Sinceramente, não sei o que escrever sobre o livro de
Cynthia Hand. Cara, fiquei muito indeciso. Confesso que não sei classifica-lo se
é bom, mediano ou ruim. Por isso, vou ficar no meio termo, vamos lá, mediano,
vai. Sei que ao escrever isso estarei nadando de braçadas contra a maré, serei
o do contra, o advogado do diabo, já que de cada dez pessoas que leram O Último Adeus, nove e meio gostaram.
Comprei o livro com muitas expectativas, influenciado
pela enxurrada de comentários favoráveis nas redes sociais. Comecei a ler e
então, a decepção foi chegando... chegando... chegando. A história empacou num
estilo narrativo e não saía daquilo. O
Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos
que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de
conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler,
seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de
como é se sentir feliz, tornando-se uma pessoa amarga, triste e frustrada. Como
ela não aceita tomar os remédios que o seu terapeuta quer receitar, ele faz a
proposta do diário, ou seja, que ela coloque no papel tudo o que está sentindo.
Dessa forma, os leitores passam a conhecer como é o dia a dia da personagem,
incluindo os seus pensamentos mais secretos e também como ela vem lidando com a
morte do irmão. Como já revelei acima, o livro é todo escrito em primeira
pessoa, sobre a ótica de Lex.
Na minha opinião, Lex se prende por tempo demasiado em
detalhes desinteressantes, diluindo a atenção do leitor – pelo menos, diluiu a
minha. As conversas “jogadas fora” com seus colegas de escola é um bom exemplo
disso. O relacionamento conflituoso com seu namorado Steven também se prende em
muitas situações banais que não interessam para o leitor. O sofrimento da mãe
de Lex também saturou a minha atenção, achei que poderia ser abreviado.
Não quero usar o termo encheção de linguiça, prefiro “dizer”
excesso de atenção com situações menos
interessantes do enredo. É isso. No meu caso, essa saturação foi me enjoando
e com isso, também fui diminuindo o ritmo de leitura, até o momento em que Lex
reencontra uma velha amiga que não vê a muito tempo. Sadie, é o nome dessa
amiga. Sadie é deliciosamente engraçada, deliciosamente maluca e porque não,
deliciosamente autossuficiente. A personagem é o contraponto da história densa
escrita por Hand. Ela serve para equilibrar com muita leveza os momentos
pesados e os gatilhos envolvendo suicídio existentes na trama. Aqui vale,
ainda, uma menção honrosa para Seth, o irmão de Sadie. Apesar de aparecer em
poucos trechos da trama, ele é o tipo do personagem que te conquista.
Ocorre que depois do que batizei de “efeito Sadie”, a
trama volta a explorar situações e diálogos desinteressantes entre os
personagens. Este clima prossegue até que Lex conhece um amigo de seu irmão. O
encontro com Damian brinda os leitores com bons momentos de tensão. Há ainda
outras partes da trama muito interessantes como o momento em que Lex fica
sabendo que o seu irmão escreveu uma carta para a ex-namorsada, momentos antes
de cometer o suicídio. Lex fica na dúvida se lê a carta ou se a entrega para a
garota que conviveu com Tyler durante certo período. Depois disso... voltamos a
enrolação com momentos menos interessantes da trama.
Enfim, o tal mantra
prossegue: “momentos interessantes-momentos desinteressantes, momentos bons –
momentos ruins. Pense numa gangorra: momentos em que você está por cima e
momentos em que você está por baixo. Chega uma hora que essa sequência de
movimentos acabam cansando e foi o que aconteceu com O Último Adeus. Juro que estava perto de desistir da leitura porque
achava que a narrativa não iria oferecer nenhuma surpresa final, terminando da
maneira mais simples e normal “do mundo”. Então, chega o momento em que Lex finaliza
o seu diário e Buuuummmm! O leitor fica sabendo o motivo dela se culpar
profundamente pela morte do irmão. As linhas finais de seu diário dedicadas ao
ex-namorado Steven são emocionantes.
Entenderam o meu ponto de vista no início dessa
postagem quando afirmei: “não sei o que escrever sobre o livro de Cynthia
Hand”? O Último Adeus tem momentos muito bons, mas também tem momentos
desinteressantes; tem diálogos fantásticos, mas por outro lado, tem diálogos
por demais descartáveis. Um mantra de altos e baixos que permeia toda a
narrativa, até aquele final ‘do caramba’ quando a Lex encerra o seu diário e o
entrega para Steven. Uhauuuu! Ufaaaa! Muito impactante e emocionante.
Acho que o “The End” do livro fez com que a gangorra
parasse um pouco mais acima.
Foi isso.
Inté!
Postar um comentário