Ler
um livro de terror a noite não é uma tarefa fácil. Durante a madrugada, então,
piorou. Mas quer ver a situação sair de controle? Experimente ler uma obra
‘arrebenta peito’, sozinho, à meia noite, após ter assistido um filme do gênero
– tipo ‘Invocação do mal’. Uuuhhhhh!! Amigo, vai me desculpar, mas acho essa
missão impossible.
Mas,
acredito que todos nós leitores inveterados já passamos por uma situação
semelhante; pelo menos uma vez na vida. Daquelas em que no momento da leitura
de um livro do gênero, pimba!!! Acontece algo inusitado, provocando uma
descarga de adrenalina em suas veias.
Quer
um exemplo? Ok. Eu dou. Logo no início da reforma de minha casa, resolvi reler
alguns contos do livro do Almirante: “Incrível! Fantástico! Extraordinário!”
Cara, se arrependimento matasse... Entonce, era uma noite de segunda-feira,
chuvosa, pra variar. Os móveis da minha casa estavam todos amontoados na
cozinha, só restando o meu quarto com alguma coisa em ordem. Poderia ter
ido dormir na casa de Lulu, mas o ‘machão’, aqui, quis ficar no seu ‘mausoléu’,
todo bagunçado, para ler. No meio do conto “Palavra Assumida” aconteceu algo
inusitado que me provocou um medo ‘congelante’. Pera, pêra aí. Estou colocando
o carro na frente dos bois. Antes de contar a minha experiência nada agradável
que vivi altas horas da noite de uma segunda-feira chuvosa, deixe-me explicar o
propósito desse post.
Enquanto
escrevo essas linhas, estou no conforto da residência de Lulu – sim, moramos em
casas separadas e com certeza, esse é o segredo da nossa “longevidade amorosa”
– enquanto a minha humilde e bagunçada residencia enfrenta os resquícios finais
de uma reforma. E nesta tranqüilidade reconfortante, lembrei daqueles leitores
que estão vivendo uma situação inversa: sozinhos, de madrugada (como eu, agora)
e lendo alguma obra do gênero terror. Santo Calafrio! Que histórias eles terão para contar futuramente
aos seus amigos? Quais lembranças aquele livro ou conto lhe trará daqui há 10
ou 20 anos? Interessante, não acham?
Por
isso, resolvi escrever um post sobre o assunto. Decidi selecionar cinco situações
nada agradáveis que provocaram medo, terror ou pânico nos leitores que
decidiram quebrar três regras importantes da literatura de terror que jamais
podem ser desafiadas: 01 – Ler sozinho durante a madrugada; 02 – Ler de noite
sem antes olhar debaixo da cama e 03 – Jamais ler um livro após ter assistido,
sozinho, um filme de terror.
Bem,
agora posso voltar a narração da minha experiência bem azeda daquele início de
semana. Afinal, a escolhi para abrir o post. Vamos à ela.
01
– O falso machado
Livro:
“Incrível! Fantástico! Extraordinário!”
Eu
e Lulu, havíamos acabado de passar uma noite agradável com alguns amigos: barzinho,
chopinho e papo legal. Como a minha casa está em reforma, decidi aproveitar
para encaixotar alguns livros, deixando assim, a minha estante livre para
pintura. Putz, porque não ouvi o conselho de uma mulher mais centrada do que eu
naquela noite. – “Deixe isso pra amanhã que eu lhe ajudo. Agora, tô muito
cansada; quero mais é cair na cama e apagar”, disse Lulu. Ocorre que o “Sr.
Teimoso”, não estava com um pingo de sono. Por isso, resolvi adiantar o que
tinha que fazer. E lá vou eu.
Cara,
a minha casa estava parecendo um museu do terror. Toda bagunçada, somente o meu
quarto escapava da baderna e ainda assim, ‘meia-boca’. Ao começar a encaixotar
os livros, vi na estante uma coletânea de contos de terror do Almirante
chamado: “Incrível! Fantástico! Extraordinário!”. E lá vou eu folhear algumas
histórias. Cara, a obra é viciante. Quando percebi já estava compenetrado na
leitura e ao mesmo tempo incomodado. É verdade, as historietas do Almirante te
incomodam muito.
