Enciclopédias e materiais escolares das escolas do primário e ginasial que fizeram de nós os grandes devoradores de livros que somos hoje

05 novembro 2025

Hoje pela manhã, ‘bateu’ forte em meu coração, a lembrança dos dias de estudante ginasial, bem anos 70, quando utilizava nas pesquisas dos meus trabalhos escolares as inesquecíveis e antológicas enciclopédias. Estas enciclopédias que ficavam nas bibliotecas das escolas por onde passava me seduziam tanto, mas tanto, que ao chegar em casa, começa a perturbar a minha mãe para que comprasse algumas coleções similares para que eu pudesse desfrutar do prazer de lê-las na tranquilidade da sala de estar da casa dos meus pais. Foram elas que também criaram em mim, o hábito de colecionar enciclopédias que eram vendidas nas bancas em fascículos semanais. 

Não sei porque, no dia de hoje, essas recordações chegaram bombando em minha mente, mas não posso negar que está sendo maravilhoso trazê-las à tona novamente.

Naquela época quando a Internet, Wikipédia e Google não passavam de um sonho – aliás mais do que isso; não passavam de um devaneio – nossas “armas” para montar um trabalho escolar que angariasse elogios de nossos professores eram uma folha de papel almaço, lápis ou caneta esferográfica, canetinhas coloridas, lápis-cor, cola, gravuras recortadas de revistas e jornais, além de uma dessas famosas enciclopédia abertas e ali do nosso lado.

As gravuras, a cola e as canetinhas coloridas e os lápis-de-cor eram usados para fazer a capa do nosso trabalho, enquanto a ‘enciclopédia amiga’ emprestava o seu conteúdo para fazer o recheio desse trabalho. Sem a sua ajuda seria impossível realizarmos esse procedimento tão importante para conquistarmos boas notas. Elas eram as nossas fontes de pesquisas que os estudantes de hoje encontram tão facilmente em ‘zilhões’ e mais ‘zilhões’ de informações que estão distribuídas em outros ‘zilhões’ de portais espalhados pela rede mundial de computadores.

Nesta postagem quero recordar as enciclopédias, livros didáticos e demais materiais escolares que eram considerados indispensáveis para os nossos estudos, principalmente no momento de fazermos um trabalho escolar no capricho.

01 – Barsa

Abro esse post com a enciclopédia que todas as bibliotecas escolares de respeito eram obrigadas a ter. Posso afirmar que a Barsa era considerada o cânone de todas as enciclopédias dos 70 e início dos 80.

Para quem cresceu antes da chegada da internet e da popularização dos computadores pessoais, ter status intelectual era ostentar uma robusta coleção de livros de capa vermelha na estante da sala. Mas como a maioria dos estudantes não podia desfrutar desse privilégio por questões econômicas, as bibliotecas das escolas onde estudavam eram a salvação. Estes dezesseis volumes, de A a Z contribuíram para a formação acadêmica de muitos estudantes “setentistas” e “oitentistas”. Em tese, tudo o que havia de importante estava ali. Em suas lombadas caprichadas, lia-se o nome que impunha respeito e pompa: Enciclopédia Barsa.

A história dessa enciclopédia, que foi lançada poucos dias antes do golpe militar de 1964 e teve sua última edição impressa exatamente 50 anos depois, em 2014, envolveu grandes nomes da cultura brasileira e, para famílias que se preocupavam enormemente com os estudos de seus filhos, significou muita luta e, por vezes, endividamentos. Quanto aos estabelecimentos de ensino do passado, nenhum diretor queria ‘pagar o mico’ de não ter a Barsa na biblioteca da escola da qual eram os responsáveis.

02 – Trópico: Enciclopédia Ilustradas em Cores

Publicado em 1957 pela Editora Martins, o Trópico foi uma obra que se destacou por abranger uma vasta gama de temas, incluindo história, mitologia, biografias, ciências e artes. Esta enciclopédia, composta por vários volumes, fez sucesso entre estudantes e se tornou um clássico nas casas brasileiras, especialmente durante a era das vendas porta a porta de livros.

É importante frisar que muitas escolas também faziam questão de ter o Trópico em suas bibliotecas. E para a minha felicidade, a escola ginasial onde estudei tinha essa enciclopédia que me auxiliou muito. Como eu viajava com as informações escritas numa linguagem fluida e as gravuras marcantes dessa enciclopédia.

