Cara, você já parou pra pensar como todos nós somos
uma metamorfose ambulante, como já dizia o velho Raul? Estava, aqui na solidão
do meu quarto, nesta terça de madruga, pensando em tudo o que eu gostava de
fazer na minha infância e hoje, literalmente, detesto. Vejam bem, não estou
falando de forte-apaches, joguinhos de botão com a foto de jogadores,
brincadeiras de esconde-esconde ou pula-pula. Não, nada disso. Estou me
referindo a coisas que podem ser comuns em qualquer momento de nossas vidas, ou
seja, algo que você curtiu demais em sua infância, mas também pode continuar
curtindo na adolescência, na fase adulta e finalmente na terceira idade. E nada
melhor do que carnaval e comida para explicar a metamorfose ambulante que
somos. Ok, vou explicar melhor, senão vocês vão pensar que eu ‘surtei legal’.
Aliás, vou explicar perguntando à vocês. Vamos lá. Me respondam os nomes de
alguns pratos que vocês adoravam na infância e até mesmo na adolescência, mas agora,
ao atingir a fase adulta não podem nem ver? Com relação ao carnaval, quantos
marmanjões ou ingressantes da terceira idade – assim, como eu – na época dos
seus 13, 14 ou 15 anos ficavam contavam nos dedos os dias que faltavam para a
chegada da festa de momo, mas agora... bem, desenvolveram tanta ojeriza a tal
‘bagunça’ verde e amarela que passaram a contar nos dedos os dias que restam
para a festa terminar.
No meu caso, com relação a comida, adorava ovo frito
com a gema molinha para poder pintar de amarelo o meu prato de arroz. Hoje,
fujo de ovo frito. Já o carnaval foi a minha grande paixão em duas fases de
minha vida: infância e adolescência, mas atualmente, não ‘desce’.
E foi graças à esse pensamento meio surreal que
pintou a idéia de preparar esse post. Pensei com os meus botões: “Talvez
existam muitos leitores que deixaram de curtir o carnaval de rua ou de salão,
mas não perderam o gosto pelos livros que ‘falem’ sobre a festa mais popular no
Brasil”.
Dessa maneira, decidi selecionar cinco livros sobre
o tema. Não li nenhum deles, por isso vou me eximir de fazer comentários
pessoais. Os meus critérios de escolha se basearam em comentários de
internautas que aprovaram as obras, além de algumas sinopses que achei...
digamos que sugestivas. Se bem que existem livros horrorosos e com sinopses
belíssimas, mas vamos pensar positivamente, pelo menos no caso dos livros
sugeridos nesse post. Vamos à eles.
01
– Ao Som do Samba – Uma Leitura do Carnaval Carioca (Walnice Nogueira Galvão)
Sinopse:
Pouco mais de um século antes de Oscar Niemeyer assinar o projeto arquitetônico
e urbanístico do sambódromo, o Carnaval já era a grande festa do Rio de
Janeiro. Era o grande êxtase anual, só que, imagine, ainda nem havia o samba, o
que tocara era o choro, a valsa e outros ritmos. Como atesta a professora
titular da USP e colunista do Estadão, Walnice Nogueira Galvão, 'de
divertimento proibido pela polícia no passado, a marca de identidade nacional
(...) muito chão foi palmilhado'. E toda essa trajetória do carnaval, com foco
na capital carioca, Walnice reconta com maestria em Ao som do samba - Uma
leitura do Carnaval carioca. No livro não faltam curiosidades, como o fato do
primeiro disco de samba ter sido gravado no mesmo ano que o primeiro disco de
jazz foi lançado: em 1917. De acordo com a autora, o surgimento da indústria fonográfica
foi essencial para a disseminação de músicas até então marginalizadas, como o
Tango de Buenos Aires, o jazz de New Orleans e o próprio samba. Com o
surgimento do disco, tais estilos caíram nas graças da cultura de massa e
conquistaram as classes dominantes.No caso do samba no Brasil, a voz, os
anseios, os amores e, sobretudo, a crítica social dos pobres, negros e mulatos
passaram a ser ouvidos pela classe média branca. A partir do momento que virou
hino do carnaval carioca, o gênero teve papel fundamental na convivência
saudável entre classes sociais distintas. Tanto que as escolas de samba
passaram a aceitar, em seus quadros, brancos e pessoas de fora da comunidade.
