada Jane Marple ou Miss Marple. Eu queria comparar os estilos de Marple e Poirot e nos meus delírios juvenis até imaginei vê-los trabalhando juntos num caso, mas depois soube que infelizmente não existia nenhum livro dessas duas ‘feras’ tentando solucionar um caso juntos.
No momento de escolher o meu primeiro livro sobre Miss Marple procurei não cometer o erro que já tinha cometido no passado ao ler as histórias de Poirot. Dessa forma, procurei pelo primeiro livro da personagem, aquele no qual, Christie apresentava Marple aos seus leitores. Novamente apelei para a “Santa Biblioteca” da escola e dessa vez, encontrei a obra que procurava. Gostei muito de “Assassinato na Casa do Pastor”. Li o livro ‘rapidinho’. Marple é totalmente o oposto de Poirot. Enquanto o detetive belga gosta de se vangloriar dos casos que soluciona ou então gabar-se de sua massa encefálica diferenciada; a senhorinha idosa é um poço de humildade e tem ojeriza de ficar enaltecendo a sua perspicácia. Miss Marple nem sequer é uma detetive profissional. Nada disso. Ela é vista, frequentemente, tricotando e tirando as ervas daninhas de seu jardim. Às vezes, é considerada confusa ou caduca, mas quando passa a resolver mistérios, mostra ter uma mente lógica e afiada, e um conhecimento incomparável da natureza humana com todas as suas fraquezas, forças, truques e excentricidades.
No livro, um rigoroso coronel é morto com um tiro na cabeça na casa de um pastor (dão o título do livro) e ao lado do corpo, o assassino deixa um misterioso bilhete. O crime torna-se praticamente insolúvel para a polícia da pequena aldeia de St. Marie Mead, então, Miss Marple decide investigar por conta própria, contando com a ajuda do pastor, e acaba encontrando sete suspeitos para o assassinato. O final, pra variar, surpreende.
Sei lá galera, mas os fãs de Marple não me levem a mal, mas achei a personagem um pouco mala no seu primeiro livro. Sabem aquelas velhinhas do tipo ranzinza, fofoqueira e que só pensa no pior? Foi assim que eu á vi.
Quando perguntei para dona Alice o que tinha achado da personagem, ela me disse: -“Leia esse outro e depois conversamos”. E me entregou: “Um Corpo na Biblioteca”, mas isso é assunto para o post aí debaixo..
05 – Um Corpo na Biblioteca
Este livro me ensinou uma lição e que lição. Foi através dele que cheguei a conclusão de que os piores crimes, os mais complicados sobraram para a boa velhinha descobrir. Cara, confesso que nos livros que li de Agatha Christie - e foram muitos – sempre cheguei perto e em algumas vezes até descobri ol assassino, mas em “Um Corpo na Biblioteca” a ‘coisa pegou’. Fui enganado duas vezes e cai como um pato na lagoa. Para!!!! Que qué isso!!  Que final surpreendente!
Quanto a Miss Marple, esqueça aquele velhinha fofoqueira de “Assassinato na Casa do Pastor”; em “Um Corpo na Biblioteca” ela está muito mais simpática. Com isso cheguei a conclusão de que a minha ex-bibliotecária foi a maior especialista em livros de Agatha Christie; uma cicerone incomparável na indicação de livros da autora inglesa.
Galera é isso aí. Fui!

6 comentários

  1. Muito bom, Jam!
    Eu estava esperando por essa postagem! Assim como você sempre fui fã incondicional de Agatha Christie, já tendo lido metade da obra dela, tanto que dos que você citou, eu só não li ainda Assassinato na Casa do Pastor.
    Infelizmente já há algum tempo que não leio livros de Agatha Christie, embora pretenda voltar a ler em breve, e esse parece ser uma boa sugestão.
    Valeu e até a próxima!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ola Texfacepotter, como vai?
      Por acaso vc é fã de Harry Potter?

      Qto a Agatha, achei os seus livros o máximo, mas hje acho que não conseguiria ler aqueles que ainda não li. Com certeza foi uma fase muito importante em minha, mas Dejavu (rs).
      Mas, apesar disso, desejo boa sorte em suas novas leituras da "Rainha do Crime".
      Abcs!

      Excluir
    2. Respondendo sua pergunta, Jam, sim, sou um mega fã de Harry Potter, assim como de Tex Willer, um personagem de quadrinhos de faroeste! <- (e eu ainda preciso configurar esse perfil; eu tinha outro, mas deu uns problemas lá)
      Me lembrei de um livro fenomenal de Agatha Christie que garanto que se você não leu, deveria ler, mesmo tendo dito que não conseguiria mais ler os livos dela: O Caso dos Dez Negrinhos. (Nota: o livro sofreu uma reedição, e talvez você o encontre apenas por E Não Sobrou Nenhum). É excelente, impossível de se arrepender!
      No momento estou lendo Tubarão, que também recomendo muito.
      Até!

      Excluir
    3. Uhauuu!! Tex Willer, o ranger mais temido do velho oeste! Naum acredito que acabei de encontrar um (uma) fã de Tex. Esse sujeito foi um dos que marcaram a minha adolescência! Logo, logo estarei escrevendo sobre ele e outros no post "raridades do baú secreto de meu irmão mais velho". Aguarde. Quanto a "Tubarão", de fato, uma leitura de primeira. Recomendadíssimo. Confira esse post...

      http://livroseopiniao.blogspot.com.br/2011/05/tubarao.html

      Excluir
  2. Minha iniciação com ela também foi com Assassinato no Expresso do Oriente. Eu devia ter uns onze anos, por aí. Depois, li Assassinato no Campo de Golfe e O Mistério dos Sete Relógios.

    Mas não sei, hoje em dia acho a narrativa dela superficial demais, não consigo mais ler. Repetitivo também. Acho que estou muito acostumado com o "Kinga". E com Gaiman.

    Abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá amigo! Que bom vê-lo por aqui novamente;

      Pois é, tudo são fases em nossas vidas. Lembro que devorava os livros de Harold Robbins quando era um meninão de calças curtas, mas hoje não dá. E assim vai.
      Abraços!

      Excluir

Instagram