“Inferno”: As diferenças gritantes entre livro e filme

05 janeiro 2017
Quando confirmaram que, de fato, haveria a adaptação cinematográfica de “Inferno”  do grande Dan Brown, juro que fiquei piradão, loucaço, fora de mim! Cara, comecei a delirar com os meus botões: - Drª Siena Brooks, finalmente poderei vê-la em ‘carne e osso’. – Era delírio, mesmo! Tudo porque me apaixonei pela personagem criada por Brown. C-a-r-a-c-a, que mulher! E não só pela sua casca – muito bonita, aliás – mas também pelas suas atitudes, coragem e personalidade. Caramba, qual atriz seria a eleita? Qual delas teria a honra de interpretar a loiríssima médica que costuma amarrar os seus cabelos no formato rabo de cavalo?
Adrenalina, hormônios, enfim, expectativas a mil. Entonce, vem a confirmação da atriz que vestiria a ‘roupa’ da personagem. PQP!!!! %$#*&¨%$#@!%& e mais outra enxurrada de palavrões que não posso ‘soltar’ nesse post. Fiquei fulo da vida com o nome escolhido. Fulíssimo. Mêo, foi a pior das piores escolhas! Entendam que eu não estou questionando o talento de Felicity Jones, pelo contrário; trata-se de uma atriz muito competente e que já mostrou o seu valor em “Teoria de Tudo” onde a sua Jane Hawking chegou a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz; mas... no caso de “Inferno” a escolha foi infeliz. Ela não tem nada a ver com a Drª Brooks do livro.
Pensei que o meu inconformismo ficaria, pelo menos, um centímetro aplacado após assistir ao filme. Piorou! A Siena Brooks de Jones é triste de se ver. Pra ser sincero, dói a alma. Como não bastasse essa incompatibilidade ‘atriz-personagem’, o diretor Ron Howard e os roteiristas que adaptaram o livro de Brown, simplesmente mataram a história fantástica das páginas.
Por ter gostado tanto da obra literária resolvi escrever esse post, apontando as diferenças gritantes entre livro e filme. Antes de tudo, é bom avisar aqueles que ainda não leram o livro ou assistiram ao filme, que esse texto está repleto de spoilers brabíssimos que podem estragar o prazer de alguns. Por isso, leiam por sua conta e risco. Bem, vamos as diferenças, começando pela personagem principal.
01 – Cadê o meu rabo de cavalo?
A Sienna Brooks do livro é hiper-loira e tem o hábito de prender os seus cabelos num rabo de cavalo, tanto que Brown a descreve como “a loira de rabo de cavalo”. Anote outro detalhe importante: esse cabelo, na realidade, é uma peruca já que a médica é careca. Verdade! Ela sofre de uma espécie de alopecia relacionada ao estresse. Cara, achei esse mote criado pelo autor fantástico, foi uma carta que ele guardou na manga para derrubar o queixo dos leitores. Enquanto isso, a Sienna vivida por Felicity Jones é morena, tem os cabelos soltos e não sofre de alopecia nervosa, em conseqüência disso, não é careca. Putz!
Felicity Jones como Sienna Brooks
02 – Sienna do bem x Sienna do mal
Mas não foram apenas as características físicas da personagem que foram alteradas; as atitudes, também. A Drª Sienna das telas concorda cegamente com os métodos radicais de Bertrand Zobrist - seu mentor/namorado - que planeja reduzir a população mundial, antes que o planeta terra entre em colapso. No livro, a médica é da ‘turma do bem’. Apesar de entender as preocupações de seu mentor com o futuro da humanidade, ela discorda dos seus métodos radicais que contem altas doses de terrorismo. Por isso, a Sienna das páginas decide se unir com a Drª Elizabeth Sinskey, diretora da Organização Mundial de Saúde (OMS), para encontrar uma saída para o problema causado pelo seu mentor. A moça também não trai Robert Langdon como fêz a sua cópia das telas; pelo contrário, ela ajuda o simbologista de Harvard a encontrar o vírus letal.
03 – Cabelos prateados e espetados
Voltamos a falar escrever sobre o visual da mulherada de “Inferno”. Visual, aliás, que o diretor Howard insistiu em mudar, para pior. Duas personagens importantes da trama de Brown foram metamorfoseadas de uma maneira, digamos... infeliz. No livro, Langdon se refere a Drª Elizabeth Sinskey como “a mulher de longos cabelos prateados”. Tá bom. Quer saber no filme? Castanhíssimos! E sem nenhum fiozinho branco. O que convenhamos, é bem estranho para uma personagem que nas telonas tem aproximadamente 60 anos de idade.
