Harold Robbins. Hoje acordei com vontade de escrever
sobre esse cara que marcou a minha geração de leitores. Saudosos anos 70 que eu
vivi da melhor maneira possível: discoteca, discos de vinil, calças boca de
sino, John Travolta no auge arrebentando nas pistas, e, claro, livros... livros
saudosos que marcaram a minha passagem da infância para a adolescência. E posso
garantir que Robbins fez parte da minha puberdade no que se refere a
literatura.
Ainda me vejo fuçando camufladamente o armário
guardado a sete chaves onde o meu irmão depositava todos os sábados,
religiosamente, os seus tesouros. E que tesouros! Não se tratavam de joias ou
diamantes, mas sim de livros, a maioria deles livros de bolso e de...
adivinhem? Pensou Harold Robbins? Acertou na mosca.
Acho que o meu irmão desconfiava que o seu irmão mais
novo, um molecote naquela época, já vinha “vasculhando” o seu armário sagrado e
por isso fingia que esquecia a chave na fechadura. Fazia isso porque no fundo
estava muito feliz que o seu mano, apesar da pouca idade, já era um devorador
de livros. Demorei para chegar a essa conclusão, mas naquele momento queria
apenas aproveitar o “deslize” ou “esquecimento” do meu irmão e “atacar” os seus
livros.
As primeiras obras que despertaram o meu interesse
foram as de Harold Robbins. Achava as capas de seus livros muito chamativas e
os títulos curiosos. Depois, vinham as obras de Sidney Sheldon. Coincidência ou
não, as capas de seus livros também chamavam a minha atenção. Por isso, posso
dizer que aprendi a ler ficção não pelo texto, mas pelas capas das obras de
Robbins e Sheldon.
O primeiro romance que li de Robbins foi a edição de
bolso de O Machão. Ficava imaginando
o meu irmão chegando de repente e me pegando no flagra. Galera, eu tinha 13
anos ou menos e naquela época, ler Harold Robbins era um privilégio exclusivo
de alguns adultos por causa do erotismo pesado arraigado em seus enredos.
Então, acho que a somatória de uma história interessante com uma leitura
proibida contribuiu para que O Machão
e consequentemente Robbins marcasse precocemente o início da minha vida de
leitor inveterado. E vocês sabem que o nosso cérebro é uma caixa de surpresas. Às
vezes, uma lembrança importante de nossa infância que estava esquecida há
décadas, de repente, explode trazendo com elas um verdadeiro tsunami de emoções
e saudosismo. Hoje, esse tsunami se resumiu aos livros desse controvertido
autor americano. O Machão foi a porta
de entrada para outras histórias como: 79 Park Avenue, A Mulher Só, UmaPrece para Danny Fisher e por aí afora.
A falta de modéstia era um dos muitos traços marcantes
da personalidade Robbins, que morreu de insuficiência respiratória no dia 14 de
outubro de 1997, aos 81 anos, em um hospital de Palm Springs.
Sentimental, melodramático, pornográfico. Não foram
poucos os rótulos que o autor colecionou durante a sua vida. Nem sempre se
irritava com eles. Entre frases às vezes muito bem humoradas, o escritor, que
vendeu mais de 750 milhões de livros, costumava se comparar a ninguém menos que
Victor Hugo, Charles Dickens e Henry Miller, a quem considerava seu avô. “Minha
autobiografia poderia se chamar Depois do Trópico de Câncer”, disse certa vez.
Os críticos diziam que o autor era um mestre do clichê
e da prosa vulgar, além de seus personagens serem considerados brutos,
simplórios e pouco inteligentes. Cara, esquece tudo isso porque dessa vez, a
crítica errou feio. Porque prosa vulgar e personagens chatos não conseguem
vender 750 milhões de livros. No meu caso, eu adorava os personagens de Robbins
e as situações criadas pelo autor.
Seus leitores sempre estavam ávidos por novos livros,
que traziam detalhes das vidas de celebridades como Howard Hughes e Marilyn
Monroe, assim como outras figuras de Hollywood, socialites e milionários de
Mônaco a Miami.
Os críticos diziam ainda que os seus enredos tinham
descrições apelativas de sexo, além de situações de ódio, vingança, traição,
ultraje; enfim, um “pacotaço” de sentimentos mais pesados do que o “mundo que
Atlas segura nas costas”. Mas apesar das críticas nesse sentido, suas obras
foram traduzidas em 32 idiomas.
Pois é galera, hoje a nostalgia bateu forte (rs).
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