Eu e Lulu temos muitos amigos que são pais de crianças
e sabemos o quanto eles pelejam para bordar temas “espinhosos” com os pequenos.
Em nossas conversas que acontecem durante os happy hours ou então nas reuniões
de finais de semana sempre surgem algumas colocações sobre esse assunto. Pode
ser o pai que se separou e foi embora, a morte de um avô querido, o bullying
sofrido na escola, entre tantos outros questionamentos.
Por isso, tive a ideia de escrever essa postagem com a
intenção de ajudar alguns pais que acompanham o blog e estejam passando por
situações ‘digamos’ que... um tanto ‘complicated’ e estão em dúvida sobre como
abordá-las para os seus filhos menores de idade.
Escolhi 13 livros que certamente serão úteis para
esses pais encontrarem a melhor maneira de conversar com as crianças e fazê-las
entender a situação difícil, complicada ou dolorosa pela qual estão passando.
01
– Morte de alguém que amamos
Livro:
A Árvore das lembranças (Britta Teckentrup)
É muito difícil superarmos a morte de alguém. Para as
crianças não é diferente. Não é segredo para ninguém de como os pequenos são
ligados com os seus avôs, não é verdade? A situação se complicada ainda mais
quando a mãe ou o pai acaba falecendo. A
Árvore das lembranças da escritora alemã Britta Teckentrup mostra para as
crianças como podemos lembrar daqueles que se foram.
Tudo bem que seja um livro sobre morte, um tema
considerado pesado, mas ele é escrito de uma maneira tão bonita e delicada, além
de conter lindas ilustrações, que a narrativa acaba se tornando leve e até
mesmo poética. As crianças irão adorar e passar a entender melhor essa situação
tão delicada.
A autora conta a história de uma raposa que levou uma
vida longa e feliz na floresta. Mas quando se sentiu muito, muito cansada,
entendeu que era hora de partir. Tristes, os animais da floresta reúnem-se em
volta da amiga para relembrar os momentos felizes que viveram junto com ela.
Mas uma agradável surpresa irá aquecer o coração de cada um deles e transformar
a dor da saudade em um alegre farfalhar de folhas ao vento. Um livro delicado e
tocante, que celebra a vida e nos ajuda a resgatar as doces lembranças daqueles
que amamos.
Livro:
O Passeio (Pablo Lugones)
A história trabalha de uma forma muito bonita o ciclo
da vida, a morte e as mudanças que isso significa e como esse ciclo sempre
continua, no caso o passeio.
O autor aborda o relacionamento de uma menina e seu
pai. A narrativa é linda e triste pela passagem em que o pai dela falece, mas
por outro lado, também é uma história muito bonita porque mostra o ciclo de
vida, morte e vida para as crianças. Após algum tempo, depois do falecimento do
pai da personagem, ela tem o seu filho e, assim, começa o ciclo da vida
novamente, sempre tendo o passeio de bicicleta compartilhado como analogia do
caminhar junto na vida.
Livro:
O Livro do Adeus (Todd Parr)
Como já escrevi no início dessa postagem, compreender
a morte como um processo natural e aceitá-la de forma serena é uma tarefa
difícil até para gente grande. Imagina para a criança que, de uma hora para
outra, se vê obrigada a dizer adeus a um bichinho de estimação ou a um membro
da família?
A fim de descomplicar essa delicada situação, o
renomado autor e ilustrador norte-americano Todd Parr criou O livro do adeus. Com seus coloridos
desenhos, a obra traz uma comovente e esperançosa história sobre dizer adeus a
alguém que a gente ama. O autor, conhecido por abordar de forma simples e
educativa questões que povoam a imaginação e as dúvidas dos pequenos, garante
que este foi o livro mais difícil que já escreveu.
A obra é uma ótima opção para crianças pequenas, de
até 6 anos, As páginas, educativas e cheias de cores, também auxiliam na missão
de transformar o tema do luto em algo mais natural.
02
– Separação dos pais
Livro:
O reino partido ao meio (Rosa Amanda Strauz)
A separação dos pais sempre foi um processo complicado
para nós adultos, imagine para as crianças. A autora carioca Rosa Amanda Strauz
descomplica esse processo em seu livro que recebeu críticas favoráveis de
leitores e também de críticos literários. Vale destacar também as ilustrações
de Natália Colombo que são fantásticas.
Em O reino
partido ao meio, a escritora e jornalista explica que existem coisas na
nossa vida que parece que nunca vão mudar. Mas às vezes, quando menos
esperamos, um acontecimento repentino tira tudo do lugar. É o que se passa com
o pequeno príncipe desta história. Por culpa de um dragão raivoso, de uma hora
para outra, seu reino e as coisas que existem nele são partidos ao meio. No
começo, a situação parece assustadora e é difícil de encarar. Mas com o tempo,
o príncipe acaba descobrindo novos arranjos e percebendo que não existe apenas
um jeito de viver.