Eu gostava tanto do Trópico, até bem mais do que a Barsa que acabei fazendo a cabeça dos meus pais para que comprassem essa enciclopédia. Por incrível que pareça ainda recordo de fragmentos de lembranças do momento em que um vendedor de livros de porta em porta passou em casa e a minha mãe decidiu comprar os seus 10 volumes com as famosas capas coloridas.

“História da Humanidade”, “História das Religiões”, “Mitologia Grega”, “Mitologia Nórdica”, “Castro Alves”, “José Bonifácio”,  “biografias de personagens famosos da nossa história”, “História dos presidentes do Brasil”, etc e mais etc. Caraca, que saudades dessa encioclopédia!

03 – Lello Universal

Na minha época de estudante o advento do dicionário online ainda estava há milhares de anos luz. Se quiséssemos saber o significado de alguma palavra desconhecida tínhamos de apelar para os saudosos dicionários impressos.

Cara, os dicionários daquela época – anos 70 – eram uma coisa de louco! No bom sentido, é claro. Com capas ‘xiquinuurtimu’ e conteúdo recheado de gravuras, essas obras enchiam os olhos.

O Lello Universal foi um dos dicionários no formato de enciclopédia que fez parte da minha vida de ginasiano e colegial. Um dos meus passatempos preferidos era ficar folheando suas páginas a esmo. As gravuras do Lello

me viciavam. Foi graças a ele que aprendi, precocemente, o significado de muitos palavras, ganhando a oportunidade de ampliar, desde cedo o meu vocabulário.

O curioso é que as gravuras dos quatro volumes do Lello eram até simples – aliás, bem simplesinhas - mas não sei porque ‘cargas d’água, elas me atraíam tanto.

Ainda me lembro na biblioteca da minha escola tinha essa coleção que me ajudou muito na confecção de inúmeros trabalhos.

Se não me engano, o Lello foi publicado por uma editora portuguesa nos anos 60 e teve várias edições com capas azuis, verdes e por aí afora. O meu tinha a capa vermelha. Eu disse “tinha” porque não sei onde os volumes foram parar.

04 – Papel almaço

Alguém por aí é da “Geração Almaço?”. Pois é, eu sou. Naquela época, os trabalhos escolares eram realizados nas bibliotecas, geralmente em grupos de alunos. Cada um desses alunos tinha uma função: aquele ou aquela que era ‘dono’ de uma letra bonita ficava responsável por escrever o trabalho. Quem sabia desenhar assumia a responsabilidade de montar a capa desse trabalho. E no final, todos ajudavam a pesquisar. Eitcha saudades!

Tínhamos o papel almaço com pauta que usávamos para escrever o texto e almaço sem capa que era utilizado para fazer a capa. Na hora de compra-lo nas papelarias dos anos 70 e início dos 80, nada de sacolinhas plásticas, os vendedores pegavam as folhas enrolavam, fazendo um canudo, acondicionando-as, depois, em uma tira larga de papel de pão que também era usado para embrulhar muitos materiais escolares vendidos naquela época. As tão populares sacolinhas plásticas não desfrutavam da popularidade de hoje.

05 – Caixas com lápis de cor

Lápis de cor era considerado um item básico na lista de compras escolares. Vocês se recordam da estampa de animais silvestres? Mas quem tinha de 36 cores era invejado pelos outros alunos!

Cara, eu tive muita sorte nos anos 70 porque ganhei uma caixa de lápis de cor com 36 cores e ainda por cima, da Faber-Castell!! Lembro vagamente desse momento marcante na minha vida de aluno, ainda primário, perto de ingressar no ginasial.

Quando o assunto era lápis de cor, havia ainda uma outra marca chamada Labra-Cor que era considerada o primo-pobre da Faber-Castell mas com uma saída até maior por causa dos preços mais convidativos.

Estas caixas de lápis de cor, de fato, deixaram muitas saudades.

Taí galera, espero que vocês tenham gostado. Seio que na postagem de hoje fugiu um pouco da proposta do blog que é a de publicar resenhas, listas e novidades literárias, mas por outro lado, não poderia deixar de recordar momentos marcantes que vivemos em nossas escolas do Primário e do Ginasial. Aliás, pensando bem, não estou fugindo tanto da proposta do “Livros e Opinião” porque se não fossem essas escolas, seus professores e esses materiais escolares dificilmente teríamos tornado os devoradores de livro que somos hoje.

Valeu!

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