Que final da porra foi aquele!!! Galera, me desculpem
pelo palavrão, mas o plot twist de O
Paciente foi tão estapafúrdio – e entenda-se esse estapafúrdio como bizarro
e esquisito, ou seja, no seu pior sentido – que não dá pra segurar esse
palavreado. Por isso, não vou trocar o “porra” por uma outra frase menos chula;
pelo contrário, vou fazer questão de repetir: “que final da porra foi aquele”!
A minha indignação ficou assim, tão latente, porque o enredo
criado por Jasper DeWitt é simplesmente fantástico e a sua narrativa fluida ao
extremo, capaz de prender a atenção do leitor da primeira até... antes daquele
plot completamente amalucado. My God! Após terminar a leitura do livro cheguei
a dizer para Lulu que aquela virada é mil vezes mais doida do que Por trás de seus olhos de Sarah
Pinborough, que inclusive, há pouco tempo, virou série na Nateflix.
O livro de DeWitt me fisgou logo nas primeiras páginas
com o seu enredo instigante envolvendo um misterioso paciente – conhecido apenas
por Joe - que se encontra internado desde os seis anos de idade numa ala de
segurança num sombrio manicômio de New England.
Trata-se do mais antigo caso do lugar. Não há
diagnóstico preciso para sua enfermidade, mas o quadro parece piorar dia a dia.
O ponto central e instigante da história é que todos os psiquiatras – incluindo
os mais renomados - que já tentaram curar o paciente ou mesmo se aproximar dele
acabaram se entregando à loucura… ou ao suicídio.
Este plot já é apresentado logo de cara aos leitores e
advinhe só se a galera não iria ficar grudada nas páginas por causa desse
enigma. Claro que sim! Pelo menos, eu fiquei. Não via a hora do autor decifrar
o segredo de Joe. Somado a isso, o enredo tem ainda outros dois pontos
positivos: o clima tenso criado por DeWitt em sua narrativa, além dos
personagens muito bem estruturados, desde os protagonistas aos coadjuvantes.
Com relação a tensão narrativa posso fazer uma
analogia com aquela aura mítica envolvendo o personagem Hannibal Lecter (O Silêncio dos Inocentes) que além de “jantar”
os seus pacientes que não correspondiam ao tratamento, também era capaz de leva-los
a loucura com um simples “bate-papo”. Por isso, quando a Agente do FBI, Clarice
Starling entra naquele sombrio corredor do manicômio onde está trancafiado o
Dr, Lecter com a missão de entrevista-lo, caraculas! O sangue dos leitores e
principalmente dos cinéfilos gela. “O que vai acontecer com ela?”; é o que já
pensamos logo de cara.
Esta é a mesma sensação que temos quando o
protagonista de O Paciente, o jovem –
e extremamente autoconfiante – psiquiatra Parker H. decide encarar o desafio de
tentar curar o paciente, mesmo sendo alertado pelos seus superiores e demais
funcionários do manicômio que abandone essa ideia.
O jovem médico calcula mal os riscos dessa relação,
que se mostrará muito mais perigosa do que ele antecipava. Parker pensa ter a
solução para o caso, e de fato consegue ir mais longe que qualquer outro profissional
antes dele, mas então...
Entonce... a primeira vez que Parker entra naquele
corredor sombrio, onde fica o também sombrio quarto de Joe que já está ali há
quase 30 anos, para examiná-lo, imediatamente veio a minha cabeça a cena da
personagem de Jodie Foster em seu primeiro encontro com o Dr, Lecter. My God!
Que ansiedade!
A partir daí cada encontro de Parker com Joe me
deixava numa baita expectativa do que iria acontecer com o psiquiatra e também com
o próprio Joe. DeWitt foi muito perspicaz ao mesclar esses encontros com
revelações sinistras do que tinha acontecido com os outros profissionais que
cuidaram de Joe e acabaram ficando loucos ou se suicidaram. Esta técnica usada em
sua narrativa serve ainda mais para prender a atenção dos leitores.
Ficamos imaginando qual o preço que Parker terá de
pagar ao ter aceitado assumir o tratamento do misterioso paciente.
Como já revelei acima, o carisma dos personagens é um
outro ponto positivo do enredo. Além do jovem psiquiatra Parker H. temos também
a diretora do sombrio manicômio – conhecida apenas pelo seu primeiro nome: Rose
– que esconde um grande segredo envolvendo Joe; Nessie, a chefe das enfermeiras,
a única que consegue ficar poucos minutos no quarto do paciente; doutor H.,
mentor de Rose e antigo diretor do manicômio, sendo o primeiro médico a cuidar
de Joe quando ele tinha apenas seis anos de idade. Todos esses personagens,
independentemente de aparecerem pouco ou muito na trama conseguem despertar bastante
o interesse dos leitores.
Para finalizar, achei interessante o tipo de abordagem
narrativa do autor que optou por escrever a história no formato de postagens,
ou seja, com o médico Dr. Parker H contando as suas experiências como psiquiatra
naquele sombrio manicômio no formato de posts em seu blog pessoal.
Mas então chega aquele final infeliz da moléstia e
estraga tudo. Com todo respeito, a impressão que tive é que o autor surtou no “the
end” da narrativa ao apelar para o... Cara, não quero revelar para “o que” ou
qual gênero ele apelou para não estragar um já estragado plot twist. Basta
dizer que eu esperava um final mais realista, mais pé no chão, mais para
thriller psicológico do que para aquilo que eu li.
Inté!
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