A morte é foda. Quando ela chega arrebenta. Talvez por
isso, muitas pessoas evitam falar dela e ficam longe daqueles que falam dela. O
que é um erro, na minha opinião. É evidente que é insano colocar a morte no
eixo central da nossa rotina diária, transformando-a no assunto preferido em
nossas casas e no trabalho. Não é isso que estou tentando colocar. O que eu
quero dizer é que temos de estar preparados quando ela chegar para alguns de
nossos entes queridos. E como fazer isso? Aceitando-a como algo natural e
incontrolável. Ao vivenciar as fases do luto, devemos buscar aceitar a morte
como algo natural, que faz parte da vida e que, infelizmente, não podemos
escolher hora, data e local. Ou seja, não podemos controlar.
O que está em nossas mãos é gerenciar, da melhor
maneira possível, o processo que começa depois da morte de alguém que amamos.
Ter uma religião, acreditar que a morte é apenas um trem que está levando
alguém que amamos para uma outra estação, um outro lugar, o qual, no tempo
certo também estaremos visitando para ficarmos juntos de uma maneira
definitiva. Cara, ajuda e muito!
Respeito os ateus e agnósticos, mas acreditar em
Deus..... Uhauuuu! É bom demais! Quer algo que lhe dê mais esperança do que
saber que a sua vida ou então de outras pessoas próximas não termina aqui,
debaixo de sete palmos de terra? Acho que se eu pensasse o contrário, seria um
cara muito amargo, com uma esperança diminuta ou quase sem ela.
Mas recuperando o fio da meada desse post, os livros
também nos ajudam muito a trabalhar o processo de luto. Segundo os psiquiatras,
o luto passa por cinco estágios, que são: negação e isolamento, raiva,
barganha, depressão e aceitação. Estes estágios não tem um tempo de duração
definido, podendo variar de pessoa para pessoa.
Para as crianças, a fase de luto também existe e
precisa ser trabalhada pelos pais, responsáveis e educadores. E é aí – não
importa se crianças ou se adultos – que alguns livros que abordam esse tema tão
delicado entram para ajudar.
Na postagem de hoje, escolhi dez livros, adultos e
infantis, que poderão ser úteis para muitos leitores aceitarem melhor a morte e
trabalharem o processo de luto. Vamos a eles:
01
– O que acontece quando a gente morre (Michaelene Mundy)
Abro a nossa lista com esse livro da editora Paulus
que ensina as crianças aceitarem a perda de alguém querido. Afinal, você
consegue se lembrar da primeira vez em que esteve presente em um funeral? Quais
lembranças são mais vívidas em você? Pois é, essas mesmas questões, sem sombra
de dúvida, farão parte algum dia da vida de uma criança, e é por isso que
Michaelene Mundy, uma das principais escritoras dos livros da coleção Terapia
Infantil, apresenta a pais, professores e crianças um livrinho repleto de
ilustrações e conselhos para ajudá-los na compreensão deste delicado assunto.
O que acontece
quando a gente morre tem por objetivo fazer com que as crianças entendam os
mistérios sobre o luto e as cerimônias que acontecem durante esse delicado
momento. A obra pode ser considerada um guia para as crianças lidarem com a
morte e os funerais. Repleto de belíssimas ilustrações, o livro é um ótimo
instrumento para os pais tirarem as dúvidas das crianças a respeito deste
momento de despedida das pessoas queridas. O livro faz parte da coleção Terapia
Infantil.
02
– A anatomia de uma dor – Um Luto em Observação (C. S. Lewis)
Neste livro, o conhecido escritor C.S. Lewis – criador
de As Crônicas de Nárnia relata todo
o seu sofrimento e por fim as etapas vividas durante o processo de luto até que
aceitasse a perda de sua esposa Joy Davidman, uma norte-americana divorciada e
mãe de dois filhos.
Lewis conseguiu expressar com extrema sinceridade em
cada página a dor que estava sentindo ao perder sua esposa. Nele, é possível
identificar as várias fases do luto e a confusão de emoções geradas por ele, o
que inclui raiva, dúvida, questionamento da fé e, claro, uma intensa tristeza.