Quando
cheguei no conto “Palavra Assumida” –
que conta narra o ‘causo’ de um
sujeito que após abrir a porta de sua casa dá de cara com um amigo que morreu recentemente e que decidiu lhe fazer uma visitinha inesperada - começou a chover com direto a alguns relâmpagos e trovões. Foi nessa hora que aconteceu algo aterrorizante e que me congelou o sangue. O portão do quintal de casa se abriu, passos pesados subiram a escada e arrastaram algo metálico no chão como um machado ou facão riscando o piso da varanda. Mêo, você já viu um grito mudo? Se esse tipo de grito existir eu o soltei naquele dia. Depois que descobri a origem do barulho, morri de vergonha. Os passos pesados eram do Tigrão (ver aqui), um sujeito hiper-legal que estava passando sinteco no piso de casa. Ele havia esquecido a sua máquina no quintal e saiu debaixo da tempestade para recolhê-la até a varanda, pois caso contrário, havia o risco de estragá-la. Portanto, o machado ou facão ‘triscando’ o chão da varanda, era somente a enorme lixadeira do Tigrão.
sujeito que após abrir a porta de sua casa dá de cara com um amigo que morreu recentemente e que decidiu lhe fazer uma visitinha inesperada - começou a chover com direto a alguns relâmpagos e trovões. Foi nessa hora que aconteceu algo aterrorizante e que me congelou o sangue. O portão do quintal de casa se abriu, passos pesados subiram a escada e arrastaram algo metálico no chão como um machado ou facão riscando o piso da varanda. Mêo, você já viu um grito mudo? Se esse tipo de grito existir eu o soltei naquele dia. Depois que descobri a origem do barulho, morri de vergonha. Os passos pesados eram do Tigrão (ver aqui), um sujeito hiper-legal que estava passando sinteco no piso de casa. Ele havia esquecido a sua máquina no quintal e saiu debaixo da tempestade para recolhê-la até a varanda, pois caso contrário, havia o risco de estragá-la. Portanto, o machado ou facão ‘triscando’ o chão da varanda, era somente a enorme lixadeira do Tigrão.
02
– Cuidado com o tapa na cara!
Livro:
“O Exorcista”
Meu
amigo Marcos tem uma faxineira que é muito supersticiosa. Dona Deusiléia, além
de supersticiosa é uma contadora de ‘causos’. Ocorre que o Marcos é uma pessoa
muito impressionável. Inteligente à beça, um gênio, mas capaz de ficar cismado
com uma simples besteira. E foi uma dessas besteiras contadas pela ‘senhorinha’
Deusiléia que quase matou meu amigo de pavor.
A
faxineira disse à ele, que depois do que ocorreu com a sua comadre, ela jamais
olhou, novamente, debaixo da cama após a meia noite. A pobre mulher, antes de
se deitar, sempre tinha esse hábito – confesso que eu também tenho, quero
dizer, tinha, porque depois da história da Deusiléia, mudei de idéia – mas
certa noite quando foi para a cama após a zero hora, ao se abaixar para cumprir o
seu ritual, acabou levando um tapa no rosto. Quem deu o tapa? Ninguém sabe,
ninguém viu! Um duende? Um anão macabro? Um... um... sei lá e pra ser sincero
nem quero saber.
Já
antecipo para a galera que o Marcos tem o mesmo hábito da comadre de Deusiléia.
No dia 29 de dezembro do ano passado, o meu amigo estava em sua casa, sozinho – ele iria se encontrar com os seus pais em Camboriú onde passariam o réveillon juntos – quando teve a ‘brilhante’ idéia de ler “O Exorcista”. Ao terminar a leitura de um capítulo, já com sono, e impressionado com o início do ritual de exorcismo dos padres Merrin e Karras, ele foi para cama, não sem antes olhar debaixo da cama. “Tabéfiti!!” Marcos disse que não chegou a fazer xixi no pijama, mas revela que pelo menos algumas gotas escaparam. No exato momento em que se abaixou para verificar se não havia ‘nadica de nada’ debaixo de sua cama, o celular que estava ao lado do travesseiro disparou ao som do refrão de “Shot To Thrill” do AC/DC, tema de Homem de Ferro 2. Quem ligou? O Sr. ‘Engano”. – “Alô, Everton? É você?”
