Com certeza, o Afrânio que é um baita de um gozador e ávido
acompanhante do blog ao terminar de ler esse post irá gritar na minha orelha
com o seu inconfundível sotaque gaúcho: - “Ahahaha!! Virou a casaca heinn?!
Deixou os livros de lado e adotou os quadrinhos! Não falei que tu não
agüentava!”.
Este grande amigo meu é fissurado em quadrinhos da Marvel. O
cara tem um verdadeiro arsenal de almanaques e gibis espalhados em sua casa. O Afrânio
vive tentando mudar o meu gosto e fazer com que volte a ser um leitor
desesperadamente devorador de quadrinhos. Quando respondo que essa minha fase
já passou e que hoje leio apenas alguma coisa da Marvel ou DC esporadicamente,
ele me ataca com todos os golpes baixos possíveis e inimagináveis. Coisa do
tipo: “Ta vendo Tiê! Ta cuspindo no prato que comeu. Era louco por quadrinhos –
ele abomina a palavra gibi; sempre me olha torto, mordendo o canto da boca
quando pronuncio tal palavra – e agora ó fala mal!” Até eu explicar para o
Afrânio que gato não é lebre, demora. Lá vai eu esclarecer que não é bem
assim... que ainda gosto de ler alguma coisa do gênero, mas hoje, prefiro os
livros.
O motivo para que eu quebre, novamente, a regra básica do blog
que é postar somente assuntos relacionados à livros é que um personagem dos ‘gibis’
(olha o Afrânio bravo aí!) foi um dos meus heróis preferidos. O sujeito não
tinha super-poderes e nem fazia o tipo saradão, ao contrário, ele era até bem
franzino, mas bom de briga. Caceteava até os inimigos que davam dois deles.
Verdade! Estou me referindo à Carlos da Silva. Queeemmm????? Caraca! Quem
é esse peão aí?! Calma gente; falando dessa
maneira, você pensará que se trata de qualquer Carlão da vida. Não, nada disso.
O alter-ego do Carlos da Silva era o Judoka: o cara’, ‘a lenda’, ‘ o brazucão
dos quadrinhos’. Ele mesmo!
O gibi “O Judoka” foi publicado entre 1969 e 1973 pela
editora Ebal e inicialmente quem estrelava os quadrinhos não era Carlos da
Silva, mas um tal “Mestre Judoca”, personagem desenvolvido pela Charlton Comics
(atualmente DC Comics), porém a revista original não emplacou e acabou sendo
cancelada nos Estados Unidos logo na sexta edição. Ocorre que os responsáveis
pela Ebal foram com a cara do Mestre Judoca e acreditavam que as histórias do
herói da terra do Tio Sam poderiam continuar emplacando por aqui, tanto é que,
apesar dos quadrinhos terem sido um fracasso nos states, no Brasil, eles faziam
sucesso.
Dessa forma, a Ebal resolveu dar sequência nas aventuras do
“Judomaster” ou “Mestre Judoca”, mas por questões contratuais, foi obrigada a
criar uma versão brasileira do herói. Pronto! Nascia assim, o nosso Judoka com
histórias escritas por Pedro Anísio e a arte desenvolvida pelo jovem desenhista
Eduardo Baron. Tanto Anísio quanto Baron que eram grandes amigos dos donos da
Ebal não se recusaram em atender o pedido da alta cúpula da editora.
Em outubro de 1969 chegaria as bancas o número 7 da revista
“O Judoka”, marcando a estréia do personagem genuinamente brazuca.
A primeira medida adotada por Baron foi modificar o uniforme
do do sujeito. Enquanto, o “Mestre Judoca” da Comics usava máscara e roupas
vermelhas com detalhes amarelos, o Judoka brasileiro passou a utilizar uma
máscara verde e um quimono sobre um collant, também verde, com um losango
amarelo no peito. O uniforme era uma representação, a grosso modo da bandeira brasileira.
Carlos da Silva era um jovem estudante que tinha como mestre
de Judô e Karatê, Shiram Minamoto, o
qual havia salvo de um atropelamento. Como gratidão, o velho mestre decidiu ensinar ao jovem todas as técnicas e segredos
das artes marciais. Carlos acabou se transformando no “Judoka” e com o tempo,
Lúcia - namorada do herói - também passaria a treinar Judô e lutar a seu lado.
O nosso herói brazucão, apesar de não ter super-poderes, era
fodástico (caraca como estou usando esse termo ultimamente, desculpem aí os
mais .... digamos recatados). Dono da faixa preta e ocupando o último Dan, o
sujeito era duro na queda. Quando o nosso Carlão colocava aquele uniforme
esquisito e saia pelas noites cariocas (o personagem havia nascido e vivido no
Rio de Janeiro) descendo o sarrafo em criminosos perigosos, sem dúvida, muitos
leitores iam ao deleite.
Os gibis “O Judoka” publicados pela Ebal, incluindo os seis
números da Charlton Comics tiveram 52 edições, sendo que o último número foi lançado
em julho de 1973.
Os quadrinhos fizeram tanto sucesso no Brasil que acabaram
levando o personagem mascarado para as telas do cinema em 1972. No blog Mania de Gibi, vocês irão encontrar curiosidades bem interessantes sobre o filme que
foi triturado pela crítica da época. Coube a Pedrinho Aguinaga interpretar
Carlos da Silva e seu alter ego o Judoka e à atriz Elizangela, viver a namorada
do herói, Lúcia.
Cena do filme de 1972 "O Judoka" com Pedrinho Aguinaga |
Lembro-me do filme bem vagamente, pois tinha apenas 12 anos
quando foi lançado nos cinemas, mas me recordo de Aguinaga em algumas cenas.
Pelo que eu vi nas redes sociais, a sua interpretação foi risível. Apesar de
ser considerado no início dos anos 70, o homem mais bonito do Brasil, Aguinaga
não tinha nenhuma experiência como ator, a não ser num comercial de uma marca
de cigarro que tinha o slogan: “O fino que satisfaz”.
Mas vamos esquecer que o filme com o “fino que satisfaz” (rs)
foi um fracasso retumbante, o que importa, de fato, é que os gibis do Judoka
fizeram tanto sucesso nos anos 70 que se tornaram antológicos.
Putz que emoção! Gibizaço que fgez história! E ainda por cima
de um herói brasileiro! Fica bravo não Afrânio; deixa o seu amigo extravassar.
Lá vai: G-I-B-I-Z-A-Ç-O!!
Inté galera...’
Um comentário
Lia muito gibi quando era garoto, era uma sensação sair trocando gibis com os colegas de bairro e da escola onde estudava. As vezes me dava mal na jogada pois queria tanto um gibi que trocava tres dos meus por um, mas era muito gostoso. Li muito o Judoka e lembro que o desenho até que era bom, os traços eram bem delineados para um trabalho de desenhista brasileiro. Mas o que mas gostava mesmo era gibis do Fantasma, Mandrake e Homem de Ferro. Muito bom lembrar essa época. No site www.dicabairro.com.br tem um sessão de coisas antigas e quem quiser curtir é só visitar.... www.dicabairro.com.br
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