Quanto a Vayentha, a agente da misteriosa da organização “O Consórcio” que persegue Langdon durante boa parte da trama, manteve a cor de sua pele, mas os cabelos, mudaram da água para o vinho. Brown compôs uma personagem de cabeleira espetada, com uma imagem punk, já no cinema, a garota é mais discreta, mantendo os cabelos
lisos e presos penteados para baixo.
Vayentha
04 – Onde estão Christoph Bruder e Jonathan Ferris?
Logo no início do livro, o leitor é apresentado a Christoph Bruder, agente do setor de Suporte ao Monitoramento e Crise (SMI) que dá apoio a Organização Mundial de Saúde na caçada a Langdon.  Bruder é um verdadeiro Buldog que não dá folga para Langdon seguindo incansavelmente os seus passos. No final, ambos passam a trabalhar juntos para impedir a disseminação do vírus.
Em determinado capítulo da história, surge numa igreja, em Florença, um sujeito chamado Jonathan Ferris que se identifica como um representante da OMS. Ele se oferece para patrocinar a viagem de Langdon e Sienna para Veneza. O casal de protagonistas descobre que Ferris está contaminado com o vírus criado por Zobrist. Nas páginas finais do livro se descobre que o cara trabalhava para o “Consórcio” e tinha por objetivo proteger Langdon e Sienna de seus perseguidores.
Ok, Ok, mas... onde estão esses dois personagens no filme? É simples, amigo. Eles não estão! Bruder e Ferris foram incorporados num só homem chamado Christoph Bouchard (Omar Sy), cujo objetivo é se apossar do vírus para comercializá-lo no mercado negro. Para isso, ele se aproxima de Langdon e Sienna, finge que os estão ajudando a fugir de seus algozes, mas acaba dando o bote e seqüestrando o professor de simbologia. Mediante ameaças de morte, Bouchard tenta obrigar Langdon a revelar o local onde  se encontra o tão famoso e perigoso vírus. Ehehehehe.... acho que o diretor do filme soltou a pérola: - Prá que perder grana e tempo com dois personagens secundários? Vamos juntar esses dois num só! Resultado:  Howard conseguiu transformar dois personagens interessantes em um único personagem babaca. Uma pena.
Um caso antigo de Langdon
Drª Elizabeth Sinskey
Uhauuuu!!! O tão respeitoso e discreto professor da Universidade de Harvard teve um caso caliente no passado. Podem acreditar!! Bem... pelo menos no filme, isso aconteceu. Na produção cinematográfica Robert Langdon e Elisabeth Sinskey viveram no passado uma tumultuada, mas apaixonada, relação. Cada troca de olhares entre os dois deixa evidente aquela chama que ainda está acessa no fundo dos seus corações. Eles revelam que possuíam uma história de amor antiga que só foi interrompida porque Sinskey decidiu investir em sua carreira profissional, aceitando um cargo importante na OMS. Já no livro, a relação entre os dois personagens  é apenas de amizade e admiração mutua. Nada de olhares apaixonados e recordações fogosas.
Final diferente
O plot de livro e filme são os mesmos com Sienna Brooks se revelando amante de Bertrand Zobrist e tramando localizar o vírus por conta própria, utilizando para isso a colaboração de Robert Langdon, que por sua vez, nem desconfiava das intenções da médica. Quanto ao desfecho: bem diferentes um do outro.
No enredo de Brown, Sienna apóia a causa de Zobrist que deseja combater a superpopulação mundial, mas muda de idéia quando descobre quais são os métodos radicais que o cientista decide empregar: criar um vírus que deixaria um terço da população estéril. Ela tenta evitar a propagação, mas acaba descobrindo que o patógeno havia sido liberado dias antes. Após abrir o jogo, pede desculpas a Langdon; o professor aceita e ela ganha anistia de seus crimes. Arrependida, Brooks se dispõe a ajudar Elizabeth Sinksey a lidar com as consequências do vírus diante da OMS.
Na versão cinematográfica, Sienna trai a confiança de Langdon e o abandona em Veneza quando descobre que o vírus está escondido em Istambul. Obcecada pela idéia, resolve levar adiante a causa sinistra de Zobrist, tentando liberar o vírus por conta própria. Após um confronto com Langdon, os agentes da SMI e o Diretor do Consórcio, ela acaba morrendo durante a ação.
Quando ao ‘poder de fogo’ do vírus, no final do filme, tudo fica no ar, ou seja, o cinéfilo não sabe se a criação de Zobrist causa esterilidade ou a dizimação da população.

