Ok galera, vou repetir o que já escrevi no post sobre
“O Príncipe da Névoa”. Anote aí: “Se você
leu “A Sombra do Vento”, “O Jogo do Anjo” ou “Marina” não vá com tanta sede ao
pote quando encarar “O Príncipe da Névoa”. Vá com calma, sem expectativas
exacerbadas. É fácil explicar esse chamado “pé no freio”, afinal de contas “A
Sombra do Vento” é considerada a obra máxima de Carlos Ruiz Zafón, escrita no
auge de sua carreira...”
Este mesmo trecho referente ao “Príncipe da Névoa” que
escrevi em 2014 vale também para “As Luzes de Setembro”, terceiro romance de
Zafon, ainda em início de carreira. Acredito que o estilo de escrita que
conquistou leitores em todo o mundo, consagrando Zafon como um dos autores mais
talentosos das últimas décadas, teve início com “Marina”, publicado
originalmente em 1999. Este livro também fecha o ciclo de romances direcionados
aos leitores adolescente que começou com
“O Príncipe da Névoa (1993), passando pelo “O Palácio da Meia Noite (1994), “As
Luzes de Setembro (1995) e finalmente encerrando com “Marina”. Depois desses
quatro livros juvenis, o escritor espanhol passou a publicar histórias para um
publico mais adulto. “A Sombra do Vento” foi a porta de entrada para esse novo
ciclo de escrita de Zafon, deixando evidente a sua evolução como autor. Nesta
nova fase teríamos ainda “O Jogo do Anjo” e “Prisioneiro do Céu”.
Sei que muitos leitores discordam do meu ponto de
vista, mas coloco “Marina” no mesmo nível de “A Sombra do Vento” e muito melhor
do que “O Jogo do Anjo”. Não posso dizer o mesmo sobre os três primeiros livros
do autor barcelonês. Eles são apenas razoáveis. Tem mistério? Sim. Tem terror?
Também. Tem suspense? Claro. Mas apesar dos seus três primeiros livros possuírem
todos os ingredientes que transformaram “A Sombra do Vento” e “Marina” em
leituras prazerosas, eles não conseguem decolar. Digamos que as obras dão
apenas um vôo rasante, nada mais que isso.
Não estou afirmando que “As Luzes de Setembro” seja
um livro ruim. Estou apenas alertando a galera que já leu “A Sombra do Vento”
que não espere encontrar um estilo semelhante. Vocês vão encontrar um Zafon
ainda tímido, mas mesmo assim, com qualidades.
Em alguns trechos a leitura de “As Luzes de Setembro”
fica um pouco arrastada, principalmente no início quando o autor ‘enrosca’ no
romance entre Irene e Ismael. O enredo só esquenta nos últimos capítulos quando
ganha um ritmo acelerado, com cara de filme de ação, suspense e terror. Tudo
misturado. Mas até chegar nesse ponto quando também virão revelações
importantes que esclarecerão o mistério inicial da trama, o leitor terá que ‘penar’
com o ritmo arrastado de várias páginas.
O enredo de “As Luzes de Setembro” se passa em 1937
quando Simone Sauvelle fica de repente viúva e abandona Paris junto com os
filhos Irene e Dorian. Eles se mudam para uma cidadezinha no litoral, e Simone
começa a trabalhar como governanta para Lazarus Jann, um fabricante de
brinquedos que mora, com a esposa doente, numa sinistra mansão chamada
Cravenmoore.
Tudo parece caminhar bem. Lazarus demonstra ser um
homem agradável, trata com consideração Simone e os filhos, a quem mostra os
estranhos seres mecânicos que criou: objetos bem-feitos que parecem poder se
mover por conta própria. Irene tem uma atração imediata por Ismael, o pescador
primo de Hannah, cozinheira da casa.
Todos estão animados com a nova vida quando
acontecimentos macabros e estranhas aparições perturbam a harmonia de
Cravenmoore: Hannah é encontrada morta, e uma sombra misteriosa toma conta da
propriedade. O que Irene, Dorian e Ismael não sabem, é que a fabrica de
brinquedos de Lazarus guarda um terrível segredo que precisa ser descoberto a
qualquer custo para salvarem a vida de Simone.
Enfim, o resumo da obra é esse aí.
“As Luzes de Setembro” é um livro razoável, apenas. Só
isso.
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