Escritores fazem ‘vaquinha virtual’ para publicar “As Crônicas de Miramar – O Segredo do Camafeu de Prata”

29 abril 2015
Ao abrir os emails do meu blog – como faço todas as noites ou madrugadas – deparei-me com uma ‘carta virtual’ muito atípica, mas também interessante e que chamou a minha atenção. Ela havia sido enviada por dois escritores paranaenses que tiveram duas idéias muito malucas, cara... Malucas não; doidas mesmo, mas pra lá de doidas. Quando terminei de ler o e-mail fiquei assim meio que pasmado, mas depois, aos poucos, fui analisando a proposta dos caras e percebi que atrás daquela maluquice toda havia um toque de gênio.
Flávio St James e Wemerson Damásio decidiram escrever um livro onde os personagens centrais são jovens com super poderes, ou falando escrevendo abertamente: um romance com super-heróis brasileiros! Do tipo mutantes! Aliás o fio condutor da história lembra muito a saga dos X-Men. Confiram só um pequeno trecho e respondam se estou ou não com a razão: “Miramar é um lugar que ninguém sabe exatamente onde fica. Perdido entre as montanhas, com uma entrada escondida e aparentemente sem saída, o lugar é comandado por uma mulher misteriosa e abriga uma escola de treinamento para jovens com habilidades especiais”. Diz aí; lembra ou não os famosos mutantes dos quadrinhos da Marvel Comics?
Cara, sabemos que a vida de super-herói brazuca não é fácil. E olha que temos muitos: Raio Negro, Meteoro, Capitão Brasil, Quebra-Queixo, Judoka, entre outros. Essa galera come o pão que o diabo amassou, porque afinal de contas é muito difícil competir com Superman, Capitão América, Homem de Ferro, Batman e companhia Ltda. Resultado: os brazucões acabaram caindo no esquecimento.
Este é, portanto, o primeiro desafio ‘malucaço’ de James e Damásio: criar personagens tupiniquins com super-poderes que tenham carisma suficiente para fazer frente à concorrência dos pesos pesados da Terra do Tio Sam e com isso conquistar a simpatia dos leitores brasileiros adeptos desse tipo de aventura.
O segundo desafio, também malucaço, mas ao mesmo tempo genial, é conseguir grana suficiente para publicar a obra. Para isso, eles lançaram uma campanha que ficou conhecida nas redes sociais como “Vaquinha Virtual”. Esta tal “vaquinha” é um projeto colaborativo lançado no site Catarse.me onde qualquer pessoa pode contribuir com o valor que quiser para a publicação do livro. Caso concretizado, a obra será publicada e distribuída nas principais livrarias do Brasil e de Portugal, contando com edições impressas e digitais. Cada um que colaborar receberá algo em troca, como cópias autografadas ou produtos oficiais e caso o valor necessário para a publicação não seja alcançado, todas as contribuições serão devolvidas aos doadores.
Não há como negar que James e Damásio tiveram uma “super-idéia”. E tomara que dê certo! Afinal de contas, eles são escritores, aqui, da nossa terrinha.
Falei, falei; escrevi, escrevi e acabei me omitindo com relação aos detalhes do enredo.
Os autores Flávio St James e Wemerson Damásio
Vamos lá! O livro escrito pela dupla gaúcha se chama “As Crônicas de Miramar – O Segredo do Camafeu de Prata”. É uma aventura cheia de reviravoltas em busca pelo desconhecido, onde um grupo de jovens adolescentes deverá dar o melhor de si e colocar suas próprias vidas em risco para desvendar os segredos de um lugar misterioso, perdido entre as montanhas, chamado Miramar, que ninguém sabe exatamente onde fica. É nesse local que existe a escola para treinamento de jovem com super poderes, a qual me referi no início do post.
Cinco adolescentes com habilidades sobre-humanas deverão dar o melhor de si e colocar suas próprias vidas em risco para desvendar os segredos de Miramar,  onde pessoas somem misteriosamente.
Quanto aos autores, Flávio St Jayme é jornalista de cinema e entretenimento e empresário. Fã de cinema e seriados, também escreve para um site de Curitiba e mantém o Pausa Dramática, seu próprio site com notícias de cinema, televisão, música e comportamento. Formado em pedagogia e com pós graduação em História da Arte, tem o hábito de ler desde criança.
Já Wemerson Damasio é professor de crianças e adolescentes na rede municipal e estadual de Curitiba. Formado em Letras com pós graduação em Metodologia de Ensino da Língua Inglesa.