Cá entre nós, gostei muuuuuito mais do livro. Mil anos-luz! 

8 comentários

  1. concordo totalmente com você!! vi o filme esses dias e fiquei intrigado, pois fazia tempo que li o livro então eu pensei : tem coisa muito errada aqui! não lembrava o que,além claro do físico das personagens isso eu lembrava,e faz muita falta pois é uma das melhores qualidades do brown , deixar o leitor marcado pelos personagens através de características físicas marcantes,roupas e acessórios(li todos os livros),mas o final eu sabia que tava diferente,só não lembrava,aí dei uma pesquisada e achei seu blog, muito bom resumo,parabéns, não gostei do filme por ter alterado muito,é o mais fraco de todos,mas gostaria de ver adaptado o simbolo perdido,achei o livro sensacional e com robert langdon daria um bom filme,claro se não mudassem tanto como fizeram em inferno, e você gostaria de ver o simbolo em filme também?

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    1. Tiago, de fato, com relação a "Inferno" tanto a composição dos personagens quanto a conclusão da história, tem diferenças gritantes entre livro e filme. No que tange ao "Simbolo Perdido" gostaria, sim, de ver uma adaptação cinematográfica, apesar de não ter gostado tanto do livro.
      Grande abraço!

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  2. Nem fala, fiquei frustradissimo vom esse filme. Pior adaptação da história. Estragaram o livro, ficou uma porcaria completa. De final mirabolante e inovador pra um clichezinho felizes para sempre hoolywoodiano

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    1. De fato Pedro, o desfecho do livro é muito mais instigante. A mudança no enredo não deu certo. Grande furo do cara que adaptou o roteiro.

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  3. Cara, to postando esse comentário pelo email do meu pai kkkkk, enfim, fiquei frustrada com o final, gostei tanto da versão do livro em que já havia sido liberado uma semana antes! achei vacilo do roteirista isso aí, mas sobre não especificar se era um patógeno de esterilização ou de dizimação, pelo menos da versão dublada (que foi a que eu assisti), a dra. Sinskey cita bem brevemente que é esterilizante enquanto está no avião com langdon indo para istanbul, se não tiver prestando tanta atenção, creio que escapa a quem assiste.

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    1. William, realmente os dois finais não se comparam. O desfecho do filme perdeu todo o sentido.

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  4. versão LEGENDADA* errei no comentário rssrs

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  5. Cara faz uns 5 meses q terminei de ler o livro(já li outros 3 d braw) e achei o filme bom para quem nunca leu o livro mas para mim q li foi uma decepção.tiraram toda a magia q criamos dos personagens,somente o prof langdon foi mantido e isso por causa do código da Vinci(O melhor livro q já li) e anjos e demônios. É ainda assim erraram quanto ao relógio pois se não me engano no livro ele recebe de volta na recepção do hospital.

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