Para ser sincero, eu não pretendia ler “O Casamento”
de Nicholas Sparks. Não mesmo. A minha intenção era iniciar a releitura de “A
Sombra do Vento” de Carlos Ruiz Zafón começando, assim, a odisséia de “O
Cemitério dos Livros Esquecidos”, mas pelos motivos que já expliquei 'nesse post', acabei obrigado a adiar o meu encontro com Daniel Sempere, Julian Carax,
Fermin, Tomás Aguilar e companhia.
Se me arrependo? Não. Primeiro: gostei da história
de Sparks – fazendo analogia com um famoso comercial de TV: não é nenhuma
Brastemp, mas é bom. – e segundo: toda
vez que adiamos, por pouco tempo, um projeto acalentado por nós, a expectativa
em torno desse projeto cresce, aumentando o nosso estado de ânimo. Bem... pelo
menos acontece dessa maneira comigo.
Não posso negar que esses detalhes ajudaram muito a
gostar da história bem light escrita por Sparks. “O Casamento” é um daqueles
livros que você lê numa tacada só. A escrita fluida e sem rebuscamentos do
autor deixa o enredo ainda mais digerível. O tipo da história para você ler sem
nenhuma pretensão; simplesmente para passar o tempo. Mas nem por isso, é ruim.
Os personagens são bem compostos; o enredo, como já disse, é fluido; e o final
tem uma baita reviravolta que certamente irá surpreender os leitores.
“O Casamento” (2003) é a sequência da obra máxima de
Sparks: “Diário de Uma Paixão” (1996) e conta a história da filha, genro e
netos de Noah e Allie, casal que encantou toda uma geração de leitores há mais de 20
anos. Apesar de grande parte dos críticos literários terem derramado um mar de
elogios na obra escrita em 2003, definitivamente, ela não se comprara com
“Diário de Uma Paixão” que é uma história de amor - daquelas de arrebentar -
entre duas almas gêmeas e que nem mesmo as piores dificuldades enfrentadas na
juventude e também na velhice foram capazes de separá-los. Cara, como me
emocionei! Mas emoção daquelas de deixar os olhos úmidos de lágrimas. Costumo
dizer que Noah e Allie são fodas! Com todo o respeito, é claro.
Eles arrebentam qualquer coração de pedra. E
justamente em “O Casamento”, é o personagem de Noah que carrega a maior parte
da carga emotiva e dramática. Enganam-se aqueles que pensam que o casal
principal - Wilson e Jane – são os responsáveis por mexer com o coração e os
sentimentos dos leitores. Não. O responsável é Noah.
No enredo de “O Casamento”, após quase 30 anos de
casamento, Wilson é obrigado a encarar uma dolorosa verdade: sua esposa Jane,
parece ter deixado de amá-lo, e ele é o único culpado disso.
Viciado em trabalho, Wilson costumava passar mais
tempo no escritório do que com a família. Além disso, nunca conseguiu ser
romântico como o sogro era com a própria mulher. A história de amor dos pais de
Jane, contada em “Diário de Uma Paixão”, sempre foi um exemplo para os filhos de
como um casamento deveria ser.
Diante da incapacidade do marido de expressar suas
emoções, Jane começa a duvidar de que tenha feito a escolha certa ao se casar
com ele. Wilson, porém, sente que seu amor pela esposa só cresceu ao longo dos
anos. Agora que seu relacionamento está ameaçado, ele vai fazer o que for
necessário para se tornar o homem que Jane sempre desejou que ele fosse. É
nesse momento que Noah entra na história e a história, por sua vez, se
transforma. Wilson decide procurar o sogro para se aconselhar a recuperar o
amor de Jane.
Neste ponto do enredo, Sparks mescla o presente e o
passado, ou seja, envolve num ‘bolo só’ a história de Noah e Allie e também de
Wilson e Jane.
É interessante saber como era o relacionamento de
Wilson com o seu sogro antes de se casar com Jane ou então as passagens
emocionantes envolvendo Allie, Noah e seus filhos, a medida em que ela ia
ficando debilitada com o Mal de Alzheimer. Caraca, o trecho em que Noah e Allie
se mudam para uma casa de repouso e se despedem para sempre do seu casarão
dançando uma musica romantica é de cortar o coração. Viram só como os momentos
de maior emoção do livro estão relacionados com Noah e Allie?
Resumindo: podem ler sem medo “O Casamento”. Com
certeza irão gostar, afinal de contas, Noah está lá, novamente, marcando
presença.
Ah! Lembrando mais uma vez: atenção para o final de
derrubar o queixo. O meu caiu; acho que o de vocês também cairá.
Inté!
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