Na minha estante de livros existem obras antigas pelas
quais eu tenho um carinho enorme. Este carinho é plenamente justificado pelo
prazer que aqueles enredos me proporcionaram há muitos anos atrás. Eles fizeram
que eu chorasse, risse ou torcesse para determinados personagens. Enfim, esses
livros fizeram parte de uma das melhores fases da minha vida de leitor: a pós-adolescência.
Época em que eu era um rato de biblioteca onde ficava fuçando todas as
estantes, maravilhado com tantas jóias raras ali expostas. Uma dessas jóias se
chama “Holocausto” do escritor e jornalista americano, Gerald Green.
Lembro-me como se fosse hoje que nos meus 17 ou 18
anos – isto, antes dos anos 80 – ganhei da bibliotecária que trabalhava na
Biblioteca Municipal de minha cidade, o livro de Green. Cara, não me pergunte
como ganhei, só sei que ‘faturei’ o tal livro. Não me recordo se o livro era da
dona Amélia, a bibliotecária, e ela me presenteou ou se a biblioteca tinha
exemplares repetidos, sei lá, apenas ganhei.
Li o livro há quase 40 anos e a história me marcou
tanto que acabei relendo outras vezes e, mesmo assim, há poucos dias, ‘bateu’
uma vontade enorme de relê-lo. Apesar de não ter o hábito de ler dois ou mais
livros ao mesmo tempo, desta vez quebrei a rotina e juntei “Holocausto” à
leitura de “Tempo de Matar” de John Grisham e “Mentirosos” de E. Lockhart. E
graças à Deus, fui bem nessa maratona literária; sem nenhum nó na cabeça.
“Holocausto “
mistura ficção e realidade de uma maneira perfeita. Green narra as atrocidades
de um dos períodos mais tristes da história mundial através da saga de dois
personagens fictícios: Rudi Weiss e Erik Dorf. O primeiro é o patriarca de uma
família de judeus alemães e o segundo um
jovem advogado alemão que seduzido pelo poder, acaba
ingressando na SS nazista, tornando-se um impiedoso criminoso de guerra.
Através de Weiss e Dorf, o autor reconstitui a
escalada do nazismo – entre 1935 e 1945 – além do delírio expansionista de
Hitler, a quase aniquilação da Europa sob os exércitos do Reich e o massacre de
seis milhões de judeus
nos campos de extermínio.
Posso dizer que a ficção da obra se restringe apenas
aos dois personagens e seus familiares, já que os fatos descritos pelo autor ganham
o status de um documentário.
As descrições dos campos de concentração são tão
realistas que muitas vezes temos que dar um tempo na leitura para ‘respirarmos’.
O autor cita em detalhes as torturas horríveis a que eram submetidos os
prisioneiros desses campos, considerados verdadeiras fábricas de matar pessoas.
Os prisioneiros eram submetidos a espancamentos, estupros, experiências médicas
terríveis e finalmente, mortes, muitas mortes.
Cara, os fatos narrados no livro ultrapassam os
limites do que você pode imaginar da crueldade humana.
A releitura de Holocausto mexeu muito mais comigo
agora, do que as primeiras vezes em que li o livro. Realmente, foram fatos que
só uma mente insana, doentia e cruel como a de Hitler e seus subordinados
poderia conceber.
A transformação do personagem Erik Dorf de bom moço em
uma pessoa desumana, cruel e tirânica também mexe com os sentimentos do leitor
e deixa evidente como a propaganda nazista tinha um enorme poder em mudar a
opinião de muitos jovens alemães.
Uma curiosidade sobre o livro é que na realidade,
“Holocausto” foi uma série de TV escrita por Green em 1977 e que somente um ano
depois, ele decidiu adaptar o seu roteiro para um livro. A série de quatro
episódios ganhou o Prêmio Emmy de “Séries Limitadas mais Marcantes”.
“Holocausto” é um livro que recomendo para todos
aqueles que quiserem conhecer um pouco mais sobre as atrocidades cometidas nos
campos de concentração, além da escalada do nazismo.
Leitura hiper-válida.
Um comentário
Olá! Foi por aí mesmo. Um dos períodos mais tristes da história mundial.
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