Divagações: Três situações que me ensinaram a importância de viver o presente - o momento mais importante da vida

31 janeiro 2024

Os leitores que acompanham o blog ao longo desses 12 anos sabem que “volta e meia” eu ocupo esse espaço que foi criado para “falar” de livros para também “falar” sobre mim. São as tais divagações que despertam o interesse de alguns seguidores, mas também testam a paciência de outros (rs). Alguns gostam, outros odeiam e assim vai. No grupo dos que odeiam está um amigo, aqui, da minha cidade, que certo dia me disse na lata: “Por que você não cria um blog pra falar sobre as suas peripécias e deixa o “Livros e Opinião” direcionado somente para os livros?”. Creio que à exemplo dele muitos outros leitores pensam assim.

Mas, primeiro: não tenho pique, nem energia sobrando para criar um novo blog; segundo: não é sempre que dou essas “viajadas”, portanto, elaborar um blog só para publicar um número pequeno de divagações, creio que o espaço acabaria ficando praticamente vazio, com pouquíssimas postagens; e terceiro: gosto de divagar com os meus seguidores com os quais já tenho uma certa familiaridade, tudo bem que seja uma “familiaridade virtual”, mas tenho. Dada as devidas explicações, vamos para a nossa viajada (rs).

Galera, eu sempre fui uma pessoa ansiosa que se preocupa em excesso com o futuro e isso me rendeu ao longo dos anos, alguns ansiolíticos e bate-papos com meu psicólogo e mais recentemente, com o meu psicanalista.

Entendo que com tantos desafios e incertezas no nosso dia a dia, a preocupação acaba se tornando uma resposta natural para diversas situações, mas quando essa preocupação começa a ultrapassar os limites da razoabilidade, temos que mudar a nossa maneira de ver e entender o contexto da nossa vida. É isso que estou tentando fazer; dando um passo a cada dia, um passo pequeno, mas dando, evoluindo, aos poucos.

Durante a semana passada levei três empurrões que me fizeram acelerar esses pequenos passos. Aliás, três “santos empurrões” que valeram um ano de papos com o meu psicanalista, que aliás é muuuuito bom e competente. 

Sou católico mas respeito todos os outros credos, além de ter muitos amigos evangélicos, espíritas e de religiões de matriz africana. Acredito que o nosso Deus é um só e que o amor é o motor que move todos esses credos e os seus seguidores. Acho que na quinta-feira, num supermercado da minha cidade, um amigo que também é pastor de uma Igreja Evangélica ao ver as sombras da preocupação rondando o meu semblante me perguntou enquanto conversávamos: “Jam, você está preocupado com alguma coisa, né?”

– Pois é, estou pensando em algo que tenho de resolver depois de amanhã – respondi.

– Então, deixe o “depois de amanhã” chegar, enquanto isso, viva o hoje – retrucou.

Depois desse encontro, no dia seguinte, nesse mesmo supermercado, ao passar pelo caixa, ouço os fragmentos de uma conversa entre dois funcionários:  “nem tô, deixe chegar o domingo que eu resolvo, tudo tem o momento certo”.

E para fechar com chave de ouro, na missa do último domingo, em sua homilia, o padre tasca a máxima direto na minha cara (rs) – Para aqueles que fazem do futuro e do passado o centro de suas vidas proponho que leiam o Evangelho de Mateus, capítulo seis, versículo trinta e quatro que diz: “não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal", ensinou Jesus.

Depois para jogar a pá de cal, o padre, por sinal muito jovem concluiu -  Quando Jesus ensinou os seus discípulos a orar, Ele disse "o pão nosso de cada dia dá-nos hoje". Isto é, Jesus nos ensinou a viver o hoje.

Pois é galera, esses três diretos no fígado desferidos pelo pastor, pelos funcionários do supermercado e por fim, pelo padre me fizeram, pelo menos, começar a enxergar a minha vida de uma maneira diferente e, por tabela, a vida de Lulu também - como ela mesma me revelou. Ao chegarmos em casa, eu lhe disse com um risinho torto: “ pois é, esses três diretos nos levaram a lona”.

Após refletir um pouco, resolvi colocar tudo isso “no papel” e transformar num post. Como já revelei no início desse texto, sempre fui uma pessoa que se preocupou muito com o passado, além de ficar rememorando algumas lembranças que deveriam ficar presas no passado. Mas agora, depois desses fatos, cheguei à conclusão que preciso mudar.

Apesar de sempre ter ouvido o meu pai – o grande e saudoso Kid Tourão (relembre essa figura incrível aqui e aqui) dizer que "quem vive de passado é museu" e também que "o futuro a Deus pertence", eu sempre insisti em viver, primeiramente o futuro, além de dar um crédito desnecessário ao passado.

Ao viajar nas asas do passado, ficava relembrando momentos felizes e, principalmente, os tristes, remoendo as mágoas e arrependendo-me por ter tomado atitudes erradas. Por outro lado, quando pensava no futuro, ficava ansioso e não conseguia me concentrar no presente. Depois dessas três chacoalhadas estou começando a entender que quando pensamos no futuro, ficamos ansiosos e não nos concentramos no presente. Quando isso se torna um hábito, corremos o risco de viver sempre pensando, pensando, pensando e nunca caminhando rumo àquilo que pensamos.

Não estou querendo dizer que o futuro não é importante, apenas que não devemos fazer dele o centro das nossas vidas. O centro das nossas vidas deve ser sempre o presente, o agora. Marque em sua agenda tudo o que você precisa resolver na terça-feira; depois, viva a sua segunda-feira; esqueça a terça.

A vida passa rápido demais, como um trem-bala, a gente nem vê, nem percebe. Por isso, devemos aproveitar cada momento como se fosse o último.

Pois é galera, depois de tudo isso que vocês leram, aqui, tenham certeza de que cheguei à conclusão que preciso mudar. Deixar de pensar sobre arrependimentos do passado ou inseguranças sobre o futuro; e entender que o momento de viver é agora. Não tenho que esperar ter a casa perfeita, uma vida realizada, o emprego dos sonhos e etc. O que eu tenho que fazer é aproveitar cada instante, cada sorriso e cada momento que faz parte do percurso para a minha realização. E onde vou encontrar cada instante, cada sorriso, cada momento para a minha realização? No presente, claro. Hoje, estou começando a entender isso.

Valeu! Prometo que na próxima postagem escreverei sobre livros (rs).

 

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