Cara, eu sempre acabava adiando a leitura de “O Jogo
do Exterminador”. Quando pensava em adquirir o livro, já ‘batia’ um certo
desânimo e pimba! Deixa o livro de Orson Scott Card pra lá. O motivo desse
desânimo? Eu respondo: “as tão propaladas continuações da história que incluía
“Orador dos Mortos”, “Xenocídio” e “Os Filhos da Mente”. Além de não me numa
fase “Up” para encarar sagas literárias
– tanto é verdade que um Box lacrado com os cinco livros das Crônicas Saxônicas
de Bernard Cornwell encontra-se mofando em minha estante – as sequências de “O
Jogo do Exterminador” não me atraíam. Pelas resenhas e resumos que havia lido
pareciam ‘algo’ tosco, muito diferente do enredo que abre a saga. “Orador dos
Mortos” acontece três mil anos no futuro dos fatos de “O Jogo do Exterminador”
e traz o personagem principal, Ender Wiggin, eternamente jovem por causa de
suas viagens interestelares. Tipo um Deus que nunca morre. Cara, confesso que é
demais para o meu bom senso. Sei lá, não engolia essas continuações de “O Jogo
do Exterminador” e assim, fui adiando, adiando e adiando a leitura, até que
certo dia me deu um click: - “Não acredito que estou deixando de ler um livro
por achar que as suas continuações não prestam?!”. Na mesma hora, acessei a
Estante Virtual, escolhi um sebo e comprei o livro de Card. Juro que esqueci
até mesmo a minha preguiça de encarar sagas, trilogias e séries. Tão logo
recebi a obra pelo correio, comecei a ler e não me arrependi. Quer dizer... me
arrependi sim. Arrependi de não ter lido o livro bem antes.
“O Jogo do Exterminador” é uma obra absurdamente
fantástica e mereceu todos os prêmios que ganhou, incluindo o “Hugo” e o
“Nebula”, as duas principais premiações literárias do gênero ficção científica.
E para aqueles que não pretendem ler o livro porque
já assistiram ao filme, gostaria de alertar para não cometam esse sacrilégio
porque as duas obras não se comparam. Enquanto o livro é fantasticamente
fantástico, o filme é uma bomba! Na minha opinião, um dos piores roteiros
adaptados para o cinema de todos os tempos.
Na produção cinematográfica de Gavin Hood e que
conta com Harrison Ford e Asa Butterfield nos papéis principais, tudo é
superficial e às pressas. Já no livro, Ender vai conquistando o respeito de
seus colegas aos poucos – etapa por etapa – até se tornar um comandante de
esquadra no qual todos confiam cegamente. No filme ele já chega abafando e em
pouco tempo se torna o ‘rei da cocada preta’: sem sacrifícios, conflitos ou
barreiras a serem vencidas.
O ponto forte no livro de Card é essa relação
conflituosa vivida por Ender e a sua capacidade de resolver, da melhor maneira,
esses conflitos apesar de ter apenas seis anos!! Parece que todos querem fud...
o menino: o seu irmão Peter, a sua irmã Valentine (apesar de bem intencionada),
seu pai, seus amigos, os chefões da escola de Combate Espacial e por aí vai.
Mas no virar das páginas, Ender consegue
tirar de letra tudo isso e de quebra faz com que essas pessoas passem a
acreditar em sua capacidade, tornando-se respeitado por todos.
A leitura é de tirar o fôlego porque a cada
capítulo, o garoto (acho que o termo criança caberia melhor) tem que provar que
é capaz. Os desafios a serem superados são muitos, desde Bean, o recruta arrogante
e auto-suficiente que não aceita receber ordens de ninguém, até o enigmático
Alai que no início se torna um amigo inseparável de Ender, mas depois, por se
julgar melhor do que o parceiro, acaba se afastando. Então, quando eles
descobrem a facilidade que Ender tem em tomar decisões rápidas e ‘certeiras’,
passam a admirá-lo. Alai chega a dar um beijo no amigo, cena que no filme foi
substituída por um abraço.
Portanto, o ‘gostoso’ em “O Jogo do Exterminador”
não são as cenas de guerra ou batalhas estelares, mas sim, a luta do personagem
principal em se firmar num ambiente onde todos o vêem com desconfiança..
Card narra a história de uma criança de seis anos de
idade que é recrutada para a escola de Combate Espacial. No futuro criado pelo autor,
a humanidade está em guerra com uma raça de alienígenas que querem invadir a
terra para super povoá-la. Numa dessas tentativas de invasão, quase que os
alienígenas conseguem atingir o seu objetivo. Com muita dificuldade, o combate
foi vencido, graças ao heroísmo de um
comandante que conseguiu explodir a nave-mãe dos invasores e assim, desativar
todo as outras naves menores. Desde então, o respeitado coronel Graff e as
forças militares terrestres treinam as crianças mais talentosas do planeta
desde pequenas, no intuito de prepará-las para um próximo ataque. Ender Wiggin,
um garoto tímido e brilhante, é selecionado para fazer parte da elite. Na
Escola da Guerra, ele aprende rapidamente a controlar as técnicas de combate,
por causa de seu formidável senso de estratégia. Não demora para Graff
considerá-lo a maior esperança das forças humanas.
Em certos momentos, “O Jogo do Exterminador” se
torna uma leitura pesada, pois mostra o processo de brutalização imposto à
crianças na Escola de Combate, onde são tratadas como qualquer recruta adulto.
Os trechos em que Card narra o treinamento dos
garotos na Sala de Combate são primorosos. Não há como deixar de ‘engolir’ as
páginas.
Enfim, como já disse uma leitura imperdível...
Ah!
Esqueçam o filme.
Um comentário
Eu estaria em O Jogo do Exterminador seria uma grande história para viver e experimentar
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