Mesmo aqueles que não são religiosos como Lewis certamente irão se identificar
com os seus relatos.
03
– O ano do pensamento mágico (Joan Didion)
Joan Didion, uma das mais aclamadas escritoras e
intelectuais americanas, narra em O ano
do pensamento mágico o período de um ano que se seguiu à morte de seu
marido, o também escritor John Gregory Dunne, e a longa doença de sua única
filha. Ela compartilha suas experiências nessa fase de sua vida e como
conseguiu superar todo o sofrimento.
Este é um livro para todos os que já se perguntaram: E
agora? O que fazer se a vida parece não ter mais sentido algum? É um livro
sobre a superação e sobre a nossa necessidade de atravessar - racionalmente ou
não - momentos em que tudo o que conhecíamos e amávamos deixa de existir.
Trata-se de uma história bastante tocante que mostra a
forte ligação que tinha com a família e como conseguiu compreender o luto.
04
– Onde está você (Dulce Rangel)
Onde
Está Você, da escritora Dulce Rangel, é fruto de uma
experiência de perda. Voltado para crianças mas também para adultos, Onde Está Você trata de temas
importantes e essencialmente humanos, como o luto e a saudade. Como lidar com a
partida de alguém querido? Seja ele um amigo, pai, mãe, avó, irmão, filho,
animal de estimação? Como encarar a solidão que vem depois que esse ser amado
parte para não voltar?
Neste livro que nasceu depois que o marido da autora
se foi, após anos de luta contra uma doença grave, ela narra este lento e
trabalhoso processo de reconstrução interna pelo qual acabara de passar, e que
acontece com tantas pessoas pelo mundo, todos os dias.
Arrependimentos ou sensações de culpa também podem
surgir depois que alguém se vai. Será que fiz algo errado, ou deixei de fazer
alguma coisa? Onde Está Você tenta
elaborar emocionalmente as dores e pensamentos que se abatem sobre a criança ou
adulto que lida com a ausência de alguém.
05
- O Livro Tibetano do Viver e Morrer (Sogyal Rinpoche)
O livro de Sogyal Rinpoche, vai ajudar muitos leitores
a vivenciarem o luto. Trata-se de uma apresentação completa e amplamente
reconhecida dos ensinamentos do budismo tibetano.
Ao oferecer uma orientação tanto para a vida, quanto
para a morte, o autor aborda estas duas questões cujas raízes estão no coração
da tradição do Tibete.
O livro fala um pouco da prática da meditação, relata
as dificuldades e alegrias presentes no caminho espiritual, cita os conceitos
de carma e renascimento, além de ressaltar a importância do amor em todos os
sentidos.
Também mostra o valor dos cuidados com os que estão
próximos à morte, transmitindo uma sensação de dever cumprido para os que
ficam. Enfim, Rinpoche apresenta práticas que qualquer pessoa, de qualquer
religião ou cultura, poderá usar para transformar sua vida, preparar-se para a
morte e ajudar tanto os vivos quanto os que estão morrendo.
06
– Superar o luto pela fé (Eliete Gomes)
A morte é uma realidade comum para nós seres humanos.
Mas, mesmo assim, quando ela chega, causa grande dor e sofrimento nos entes
queridos daquele que partiu. Dor maior ainda é quando a morte é de um filho ou
filha ainda na flor da idade.
Para os pais que ficam, lidar com essa ausência é
sempre muito difícil. Um dos meios para ao menos amenizar essa falta é se unir
a outros pais que também vivem essa mesma realidade e assim juntos, por meio da
fé, tocar adiante a vida na esperança de que um dia no Céu todos se
reencontrarão.
Essa obra reflete sobre a experiência do luto,
especialmente o luto dos pais que perderam seus filhos, apresentando os meios
para a superação desta que é a maior de todas as dores humanas. Superar o luto pela fé também apresenta
os testemunhos dos pais do Grupo de Reflexão Filhos no Céu, grupo que surgiu na
Diocese de São José dos Campos e que reúne pais que perderam seus filhos.