É um livro que trata da separação de pais, mas também
serve para qualquer mudança difícil em nossas vidas e principalmente na vida
das crianças, ou seja, qualquer processo de desconstrução. Mostra que quando
estamos passando por um momento difícil fica complicado estudar, comer,
dormir... mas com amor, paciência e com uma rede de apoio conseguimos superar
aos poucos e tudo vai ficando melhor.
Livro:
Brincar de ser feliz (Libby Rees)
Brincar
de Ser Feliz foi escrito pela autora quando ela tinha
9 anos! Após o divórcio de seus pais, que aconteceu quando ela tinha 6 anos,
Libby Rees resolveu escrever uma lista de ações para saber enfrentar o problema
de um jeito prático. A ideia acabou virando livro.
Trata-se de uma obra repleta de pequenas ideias
originais que estimula os pequenos leitores a vencer as dificuldades típicas da
infância. Com maturidade emocional, a autora compartilha suas estratégias
simples e prova que o caminho para a felicidade é muito divertido.
03
– Racismo
Livro:
As cores do mundo (Rafael Calça)
Os livros infantis sobre racismo são fundamentais para
estimular a educação antirracista tanto na escola quanto em casa. É importante
frisar que as famílias não pretas são fundamentais nesse processo, pois quanto
mais crianças brancas forem educadas a respeito da importância de combater o
racismo, mais a luta antirracista alcançará novos lugares de fala, promovendo
mudança e progresso.
O livro As cores
do mundo do premiado autor Rafael Calça – vencedor do Prêmio Jabuti - pode ser personalizado com o nome e o
personagem da criança. O escritor leva os pequenos em um divertido passeio para
aprender sobre empatia, respeito e a capacidade que cada um tem de mudar o
mundo. Com uma narrativa lúdica, ele mostra para as crianças que cada cor
existente no mundo carrega uma história, uma cultura, um jeito de pensar,
vestir e falar que deve ser respeitado e valorizado.
Livro:
Sulwe (Lupita Nyong’o)
Cara, as ilustrações desse livro são
m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a-s. Crianças e adultos irão amar!
Escrito pela atriz e vencedora do Oscar, Lupita
Nyong’o, o livro conta a história de Sulwe, uma garotinha preta que desejava
brilhar como o sol. Sulwe tem a pele da cor da meia noite. Ela é mais escura
que todos de sua família. Ela é mais escura que todos de sua escola. Por isso,
Sulwe se sentia deslocada. Só queria ser bonita, ser igual aos outros, ser
aceita. Até que um fato a ensina a perceber o brilho que ela sempre teve.
Uma história linda e delicada para falar sobre
amor-próprio e aceitação. A obra é de uma beleza ímpar, não só o capricho das
ilustrações, a qualidade do papel, da capa, mas sobretudo a mensagem que é de
uma sinceridade e sensibilidade profundas. É uma história que deve cativar a
qualquer pessoa.
A autora escreveu no Twitter que Sulwe é um espelho que reflete todas as crianças pretas e uma
janela para todas as outras.
04
- Gordofobia
Livro:
Andréia baleia (Davide Cali)
Na aula de natação, Andreia é o alvo das brincadeiras
de suas colegas. Isso porque ela é gorducha. Tanto que as meninas a chamam de
Baleia. A garota Andreia sofre com as provocações e falas desrespeitosas dos
colegas. Por isso, todas as quartas-feiras, Andreia caminha cabisbaixa para a
aula de natação.
As provocações e os gritos das colegas não param: “Andreia
é uma baleia!”, só porque ela provoca uma grande onda quando mergulha na
piscina.
A protagonista se sente pesada demais para esse
esporte e acha que não nada bem. Mas, ao conversar com seu professor, amplia seu
olhar diante das formas e dos pesos das coisas. Então, Andreia experimenta
pensar diferente diante das situações perigosas ou embaraçosas, como diz seu
professor, “somos o que pensamos ser”.
Com o incentivo e as orientações de seu professor, o
corpo de Andréia deixa de ser pesado demais para um corpo que realiza feitos
extraordinários, pois tudo é uma questão de mente, de cabeça. Assim, a sua
autoestima e confiança, aumentam, e muito!
Livro:
Carlota bolota (Cristina Porto)
Você já teve um apelido? Alguns são carinhos, outros
inofensivos, mas há aqueles que machucam. E quanto mais você se incomoda e
reclama, mais as pessoas usam. Carlota ganhou um apelido: Bolota. Mas ela vai
aprender que as vezes aquilo que te chateia pode se transformar naquilo que te
faz feliz.
A história é narrada por Carlota, uma menina que sofre
bullying por causa de sua obesidade, começando pelo apelido de “Carlota Bolota”
colocado pelo seu irmão. Ela conta sua vida, do nascimento até se tornar craque
de um time de futebol.
