007 Contra Pequim - A Volta de James Bond

05 maio 2016
Desculpem-me a ausência de quase uma semana sem postar, mas com a reforma de casa a minha vida ficou de cabeça para baixo. Cara, que loucura! Agora entendo porque tantas pessoas ficam estressadas quando ‘mexem’ em seu ninho. Ainda bem que tenho Lulu ao meu lado. Ela é a minha linha de frente. Cobra, negocia, dá dura, elogia, enfim, faz o escambau a quatro com os pedreiros, pintores, marceneiros e companhia limitada. Mêo, tô admirado com a outra faceta da menina. Ainda bem que esse lado oculto existe, senão eu estava na roça.
Pra vocês terem uma idéia estou digitando essas linhas, espremido na sala, por isso peço para a galera um pouco de paciência. A previsão de termino da ‘bagunça organizada’ é para o início de agosto, por isso, até lá o ritmo de postagens pode sofrer uma ligeira queda, mas depois, prometo que tudo volta ao normal. Sabe como é né? Quando você divide um blog com vários escritores, o ritmo de postagens é outro, já que há sempre um blogueiro disponível para auxiliar um colega num momento de necessidade. No caso do Livros e Opinião só existe uma opção: ‘Euzinho da Silva’, entonce, as vezes a ‘coisa’ fica um pouco complicada. Mas vamos ao que interessa: resenhar.
Na semana passada, estava estressado com tanto pó, barulho, marteladas, além de alguns contratempos – tão comuns na vida daqueles que estão construindo ou reformando – então decidi retirar da estante o livro “007 Contra Pequim - A Volta de James Bond”.
O primeiro motivo que me levou a ler um livro de 007 que não fosse escrito por Ian Fleming foi um tópico do enredo relacionado a “M”. Segundo a sinopse da obra, o todo poderoso chefe do Serviço Secreto Britânico é violentamente seqüestrado de sua propriedade!! Uhauuuu!  Caraca, farejei adrenalina ali. E muita! Putz! Sempre vi o M dos livros de Fleming e também o personagem dos cinemas interpretado pelo Bernard Lee como um sujeito intocável e inatingível. Quanto a M contemporânea de Judi Dench, esqueça. Ela, apesar do ar de durona, só se metia em enrascadas e vivia exposta a um festival de perigos, incluindo seqüestros.
No  livro de Kingsley Amis – que não sei porque resolveu assinar a obra com o pseudônimo de Robert Markham – M (o cara, a lenda, o tigrão, o fenômeno) é seqüestrado e com direito a alguns petelecos. Quê???!!! Difícil acreditar, né? Cara, fico imaginando qual a postura do M frente a um coronel sanguinário e ensandecido?  Será que ele consegue manter toda aquela pose?
O segundo motivo que me estimulou a ler o livro foi a mudança no perfil psicológico do Bond idealizado por Fleming. Em “007 Contra Pequim - A Volta de James Bond” vêmos um 007 movido por vingança, bem diferente daquele agente controlado, tranqüilo e com senso de humor dos livros anteriores. Desta vez, o cara mais se parece com o personagem vivido pelo Daniel Craig que sai por aí arrebentando tudo o que encontra pela frente.
Apesar dos críticos dos anos 60 terem odiado a obra, principalmente por causa das mudanças psicológicas de Bond, eu adorei. Ação, thriller, e suspense à vontade. Talvez, por isso, você que já tenha se acostumado com o estilo de escrita de Fleming – bem narrativo e com a ação restrita aos capítulos capítulos finais – estranhe o estilo de Markham.
“007 Contra Pequim...”, lançado em 1968, é de longe o livro mais violento sobre o agente secreto inglês. O vilão, coronel Sun Liang-Tan, um membro do Comitê de Atividades Especiais do Exército da Libertação Popular da China, é peso-pesado – tanto é que teve peito para seqüestrar M. Ele é violento, sádico e torturador.
Quer saber de uma coisa? Eu até que gostei da opção do autor em modificar o perfil de 007. Acredito que só um cara meio doido e valente poderia deixar Sun Liang-Tan com um pouco de receio.
Achei o enredo bem amarrado. Na história, após seu oficial superior no Serviço Secreto, M , ser seqüestrado  violentamente de sua propriedade,  James Bond  segue as pistas e os indícios  que o levam até uma ilha grega do Mar Egeu. Então, ele une forças com  uma agente comunista grega que trabalha para a União Soviética. Juntos, planejam salvar M e frustrar os planos do vilão que pretende sabotar uma importante conferência de paz entre ingleses e soviéticos.
A curiosidade é que “007 Contra Pequim...” é o primeiro livro do agente secreto britânico escrito após a morte do criador do emblemático personagem. Amis ou Markham, como queiram, foi escolhido para essa “missão” por ser amigo pessoal de Fleming. Antes, ele já tinha finalizado o livro “O Homem do Revolver de Ouro”, obra póstuma do pai de James Bond.
Ah! Tem mais uma boa! Anotem aí: por pouco “007 Contra Pequim – A Volta de James Bond” não foi adaptado como um filme da série. Isto só não aconteceu porque a editora Gildrose Productions que na época detinha os direitos sobre o livro se opôs à idéia.

Uma pena.

Um comentário

  1. Livro excelente. A única coisa que me incomodou foi a exagerada paixão de Bond pela agente grega. Há anos que li, mas se não me falha a memória o autor diz que nunca Bond amou nenhuma mulher quanto a amava. Bem exagerado, considerando Tracy e Vesper.

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