O melhor de mim

10 maio 2012
Se você ainda não leu “O Melhor de Mim”, mas pretende encarar as 270 páginas da obra de Nicholas Sparks, por favor, não leia esse post. Ele contem – se é que existe esse termo – “meio spoiler” ou spoilers camuflados”. Então, aconselho você parar por aqui.
Se, por curiosidade, quiser seguir em frente, então, não reclame depois de ler esse post, pois com certeza irei estragar a sua expectativa em relação ao lançamento do livro de um sujeito que era farmacêutico e num belo dia – como num conto de fadas – acabou se transformando num escritor de grande sucesso. Por que irei estragar? Primeiro: não gostei da estória. E neste caso, já estou me preparando para receber as pedradas das fãs de carteirinha de Sparks que amaram o livro. Segundo: A mania do escritor sempre matar algum personagem importante, e quando digo importante, estou me referindo a um dos protagonistas. Isto quando ele não resolve matar os dois, ou seja, o casal de personagens principais como aconteceu em... deixa prá lá, vai que você ainda não esse outro livro também.
Sei lá, pode ser que eu esteja falando alguma bobagem, mas em minha opinião, as estórias de amor foram evoluindo através dos tempos, tanto literariamente como cinematograficamente. Como tudo na vida, os estilos  narrativos e de roteirização foram se modernizando, implantando novas técnicas para conquistar leitores e cinéfilos.
Quero esclarecer que não estou sendo louco ou desvairado em criticar grandes clássicos do passado como “Uma Janela para o Céu”, “Love Story”, “Romeu e Julieta”, além de outros filmes ou livros respeitados, mas temos que admitir que tudo na vida muda, afinal nós seres humanos estamos em constante evolução, sempre procurando coisas novas para o nosso crescimento.
Esses clássicos marcaram presença – e muita presença - em sua época, mas hoje, surgiram outros tão bons quanto eles e com estilos narrativos diferentes visando agradar o perfil dos cinéfilos e leitores de uma nova era. E com certeza, daqui há cinqüenta anos, ou mais, também surgirão outras estórias com estilos diferentes visando atender a expectativa de uma nova geração.
No passado, filme ou livro romântico que se prezasse, com algumas raras exceções, tinha de ser dramático aos extremos. O resultado era que  você saía do cinema se debulhando em lágrimas, pensando na via crucis dos personagens. Em “Love Story”, a personagem de Ali Mac Graw morre de câncer, bem jovem, sem aproveitar momentos de felicidade plena com Ryan O’Neal. O pai do rapaz que refutou e espezinhou a moça o filme todo, só vai se arrepender quando a pobre coitada está a beira da morte. O filme inteiro girou em torno do sofrimento do casal que só levava “pedrada”. Cara! Era rejeição e pancada pra todo lado. Em “Uma Janela para o Céu”, quando o personagem principal vai finalmente se encontrar com a sua amada, sofre um acidente de avião ou carro (não me lembro bem) e parte dessa vida para melhor. A sua recém namorada recebe a notícia por telefone! E mais: a notícia desgraçada chega durante um jantar, onde a moça iria apresentar o noivo para os seus pais!!! Antes disso, o casal só sofreu e sofreu os reveses dessa “vidinha marvada”.
Agora vamos comparar uma obra obras contemporânea. Já leram “Água para Elefantes”? O casal de protagonistas sofreu bastante durante boa parte da trama, mas a autora Sara Gruen também permitiu que eles tivessem momentos de felicidade plena. Dessa maneira, ela conseguiu dar ao enredo -  que tinha tudo para se transformar num dramalhão com poder de encharcar lenços e mais lenços de lágrimas de sofrimento – um equilíbrio necessário e agradável. Quer melhores ingredientes para um dramalhão amoroso e apelativo do que um velhinho abandonado num asilo depois da  morte do grande amor de sua vida? E ainda por cima, esse desamparado velhinho contando a sua estória desse amor? Sara Gruen conseguiu amenizar esse cenário, dando a estória um clima mágico e encantador. Com certeza, se Guen escrevesse essa história há várias décadas atrás ou se o filme na qual foi baseada fosse exibido nos anos 70, talvez não faria o mesmo sucesso de hoje.
Desculpem-me ter viajado e consequentemente fugido, e muito, do tema proposto nesse post que diz respeito ao livro “O Melhor de Mim”; mas achei necessário essa “viajada” para que vocês entendam como me senti lendo a obra de Sparks. Tive a impressão de ter voltado a minha pré-adolescencia quando saí do cinema engolindo lágrimas após ter assistido o super-dramalhão “Uma Janela para o Céu” ou então depois de ter lido “Love Story”, lançado quase na mesma época do filme, no início dos anos 70.
Nicholas Sparks