A autora começa a narrativa contando a história de
vida de Carlota e de sua família e como ela reage ao escutar esse apelido dado
a ela pelo seu irmão. Tudo começa a mudar quando uma família se muda na esquina
de sua casa com a qual Carlota fez amizade. Ela aprendeu com essa família que
uma pessoa é muito mais do que a sua aparência exterior.
As ilustrações são de Sonja Bougaeva que também
ilustrou Andréia Baleia.
Livro:
Laís, a fofinha (Walcyr Carrasco)
O livro Laís, a
fofinha aborda o drama da personagem-título, que passa a sofrer bullying na
nova escola por ser gordinha. Desanimada com a vida, Laís inventa dietas
malucas que colocam sua saúde em risco e se torna uma criança triste, até que
vê a oportunidade de superação.
O livro traz uma importante lição sobre aceitação
própria e mostra como questões estéticas se revelam tão sem importância no
decorrer da vida.
Para o autor, conhecido por ter escrito novelas como
“Verdades Secretas” (2015), “O Outro Lado do Paraíso” (2017) e “A Dona do
Pedaço (2019) – ambas na Globo –, é preciso falar sobre o preconceito com as
diferenças. “O bullying nas escolas é um assunto muito debatido e, hoje, não se
pode pensar na formação da criança sem combatê-lo de forma orgânica e bem
estruturada”, afirma ele. “Quando escrevo, minha primeira intenção é sempre
criar uma trama cativante, seja no universo infantil ou adulto. Mas esses
livros, em especial, aliam a trama à questão do bullying. Cada um deles fala
sobre o ‘ser diferente’ e a inclusão”.
05
– Inclusão social
Livro:
Rodrigo enxerga tudo (Markiano Charan Filho)
O livro infanto-juvenil conta a história de Rodrigo,
um garoto com deficiência visual que acaba virando um amigo de escola de André.
Ele foi transferido para lá de uma escola especial. Apesar de ser deficiente
visual, os seus novos amigos percebem que ele tem outras formas de enxergar,
jeitos diferentes de ver as coisas. E como todo mundo, tem talentos e pontos
fracos com os quais tem que lidar.
Rodrigo
enxerga tudo trem uma abordagem sensível e tocante. Leitura
ideal para as crianças na faixa etária de nove a doze anos.
O autor da obra, Markiano Charan Filho, ficou
completamente cego logo que nasceu. Por isso, bem pequenino, já aprendeu
Braille, uma forma de ler e escrever inventada especialmente para auxiliar
deficientes visuais. E aí ninguém segurou o Markiano: ele estudou pra valer,
fez faculdade e tem dedicado a sua vida na defesa dos direitos de outros
deficientes. Além disso, começou a escrever contos e crônicas e também
literatura infantil, como o livro Rodrigo
enxerga tudo.
Livro:
Do jeito que você é (Telma Guimarães)
Estre livro vai ensinar as crianças a respeitarem as
diferenças que existem entre elas. A premiada escritora Telma Guimarães instiga
as descobertas e experiências que permitem o amadurecimento de meninos e meninas.
A história é de uma garotinha chamada Sandra, que se
muda com a família para morar em um prédio. Lá, as outras crianças a acham
diferente, com cabelo esquisito e roupas estranhas, e passam a criticar e
rejeitar a menina. Depois de alguns dias rejeitada, Sandra ensina aos pequenos
vizinhos que, apesar das diferenças, eles têm muito em comum e podem ser amigos
de verdade.
Livro:
Daniel no mundo do silêncio (Walcyr Carrasco)
Taí mais um livro muito importante sobre inclusão
escrito por Walcyr Carrasco. Desta vez, ele conta a história de um menino
chamado Daniel que perde a audição, aos 7 anos, por isso, ele precisa aprender
a se comunicar de outra maneira: com as mãos.
Seus pais e o irmão mais novo dão o maior apoio
durante essa adaptação, e os pais o matriculam em uma escola especializada em
educação para surdos, onde ele aprende a LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais.
É assim que ele e a família se comunicam.
Depois de um tempo, Daniel passa a frequentar
simultaneamente uma escola comum. Nesta, porém, ele sofre bullying e não
consegue interagir com os colegas, pois ninguém compreende a língua de sinais.
Tudo muda quando o garoto por pouco não sofre um grave acidente devido à
surdez. A cena é presenciada por uma colega de classe que, naquele instante,
entende o que é ser surdo.
A partir daí surge a solidariedade. Os colegas
descobrem que falar com as mãos pode ser divertido e ganham um amigo esperto e
inteligente. E a diretora da escola providencia um intérprete de LIBRAS para
acompanhar Daniel durante as aulas – uma obrigatoriedade legal que ela
desconhecia.
Galera, por hoje é só, mas volta ainda nessa semana
para “falarmos” de livros.
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