Interessei-me pelo livro de Maurício Kubrusly após ter
ouvido um podcast onde ele foi entrevistado, acho que na CNN. Nesta entrevista
ele explicava que aceitou escrever O
Homem dos 13 Pontos como uma forma de desafio. Ele queria provar para um
amigo – isso lá nos idos da década de 1970 – que era possível publicar um livro
com um pseudônimo, ou seja, sem o seu nome verdadeiro que já era muito
conhecido no meio jornalístico naquela época. O seu amigo não acreditava nisso
porque naqueles saudosos anos 70, as editoras não davam muito crédito para
escritores novatos ou desconhecidos, além disso, publicar um livro de maneira
independente era loucura devido aos altos custos e o pouco retorno financeiro, ainda
mais sendo um escritor desconhecido. Tudo bem, o desafio foi aceito e assim
nasceria em 1975 “Os 13 Pontos” escrito por sujeito mais do que desconhecido
chamado Mauro Demack.
Kubrusly apresentou o original da obra escrita pelo
seu alter ego para várias editoras sem
revelar o seu verdadeiro nome e obviamente, todas elas rejeitaram a história.
Quer saber o que Kubrusly fez? Ok; eu conto. Ele, ou melhor, Mauro Demack, resolveu
publicar o livro com os seus próprios recursos. O jornalista foi juntando
dinheiro, ele e a mulher, e de “migalhas em migalhas” juntou a quantia
necessária e pimba! Conseguiu publicar a história de maneira independente em
1975.
Kubrusly deixou três exemplares em uma farmácia e a
fama do livro foi crescendo naturalmente. Então, os leitores começaram “correr”
atrás da obra, mas não a encontravam. Aqui, cabe um outra “PIMBA”, mas
dessa vez escrito em letras bem
maiúsculas porque as editoras – e várias delas – adivinhem? Simplesmente, elas ficaram
interessadas pelo livro e loucas para saber quem havia escrito aquele enredo
que misturava ação, humor e suspense num “bolo” só. Resultado: três anos depois
dessa verdadeira proeza, Maurício Kubrusly foi convencido por um editor a
relançar a obra, mas dessa vez com o seu nome verdadeiro. Nem preciso dizer que
a história que foi rebatizada com o nome de O
Homem dos 13 Pontos foi um sucesso total na época de seu lançamento em 1978.
Taí um pouquinho da origem do primeiro e acredito
único romance – ele escreveu várias obras jornalísticas - publicado por essa
lenda do meio jornalístico chamado Maurício Kubrusly, cujos textos adoráveis
escritos de uma maneira única estão fazendo uma falta danada para nós leitores.
Vale lembrar que o renomado jornalista foi diagnosticado no ano passado com
demência frontotemporal (DFT), a mesma condição enfrentada pelo ator Bruce
Willis.
Depois de viajar todo o país contando as mais inusitadas
histórias com o "Me leva, Brasil", Kubrusly trocou São Paulo para
viver em Serra Grande, no litoral sul da Bahia, a 43 km de Ilhéus. Ao lado da
esposa Beatriz Goulart e do cachorro Shiva, a nova cidade tem feito bem ao
jornalista, que agora convive com sequelas da doença, como a perda da memória.
Mas “falando” do livro em si; cara... gostei muito; muito,
mesmo! Enredo leve, divertido e com pitadas de suspense, mas um suspense
diferente, daqueles que chegam carregados de humor. Juro que o tempo passou voando
e nem percebi quando terminei a leitura.
Acho que a época em que foi escrito colaborou para o
charme de seu enredo. Na década de 70 quando a “Loteria Esportiva” com os seus
13 jogos e a “Loteria Federal” com os seus bichos famosos eram as duas únicas rainhas
da festa, ganhar numa delas era um glamour. O apostador felizardo não fazia
questão de ficar no anonimato, melhor dizendo, ele não queria ficar no
anonimato. Gostoso, de fato, era se gabar que ele havia conseguido acertar os
13 pontos na Loteca ou ‘cravar’ os seis bichos na Federal. E se o sortudo fosse
o único ganhador, o glamour aumentava ainda mais porque assim, ele passaria a
ganhar o status de milionário, entrando para um grupo seleto de celebridades
naquela década.
Hoje, no mundo violento em que vivemos onde os
sequestradores fazem plantão em cada esquina, esse glamour deixou de existir. Imagine,
atualmente, você ganhar sozinho na +Milionária - cujo prêmio, até o concurso
146 estava em R$ 187 milhões - e logo depois sair por aí bradando aos quatro
ventos que ganhou sozinho essa fortuna. E como não bastasse, ainda resolvesse dar
uma entrevista coletiva para falar sobre o assunto? Galera, seria algo tão
inviável que acabaria ganhando ares de surreal. Concordam?
Pois é, mas é dessa maneira que se comporta o
personagem principal de O Homem dos 13
Pontos que não foi premiado na +Milionária, mas a certou sozinho os 13
pontos da Loteria Esportiva ganhando um prêmio quase perto do valor atual da
+Milionária. Esta é a essência do enredo do romance escrito por Kubrusly ou,
como queiram, Mauro Demack.
No enredo, após ganhar só ele o prêmio da Loteca,
Gilberto consegue realizar todos os seus sonhos – mulheres bonitas, carros
novos, viagens, enfim um novo padrão vida – mas então começam a surgir os
problemas que acabam se transformando em verdadeiros pesadelos até a surpresa
final quando todo o mistério é revelado.
Acho que basta escrever apenas isso porque se revelar
mais sobre a trama creio que acabarei entregando com spoillers trechos
deliciosos do livro.
Ah! E não se enganem pela simplicidade do layout da
obra, já que ela foi publicada no formato livro de bolso com páginas em papel
jornal. Lembrem-se daquele ditado: “a embalagem não importa, o que importa é o
conteúdo”, o que cabe perfeitamente para O
Homem dos 13 Pontos.
Boa leitura!
2 comentários
Achei essa história muito interessante, deu vontade de ler esse livro
ResponderExcluirÉ uma história leve, simples, mas prende a atenção do leitor. Acho que você vai gostar.
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