Harold Robbins: um dos mestres que despertou em mim o gosto pela literatura de ficção

13 fevereiro 2025

Harold Robbins. Hoje acordei com vontade de escrever sobre esse cara que marcou a minha geração de leitores. Saudosos anos 70 que eu vivi da melhor maneira possível: discoteca, discos de vinil, calças boca de sino, John Travolta no auge arrebentando nas pistas, e, claro, livros... livros saudosos que marcaram a minha passagem da infância para a adolescência. E posso garantir que Robbins fez parte da minha puberdade no que se refere a literatura.

Ainda me vejo fuçando camufladamente o armário guardado a sete chaves onde o meu irmão depositava todos os sábados, religiosamente, os seus tesouros. E que tesouros! Não se tratavam de joias ou diamantes, mas sim de livros, a maioria deles livros de bolso e de... adivinhem? Pensou Harold Robbins? Acertou na mosca.

Acho que o meu irmão desconfiava que o seu irmão mais novo, um molecote naquela época, já vinha “vasculhando” o seu armário sagrado e por isso fingia que esquecia a chave na fechadura. Fazia isso porque no fundo estava muito feliz que o seu mano, apesar da pouca idade, já era um devorador de livros. Demorei para chegar a essa conclusão, mas naquele momento queria apenas aproveitar o “deslize” ou “esquecimento” do meu irmão e “atacar” os seus livros.

As primeiras obras que despertaram o meu interesse foram as de Harold Robbins. Achava as capas de seus livros muito chamativas e os títulos curiosos. Depois, vinham as obras de Sidney Sheldon. Coincidência ou não, as capas de seus livros também chamavam a minha atenção. Por isso, posso dizer que aprendi a ler ficção não pelo texto, mas pelas capas das obras de Robbins e Sheldon.

O primeiro romance que li de Robbins foi a edição de bolso de O Machão. Ficava imaginando o meu irmão chegando de repente e me pegando no flagra. Galera, eu tinha 13 anos ou menos e naquela época, ler Harold Robbins era um privilégio exclusivo de alguns adultos por causa do erotismo pesado arraigado em seus enredos. Então, acho que a somatória de uma história interessante com uma leitura proibida contribuiu para que O Machão e consequentemente Robbins marcasse precocemente o início da minha vida de leitor inveterado. E vocês sabem que o nosso cérebro é uma caixa de surpresas. Às vezes, uma lembrança importante de nossa infância que estava esquecida há décadas, de repente, explode trazendo com elas um verdadeiro tsunami de emoções e saudosismo. Hoje, esse tsunami se resumiu aos livros desse controvertido autor americano. O Machão foi a porta de entrada para outras histórias como: 79 Park Avenue, A Mulher Só,  UmaPrece para Danny Fisher e por aí afora.

A falta de modéstia era um dos muitos traços marcantes da personalidade Robbins, que morreu de insuficiência respiratória no dia 14 de outubro de 1997, aos 81 anos, em um hospital de Palm Springs.

Sentimental, melodramático, pornográfico. Não foram poucos os rótulos que o autor colecionou durante a sua vida. Nem sempre se irritava com eles. Entre frases às vezes muito bem humoradas, o escritor, que vendeu mais de 750 milhões de livros, costumava se comparar a ninguém menos que Victor Hugo, Charles Dickens e Henry Miller, a quem considerava seu avô. “Minha autobiografia poderia se chamar Depois do Trópico de Câncer”, disse certa vez.

Os críticos diziam que o autor era um mestre do clichê e da prosa vulgar, além de seus personagens serem considerados brutos, simplórios e pouco inteligentes. Cara, esquece tudo isso porque dessa vez, a crítica errou feio. Porque prosa vulgar e personagens chatos não conseguem vender 750 milhões de livros. No meu caso, eu adorava os personagens de Robbins e as situações criadas pelo autor.

Seus leitores sempre estavam ávidos por novos livros, que traziam detalhes das vidas de celebridades como Howard Hughes e Marilyn Monroe, assim como outras figuras de Hollywood, socialites e milionários de Mônaco a Miami.

Os críticos diziam ainda que os seus enredos tinham descrições apelativas de sexo, além de situações de ódio, vingança, traição, ultraje; enfim, um “pacotaço” de sentimentos mais pesados do que o “mundo que Atlas segura nas costas”. Mas apesar das críticas nesse sentido, suas obras foram traduzidas em 32 idiomas.

Pois é galera, hoje a nostalgia bateu forte (rs).

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