Há exatos 21 anos, eu acompanhava aturdido pela
televisão a queda do Fokker 100 da TAM sobre oito casas no bairro do Jabaquara,
em São Paulo. A tragédia que deixou um
saldo de 99 mortos – todos os passageiros
e tripulantes da aeronave, totalizando 96 pessoas, além de outras três vitimas
que estavam em terra – chocou todo o País.
O voo 402 decolou às 8h26 do dia 31 de outubro de
1996 do Aeroporto de Congonhas com
destino ao Rio de Janeiro e caiu 24 segundos depois.
Segundo as investigações, a queda do avião foi
provocada por uma falha no reversor da turbina direita (freio aerodinâmico) que
abriu durante a decolagem, um erro cuja chance de ocorrer seria, segundo
projeções da fabricante, da ordem de um em 100 bilhões.
Ao se aproximar da rua onde caiu, a cerca de 2 km do
aeroporto, o avião esbarrou em um prédio na esquina com a Avenida Jarupari,
próximo à Escola Estadual Doutor Ângelo Mendes de Almeida.
A asa direita do avião cortou parte de um outro
prédio na esquina da Rua Luís Orsini de Castro. A aeronave ainda levou o
telhado de um sobrado, no número 40 da mesma rua, onde fez a primeira vítima em
terra. O avião caiu no lado ímpar da rua, nas oito casas entre os números 59 e
125. Duas vítimas que estavam no solo morreram no número 77.
Cara, ainda me lembro da fila de corpos cobertos com
sacos pretos, todos eles estendidos na rua numa fila macabra e ao mesmo tempo
triste. Chorei muito. Aliás, decorridas mais de duas décadas do acidente, ainda
me emociono.
Após o acidente com o avião da TAM em 1996, foram publicados dois livros sobre o assunto. Confiram:
01
– Perda Total (Ivan Sant’Anna)
O escritor, que é piloto amador e trabalhava no
mercado financeiro, passou cerca de três anos e meio pesquisando a fundo para
reconstituir passo a passo três dos maiores, e mais recentes, acidentes da
aviação nacional: o TAM 402, o GOL 1907 e o TAM 3054, que juntos interromperam
quase 450 vidas num espaço de dez anos.
Apesar de “Perda Total” não ser um livro que aborde
exclusivamente os fatos relacionados ao acidente envolvendo o vôo 402 da TAM, os
leitores interessados nessa tragédia irão encontrar muitas informações interessantes.
No livro, ele transcreve, por exemplo, o diálogo
final e as últimas ações dos pilotos, que mostra que o tempo inteiro eles
trabalharam em cima de um erro - já que tentavam solucionar um problema no
autothrottle (acelerador automático) que não existia, já que a falha foi no
reverso (uma espécie de freio). Segundo o autor, este e outros detalhes que estão
na obra, não são exatamente novidades, mas coisas que foram descobertas anos
depois dos acidentes e que muitas deixaram de ser divulgadas ou não tiveram
repercussão.
Além das gravações de caixas pretas das três aeronaves, com todas as falas das cabines e os dados técnicos dos vôos, a pesquisa realizada por Sant’Anna incluiu também os relatórios do Cenipa (Centro de Investigação e Prevensão de Acidentes Aeronáuticos, da FAB).
Além das gravações de caixas pretas das três aeronaves, com todas as falas das cabines e os dados técnicos dos vôos, a pesquisa realizada por Sant’Anna incluiu também os relatórios do Cenipa (Centro de Investigação e Prevensão de Acidentes Aeronáuticos, da FAB).
A obra foi muito elogiada por pilotos e experts em
aviação, por isso, acredito que vale a pena ser lida.
Autor:
Ivan Sant’Anna
Editora:
Objetiva
Ano
da edição: 2011
Páginas:
304
Acabamento:
Brochura
02
– O Dia Que Mudou Minha Vida (Sandra Assali)
Quando há mais de 20 anos vi pela TV a queda do Fokker
100 da TAM, o meu pensamento se voltou de maneira instantânea para os
familiares das vítimas. Putz! Como vai ficar a situação daquelas pessoas que
dependiam das vítimas para a sua sobrevivência? Elas serão indenizadas ou não?
Esta indenização vai demorar? Como elas ou eles irão fazer até lá? Enfim, como
será feito o gerenciamento das crises de tantas pessoas após a queda do avião?
O acidente com o vôo 402 da TAM provocou catástrofes
em várias famílias com filhos perdendo os pais, esposas perdendo os maridos ou
vice e versa, empresas que perderam seus líderes. Cara, foi uma cadeia de
catástrofes.
E ninguém melhor do que uma pessoa que esteve
envolvida no centro dessa catástrofe
para ‘falar’ sobre o sinistro e principalmente orientar todos os familiares das
vítimas.
Assali é uma das viúvas do vôo 402. Ela perdeu o
marido, José Rahal Abu Assali. Para superar o trauma da perda repentina, criou
a Abrapavaa (Associação Brasileira de Parentes e Amigos das Vítimas de
Acidentes Aéreos), da qual é presidente até hoje.
A associação revolucionou o sistema de indenizações
às famílias das vítimas. Na época, 64
famílias se uniram para entrar com processo na justiça dos Estados Unidos, país
do fabricante do reverso do Fokker 100 --equipamento do avião que apresentou
problema e foi um dos principais fatores do acidente.
Antes mesmo de uma decisão judicial, Sandra afirma
que as famílias assinaram acordos extra-judiciais entre US$ 800 mil e US$ 1,5
milhão (entre R$ 2,5 milhões e R$ 4,7 milhões na cotação atual).
“O Dia Que Mudou Minha Vida dá detalhes de como está
sendo realizado esse gerenciamento da crise envolvendo uma das maiores
tragédias da aviação em nosso País.
Autor:
Sandra Assali
Editora:
Independente (Sandra Assali)
Ano
da edição: 2016
Páginas:
229 (Tamanho do arquivo: 1849 KB)
Acabamento:
eBook Kindle
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