07
- Deixe-me partir: Um conforto para quem perdeu um ente querido (Tânia
Fernandes de Carvalho)
Uma das situações mais difíceis pelas quais passamos é
a inevitável separação de um ente querido para o outro lado da vida. O objetivo
deste livro espírita é justamente dar subsídios àqueles que estão passando por
tal situação, entender e administrar melhor esse momento tão doloroso. Separado
por tópicos, de maneira didática, esclarece as diversas fases do luto. Com
certeza será muito importante tanto para aqueles que tenham "perdido"
alguém querido como aos que apenas querem se aprofundar mais no assunto.
Na opinião de vários leitores, o livro sintetiza, com
linguagem simples e acessível o processo de luto, ajudando o enlutado a chegar
à evolução psicológica de aceitação.
08
– Quando papai ou mamãe morre – Um livro para consolar as crianças (Daniel
Grippo)
Quando a mãe ou o pai morre, o sofrimento das crianças é profundo, mas nós podemos demonstrar nossa atenção e amor por elas, encorajando-as a dividir seus sentimentos de tristeza e perda. Podemos dar a elas o tempo e o espaço necessários para que elas se adaptem à nova situação e deem atenção – mesmo que não haja respostas – aos questionamentos que naturalmente aflorarão. Podemos ouvir o lamento de seus pequenos corações e ajudá-las com amor e carinho. Todas essas lições são explicadas em detalhes no livro de Daniel Grippo.
09
- A Roda da Vida (Elisabeth Kubler Ross)
A médica suiça Elisabeth Kubler Ross é reconhecida
como pioneira na investigação da morte e do morrer, nos vários estágios da dor
que acompanha esse processo e afirma: a morte não existe. Em suas comoventes
memórias, ela relata sua luta e descobertas, ensinando-nos a viver com alegria
e compaixão.
A psiquiatra teve experiências com crianças, pacientes
de AIDS e idosos portadores de doenças fatais e levou consolo e compreensão
para milhões de pessoas que tentavam lidar com a própria morte ou com a de
entes queridos.
Internacionalmente famosa, esta autobiografia conta a
história de uma vida, de um trabalho na Polônia devastada pela guerra e de uma
forma de aconselhar terapeuticamente os doentes terminais.
Como temos uma cultura de falar pouco da morte ou de
quem morreu, esta leitura ajuda a aceitar melhor a morte justamente por falar
dela e nos desafiar a viver a etapa final da existência, vivenciando o luto de
maneira inspiradora.
10
– A morte é um dia que vale a pena viver (Ana Claudia Quintana Arantes)
Finalizo a nossa toplist com esse livro muito elogiado
da médica Ana Claudia Quintana Arantes. Em A
morte é um dia que vale a pena viver, Ana Claudia tem a coragem de lidar
com um tema que é ainda um tabu. Em toda a sua vida profissional, a médica
enfrentou dificuldades para ser compreendida, para convencer que o paciente
merece atenção mesmo quando não há mais chances de cura.
Considerada uma das maiores referências sobre Cuidados
Paliativos no Brasil, a autora aborda o tema da finitude sob um ângulo
surpreendente. Segundo ela, o que deveria nos assustar não é a morte em si, mas
a possibilidade de chegarmos ao fim da vida sem aproveitá-la, de não usarmos
nosso tempo da maneira que gostaríamos.
Invertendo a perspectiva do senso comum, somos levados
a repensar nossa própria existência e a oferecer às pessoas ao redor a
oportunidade de viverem bem até o dia de sua partida. Em vez de medo e
angústia, devemos aceitar nossa essência para que o fim seja apenas o término
natural de uma caminhada.
E aí, gostaram? Espero, de coração, que esses livros
ou pelo menos alguns deles, possam ser úteis para os leitores que estejam
tentando superar esse momento difícil em suas vidas e pelo qual, certamente, um
dia todos nós iremos passar.
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