Por culpa de “A Culpa é das Estrelas” levei a maior
bronca de uma banca de mestres na mesa de um bar. Deixe-me explicar melhor. Um
dia desses, quando estive em Bauru, após resolver alguns probleminhas
particulares, decidi parar em uma lanchonete para se deliciar com uma ‘loira
gelada’. Como iria retornar para a minha cidade só no dia seguinte, poderia me
deleitar, sem medo, nos braços suaves e sedosos dessa loira gostosa. Afinal de
contas, o dono da lanchonete não tinha o hábito de usar o bafômetro para medir
o nível alcoólico dos seus clientes.
Bem, eu estava na mesa quando chegaram numa
‘cacetada só’ quatro professores com os quais tive o privilégio de conviver nos
meus tempos de Unesp: a Sonia que leciona Semiótica; o Leonardo, grande mestre
em Literatura; o Jorge, ‘super-fera’ em Economia e o Magno que acabou se
aposentando, mas nos tempos áureos era o bam-bam-bam da temível – pelo menos
para mim – Estatística. Estes professores tinham algo em comum: só apreciavam
livros técnicos, principalmente a Sonia, tendo ojeriza aos chamados BestSeller,
os quais qualificavam como pura perda de tempo e atraso do desenvolvimento
intelectual.
Pois é, após a chegada dos estimados mestres,
começamos a bater um papo descontraído quando pintou o assunto cinema. De
repente, o Magno dispara a bomba: “- Fui assistir ao filme baseado na obra do
Green”. Bummmmm!! Cara! O Magno dizendo aquilo! Mêo, fiquei completamente sem
ação. Então, ele me pergunta se gostei do livro. –“Achei água com açúcar”,
respondi. Então, inesperadamente chega voando um novo petardo disparado pela
Sônia: - “Como?! Água com açúcar?! Ou você dormiu durante o filme ou não
entendeu nada do livro. A história é demais!” Bummm!!! Catapruummm!! Pôoooo!!
Smashhhh!! Caraca!! A Sônia que abomina livros e filmes de meros mortais disse
isso?! Galera, foi como se eu estivesse na Faixa de Gaza no epicentro de um
ataque.
Fiz questão de relatar esse encontro surreal com os
meus ex-professores para que vocês vejam como “A Culpa é das Estrelas”, tanto
livro quanto filme, fizeram a cabeça dos mais variados níveis intelectuais: do
letrado ao iletrado. Nem mesmo a Super-Sonia da Semiótica escapou. Por isso,
talvez, esse post possa fazer com que eu me torne um vilão de muitos leitores
que assistiram, leram e amaram a história. Mas no meu caso, confesso que não
deu... Não estou afirmando que o livro é ruim; o que estou dizendo
escrevendo é que a história do John Green é água com açúcar e daquelas bem
adoçadinha como muitos outros romances sentimentais.
Tá certo... tá certo... estou ciente da briga que
estou comprando com os fãs de Hazel e Gus; mas estou sendo sincero como sempre
fui nesse espaço. “A Culpa é das Estrelas” não vale todos os elogios que o
colocaram no patamar de melhor livro do gênero já escrito até agora. Pêra aí
gente, vamos com calma. Com certeza, “Marina” do escritor espanhol, Carlos Ruiz
Zafon é muito melhor e apesar disso, não
recebeu nem metade dos elogios da obra de Green.
Zafon criou uma história de amor dôce, mas não
melada e com momentos de tensão e mistério. As reviravoltas na trama são
constantes deixando o leitor com aquele quê de ‘queixo caído’ a cada final de
capítulo. Cara, nunca torci tanto para um casal como fiz por Oscar e Marina. E
no final do livro, mêo, não agüentei... chorei e chorei... foi muita emoção.
Zafon faz uma revelação final que surpreende o mais prevenido dos leitores;
algo que você jamais esperava.
Desculpem-me galera, sei que não estou aqui para
escrever sobre “Marina”, mas como essa história me emocionou demais, acabei
tomando-a por parâmetro quando tenho que analisar qualquer outra obra do
gênero. E para mim, “A Culpa é das Estrelas” é por demais inferior.
O livro de Green é um “Love Story” modernizado,
daqueles que você lê ou assiste, derrama algumas lágrimas ou pelo menos tenta e
depois esquece. Green conta a história de Hazel, uma adolescente com câncer na tireóide, com
metástase nos pulmões. Resumindo: uma paciente terminal. Devido a descoberta de
um medicamento experimental, os médicos lhe dão mais alguns poucos anos de
vida. Hazel começa a freqüentar um Grupo de Apoio à Crianças com Câncer onde
conhece um garoto bonito chamado Augustus Waters, ou simplesmente Gus. A partir
daí nasce a história de um amor impossível, um amor com os dias contados, seguindo
a mesma premissa de “Love Story”.
Achei o relacionamento de Hazel e Gus rápido demais.
