Os leitores que acompanham o blog ao longo desses 12
anos sabem que “volta e meia” eu ocupo esse espaço que foi criado para “falar”
de livros para também “falar” sobre mim. São as tais divagações que despertam o
interesse de alguns seguidores, mas também testam a paciência de outros (rs).
Alguns gostam, outros odeiam e assim vai. No grupo dos que odeiam está um
amigo, aqui, da minha cidade, que certo dia me disse na lata: “Por que você não
cria um blog pra falar sobre as suas peripécias e deixa o “Livros e Opinião”
direcionado somente para os livros?”. Creio que à exemplo dele muitos outros
leitores pensam assim.
Mas, primeiro: não tenho pique, nem energia sobrando
para criar um novo blog; segundo: não é sempre que dou essas “viajadas”,
portanto, elaborar um blog só para publicar um número pequeno de divagações,
creio que o espaço acabaria ficando praticamente vazio, com pouquíssimas
postagens; e terceiro: gosto de divagar com os meus seguidores com os quais já
tenho uma certa familiaridade, tudo bem que seja uma “familiaridade virtual”,
mas tenho. Dada as devidas explicações, vamos para a nossa viajada (rs).
Galera, eu sempre fui uma pessoa ansiosa que se
preocupa em excesso com o futuro e isso me rendeu ao longo dos anos, alguns
ansiolíticos e bate-papos com meu psicólogo e mais recentemente, com o meu
psicanalista.
Entendo que com tantos desafios e incertezas no nosso
dia a dia, a preocupação acaba se tornando uma resposta natural para diversas
situações, mas quando essa preocupação começa a ultrapassar os limites da
razoabilidade, temos que mudar a nossa maneira de ver e entender o contexto da
nossa vida. É isso que estou tentando fazer; dando um passo a cada dia, um
passo pequeno, mas dando, evoluindo, aos poucos.
Durante a semana passada levei três empurrões que me
fizeram acelerar esses pequenos passos. Aliás, três “santos empurrões” que
valeram um ano de papos com o meu psicanalista, que aliás é muuuuito bom e
competente.
Sou católico mas respeito todos os outros credos, além
de ter muitos amigos evangélicos, espíritas e de religiões de matriz africana.
Acredito que o nosso Deus é um só e que o amor é o motor que move todos esses
credos e os seus seguidores. Acho que na quinta-feira, num supermercado da
minha cidade, um amigo que também é pastor de uma Igreja Evangélica ao ver as
sombras da preocupação rondando o meu semblante me perguntou enquanto
conversávamos: “Jam, você está preocupado com alguma coisa, né?”
– Pois é, estou pensando em algo que tenho de resolver
depois de amanhã – respondi.
– Então, deixe o “depois de amanhã” chegar, enquanto
isso, viva o hoje – retrucou.
Depois desse encontro, no dia seguinte, nesse mesmo
supermercado, ao passar pelo caixa, ouço os fragmentos de uma conversa entre
dois funcionários: “nem tô, deixe chegar
o domingo que eu resolvo, tudo tem o momento certo”.
E para fechar com chave de ouro, na missa do último
domingo, em sua homilia, o padre tasca a máxima direto na minha cara (rs) – Para
aqueles que fazem do futuro e do passado o centro de suas vidas proponho que
leiam o Evangelho de Mateus, capítulo seis, versículo trinta e quatro que diz:
“não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará
de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal", ensinou Jesus.
Depois para jogar a pá de cal, o padre, por sinal
muito jovem concluiu - Quando Jesus
ensinou os seus discípulos a orar, Ele disse "o pão nosso de cada dia
dá-nos hoje". Isto é, Jesus nos ensinou a viver o hoje.
Pois é galera, esses três diretos no fígado desferidos
pelo pastor, pelos funcionários do supermercado e por fim, pelo padre me
fizeram, pelo menos, começar a enxergar a minha vida de uma maneira diferente
e, por tabela, a vida de Lulu também - como ela mesma me revelou. Ao chegarmos
em casa, eu lhe disse com um risinho torto: “ pois é, esses três diretos nos
levaram a lona”.
Após refletir um pouco, resolvi colocar tudo isso “no
papel” e transformar num post. Como já revelei no início desse texto, sempre
fui uma pessoa que se preocupou muito com o passado, além de ficar rememorando
algumas lembranças que deveriam ficar presas no passado. Mas agora, depois
desses fatos, cheguei à conclusão que preciso mudar.
Apesar de sempre ter ouvido o meu pai – o grande e
saudoso Kid Tourão (relembre essa figura incrível aqui e aqui)
dizer que "quem vive de passado é museu" e também que "o futuro
a Deus pertence", eu sempre insisti em viver, primeiramente o futuro, além
de dar um crédito desnecessário ao passado.
Ao viajar nas asas do passado, ficava relembrando
momentos felizes e, principalmente, os tristes, remoendo as mágoas e
arrependendo-me por ter tomado atitudes erradas. Por outro lado, quando pensava
no futuro, ficava ansioso e não conseguia me concentrar no presente. Depois dessas
três chacoalhadas estou começando a entender que quando pensamos no futuro,
ficamos ansiosos e não nos concentramos no presente. Quando isso se torna um
hábito, corremos o risco de viver sempre pensando, pensando, pensando e nunca
caminhando rumo àquilo que pensamos.
Não estou querendo dizer que o futuro não é
importante, apenas que não devemos fazer dele o centro das nossas vidas. O
centro das nossas vidas deve ser sempre o presente, o agora. Marque em sua
agenda tudo o que você precisa resolver na terça-feira; depois, viva a sua
segunda-feira; esqueça a terça.
A vida passa rápido demais, como um trem-bala, a gente
nem vê, nem percebe. Por isso, devemos aproveitar cada momento como se fosse o
último.
Pois é galera, depois de tudo isso que vocês leram,
aqui, tenham certeza de que cheguei à conclusão que preciso mudar. Deixar de pensar
sobre arrependimentos do passado ou inseguranças sobre o futuro; e entender que
o momento de viver é agora. Não tenho que esperar ter a casa perfeita, uma vida
realizada, o emprego dos sonhos e etc. O que eu tenho que fazer é aproveitar cada
instante, cada sorriso e cada momento que faz parte do percurso para a minha realização.
E onde vou encontrar cada instante, cada sorriso, cada momento para a minha
realização? No presente, claro. Hoje, estou começando a entender isso.
Valeu! Prometo que na próxima postagem escreverei
sobre livros (rs).
Postar um comentário