“O Melhor de Mim” é o mais puro dramalhão, só restando, para completar, pregar o casal de protagonistas numa cruz, principalmente Dawson Cole. O rapaz pertence a uma família de criminosos “barra pesada”, mas diferente de seu pai e primos, tem uma boa índole e um coração enorme. Ele acaba se apaixonando por Amanda, a moça mais rica da cidade que faz parte de uma família tradicional, cujos pais sonham vê-la casada com um pretendente da mesma estirpe. Os dois se apaixonam e vivem rápidos momentos de felicidade em sua mocidade. Logo em seguida, acabam tendo uma separação dramática, graças ao dedo dos pais de Amanda, mas o destino quis que eles se reencontrassem 25 anos depois na mesma cidade onde viveram o melhor período de suas vidas. Durante essas duas décadas e meia de separação, muita coisa mudou na vida dos dois. Amanda está casada com um homem que não ama, tem três filhos e como não bastasse, carrega o drama de ter perdido uma filha. Enquanto ela aprendeu a conviver com esse sofrimento, o seu marido preferiu se entregar ao vício da bebida, se tornando um alcoólatra. Já Dawson Cole retorna a sua pequena cidade natal, de onde saiu um dia, após ter sido preso injustamente por um acidente fatal do qual não teve culpa.
O casal retorna a pacata cidade de Oriental para o velório de Tuck, o homem que um dia abrigou Dawson, acobertou o namoro do casal e acabou se tornando o melhor amigo dos dois. Seguindo as instruções de cartas deixadas por Tuck, o casal redescobrirá sentimentos sufocados há décadas. A partir desse segundo encontro do casal, o leitor se depara com mais uma carga de sofrimento. Enquanto Cole aceita encarar todos os desafios para ter uma segunda chance com Amanda; ela fica indecisa, pensando em seus filhos e também no esposo que não ama. Vive dizendo a Cole que ele é homem de sua vida, mas na hora do “pega prá capar”, a preservação do seio familiar é o que mais interessa, mesmo sendo um casamento falido.
A história de Sparks fica em torno desse jogo de gato e rato, fazendo com que o leitor torça desesperadamente para o reencontro do casal. Como pano de fundo para o enredo, está um primo de Dawson, que quer acertar as contas com o rapaz, que no passado lhe deu uma surra após uma tentativa de extorsão; a imagem misteriosa de um homem que persegue Dawson e que já lhe salvou a vida várias vezes; a viúva de um médico que morreu no acidente de trânsito com Dawson e que não cansa de lhe culpar pela tragédia; e é claro, a mãe de Amanda que ainda trata a filha como uma criança mimada e que não suporta vê-la ao lado de um Cole.
Em meio a tanto sofrimento do casal, quando tudo parece se encaminhar para a normalidade, pelo menos para um deles, eis que vem a tradicional “machadada” fatal e eliminatória de Sparks, deixando o leitor P. da Vida. Por que P. da Vida? É simples, porque Dawson e Amanda só sofreram a história inteira, vivendo momentos de dor e indecisão. Caraca! Eles mereciam pelos menos alguns momentos de alívio e um final.... bem deixa pra lá.
No meio do livro, cheguei a ficar entusiasmado com as inúmeras possibilidades que o enredo oferecia. Como seria a reação dos filhos de Amanda quando eles se encontrassem com Dawson? Como Jared, o filho mais “cabeça” de Amanda reagiria ao conhecer a história de amor, vivida há de 25 anos atrás pela sua mãe, e etc e etc...
Outro detalhe que não gostei no novo livro de Sparks foi a previsibilidade da história. Após a machada letal do autor, mesmo restando algumas páginas para o término do romance, eu já sabia qual seria o final mais do que óbvio.
Depois de ler “O Melhor de Mim” fiquei pensando com os meus botões quem será a próxima vítima de Sparks, dessa vez, no romance “O Casamento”, uma suposta continuação de “Diário de Uma Paixão”.
Pois é pessoal, apesar das machadadas e da via crucis experimentada pelos seus personagens de Nicholas Sparks, alguns segmentos da industria cinematográfica continuam apostando em suas obras. Fiquei sabendo que a Warner Bros já adquiriu os direitos de filmagens de “O Melhor de Mim”.

4 comentários

  1. Já leu?

    http://regthorpe.blogspot.com.br/2012/05/destinos-do-canibal.html

    José Antônio, sugiro que você coloque o campo de pesquisa no seu blog. Eu ia pesquisar Hannibal para saber se tinha algum post seu sobre esse livro.

    Abraço.

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  2. Comecei o ano lendo esse livro...e concordo em gênero e grau com o que você escreveu!!!
    Sou super fã do Nicholas Sparks, mas não curti esse livro. Esperava as mesmas coisas que vc esperou...e senti a mesma coisa q vc sentiu qd chegou num momento e já deu pra prever o fim do livro.
    Enfim, eu gostei e não gostei...pq tb achei bom o reencontro deles e tal...mas a parte final me desapontou.
    Abç
    Camial

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  3. Pois é Camila, vamos ver se Diário de Uma Paixão foge desses padrões (rs)... Está na minha lista de leituras...

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    1. O Diário de Uma Paixão é lindo D+...umas das melhores leituras q fiz!!! Perfeito...super romântico!
      Acabei de ler A Última Música, uma ótima leitura tb!!! Bem emocionante, principalmente a relação pai e filha!
      Estou começando a ler A Primeira Vista, me falaram q é ótimo!!! Vamos ler...rs

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