Livros de James Bond serão reeditados para excluir trechos considerados racistas

07 março 2023

Sempre fui um grande fã de 007 nos livros e nos cinemas, mas como um bom devorador de livros confesso que viajo muito melhor através das páginas do que pelas telas. Por isso recebi com grande surpresa e alegria a informação de que todos os livros do famoso agente secreto inglês escritos por Ian Fleming serão reescritos e relançados. Pois é, fiquei curioso para saber o motivo desse parecer da empresa que gere o espólio do autor britânico morto em 1964 aos 56 anos.

Após várias sondagens na Net fiquei sabendo que a decisão foi tomada visando a remoção de conteúdo racista de suas páginas com o objetivo de acatar as recomendações feitas por leitores de sensibilidade.

As novas edições serão publicadas para comemorar em abril os 70 anos de Casino Royale, o primeiro da série. Os livros foram publicados originalmente entre 1951 e 1966.

De acordo com matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo, a leitura sensível é uma prática recorrente do mercado livreiro contemporâneo. Ela consiste em profissionais fazerem análises para levantar possíveis pontos do texto de ficção em que o autor faz representações de grupos sociais marginalizados. A prática é geralmente adotada em casos nos quais o autor não pertence ao grupo retratado.

A Ian Fleming Publications Ltd, companhia que tem direito sobre as obras de James Bond, que recebe o nome de seu autor, informou que uma série de atualizações foi feita nesta edição de relançamento dos livros, mantendo o texto o mais fiel possível ao original e ao período em que ele se passa.

Entre as partes alteradas, por exemplo, está um momento em Com 007 Viva e Deixe Morrer, onde, no livro, Bond diz que os africanos que trabalham com o mercado ilegal de ouro ou diamantes são "homens que obedecem a lei, exceto quando bebem demais". Com a reedição, a última parte, sobre a bebida, é removida.

Outro exemplo é uma passagem da história que se passa em uma boate de striptease no Harlem, bairro novaiorquino conhecido pela grande quantidade de moradores negros. Nela, é dito que os homens ali presentes "soltavam grunhidos como se fossem porcos no cocho"; a nova versão, no entanto, diz apenas que o ambiente tinha uma "tensão eletrizante”.

Os livros, de acordo com o jornal, virão com uma mensagem aos leitores na qual lhes será explicado que as obras foram escritas em uma época quando era comum o uso de termos que "podem ser considerados ofensivos por leitores modernos" e que as alterações foram feitas de maneira a evitar ao máximo o distanciamento do texto original e do período em que os enredos se ambientam.

Além dessas alterações necessárias também estou curioso para conhecer o novo projeto gráfico desses relançamentos que, acredito, deverão aterrissar nas livrarias com capas novíssimas e de causar inveja.

Vamos aguardar, afinal de contas, abril está praticamente aí, batendo na porta.

Um comentário

  1. Não concordo com esse processo de "depuração cultural", os termos racistas e machistas condizem com a época em que o livro foi escrito e, mesmo que não agrade tais palavras, mostra como eram as pessoas antigamente, como era o pensamento da época. Creio que o melhor a se fazer seria notas explicativas no final de cada página do livro, pq mudar tais termos no livro, assim como estão fazendo no livro A Fantástica Fábrica de Chocolate só jogaria a sujeira para cima do tapete.

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