Oito livros de Carnaval para você entrar no clima da festa

10 fevereiro 2023

“Cada louco com a sua mania”. Todo período de Carnaval, eu vivo repetindo esse ditado popular para o Ronaldo, um amigo meu. Esse é o seu nome verdadeiro – não precisei utilizar um pseudônimo, já que ele autorizou a utilização de seu nome e sobrenome nessa postagem, mas preferi esquecer o sobrenome; aliás um pouco de privacidade é bom (rs).

Mas vamos ao que interessa. O Ronaldo detesta e ao mesmo tempo adora Carnaval. Deixe-me desatar esse nó. É o seguinte, esse meu amigo odeia participar de bailes de momo ou das agitações dos trios elétricos. Vou mais além: acho que ele não curte ou então curte muito pouco os desfiles das escolas de samba na televisão. Mas por outro lado, ele adora ler tudo sobre essa manifestação cultural. Viu só que coisa maluca?!

Ontem, após zuar novamente esse meu amigo sobre a sua mania, acabei tendo um insight e assim surgiu esse post. Ao chegar em casa, pensei comigo: “Quantas pessoas além do Ronaldão possuem esse hábito”? – Cara, com certeza são muitas! Sem contar aquelas que gostam de brincar o Carnaval, além de ler livros sobre o assunto. Pronto! Foi dessa maneira que pintou a postagem que você deve estar lendo nesse momento.

Selecionei oito obras literárias sobre o Carnaval; algumas abordando as suas origens, outras explorando os bastidores das escolas de samba e para aqueles que são fãs dos livros de ficção, selecionei, também, alguns romances que tem a festa de momo como pano de fundo. Vamos conferir.

01 – Almanaque do Carnaval (André Diniz)

Em Almanaque do Carnaval, o historiador André Diniz conta sobre a origem do Carnaval, ou seja, como tudo começou; conduzindo o leitor em uma viagem no tempo até chegar as grandes folias da atualidade. Além da história do carnaval, o livro apresenta a trajetória dos gêneros musicais identificados com a festa: o samba, a marchinha, o frevo e o axé.

O leitor vai se deparar com canções, compositores e intérpretes que marcaram época e com os que ganham destaque na atualidade. São pequenas biografias, casos curiosos e informações sobre o contexto político, social e cultural de cada período. E o autor aborda fenômenos de mercado como Ivete Sangalo e o grupo É o Tchan, rompendo as barreiras impostas pela crítica tradicional. Há ainda mais de 120 imagens, indicações de livros e filmes e dicas de onde cair na folia em todo o Brasil.

02 – Porta-bandeiras: Onze mulheres (Aydano André Motta)

A porta-bandeira é uma das funções mais importantes numa escola de samba. Aliás, vamos trocar o termo “função” por “missão” devido a sua importância. A mulher que tem essa missão, carrega a bandeira, o símbolo, ou melhor, carrega o pavilhão de uma Escola inteira. O mestre-sala está ali, a sua volta, para proteger a bandeira e quem a empunha. Esse é o panorama histórico desse símbolo do carnaval. Nos tempos modernos essas mulheres carregam o peso, junto com seus parceiros, de ser o quesito mais importante no desfile, podendo garantir ou afundar sonhos de campeonatos.

Motta selecionou 11 porta-bandeiras a partir de suas histórias de vida e sua ligação com as escolas, para traçar seus perfis e, assim, festejar todas que, como ensina o samba, riscam o chão de poesia, rodopiando com as bandeiras na passarela. Guardiãs da mais pura tradição carnavalesca, entregam a vida ao ofício para esculpir com seus mestres-salas incríveis histórias de amor ao samba. Cada capítulo do livro é dedicado a uma porta-bandeira que conta a sua história.

03 – O País do Carnaval (Jorge Amado)

O País do Carnaval é o romance de estreia do escritor Jorge Amado. Ele tinha 18 anos quando escreveu essa obra em 1931. Apesar do título irônico, O País do Carnaval é mais sombrio e introspectivo que a maioria dos livros que fizeram o aclamado autor o ficcionista mais popular da literatura brasileira. A narrativa começa no navio que traz de volta ao Brasil o jovem filho de fazendeiro Paulo Rigger, depois de sete anos em Paris, onde cursara direito e absorvera comportamentos e ideias modernas. Nos primeiros dias que passa no Rio de Janeiro, Rigger tenta compreender um país onde já não se sente em casa, um país que tenta timidamente superar seu atraso oligárquico e ingressar na era industrial e urbana. De volta a Salvador, ele participa de um grupo de poetas fracassados e jornalistas corruptos que giram em torno do cético Pedro Ticiano, cronista veterano. Todos se sentem insatisfeitos e buscam um sentido para a existência: no amor, no dinheiro, na política, na vida burguesa ou na religião. Nesse romance de geração, as dúvidas e angústias dos personagens espelham a situação do país, que naquele momento passava pela Revolução de 30 e procurava redefinir seus rumos.