Os principais compositores de sambas e, inclusive, de marchinhas, também ganham
destaque na publicação: Noel Rosa, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Carmem
Miranda, Lamartine Babo, entre outros. Walnice narra toda a história com
detalhe, da fase mais romântica até virar uma grande indústria de mercado - com
players polêmicos, como os bicheiros-, passando pela Cidade Nova, Rua do
Ouvidor, rodas de samba, a oficialização dos concursos das escolas de samba em
1935, entre informações que poucos brasileiros conhecem sobre a grande festa. O
livro também inclui letras dos grandes clássicos, como 'O Samba de minha
Terra', composto por Dorival Caymmi em 1940, eternizada pelo trecho: 'quem não
gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé '...
Comentário:
Vi ótimas referências sobre esse livro nas redes sociais, por isso resolvi
abrir o post com ele. A obra escrita por Walnice Nogueira Galvão - crítica
literária, professora da Universidade de São Paulo (USP) e colunista do Estadão
– deve ser muito interessante porque conta toda a trajetória do carnaval
carioca, do seu nascimento aos tempos atuais. Os leitores terão a oportunidade
de descobrir como surgiu a primeira escola de samba carioca ou então, a origem
dos blocos carnavalescos, além de muitas curiosidades sobre a festa de momo no
Rio.
Informações
técnicas
Autora:
Walnice Nogueira Galvão
Editora:
Perseu Abramo
Páginas:
190
Tipo
de capa: brochura
Ano:
2009
02
– Almanaque do Carnaval (André Diniz)
Sinopse:
Quando Dodô e Osmar resolveram colocar caixas de som em cima de uma caminhonete
velha e sair pelas ruas de Salvador tocando uma espécie de frevo abaianado,
temperado com os acordes elétricos de suas guitarras, não imaginavam estar
inaugurando uma tradição no Carnaval da
Bahia. O trio elétrico arrasta hoje milhões de foliões. E não foi só em
Salvador que a festa de rua nos dias de Carnaval ganhou proporções tão gigantescas.
No Recife, o Galo da Madrugada atrai mais de um milhão e meio de pessoas, e está no livro dos recordes como o maior bloco carnavalesco do mundo. No Rio de Janeiro, o desfile no Sambódromo é televisionado para mais de 180 países - um espetáculo de alcance global.
No Almanaque do Carnaval, o historiador André Diniz conta como isso tudo começou, conduzindo o leitor em uma viagem no tempo. Mais do que uma história do Carnaval, o livro é uma história dos gêneros musicais identificados com essa festa: o samba, a marchinha, o frevo e o axé.
O leitor vai se deparar com canções, compositores e intérpretes que marcaram época e com os que ganham destaque na atualidade. São pequenas biografias, casos curiosos e informações sobre o contexto político, social e cultural de cada período. E o autor ainda aborda fenômenos de mercado como Ivete Sangalo e É o Tchan, rompendo as barreiras impostas pela crítica tradicional.
No Recife, o Galo da Madrugada atrai mais de um milhão e meio de pessoas, e está no livro dos recordes como o maior bloco carnavalesco do mundo. No Rio de Janeiro, o desfile no Sambódromo é televisionado para mais de 180 países - um espetáculo de alcance global.
No Almanaque do Carnaval, o historiador André Diniz conta como isso tudo começou, conduzindo o leitor em uma viagem no tempo. Mais do que uma história do Carnaval, o livro é uma história dos gêneros musicais identificados com essa festa: o samba, a marchinha, o frevo e o axé.
O leitor vai se deparar com canções, compositores e intérpretes que marcaram época e com os que ganham destaque na atualidade. São pequenas biografias, casos curiosos e informações sobre o contexto político, social e cultural de cada período. E o autor ainda aborda fenômenos de mercado como Ivete Sangalo e É o Tchan, rompendo as barreiras impostas pela crítica tradicional.
Comentário:
Cara, tem almanaque prá tudo nesta vida, não é mesmo? Pois é, e você ainda
acreditava que não iriam inventar um almanaque para o carnaval?? Vendo a
sinopse da editora Zahar, o que achei interessante nessa obra do historiador
André Diniz é que ela explica a origem dos trios elétricos que tornaram-se a
essência do tradicional carnaval de Salvador. Outro detalhe interessante é que
o livro traz mais de 120 imagens,
uma breve discografia comentada, indicações de livros e filmes sobre carnaval,
além de uma pequena cronologia da festa de momo. O ponto negativo fica para a
desatualização de alguns temas tratados, como aquele em que o autor aborda os
grandes fenômenos do mercado fonográfico, revelando curiosidades interessantes sobre
cantores de axé. Como o livro foi escrito em 2008, vários cantores e grupos do
gênero que fizeram sucesso naquela época, hoje nem mais existem ou então estão
fora da mídia; exemplo disso é o Tchan.
