O livro de John Boyne é uma versão romanceada do
famoso motim do navio inglês HMS Bounty que aconteceu no dia 29 de abril de
1789. O fato se deu nas primeiras horas da manhã, quando
o Bounty fazia sua viagem de regresso à Jamaica e
depois Inglaterra, trazendo um carregamento de mais de mil (1000) mudas
de fruta-pão.
A idéia seria plantar esta fruta na Jamaica para fazer dela um alimento bom e
barato para os escravos.
Parte da tripulação se rebelou contra o comandante,
o tenente William Bligh, obrigando-o juntamente com outros 18 homens que
permaneceram fiéis ao seu comando, embarcarem numa lancha de apenas 7 metros de
comprimento e serem ‘jogados a própria sorte’ no meio do oceano.
Em “O Garoto no Convés”, Boyne conta os fatos
históricos sob o ponto de vista de um personagem fictício, o adolescente órfão
chamado John Turnstile, que agarra a chance de trocar a prisão por um trabalho subalterno no
Bounty. Atrevido e inteligente, porém ingênuo em diversos aspectos, Turnstile
vai aos poucos conhecendo os pitorescos marujos que, de modo geral, não perdem
uma chance de lembrá-lo de sua absoluta insignificância. Contudo, a
aproximidade constante do capitão lhe permite não apenas ficar a par das
múltiplas intrigas a bordo, mas também estabelecer uma relação de crescente
lealdade com o seu chefe.
Achei o livro fantástico porque o autor mesclou
ficção com fatos históricos, não deixando assim, a histórica ficar cansativa. E
esta foi a grande sacada de Boyne. Verdade! Cá entre nós, se você quiser saber
apenas o lado histórico do motim do HMS Bounty, basta acessar o “Santo Google”
ou a “Santa Wikipédia” que você encontrará todos os dados e Zefini! E juro que
a história é a mesma, não muda. Esta recheada de dados históricos, mas falta algo
que toda narrativa histórica não tem: emoção.
Então o que Boyne fez? Ele criou um personagem
hiper-carismático, o adolescente John Turnstile; narrando os seus dramas,
dificuldades e afins, em seguida o inseriu na narrativa histórica. Quer mais? O
autor ‘deu vida’ a personagens reais, desenvolvendo-os além dos dados
históricos. Resultado: eles ficaram muito mais interessantes. Por exemplo, o
tenente Bligh ganhou uma personalidade que vai muito além do que está escrito
nos livros e textos de história. Boyne dá aos seus leitores a oportunidade de
conhecer profundamente o comandante do Bounty, as suas qualidades e também os seus defeitos.
O mesmo acontece com os imediatos John Fryer e Christian Fletcher que tem
papéis importantes no motim – um a favor e outro contra o capitão. Como ele ‘temperou’
esses personagens históricos com gotas de ficção? Não sei. Na realidade, não me
interessa. O importante é que o autor deu vida a esses personagens e também a
narrativa. Com isso, o leitor acaba devorando as 492 páginas do livro num
piscar de olhos.
“O Garoto no Convés” foi dividido em cinco
capítulos: “A Proposta” que fala sobre as circunstancias que levaram Turnstile
a embarcar no HMS Bounty; “A Viagem”, narrando as peripécias e os perigos da
tripulação em alto mar; “A Ilha”, que narra as origens do motim, como tudo
começou; “A Barca”, que descreve as aventuras dos 18 tripulantes do Bounty e do
capitão Bligh que, após o motim, foram abandonados numa pequena lancha em alto
mar e finalmente “O Retorno”, que é o desfecho de todas essas peripécias.
Um livro que recomendo ‘mil vezes’.Uma empolgante
mistura de fatos históricos e ficção.
Postar um comentário