Agora, leiam o primeiro capítulo de “As Crônicas de Miramar – O Segredo do Camafeu de Prata” e respondam em seus comentários o que acharam do ‘aperitivo’. Se a galera gostar do primeiro capítulo, não custa nada participar da “Vaquinha Virtual” (acesse aqui) e ajudar essa dupla a angariar recursos para o lançamento de seu livro.
Capítulo 1 - Elizabeth
“Vai ser bom pra ela”. Era o que mais martelava em sua cabeça desde aquele dia da reunião do diretor da escola com seu pai. Ela tinha sido convidada a se retirar da sala enquanto a autoridade maior dentro da escola explicava a situação. “Vai ser bom pra ela”. O que diabos aquilo queria dizer? Depois, sob o olhar repreensivo de uma inspetora (que ela tinha certeza, não gostava dela), ainda ouviu o diretor dizer mais alguma coisa pela fresta da ventarola da porta: “Lá, ela vai ter amigos como ela”. Como assim? O que ela tinha de diferente?
Era o que Elizabeth mais se perguntava desde aquele dia, uma semana atrás, quando a transferiram. Não só de escola, mas de cidade. Umas pessoas estranhas apareceram em sua casa e conversaram com seu pai. Ela ouviu a conversa toda da cozinha, enquanto fazia bastante barulho para fingir que lavava a louça. Aquele casal, todo vestido de preto, estava na sala conversando com ele. Ela não tinha mãe desde os sete anos. Agora com quinze, o pai decidira virar suas vidas do avesso, aparentemente só porque o diretor disse que “Vai ser bom pra ela”. O casal assegurou que seu pai teria todo o apoio necessário com a mudança. Não precisava se preocupar em levar móveis, pois teria uma casa perfeitamente equipada, tão boa ou ainda melhor que esta. Era para eles empacotarem roupas, coisas pessoais (como sua coleção de seriados em DVD, por exemplo) e deixar tudo em caixas marcadas que eles se encarregariam do transporte e quando ela e seu pai chegassem em Miramar tudo já estaria lá. 
“Mas e meu emprego?”, seu pai, preocupado, perguntava. Novamente eles asseguraram que tudo estaria resolvido. Ele teria um cargo e um salário melhores na mesma área que trabalhava. Ele era contador, administrador ou algo assim, Elizabeth nunca entendeu muito bem. Assim que eles saíram, ela tratou de colocar seus fones de ouvido e por para tocar uma música qualquer em seu iPhone para deixar bem claro que não tinha ouvido nada. Mas tinha. Tinha ouvido a mulher dizer a mesma coisa do diretor: “Vai ser bom pra ela, lá ela terá companhia de jovens como ela.” Ela não entendia o que eles queriam dizer. Eles estavam dizendo que era diferente? É isso? Mas, diferente como? Ela não se via diferente de ninguém. Pelo menos não de ninguém da sua idade, já que achava seus seios um pouco pequenos demais. O que ela tinha de diferente?
Elizabeth se lembrava das ordens do pai, carinhoso mas autoritário, como só ele sabia: era para ela empacotar tudo o que achasse necessário para se mudarem. Não, a cama não estava inclusa. Sim, podia levar seus bichos de pelúcia e seus DVDs. Sim, suas roupas também. Não, o pai achava que ventilador não era necessário.Mas onde, afinal de contas, era Miramar? O que tinha lá que fazia deste um lugar tão especial? 
Por que ela e o pai deveriam abandonar a vida que tinham ali, tranquila e sossegada, para se mudar para uma cidade estranha aceitando tudo tão calmamente? O pai em momento algum se rebelou com a ideia. Acatou as sugestões de bom grado com um ar ligeiramente cansado. Ela sabia que desde a morte da mãe as coisas não tinham sido exatamente fáceis. Lembrou-se de um dia que precisou encaminhar um bilhete de uma professora e leu antes de entregar ao pai. Em linhas gerais ele dizia que “a escola não tinha meios para lidar com uma criança como ela”. Foi naquele momento que ela começou a notar coisas diferentes e que algumas pessoas se afastavam dela. Será que era isso que o diretor queria dizer? “Amigos como ela”... mas, por que ela não podia continuar com esses amigos?