Informações
técnicas
Autor:
André Diniz
Editora:
Zahar
Páginas:
272
Tipo
de capa: brochura
Ano:
2008
03
– Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro (Felipe Ferreira)
Sinopse: Anotem a sinopse fornecida pela Ediouro,
responsável pela publicação do livro; mas fiquem espertos porque até agora não
vi nenhuma editora na face da terra falar mal de um livro que está saindo de
seu prelo. Portanto, fiquem escaldados com tanta ‘derramação’ de seda. Em todo
o caso, segura aí: ‘Quando confetes e serpentinas colorem ruas e salões e a
bateria arrepia até quem não é muito de samba, está em cena a maior festa
popular do mundo. Assim o Carnaval brasileiro é conhecido nos quatro cantos do
planeta. Entretanto, paralelamente à alegria e à descontração dessa festança,
existe uma bela história até então pouco abordada pelo mercado editorial
brasileiro. Para preencher essa lacuna, chega às livrarias, pela Ediouro, O
Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro, de Felipe Ferreira – um dos mais
renomados pesquisadores da cultura popular brasileira e autor de diversos
artigos sobre Carnaval. Produto de anos de pesquisa, a obra é uma visão inédita
e contemporânea do Carnaval brasileiro, capaz de expressar muito do que fomos,
somos e seremos. "Painel primoroso sobre a festa que, apesar de usar e
abusar dos tons dourados, até hoje não tinha um livro de ouro", afirma a
estudiosa da sociologia do Carnaval Marília Trindade Barboza. Além das centenas
de fotos e ilustrações, o que faz de O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro um
grande lançamento é a ousadia de seu autor. Felipe Ferreira apresenta uma
abordagem bastante original da história do Carnaval brasileiro, sem repetir os
lugares-comuns de um roteiro de datas e acontecimentos lineares. Os dados
factuais deixam de ser o eixo da narrativa, para servirem de exemplos das
intrincadas relações de interesse envolvidos na elaboração da idéia de Carnaval
no país. "Usando a técnica de movimentar a história dialeticamente entre o
passado e o presente, o texto flui com leveza e não deixa o leitor perder o fio
dos fatos e dos acontecimentos, tão bem encadeados que estão", diz Hiram
Araújo no prefácio. Na primeira parte do livro, que traça a rota das festas carnavalescas
anteriores ao Carnaval brasileiro, Felipe Ferreira situa as celebrações dos
povos antigos como acontecimentos independentes do que hoje conhecemos como
Carnaval. Procurando captar a história do Carnaval brasileiro em uma versão
ainda não vista, o autor chega ao final da década de 1930 demonstrando que a
festa está em constante mutação e explicando como as escolas de samba assumiram
o lugar de principais protagonistas. A abordagem da folia contemporânea retoma
a idéia de um Carnaval plural, aberto a influências e a novas tendências, tais
quais as novas mídias e a fragmentação pós-moderna. Quando surgiu o Carnaval? O
samba nasceu no Rio de Janeiro ou na Bahia? Por que o morro da Mangueira ficou
tão famoso? Como foram os primeiros bailes no Brasil? O frevo pernambucano é
negro ou branco? Os trios elétricos vieram do Recife ou de Salvador? As
respostas para essas e outras perguntas estão em O Livro de Ouro do Carnaval
Brasileiro. Ao terminar a leitura, ficará mais fácil concordar com Dorival
Caymmi, que eternizou os versos "Quem não gosta de samba, bom sujeito não
é’.
Comentário:
Viu
só quanto blá-blá-blá na sinopse fornecida pela editora? Bem, foi por causa
desse blá-blá-blá subliminar - que acaba hipnotizando os leitores - que optei
por fazer uma pesquisa mais profunda sobre esse livro. Prá começar, ele faz
parte daquela ‘hiper-popular’ coleção denominada “Livros de Ouro” lançadas pelo
Ediouro. Olha galera, prá ser sincero tem livro de ouro que fala até de
campeonato de bolinha de gude. Muitas dessas obras são puro lixo que nem
merecem uma leitura. Juro que excomunguei a Ediouro muitas vezes por causa
dessa coleção – O “Livro de Ouro Mistérios da Antiguidade” que me mil vezes me
valha, mas também tive orgasmos literários maravilhosos com outros livros, entre
os quais, “O Livro de Ouro da Mitologia: História de Deuses e Heróis”, de
Thomas Bulfinch.
Portanto, a aquisição de livros dessa coleção é uma
verdadeira caixinha de surpresas. Tanto pode ‘cair’ em suas mãos um ‘bagulhaço’
como, também, uma obra-prima. Quanto ao “O Livro de Ouro do Carnaval
Brasileiro”, vai saber em qual categoria se encaixa... No meu caso, não estou
com muita disposição pra descobrir, já que tenho outras leituras preferenciais
na minha exagerada listinha literária.
