O Afegão

16 junho 2017
Decepcionante. Após ter devorado “O Dia do Chacal” e “O Dossiê Odessa” fui com tanta sede ao pote que me estrepei; e por inteiro. Queria ter encontrado o mesmo Frederick Forsyth dos outros dois romances fenomenais. Talvez por isso, a minha decepção tenha sido incomensurável.
Acredito que uma das qualidades de Forsyth que falta para a maioria dos outros autores é criar um enredo com inúmeras tramas paralelas e distintas  que não se perdem durante todo o desenrolar da história e que se unem num final surpreendente. Este estilo de escrita que muitos escritores famosos e endeusados pela crítica não conhecem, sobra em Forsyth. Por isso, mergulhei de cabeça em “O Afegão” que não tinha nenhuma dessas qualidades.
Enquanto “O Dia do Chacal” prende o leitor, deixando-o desesperadamente impaciente para saber o que acontecerá com alguns personagens, em “O Afegão” a obviedade é latente. A história não passa de uma aventura morna e pior: com personagens nada carismáticos. A trama, literalmente, se arrasta do início ao fim.
Acredito que a pior coisa que pode acontecer com o enredo de um romance é a tal da obviedade, que eu disse acima, ou seja, a trama é tão escancarada que você já sabe o que vai rolar no início, no meio e no final da trama. E foi esse desastre que aconteceu em “O Afegão”.
Na trama, os serviços de inteligência inglês e norte-americano acabam de receber uma informação bombástica de que um atentado terrorista da rede al-Qaeda está perto de acontecer. Não há pistas de quando, onde e nem por quem. As autoridades de segurança não possuem fontes dentro da organização de Osama Bin Laden; então alguém tem a idéia de infiltrar na rede terrorista, Mike Martin, um veterano coronel britânico. Ele tentará se passar por Izmat Khan, alto oficial afegão do Talibã, prisioneiro há cinco anos em Guantánamo.
Martin foi nascido e criado no Iraque o que facilitaria a sua transformação em um talibã. Assim, numa tentativa de evitar o desastroso ataque, os serviços de inteligência tentarão aquilo que ninguém jamais imaginaria: fazer Mike Martin se passar por Izmar Khan.
O curioso é que a idéia inicial de Forsyth foi fantástica e tinha tudo para se transformar num bestseller, mas o tiro acabou saindo pela culatra.

Infelizmente.

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