04 – O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro (Felipe Ferreira)

Felipe Ferreira é considerado um dos mais renomados pesquisadores da cultura popular brasileira e autor de diversos artigos sobre Carnaval. O seu livro aborda a festa carnavalesca do Brasil sob um enfoque moderno, relacionando as modificações por que passou o carnaval com os diversos momentos da história cultural do país.

A obra traça um perfil do carnaval no Brasil. O autor aborda a história do carnaval desde seu surgimento na Idade Média até sua fixação como festa popular no século 19. Ferreira ainda discorre sobre as festas que aconteciam nos dias de carnaval durante o período colonial brasileiro, chamadas genericamente de "entrudo". Destaca as variadas formas que essas comemorações adotavam nas cidades brasileiras através dos anos diferenciando o "entrudo familiar" do "entrudo popular"

O livro mostra também a ascendência do carnaval europeu, principalmente o francês, na formação da folia brasileira. Ressalta a influência dos bailes mascarados e passeios de carruagens, importados de Paris no início do século 19. Ferreira credita à população do Rio de Janeiro a transformação da festa sofisticada ao estilo francês na grande festa nacional que conhecemos hoje. Enfim, o autor simplesmente destrincha as origens do Carnaval, explicando tudo detalhadamente.

05 – Orfeu da Conceição (Vinícius de Moraes)

Orfeu da Conceição transporta para um cenário tipicamente brasileiro o mito de Orfeu, filho de Apolo, uma das histórias mais emblemáticas da vasta mitologia grega. 

Imerso em sofrimento depois da morte da amada Eurídice, o músico vê-se incapaz de entoar suas canções, pois os sons melodiosos e tristes de sua lira não o consolam da perda do grande amor. Desesperado, Orfeu decide descer ao Hades (o reino dos mortos) para trazer Eurídice de volta à terra. Ambientada em uma favela carioca, Orfeu da Conceição estreou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1956, com enorme sucesso. Nada mais justo: com músicas de Tom Jobim - a peça inclusive inauguraria a fecunda parceria entre o poeta e o compositor.

O texto é ainda hoje um marco na releitura inteligente dos mitos gregos diante da realidade social, da mistura entre poesia e música popular, entre teatro e canção.

06 – Carnaval no Fogo (Ruy Castro)

Carnaval de Fogo é uma apaixonada crônica sobre o Rio de Janeiro. Ruy Castro retrata a cidade como um palco de perigos e prazeres - desde 1502, quando Américo Vespúcio lhe deu o nome que a consagrou internacionalmente. O autor faz um misto de narrativa, ensaio, história e conversa fiada sobre uma cidade com excitante vocação para o épico - e uma vocação ainda maior para transformar o épico em samba.

Carnaval no Fogo não é um livro sobre Carnaval. Sua ação se passa em todas as épocas do ano e em todos os quinhentos anos da agitada história do Rio - da primeira índia tupinambá que namorou um pirata francês aos réveillons de Copacabana. Ruy Castro compõe um vibrante retrato do Rio de hoje, cheio de viagens ao passado, para revelar que, mesmo nos períodos de calmaria, havia sempre uma excitação no ar - um permanente Carnaval no Fogo.

O livro é cheio de histórias sobre a cidade do Rio e sobre os cariocas. Aborda, por exemplo, a relação do carioca com a praia, a rua, o samba, o carnaval, a literatura, além de curiosidades sobre pessoas famosas que vivem na cidade.

Trata-se de uma crônica exaltando o Rio de Janeiro, os cariocas e claro, o carnaval.

07 – Carnaval (Luiza Trigo)

Carnaval conta a história de Gabi, uma garota carioca que resolve passar o feriado de carnaval em Recife, na casa de sua prima, pois havia acabado de terminar um relacionamento frustrante, estava esgotada e precisava de um tempo para si.

O seu feriado foi só alegria. Festas, praia, música, amigos e até meninos lindos. Arruma peguetes e acaba se envolvendo muito com um deles, Felipe. Porém, ao final, uma surpresa desagradável a deixa muito magoada. Felizmente as coisas parecem se resolver e Gabi deixa a cidade com o coração na mão, com uma história mal começada, se perguntando como será dali para frente.

Em 2013, Carnaval ficou entre os três livros mais vendidos no estande da editora Rocco na Bienal do Livro do Rio de Janeiro e de Brasília, fazendo com que Luiza assinasse seu próximo contrato com a editora.

08 – Carnaval e cultura: Poética e técnica no fazer escola de samba (Milton Cunha)

Em Carnaval e cultura: Poética e técnica no fazer escola de samba, o carnavalesco Milton Cunha registra os bastidores de vinte anos de seus desfiles. O autor, literalmente, abriu seu baú pessoal e o dos recortes de jornais e concebeu esse livro muito elogiado pelos leitores e também pelos críticos literários. Cunha selecionou mais de 500 imagens que, além de captar os momentos de delírio na avenida, revelam o trabalho de dez meses antes nos barracões, nas quadras, nos ensaios: como o desfile do ano seguinte é pensado, planejado e executado, como os materiais são reaproveitados, como a festa gera trabalho e desenvolve artesãos.

Taí galera, oito livros para você viver a festa de momo nas páginas.

 

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