Cara, que coisa estranha. De uma hora para outra me deu
uma vontade incrível de escrever sobre Harold Robbins, mais especificamente
sobre um livro que li em minha infância e que me fez – literalmente – grudar em
suas páginas. Escrevo ‘coisa estranha’, mas acho que está mais para ‘força
estranha’, já que nunca senti isso. Tudo culpa daquele livro. Como ele se
chamava mesmo??... Só me lembrava das páginas iniciais e muito mal: um cara ‘podre
de rico’ que viajava num avião e que deixava as mulheres loucas, perdidamente
apaixonadas por ele. O sujeito tinha até ‘umas’ ampolas que ele abria na hora
do ato sexual e que liberavam uma fragrância enlouquecedora, então .... Pára,
para!! Está tudo meio confuso. Vou colocar em ordem os meus neurônios, depois
eu volto.
UM DIA DEPOIS
Passei o dia inteiro tentando lembrar o nome do
livro, pesquisando, lendo, fuçando e isso e mais aquilo, mas consegui: “O
Machão”. Isso mesmo! É esse o nome da obra que me fez sentir aquele insight
esquisito sobre Robbins. A partir daí, as idéias vão ficando mais desanuviadas.
Recordo-me também do armário secreto do meu irmão onde ele guardava os seus
livros de bolso, cartas de namoradas, provas corrigidas, perfumes, etc. Uma
verdadeira ‘sala secreta’ da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts (rs). Como
cabia coisas naquele espaço limitado! O menino aqui tinha o hábito de invadir, sorrateiramente, a sala
secreta para viajar nas páginas das jóias raras que o mano guardava por ali. E acredito
que a edição de bolso de “O Machão” tenha sido a primeira obra literária da ‘sala
secreta’ que caiu em minha em minhas mãos. O primeiro livro que li ‘ilegalmente’,
ou seja, escondido de alguém. Ficava imaginando o meu irmão chegando de repente
e me pegando no flagra. Galera, eu tinha 15 anos ou menos e naquela época, ler
Harold Robbins era um privilégio exclusivo de alguns adultos por causa do
erotismo pesado arraigado em seus enredos. Então, acho que a somatória de uma
história interessante com uma leitura proibida contribuiu para que “O Machão” e
consequentemente Robbins marcasse precocemente o início da minha vida de
leitor inveterado. E vocês sabem que o nosso cérebro é uma caixa de surpresas.
Ás vezes, uma lembrança importante de nossa infância que estava esquecida há
décadas, de repente, explode trazendo com elas um verdadeiro festival de emoções
e saudosismo. Foi esse conjunto de fatores que me levou a reler “ O Machão” e
escrever um post sobre o livro que comprei pela bagatela de R$ 1,00 num sebo.
Ohohoh!! Podem acreditar: apenas UM REAL!!
Li “O Machão” pela primeira vez em 1976, três anos
após a sua publicação no Brasil. Como disse, tinha 15 anos e naquela época
escrever ou falar de sexo da maneira que Robbins fazia em suas tramas era
considerado uma verdadeira libertinagem, pelo menos para os puritanos.
Fico imaginando a minha saudosa mãe me pegando na
boca da botija com “O Machão” nas mãos.
Uhuii!! Meu! Ia ser uma casca das grossas; com certeza, o livro iria parar no
lixo, quanto ao meu destino... só Deus saberia explicar (rss). Creio que todo
esse clima de suspense gerado pela invasão da “sala secreta de Hogwarts” e o
medo de ser pego no flagra pelo meu irmão e minha mãe tenha contribuído para
que esse livro marcasse tanto a minha pré-adolescência.
Hoje, ao ler “O Machão” pela segunda vez, após 38
anos, percebo que a história ainda tem o dom de ‘fisgar’ os leitores. Robbins
tinha um dom raro e que pouquíssimos escritores (daria para contar nos dedos de
apenas uma das mãos) possuem: ele conseguia criar um clima de suspense que, por
sua vez, ia aumentando a tensão da
história a cada página virada, mesmo que nada de importante acontecesse na
trama. Entendeu? Resumindo, ele era capaz de tirar leite de pedra. Pronto! É
isso aí. E Robbins fez exatamente isso em “O Machão”, criando um suspense e uma
tensão FDP numa história simplória e folhetinesca. E tome sexo! Sexo e mais
sexo! Caraca, haja fôlego pra tanto! A ‘coisa’ acaba se transformando num
círculo vicioso entre os personagens principais; mas enganam-se aqueles leitores
que pensam que por esse motivo, o livro não passa de uma obra pornográfica das
brabas. O clima erótico desenvolvido pelo autor ao longo das páginas, apesar de
pesado jamais chega a ser chulo, grosso e de mau gosto. São descrições
realistas sem nenhuma aura daquelas revistinhas pornôs. Aliás, Robbins foi
especialista nisso, da mesma forma que Nelson Rodrigues e Jorge Amado também foram
em suas obras.
Com certeza aqueles que taxaram os livros do escritor
norte-americano de pornográficos não entenderam a sua obra ou então eram puritanos
aos extremos.
O personagem principal de “O Machão” é Badyr Al Fay
que por um capricho do destino foi encontrado pela rica e poderosa família Al
Fay, abandonado no deserto. Dessa maneira, ele acaba tomando o lugar de um dos
filhos natimorto dos Al Fay. Inconsciente das circunstâncias de seu nascimento
e de sua verdadeira ascendência, Badyr foi criado para aceitar todos os
privilégios e obrigações do filho de um árabe poderoso. Para proteger a fortuna
que ascende a vários milhões de dólares, Badyr percorre todos os continentes em
seu jato particular e conhece novas e lindas mulheres.
Neste livro, Robbins descreve um pouco da guerra no Oriente Médio,
e as religiões Muçulmana e Judaica. O personagem Badyr é descrito como um homem de grande poder e com muito dinheiro,
tendo disponível para si toda a droga que quer e as mulheres mais bonitas que
são capazes de caírem aos seus pés.
Como a sua primeira mulher, Jordana, não lhe deu um
filho homem, ele a largou e se casou, novamente, com uma segunda esposa com
quem teve dois meninos. Mas
atitude de Badyr com a sua primeira esposa, acaba não ficando impune, já
que a sua filha mais velha se junta a um
grupo rebelde e sequestra a madrasta e os dois irmãos para se vingar pela
tristeza da mãe em ter sido deixada pelo pai Badyr.
Por outro lado, quando estava casada com Badyr, Jordana não era a ‘santa do pau oco’, pois à exemplo do ex-marido, também era infiel tendo os seus casos extra-conjugais. Badyr consentia com essa atitude da mulher impondo-lhe uma única condição: a de que ela fosse discreta e jamais se deitasse com um homem judeu. Mas Badyr muda sua atitude quando se vê numa situação dramática correndo o risco de perder sua família.
Por outro lado, quando estava casada com Badyr, Jordana não era a ‘santa do pau oco’, pois à exemplo do ex-marido, também era infiel tendo os seus casos extra-conjugais. Badyr consentia com essa atitude da mulher impondo-lhe uma única condição: a de que ela fosse discreta e jamais se deitasse com um homem judeu. Mas Badyr muda sua atitude quando se vê numa situação dramática correndo o risco de perder sua família.
Enfim, “O Machão” é essa miscelânea de amor, paixão, traição, suspense, ódio e
arrependimento. Tudo regado à muito sexo.
Fiquem à vontade para ler... ou não. Quanto a mim,
li, reli e gostei.
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