As Melhores Histórias da Mitologia Nórdica

16 junho 2023

Enroscou, enganchou, pegou de rosca, broxou; entenda como quiser, mas a verdade é que a leitura de As Melhores Histórias da Mitologia Nórdica de A.S. Framnchini e Carmen Seganfredo travou. Cara, não ia, não tinha jeito. Acho que nem foi culpa dos autores que, por sinal, escrevem muito bem, prova disso é o excelente As 100 Melhores Histórias da Mitologia. Na verdade, acho que os contos e personagens da mitologia nórdica ou escandinava não me atraíram da mesma forma que as histórias deliciosas e inebriantes da mitologia grega,

O livro de Franchini e Seganfredo é dividido em duas partes: na primeira, como o próprio título diz, os autores nos apresentam as “melhores” histórias da mitologia nórdica. Neste capítulo foram publicados 25 contos curtos que fazem parte dos mitos escandinavos. Na segunda parte, ao invés de mais contos, os autores optaram por uma versão romanceada da famosa ópera de Richard Wagner chamada “O Anel dos Nibelungos”.

Confesso que fui com muita sede ao pote. Como havia lido e amado dois livros fantásticos sobre mitologia grega - As 100 Melhores Histórias da Mitologia (A.S. Framnchini e Carmen Seganfredo) e O livrode ouro da mitologia: Histórias de deuses e heróis (Thomas Bulfinch) – fiquei empolgado para conhecer de perto alguma coisa sobre a mitologia nórdica. Imaginei que as histórias tivessem a mesma variedade de personagens e o mais importante: que esses personagens e suas sagas fossem tão interessantes quanto; mas, pelo menos para mim, não foi.

O primeiro obstáculo que encontrei na obra foram os poucos personagens que fazem parte do enredo. Quase todos os contos giram em torno de Odin, Thor e Loki. Quanto aos outros deuses nórdicos não passam de coadjuvantes ou pano de fundo para os enredos envolvendo a chamada “trindade nórdica” como aprendi a definir esses três deuses. Quando Tyr, Freyr, Balder, Frigga e outras divindades menores surgem em suas histórias solos, o enredo se torna ainda mais desinteressante. Ao passo que na mitologia grega temos uma infinidade de personagens carismáticos capazes de segurar um enredo sozinhos. Basta lembrarmos de Ulisses, Teseu, Perseu, Jasão, Aquiles, Hércules, Zeus, além de outros; sem contar as sereias, centauros, sátiros e por aí afora.

Aliás, nem precisamos de deuses e heróis do chamado primeiro escalão para proporcionar histórias interessantes. O contexto da mitologia grega é tão abrangente que podemos recorrer a heróis menos conhecidos para essa finalidade (como mostro aqui). Eles conseguem protagonizar enredos fantásticos.

O segundo obstáculo que surgiu na minha leitura foi a simplicidade das histórias, incluindo alguns finais bem... como posso ‘dizer’: “sem graça” ou simplório demais.

Por esses fatores, confesso, que não tive uma boa experiência com a primeira parte de As Melhores Histórias da Mitologia Nórdica. Quando percebia que a leitura travava apelava para uma leitura dinâmica o que significa “leitura rápida”; e assim foi indo até o final. Quando cheguei na segunda parte do livro, a versão romanceada de O Anel dos Nibelungos serviu para mudar o panorama. A história é muito interessante e foi um bálsamo que amenizou a leitura maçante dos contos nórdicos. O enredo tem elementos muito parecidos com O Senhor dos Anéis, aliás, algumas fontes literárias afirmam que J.R.R. Tolkien inspirou a construção de sua obra-prima na ópera de Wagner.

A famosa ópera – com elementos das mitologias nórdicas e escandinavas - que levou cerca de 26 anos para ser composta (de 1848 a 1874) é baseada na famosa e lendária canção de Nibelungo. Trata-se de uma jornada épica dividida em 4 atos (O ouro do Reno, A Valquíria, Siegfried e O Crepúsculo dos Deuses), com duração de quinze horas. O espetáculo é aclamado pela crítica especializada desde que foi tocado pela primeira vez (ainda incompleto) em 1869 em Munique. É uma das óperas mais importantes já compostas e uma das maiores contribuições para a história da música clássica.

Após ter concluído a leitura bateu em mim uma ponta de tristeza e um iceberg de decepção porque acabei descobrindo que Franchini e Seganfredo também lançaram um livro somente com a versão romanceada de O Anel dos Nibelungos. Pois é, se soubesse que os contos da mitologia nórdica fossem tão desinteressantes, teria comprado apenas a obra com a versão romanceada. Aliás, é o que recomendo a vocês.

Inté!

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