Não gostei. Putz! Como é triste dizer isto de uma
obra escrita por Carlos Ruiz Zafon. Você não imagina o quanto. Pelo menos para
mim. O cara é um gênio e provou isso por duas vezes, em “Marina” e “A Sombra do Vento”. Estes dois livros, certamente, merecem entrar para a galeria das obras
antológicas de todos os tempos. Mas “O Palácio da Meia Noite”... ficou devendo,
e muito.
Sabem quando a história não tem ‘punch’? Pois é,
falta aquela pegada no enredo que atrai o leitor logo nas primeiras páginas. O
vilão Jawahal não assusta, tampouco provoca aquele arrepiozinho de medo na base
da coluna. Ele não passa de um espectro incendiário; nem mesmo perto do final
do livro quando as suas maldades ficam mais exacerbadas, o vilão convence. A
falta de carisma atinge também os outros personagens, no caso, a ‘galera do
bem’. Os garotos que fazem parte de um grupo, definido por eles como Chowbar
Society são...como eu poderia definir...acho que amorfos. Se eles fossem atores
de televisão ou de cinema, ganhariam facilmente o status de canastrões.
Mas o que mais me decepcionou foram as famosas
‘viradas’ na trama, das quais Zafon é gênio. Lembram-se do que ele aprontou em
“Marina”? Cara, eu cheguei a me debulhar em lágrimas com o final da história.
Fiquei pasmo, mas um pasmado satisfeito, porque reconheci todo o talento do
autor naquela mudada de curso na história. Com relação ao seu outro livro “ A
Sombra do Vento”, pelo amor de Deus! Ele te engole! Cada capítulo tem uma
surpresa, um suspense a mais. Costumo dizer que se Zafon fosse um jogador de
cartas, ele sempre teria um ‘As’ escondido na manga. Julian Carax de “A Sombra
do Vento” que o diga. Aliás, os personagens de “Marina” e “A Sombra do Vento’
são tão especiais que após o fim da leitura, a impressão que se tem é que você
perdeu a companhia de pessoas queridas de carne e osso.
Tudo isso faltou em “O Palácio da Meia Noite”. As
mudanças de curso na trama envolvendo Jawahal com o objetivo de provocar aquele
óohhhhh de surpresa acabou se transformando num tiro no pé.
O vilão passou por duas metamorfoses drásticas no
enredo: ambas não emplacaram, mas a segunda foi brava. Na condição em que o
autor o colocou, ele jamais poderia fazer tantas maldades contra Ben e Sheere.
Zafon foi muito inverossímil.
Por tudo isso, repito o que escrevi no início desse
post, não gostei.
Em “O Palácio da Meia Noite”, o escritor espanhol
narra a história dos irmãos gêmeos Ben e Sheere, cujos caminhos se separaram
logo após o nascimento: ele passou a infância num orfanato, enquanto ela seguiu
uma vida errante junto à avó, Araymi Bosé. Os dois se reencontraram quando
estavam prestes a fazer 16 anos: juntos precisam escapar das garras de Jawahal,
um espírito diabólico.
Os irmãos acabam contando com a ajuda da Chowbar
Society, um grupo formado por Ben e outros seis órfãos que se reúnem numa
construção em ruínas batizada por eles de o “Palácio da Meia Noite”. Há algum
tempo, eles haviam feito um pacto de ajudar e proteger uns aos outros em
qualquer situação.
Resumidamente, a ‘mola mestra’ do livro de Zafon é
essa aí. Pena que a mola emperrou.
Escrevi nas minhas redes sociais (facebook e
twitter) que devemos dar o devido desconto para o autor já que “O Palácio da
Meia Noite” foi escrito em 1994, quando Zafon ainda estava engatinhando como
escritor. Sua obra máxima, “A Sombra do Vento” só chegaria sete anos depois.
Quer dizer, tudo é uma questão de evolução, de aprendizado.
Inté!
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