Holocausto

09 fevereiro 2019

Na minha estante de livros existem obras antigas pelas quais eu tenho um carinho enorme. Este carinho é plenamente justificado pelo prazer que aqueles enredos me proporcionaram há muitos anos atrás. Eles fizeram que eu chorasse, risse ou torcesse para determinados personagens. Enfim, esses livros fizeram parte de uma das melhores fases da minha vida de leitor: a pós-adolescência. Época em que eu era um rato de biblioteca onde ficava fuçando todas as estantes, maravilhado com tantas jóias raras ali expostas. Uma dessas jóias se chama “Holocausto” do escritor e jornalista americano, Gerald Green.
Lembro-me como se fosse hoje que nos meus 17 ou 18 anos – isto, antes dos anos 80 – ganhei da bibliotecária que trabalhava na Biblioteca Municipal de minha cidade, o livro de Green. Cara, não me pergunte como ganhei, só sei que ‘faturei’ o tal livro. Não me recordo se o livro era da dona Amélia, a bibliotecária, e ela me presenteou ou se a biblioteca tinha exemplares repetidos, sei lá, apenas ganhei.
Li o livro há quase 40 anos e a história me marcou tanto que acabei relendo outras vezes e, mesmo assim, há poucos dias, ‘bateu’ uma vontade enorme de relê-lo. Apesar de não ter o hábito de ler dois ou mais livros ao mesmo tempo, desta vez quebrei a rotina e juntei “Holocausto” à leitura de “Tempo de Matar” de John Grisham e “Mentirosos” de E. Lockhart. E graças à Deus, fui bem nessa maratona literária; sem nenhum nó na cabeça.
“Holocausto         “ mistura ficção e realidade de uma maneira perfeita. Green narra as atrocidades de um dos períodos mais tristes da história mundial através da saga de dois personagens fictícios: Rudi Weiss e Erik Dorf. O primeiro é o patriarca de uma família de judeus alemães e o segundo um
jovem advogado alemão que seduzido pelo poder, acaba ingressando na SS nazista, tornando-se um impiedoso criminoso de guerra.
Através de Weiss e Dorf, o autor reconstitui a escalada do nazismo – entre 1935 e 1945 – além do delírio expansionista de Hitler, a quase aniquilação da Europa sob os exércitos do Reich e o massacre de seis milhões de judeus
nos campos de extermínio.
Posso dizer que a ficção da obra se restringe apenas aos dois personagens e seus familiares, já que os fatos descritos pelo autor ganham o status de um documentário.
As descrições dos campos de concentração são tão realistas que muitas vezes temos que dar um tempo na leitura para ‘respirarmos’. O autor cita em detalhes as torturas horríveis a que eram submetidos os prisioneiros desses campos, considerados verdadeiras fábricas de matar pessoas. Os prisioneiros eram submetidos a espancamentos, estupros, experiências médicas terríveis e finalmente, mortes, muitas mortes.
Cara, os fatos narrados no livro ultrapassam os limites do que você pode imaginar da crueldade humana.
A releitura de Holocausto mexeu muito mais comigo agora, do que as primeiras vezes em que li o livro. Realmente, foram fatos que só uma mente insana, doentia e cruel como a de Hitler e seus subordinados poderia conceber.
A transformação do personagem Erik Dorf de bom moço em uma pessoa desumana, cruel e tirânica também mexe com os sentimentos do leitor e deixa evidente como a propaganda nazista tinha um enorme poder em mudar a opinião de muitos jovens alemães.
Uma curiosidade sobre o livro é que na realidade, “Holocausto” foi uma série de TV escrita por Green em 1977 e que somente um ano depois, ele decidiu adaptar o seu roteiro para um livro. A série de quatro episódios ganhou o Prêmio Emmy de “Séries Limitadas mais Marcantes”. 
“Holocausto” é um livro que recomendo para todos aqueles que quiserem conhecer um pouco mais sobre as atrocidades cometidas nos campos de concentração, além da escalada do nazismo.
Leitura hiper-válida.

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