Mal eles se conhecem no grupo de apoio e já estão namorando. Cara, a Hazel logo
no primeiro encontro já entra no carro do garoto e se debanda para a sua casa.
Tudo bem que os pais de Gus estavam lá, mas achei a situação muito forçada.
Parecia que o autor queria unir logo o casal para dar início ao drama dos dois.
Outra falha é que não rolou nenhum conflito entre
eles. Hazel e Gus se davam maravilhosamente, apaixonadamente, incomparavelmente
bem e cá entre nós, chega determinada hora que esse relacionamento do tipo “Jamais
quero te perder” enche o saco. Para completar a muvuca melada, os familiares do
casal adolescente se davam hiper bem e apoiavam o relacionamento dos seus
respectivos filhos. Os conflitos se restringiam a Hazel e sua mãe e relacionados
diretamente à doença da garota. Quanto ao relacionamento do casal: tudo paz e
amor.
Entonce entra na jogada o livro “Uma Aflição
Imperial” de um tal Peter Van Houten. Aí meu amigo, a ‘coisa’ fica pior ainda.
Explicando melhor: O sonho de Hazel era conhecer o final (que ficou em aberto) de
“Uma Aflição Imperial” – o qual considerava como uma verdadeira Bíblia -
escrito pelo recluso Van Houten, que ela também endeusava. E lá se vai Hazel e
Gus para o outro lado do mundo atrás do famoso escritor. Esta parte em que a
protagonista tenta descobrir o final do livro encheu o saco. Fiz força para
continuar a leitura.
Com relação a Van Houten, esperava uma redenção de
sua parte, assim como – guardada as devidas proporções - aconteceu com Batman
em “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”. O morcegão ficou por baixo, todo
quebrado, arrebentado, mas depois deu a volta por cima. Com Van Houten, isso
não acontece.
O que funcionou no livro, depois de várias e várias
páginas, foi a reviravolta envolvendo o personagem Gus. A partir desse momento,
talvez o leitor tenha que apelar para o lencinho e enxugar algumas lágrimas. Eu
disse talvez.
Para não disser que achei tudo “down”, lembro que “A
Culpa é das Estrelas” arrancou-me algumas risadas gostosas. As ‘tiradas’ de Gus
e Isaac, um personagem do grupo de apoio que acabou ficando cego, são muito
boas. As passagens em que Isaac quebra todos os troféus da coleção de Gus quando
descobre que ficará cego e depois, na sequência, para se vingar da namorada que
o deixou, se apodera de alguns ovos e tenta atirá-los no carro da ex são
impagáveis.
Enfim, “A Culpa é das Estrela” não passa de um livro
apenas regular (não mais do que isso) e que, sinceramente, não merecia o status
de ‘melhor dos melhores’.
5 comentários
Melação demais é um saco mesmo. Não vi o filme e nem li o livro, mas creio que um comentário do meu irmão, que foi ver o filme no cinema com a namorada sintetiza bem o seu texto. Eu perguntei pra ele se era bom e ele respondeu:
ResponderExcluir- Não é ruim, mas é um puta filminho de mulher...
Bom um livro qualquer, como todos os outros livros adolescentes, alem do mais achei muito rapido a forma como eles se conhecem, o cara pergunta pra menina se ela quer assistir um filme com ele e ela aceita, que universo paralelo elea vivem? Enfim o livro nao e tao emocionante assim e so um pouco engraçado, fico imaginando o porquê dele ser tao adorado assim.
ResponderExcluirAugusto, emprestei a frase de seu irmão e a usei lá na redação do jornal - a maioria jornalistas mulheres - tive que me esconder dentro do armário, quase fui linchado á sapatadas. Eheheheh....
ExcluirHelysson, vc tem razão, abordei esse detalhe no post. O relacionamento entre Hazel e Gus que passou do 'lance' amizade-namoro foi tipo "vapt-vupt". Rápido demais. O autor acabou destruindo parte da 'química' entre o casal. Em certos momentos esse relacionamento ficava muito artificial.
Dois grandes abraços aos dois!
Pô Jam juro que discordo hahaha E pouco discordo de suas preferencias pelo q vejo por aqui.
Excluirentendo o que é contrariar uma multidão de fãs (quase fu apredrejada ao sair de Malévola e afirmar que não tinha gostado), mas preferi o das Estrelas à Marina. Aliás achei Marina o pior livro de Zafon, que amo de paixão e sigo desde A Sombra do Vento...o cara eh top
Logico q nao é nenhuma obra genial, mas achei bem criativa e bem escrita... É pro p;ublico YA e me cativou.
Acho que a época eu lemos um livro reflete imensamente no jeito em que o vemos.
Tudo uma questão de quem vê...
abraço e novamente adoro o blog
Thanks Manu,
ExcluirComo já alertei, com certeza, serei minoria por aqui; já que o livro de Green conquistou até mesmo os meus mestres 'ultra pragmáticos' (rs)
Abc!