Informações
técnicas
Autor:
Felipe Ferreira
Editora:
Ediouro
Páginas:
424
Tipo
de capa: brochura
Ano:
2005
04
– Carnaval (João Gabriel de Lima)
Sinopse:
Pedro, um paulista cansado de sua monótona rotina como dono de locadora de
DVDs, decide passar o carnaval no Rio atrás da amante, uam chef famosa. Ao
caminhar pela cidade ensolarada, misturar-se aos blocos de uma Zona Sul em
festa e descobrir os personagens de uma Lapa renascida, Pedro acaba encontrando
também um novo roteiro para sua vida.
A jornada carnavalesca de Pedro evoca a vertigem de Depois
de Horas, filme de Martin Scorsese. Num estilo que remete à prosa de
Borges, João Gabriel de Lima faz de Carnaval um romance sobre
encontros, desencontros, mas, antes de tudo, sobre o poder mágico da criação. O
leitor vê-se convidado para um instigante jogo: afinal, o que é fruto da
imaginação desse narrador viciado em filmes e o que é realidade?
Comentário:
Caraca, porque a editora tinha que citar nessa sinopse o filme “Depois de
Horas”?!! Mêo! A produção cinematográfica do Scorsese é fantasticamente genial!
Marcou toda a minha geração. Até hoje me lembro do primeiro nome do personagem
– pelo menos do primeiro nome – Paul “Qualquer Coisa”, o sobrenome,
desculpe-me, mas não me recordo. Na época em que o filme foi produzido (1985),
o lance de internet, e-mail, facebook, twitter e Cia Ltda ainda estavam longe
de ‘vingarem’, então numa noite solitária – meio que sem ter o que fazer, Paul
resolve dar uma voltinha noturna para se encontrar com uma garota num bairro
distante onde as pessoas não parecem ser o que são. Resultado: o protagonista
vê-se encurralado no tal bairro, hiper distante do centro, sem ninguém com quem
contar, visto que todas as pessoas que conhecem se revelam outra pessoa
completamente diferente. Ooh! Ooh! Ooh! O final então é ‘surrealisticamente’
inesquecível.
Bem, só posso dizer que se a odisséia de Pedro for,
pelo menos, ‘uns’ 10 por cento semelhante a de Paul, já valerá a leitura da
obra de Lima.
Depois de tudo isso, estou pensando seriamente em
arriscar e compra o livro.
Vamos ver...
Informações
técnicas
Autor:
João Gabriel de Lima
Editora:
Objetiva
Páginas:
132
Tipo
de capa: brochura
Ano:
2006
05
– Histórias do Samba – De João da Baiana a Zeca Pagodinho (Marcos Alvito)
Sinopse:
O
livro apresenta a história do samba, suas personalidades mais marcantes e
curiosidades de uma forma bem-humorada e com várias surpresas!
Dividida em cem histórias variadas, que não estão em
ordem cronológicas – assim o leitor pode ler como preferir -, a obra busca
envolver o leitor contando a vida de personalidades renomadas do samba e a
origem de seus grandes clássicos.
Comentário:
Pelo o que eu pesquisei, o livro de Alvito conta curiosidades engraçadas
envolvendo grandes sambistas; todas elas relacionadas com o carnaval. Acho que
o Zeca Pagodinho deve ter várias passagens (rs).
O livro agradou grande parte da crítica literária
que aprovou a obra. Prova disso foi uma matéria especial publicada pelo Jornal
O Globo, do Rio, em 2013, colocando “História do Samba” no céu.
Mas o livro não fica enroscado apenas nas histórias
engraçadas envolvendo sambistas conhecidos. Ele também traz momentos curiosos
sobre esse estilo musical, como a história envolvendo o Barão de Rio Branco que
morreu
nas vésperas da folia e o governo, por isso, chamou todos os presidentes de
blocos para informar da decisão tomada de transferir a festa para abril. A
notícia foi bem recebida por todos e não se falou mais nisso. Até que na
sexta-feira que originalmente antecederia o carnaval todos os blocos ignoraram
a mudança de data e saíram para as ruas festejar. Como o governo já tinha
armado tudo para a folia ocorrer em abril, naquele ano a população pulou
carnaval duas vezes.
E aí? Quer arriscar dar uma ‘lidinha’?
Informações
técnicas
Autor:
Marcos Alvito
Editora:
Matrix
Páginas:
136
Tipo
de capa: brochura
Ano:
2012
Por hoje é só. Espero que tenham gostado!
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