Duas passagens significativas marcaram a minha vida
de fã do grupo Legião Urbana: uma entrevista do Renato Russo concedida ao
Programa do Jô, dois anos antes de sua morte, e a cena dantesca de um show da
banda realizado em Minas em 1990 e que as redes de TV noticiaram e mostraram a
exaustão.
No Jô vi um Renato Russo limpo das drogas – diga-se
heroína, já que a ‘mardita’ era a preferida do cantor – afirmando que decidiu
parar porque estava seguindo o mesmo caminho de Curt Corbain do Nirvana.
“É uma doença. Eu
achava que era depressivo, melancólico, que o mundo não ia dar certo, estava
tudo horrível, estava tudo cinza, tudo preto. Quando estava tudo bem, era uma
euforia fora desse mundo." Esta foi a afirmação de Russo ao Jô em 1994, quando falou do período de sua recuperação numa clínica de dependentes químicos no Rio de Janeiro, onde passou 29 dias internado.Agora, falando de
Minas, o que eu vi foi o outro lado da moeda; um Russo ‘chapadaço’ no palco, desinteressado
com o publico, como se estivesse cantando só para ele. Então, após a segunda ou
terceira música – não me lembro, só sei que foi
logo no início do show – ele vira as costas e vai embora, deixando Dado
Vila-Lobos e Marcelo Bonfá com caras de tacho no palco.
Na época, pensei comigo:
“Cara, que falta de respeito!”. Só depois fiquei sabendo através da mídia, que
o cantor estava tão fora de si por causa das drogas que ao entrar no camarim,
caiu desacordado no chão com muita cocaína no sangue fazendo a sua pressão subir
aos píncaros de 21x18.
Três anos depois, o líder
do Legião acabaria se internando numa clínica carioca com a intenção de se
livrar do vício. Ele passou 29 dias na clausura, seguindo todas as diretrizes
impostas pela casa, participando de reuniões, palestras, encontro com
psicólogos e principalmente seguindo os ‘Doze Passos’, conhecido programa
criado pelo Alcoólicos Anônimos, que incluía a criação de um diário. Este material ficou inédito por mais de 20 anos e agora a Companhia das Letras o estará publicando num livro que antes de seu lançamento já está mexendo com a curiosidade dos fãs da Legião e principalmente de Russo.
“Mas como a editora
conseguiu ter acesso ao diário?!” Pois é galera, ocorre que segundo familiares,
era desejo do musico tornar público esse diário, após a sua morte. Agora, não
me pergunte como a Companhia das Letras conseguiu se antecipar as outras
editoras para conseguir o material.
O livro se chama “Só
Por Hoje e Para Sempre – Diário do Recomeço” e já está em pré-venda nas principais
livrarias virtuais. O seu lançamento oficial está previsto para o dia 27 de
julho.
O texto da obra é um relato de Russo
sobre sua luta contra a dependência, tentando entender como chegou a ela e
repensando sua vida a partir dessa perspectiva. “(…) Juntos não precisaremos
ter medo. Você é a minha luz, eu sou sua consciência (…) Vamos ser felizes de
novo”, escreve Renato, numa “carta” escrita para ele mesmo.
Em outros trechos do livro, o
cantor expõe o sentimento de ter se reencontrado. “Que bom que você está comigo
novamente! (…) Aprendi muitas coisas novas que sei que você vai adorar – é tudo
aquilo que você me dizia antes que me deixasse perder no mundo (…) espero que
você me perdoe, meu pequeno grande amigo! (…)”.
Mas “Só Por Hoje e Para Sempre –
Diário do Recomeço” não foca apenas no diário do músico, mas também explora a
sua intimidade e a do Legião Urbana, fazendo importantes revelações.
Enfim, um livro com a cara dos fãs
de Renato Russo e da Legião. Creio que as 160 páginas serão devoradas ‘num tiro’
por essa galera.
Postar um comentário