Um grande número de escritores brasileiros - muitos
deles talentosos e capazes de colocar no bolso qualquer figurão american metido
a besta com as suas distopias – quase sempre vivem uma saga pior do que a de
Frodo, Sam e Cia em busca do anel encantado. Cara, é muito murro em ponta de
faca, rasteiras, desilusões, chateações e etc e mais etc. Mas de todas as
desilusões nada se compara ao ver recusado o manuscrito de seu primeiro
romance, mesmo sabendo que a história acabou se tornando viral nas redes
sociais ou então muito elogiada pela maioria dos leitores virtuais.
Devido ao pouco caso das grandes editoras, só resta
algo a ser feito por esses autores: aderir aos ebooks. Cara, o que tem de gente
boa publicando os seus romances com o apoio de editoras de ebooks independentes,
é algo incomensurável.
E diga-se que o Brasil se transformou, nos últimos anos,
num celeiro de escritores talentosos que estão à espera de uma oportunidade
para se transformarem em verdadeiras feras consagradas da literatura tupiniquim.
George dos Santos Pacheco é um deles. Apesar de,
recentemente, já ter conseguido publicar um livro físico, acredito que a pouca
divulgação em torno de seu nome ou de sua obra, ainda não fez com que se
tornasse conhecido em todo o Brasil; mas o cara é fera.
Quando vi em meu correio eletrônico uma mensagem
perguntando se eu não tinha interesse em analisar o ebook de “Uma Aventura
Perigosa”, segundo livro do autor; juro que fiquei na dúvida. Ocorre que todos
que acompanham o ‘ Livros e Opinião’ já sabem da minha incompatibilidade com os
ebooks. Não gosto de ler histórias nos Kindle’s da vida, para mim, ler é sentir
a textura do papel nas mãos. Podem me chamar do que for: atrasado, ignorante ou
brucutu, eu não ligo; mas se eu quiser embarcar
numa viagem literária tenho que estar na companhia do bom e velho livro
de papel.
- PQP! Encarar um ebook agora vai ser barra. Não tô com
saco pra isso! – disse ao receber o e-mail com a proposta do autor. Apesar da má
vontade, decidi começar a ler. E gostei. “Uma Aventura Perigosa” é muito bom e reforça
a tese de que o nosso País tem verdadeiras jóias lapidadas no campo literário aguardando
serem descobertas pelas grandes editoras.
George apresenta a história de Max
de Castro, um funcionário público que enfrenta os dilemas mais comuns da
sociedade: a insatisfação com o trabalho e problemas em seu casamento. Após ter
um surto, resultado do estresse, em pleno expediente, ele é aconselhado por um
psicanalista, durante um programa de entrevistas, a escrever uma carta na qual
ele deveria confessar os seus maiores segredos. No entanto, ela deveria ser
escondida e destruída em 24 horas. Max que tem uma vida sexual bem ativa e sue
generis decide, então, despejar no papel tudo o que aprontou, apronta e quem
sabe aprontará no âmbito sexual em sua vida. Entonce... as coisas não saem
exatamente como Max esperava. Para seu desespero, a carta desaparece, antes que
ele possa concluir a sua “missão”.
O ‘garanhão Don Juan” fica completamente
desesperado pela possibilidade de seus maiores segredos serem descobertos, ou
por sua esposa, ou por sua cunhada, a jovem Sophia, por quem se sente
fortemente atraído. Uma série de coincidências atinge a vida de Max e ele
descobre que nem tudo que ele sabe é verdade, e que todos tem segredos que
precisam ficar escondidos a sete chaves.
Ao longo da trama, Max se envolve com
vários tipos de mulheres, sendo que ao fim de cada relacionamento, sempre acaba
sobrando algumas farpas para o personagem orgulhoso e machista.
O autor utiliza uma linguagem ousada
para mostrar a vida de Max, o que poderá incomodar alguns leitores mais conservadores.
Mas se você leu “50 Tons de Cinzas” e sobreviveu, fique em paz porque, nesse
caso, o enredo de “Uma Aventura Perigosa” não irá lhe chocar.
A versão impressa do romance foi
publicado pela editora Buriti. O livro tem 166 páginas e uma capa muito legal
que lembra o clima daqueles filmes policiais noir dos anos 60 e 70.
George dos Santos Pacheco, 34 anos, nasceu em Nova
Friburgo, no Rio de Janeiro, e é um dos
autores da Coletânea “Assassinos S/A Vol. II”, e do romance “O fantasma do Mare
Dei”, ambos pela Editora Multifoco. Publicou também o conto "Nem só de pão
vive o homem" na edição do 3º trimestre de 2011 da Revista Marítima
Brasileira.
Valeu galera!
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