O Último Adeus

17 setembro 2022

Sinceramente, não sei o que escrever sobre o livro de Cynthia Hand. Cara, fiquei muito indeciso. Confesso que não sei classifica-lo se é bom, mediano ou ruim. Por isso, vou ficar no meio termo, vamos lá, mediano, vai. Sei que ao escrever isso estarei nadando de braçadas contra a maré, serei o do contra, o advogado do diabo, já que de cada dez pessoas que leram O Último Adeus, nove e meio gostaram.

Comprei o livro com muitas expectativas, influenciado pela enxurrada de comentários favoráveis nas redes sociais. Comecei a ler e então, a decepção foi chegando... chegando... chegando. A história empacou num estilo narrativo e não saía daquilo. O Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz, tornando-se uma pessoa amarga, triste e frustrada. Como ela não aceita tomar os remédios que o seu terapeuta quer receitar, ele faz a proposta do diário, ou seja, que ela coloque no papel tudo o que está sentindo. Dessa forma, os leitores passam a conhecer como é o dia a dia da personagem, incluindo os seus pensamentos mais secretos e também como ela vem lidando com a morte do irmão. Como já revelei acima, o livro é todo escrito em primeira pessoa, sobre a ótica de Lex.

Na minha opinião, Lex se prende por tempo demasiado em detalhes desinteressantes, diluindo a atenção do leitor – pelo menos, diluiu a minha. As conversas “jogadas fora” com seus colegas de escola é um bom exemplo disso. O relacionamento conflituoso com seu namorado Steven também se prende em muitas situações banais que não interessam para o leitor. O sofrimento da mãe de Lex também saturou a minha atenção, achei que poderia ser abreviado.

Não quero usar o termo encheção de linguiça, prefiro “dizer” excesso de atenção com situações menos interessantes do enredo. É isso. No meu caso, essa saturação foi me enjoando e com isso, também fui diminuindo o ritmo de leitura, até o momento em que Lex reencontra uma velha amiga que não vê a muito tempo. Sadie, é o nome dessa amiga. Sadie é deliciosamente engraçada, deliciosamente maluca e porque não, deliciosamente autossuficiente. A personagem é o contraponto da história densa escrita por Hand. Ela serve para equilibrar com muita leveza os momentos pesados e os gatilhos envolvendo suicídio existentes na trama. Aqui vale, ainda, uma menção honrosa para Seth, o irmão de Sadie. Apesar de aparecer em poucos trechos da trama, ele é o tipo do personagem que te conquista. 

Ocorre que depois do que batizei de “efeito Sadie”, a trama volta a explorar situações e diálogos desinteressantes entre os personagens. Este clima prossegue até que Lex conhece um amigo de seu irmão. O encontro com Damian brinda os leitores com bons momentos de tensão. Há ainda outras partes da trama muito interessantes como o momento em que Lex fica sabendo que o seu irmão escreveu uma carta para a ex-namorsada, momentos antes de cometer o suicídio. Lex fica na dúvida se lê a carta ou se a entrega para a garota que conviveu com Tyler durante certo período. Depois disso... voltamos a enrolação com momentos menos interessantes da trama.

Enfim, o tal mantra prossegue: “momentos interessantes-momentos desinteressantes, momentos bons – momentos ruins. Pense numa gangorra: momentos em que você está por cima e momentos em que você está por baixo. Chega uma hora que essa sequência de movimentos acabam cansando e foi o que aconteceu com O Último Adeus. Juro que estava perto de desistir da leitura porque achava que a narrativa não iria oferecer nenhuma surpresa final, terminando da maneira mais simples e normal “do mundo”. Então, chega o momento em que Lex finaliza o seu diário e Buuuummmm! O leitor fica sabendo o motivo dela se culpar profundamente pela morte do irmão. As linhas finais de seu diário dedicadas ao ex-namorado Steven são emocionantes.

Entenderam o meu ponto de vista no início dessa postagem quando afirmei: “não sei o que escrever sobre o livro de Cynthia Hand”?    O Último Adeus tem momentos muito bons, mas também tem momentos desinteressantes; tem diálogos fantásticos, mas por outro lado, tem diálogos por demais descartáveis. Um mantra de altos e baixos que permeia toda a narrativa, até aquele final ‘do caramba’ quando a Lex encerra o seu diário e o entrega para Steven. Uhauuuu! Ufaaaa! Muito impactante e emocionante.

Acho que o “The End” do livro fez com que a gangorra parasse um pouco mais acima.

Foi isso.

Inté!

 

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