No dia 29 de dezembro do ano passado, o meu amigo estava em sua casa, sozinho – ele iria se encontrar com os seus pais em Camboriú onde passariam o réveillon juntos – quando teve a ‘brilhante’ idéia de ler “O Exorcista”. Ao terminar a leitura de um capítulo, já com sono, e impressionado com o início do ritual de exorcismo dos padres Merrin e Karras, ele foi para cama, não sem antes olhar debaixo da cama. “Tabéfiti!!” Marcos disse que não chegou a fazer xixi no pijama, mas revela que pelo menos algumas gotas escaparam. No exato momento em que se abaixou para verificar se não havia ‘nadica de nada’ debaixo de sua cama, o celular que estava ao lado do travesseiro disparou ao som do refrão de “Shot To Thrill” do AC/DC, tema de Homem de Ferro 2. Quem ligou? O Sr. ‘Engano”. – “Alô, Everton? É você?”
Marcos
me disse, algumas semanas depois que a vóz sensual da mina que ligou querendo
saber sobre o tal Everton, serviu para amenizar, pelo menos um pouco, o seu
estado de pânico.
03
– A casa com barulhos estranhos
Livro
(Revista): Kripta
Após
visitar a casa de uma vizinha, dona Elza (nome fictício – como não a encontrei,
achei melhor não citar o seu nome verdadeiro) ficou vidrada no brilho do piso da
sala. A vizinha havia acabado de passar sinteco nos tacos e o chão reluzia. Depois
de algum tempo, dona Elza resolveu fechar negócio com o Tigrão para também
‘sintecar’ a sua residência. O ‘causo’ que se segue foi contado por ela: dona
Elza.
O
ajudante do Tigrão era um garoto, dos seus 17 anos, que adorava ler histórias de terror, mas
daquelas antigas, dos anos 70. Pelo que fiquei sabendo, o seu pai tinha uma
coleção das revistinhas “Kripta” e “Calafrio”. Tudo indica que o filho acabou
herdando do pai o gosto pela leitura dessas revistinhas.
Pois
bem, segundo dona Elza, Tigrão tinha o hábito de trabalhar até as 22 ou 23
horas. Certa noite, ele pediu ao garoto que o substituísse – já que teria de
resolver alguns problemas particulares. Tigrão, acrescentou, dizendo que o
esperasse para ajudar a recolher o material. Pois bem, como o menino havia terminado
a sua ‘missão’, optou por retirar da sacola, uma das famosas revistinhas para
matar o tempo, enquanto aguardava o retorno de seu patrão. De repente, ele
começou a ouviu estalos pavorosos no interior da casa, parecidos com traques ou
bombinhas de festa junina. Os ‘efeitos sonoros’ ocorriam de maneira espaçada,
mas eram assustadores.
Ao
chegar na casa da dona Elza; pouco mais das 22 horas, Tigrão não encontrou o
seu ajudante. Ele havia fugido com os cabelos arrepiados e gemendo de medo,
pensando que a casa era mal assombrada.
Tigrão
esqueceu de avisar o seu novo funcionário que ao receber várias camadas de
verniz, os tacos feitos de Madeira de Lei costumam ‘estalar’, geralmente a
noite quando a temperatura cai. Infelizmente, o garoto não sabia desse detalhe.
Dona
Elza, concluiu dizendo que um dia após a ‘tragédia’, encontrou uma revistinha
abandonada no chão da cozinha. Era o exemplar número dois da revista “Kripta” com
o título “A Noite dos Demendes”. A capa trazia um monstrengo todo azul com as
mãos acorrentadas e uma cobra enorme tentando devorar uma mulher viva no
cemitério. Arghhhh!!
04
– O zumbi do furgão da funerária
Livro:
“O Guia de Sobrevivência a Zumbis – Proteção total contra os mortos vivos”
Este
fato é recente e aconteceu no ano passado com o Martonelli, um ex-colega de
universidade que aceitou o convite para trabalhar, temporariamente, como
frentista cobrindo o horário de um funcionário que havia acabado de entrar em
férias . Ele teria que fazer o segundo turno da noite num velho posto de
gasolina localizado nas margens da SP-300, próximo a Penápolis. Durante a
noite, o local era brabo. Abandonado e mal iluminado, poucos caminhoneiros se
arriscavam a parar no posto durante a madrugada para descansar. O medo de assaltos
era enorme. Portanto, o frentista de plantão tinha pouco serviço no horário
noturno. No caso de Martonelli, fã incondicional de Stephen King, matava o
tempo lendo as histórias do autor sentado na guarita do posto.
