A luta pela abolição da escravidão sempre geraram
ótimos romances. Alguns críticos, outros açucarados. Independente do tipo de
abordagem contextual feito pelo autor, a maioria dessas obras se tornaram
grandes bestsellers. Taí “A Cabana do Pai Tomás” e “A Escrava Isaura” que não
me deixam mentir. Ambos a sua maneira – o primeiro bem profundo e o segundo
explorando o romantismo – conquistaram a preferência dos mais exigentes
leitores.
Sempre gostei dos livros sobre esse tema. Não quero
saber se a obra é um simples romance ou se faz uma abordagem mais técnica. O
que me interessa é um enredo que prenda a minha atenção.
“Sinhá Moça” de Maria Dezonne Pacheco Fernandes com
a sua trama simples, mas muito bem escrita conseguiu me conquistar.
Não entendo o porquê da obra de Maria Dezonne ter
recebido tantas críticas de leitores aficionados ao tema. Se estas pessoas
quisessem se aprofundar no estudo do regime escravocrata e também nos ideais
abolicionistas que procurassem livros técnicos ou com uma ‘veia’ mais crítica.
Na minha opinião, “Sinhá-Moça”, à exemplo de “A
Escrava Isaura”, são livros fantásticos, mas desde que você os leia como
romance, nada mais que isso.
Sinhá-Moça foi publicado em 1950 e ambienta-se no
período do Segundo Reinado, apresentando tanto os costumes rurais dessa época
como a realidade em que viviam os escravos negros nas fazendas de café.
A autora conta a história de amor de Sinhá-Moça -
filha do coronel Ferreira, homem inflexível, escravocrata e muito maldoso com
os seus escravos e do jovem Dr. Rodolfo
Fontes, advogado recém-chegado da capital onde fora estudar, um ativo militante
abolicionista e republicano. O curioso é que o livro bebe na fonte de “O Zorro”,
já que Rodolfo usa uma máscara quando entra em ação para libertar os escravos,
cortejando Sinhá-Moça sem que ela saiba ser este mascarado seu amado.
O enredo tem personagens que despertam todos os
tipos de sentimentos no leitor, desde empatia ao desprezo, passando ainda pelo
ódio. Vamos lá: temos o delegado covarde, o administrador cruel, o médico
humanitário e o herói. Mas o personagem mais forte da obra é o escravo Justino
que desperta sentimentos dúbios no
leitor que vão da raiva ao respeito. O final reservado para o personagem
emociona, de fato.
Gostei da obra de Maria Dezonne porque a li como
romance e dentro desse gênero, sem dúvida, merece o nosso respeito. Acho que
devorei as suas pouco mais de 230 páginas em menos de dois dias.
E para os críticos mais severos o que eu posso dizer
é que se o livro fosse tão fraco, jamais teria sido adaptado para o cinema em
1953 e para a TV em 1986.
3 comentários
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaro Sr. Antonio. Sou uma brasileira vivendo na Australia a 30 anos. Apaixonada pela nossa literatura. Depois de 30 anos com a tecnologia e uma caixa que posso conectar com a internet assisti a copa de futebol em portugues.. Mais importante varias series filmes e novelas antigas sao disponiveis. Com tanta felicidade assisti a Sinha Moca de novo, Ja tinha lido o livro. Concordo com o Senhor. E um romance mas me inspirou a estudar novamente a escravidao nossa historia e que emocao rever a lei abolindo a escravidao. Acho que livros sao inspiracao para crescermos mais. Mesmo que seja um belo romance tambem inspira quem queira se aprofundar na Historia e neste periodo. Me levou ate a sua web page. Mais um aprendizado atraves deste livro. Agora vou sempre ler a sua pagina. Obrigada. Feliz Natal e Bom Ano Novo, Vou tentar colocar meu teclado em portugues. Assim minha gramatica e pontuacao sera melhor.
ResponderExcluirOlá Márcia! Nossa! Há 30 anos que você mora na Austrália?! Qual a sua profissão? Espero que o blog possa auxiliá-la na escolha de algumas obras literárias. Escrevi resenhas, também, de outros clássicos da literatura brasileira como "Meu Pé de Laranja Lima" e "Escrava Isaura". É só digitar esses nomes na caixa de pesquisa do blog. Não se preocupe em fazer uma readaptação em sua gramática e pontuação; o seu texto é bem legível.
ExcluirAbraços!