Mas
naquela noite, ele dispensou a companhia do mestre do terror para ler um novo
livro que havia acabado de adquirir: “O Guia de Sobrevivência a Zumbis –
Proteção total contra os mortos vivos”.
Martonelli
que devorava as páginas sobre os mortos vivos foi obrigado a parar a leitura
para abastecer um furgão funerário que havia acabado de parar. Enquanto o
motorista do veículo foi ao toalete para dar uma aliviada, o desafortunado
frentista ficou sozinho abastecendo o furgão.
De
repente, ele ouviu um barulho estranho na carroceria do furgão e ao levantar os
olhos viu uma cena horripilante: o cadáver, que estava sendo transportado, se
levantando do caixão!! PQP! O Martoneli não gritou de medo, ele simplesmente
uivou de pavor! Soltou a mangueira de abastecimento que acabou se soltando do
tanque de combustível do furgão funerário. Por sorte, a pistola de
abastecimento estava travada ao cair, evitando assim, que a gasolina se
espalhasse pelo chão. Ensandecido, Martonelli gritava para o agente funerário
que uma ‘coisa’ parecida com um zumbi havia se levantado do caixão.
Caindo
na gargalhada, o homem explicou que o morto-vivo, na realidade, era o seu
ajudante que tinha o hábito de tirar uma soneca no esquife quando viajavam de
noite para atender algum chamado fúnebre.
Segundo
Martoneli, o tal ajudante era muito feio, mas muito feio, de fato.
05
– O Gato do Supermercado
Livro:
A Coisa (Stephen King)
Esta
história foi narrada pelo Joanes. É sobre o seu irmão, Ílídio; um leitor
inveterado de Stephen King. Ele trabalhava como vigia noturno num supermercado
de sua cidade. Como seu turno era bem tranqüilo, Ilídio “matava” o tempo lendo;
de preferência livros do mestre do terror Stephen King.
Naquela
‘fatídica’ noite de 2014, o parceiro de Ilídio, acabou ficando doente e por
isso, a segurança to supermercado (bem grandinho, aliás) coube inteiramente ao
rapaz.
Como
sempre fazia ao chegar no serviço, ele sacou o seu livro da mochila e mergulhou
de cabeça na história. Tratava-se de “A Coisa” que tinha como protagonista o
palhaço maldito Pennywise. A leitura prosseguia sem nenhum contratempo, até que
de madrugada, Ilídio ouviu um barulho estranho no depósito e resolveu – muito a
contragosto – ir averiguar. Não encontrou absolutamente nada o que o deixou
muito cabreiro. Ao retornar a sua leitura, ele ouviu novamente o barulho, mas
dessa vez muito diferente. Algo que lhe provocou um calafrio da base da espinha
até a ponta da nuca.
O
pobre rapaz se mandou! Abandonou o seu posto de vigia no meio da madrugada,
passou a chave nas portas supermercado e se refugiou em sua casa.
Joanes
teve que tranqüilizar o irmão assustado, explicando que o barulho que Ilídio
havia ouvido, não passava de uma suruba de gatos, mas daquelas bem
escandalosas, onde miados se transformam em gemidos, gritos e uivos tenebrosos.
Tudo ‘junto e misturado’. Joanes sabia disso porque já havia trabalhado como
vigia naquele mesmo local e na época foi alertado por alguns funcionários.
Rindo,
Joanes me disse que o seu irmão pode ter associado o ‘namoro escandaloso’ dos
felinos ao palhaço monstruoso do livro de King.
É
mole?!
Taí
galera. Por hoje é só!
3 comentários
Cara você é muito bom contando histórias, adorei seu Blog.
ResponderExcluirSempre leio as suas postagens.
Parabéns!
Lucas, muito obrigado!
ExcluirQue bom que gostou da postagem. Super incentivo para o blog.
Abraços!
É aqueles tipos de história que ninguém quer ter vivido mas iria adorar contar pros amigos depois,muito bom o blog.
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