Ela e os amigos prometeram não perder contato, se falar por Skype, Whatsapp, Facebook ou qualquer outra engenhoca moderna sempre que possível, mas ela sabia que a vida tomava rumos diferentes. Que pessoas se perdiam no caminho. Que a distância era cruel e acabaria por perder contato com eles. Mas também, tinha ficado tão pouco tempo em cada escola por onde passou que nunca teve tempo de se aprofundar muito nas amizades. E, imaginava, que em Miramar faria novas amizades, já que lá teriam outros “jovens como ela”.
Essa informação era o que mais lhe incomodava. Ali, sentada no banco do passageiro enquanto o pai dirigia cantando uma música antiga do Queen (uma vez ela chegou a questionar a sexualidade do pai por causa de sua fixação por Fred Mercury), ela com seus fones de ouvido pensava sobre tudo aquilo. Olhando as plantações de trigo, ao menos ela achava que era trigo, Elizabeth tentava entender o que significava ser “como ela”.
_ O que você sabe sobre Miramar, pai? – resolveu perguntar.
_ Poxa, não sei muita coisa não... pra dizer a verdade, we are the champions...... nunca tinha ouvido falar até semana passada.
O pai tinha essa mania, que ela aprendeu a gostar, de cantar junto com a música que estava ouvindo mesmo no meio de uma frase qualquer.
_ Miramar... será que isso quer dizer que tem praia?
_ Hum, pode ser. Faz um certo sentido...
Elizabeth achava que poderia até gostar do lugar. Sempre fora muito cordata. Quando ouvia ou via aquelas histórias de adolescentes revoltados não entendia. Seu pai nunca a tratara como uma criança (talvez pela falta da mãe) e ela nunca tinha visto motivos para se revoltar. Ele a deixava sair, desde que respeitasse a hora de voltar. Se não respeitasse, não sairia da próxima vez. Ela achava um acordo simples. Tinha tarefas para fazer em casa, como pôr a roupa para lavar, estender e recolher ou lavar a louça do almoço (o pai lavava a do jantar). Achava justo ajudar, já que eram só ela e o pai.
_ Acho que devíamos ter trazido o ventilador então, pai...
_ Lá deve ter onde comprar. E não é porque tem mar que será quente necessariamente, né?
_ É... também faz certo sentido. Você está curioso?Ele estava. Não com Miramar. Mas com a calma com que a filha estava aceitando tudo aquilo. 
Sim, as mudanças de escola não eram raras. As de cidade eram um pouco mais. Mas mesmo assim. Um lugar desconhecido, com alguém levando as bagagens, e ela só agora começava a questionar. Tá certo que Elizabeth não era exatamente perguntadeira (e ele bem sabia porquê), mas mesmo assim, era inusitado: tudo era muito diferente das outras vezes.
_ ... da praia?
Ele foi acordado dos devaneios pela pergunta. 
_ O quê?
_ Eu perguntei se nossa casa é perto da praia – ela repetiu, ignorando a falta de resposta para a pergunta anterior.
_ Ah, não sei... a gente ainda nem sabe se tem praia mesmo, esqueceu?
_ É mesmo. Mas você não viu a casa que a gente vai morar?
_ Não – agora ele começava a reparar como aquilo poderia soar estranho.
_ Nem pela internet??
Ainda mais estranho.
_ Não... 
O pai começava a se questionar a legitimidade daquela oferta. Até então tinha acatado tudo muito calmamente. A conversa com o diretor, o casal de agentes, a mudança, o transporte, as alegações sobre a filha... Porém, só agora começava a pensar como tudo estava estranho. Ele sabia que seria melhor para Elizabeth, claro, ou pelo menos se convencia disso. Mas aceitara tudo muito de bom grado, sem fazer muitas perguntas. Que cidade era aquela? Como era essa casa que lhe arrumaram? E o emprego? E se não gostassem? Os agentes asseguraram que não era uma mudança definitiva, que eles poderiam sair da cidade quando quisessem, mas que ninguém nunca tinha decidido sair. Mesmo assim, tudo parecia irreal demais. E os vizinhos, como seriam? Teriam vizinhos? E essa história de praia agora? Ele não era muito fã de morar no litoral não. Já tinha ouvido muito história de como a maresia estragava os móveis e os aparelhos eletrônicos. Falando em aparelhos eletrônicos lembrou que pediu especial atenção à transportadora (ao menos escreveu na caixa) com seus equipamentos de home cinema. Sabe lá o que encontrariam naquela cidade e se ele conseguiria ver um filme de forma decente se não os levasse.
Ela começou a se lembrar de quando empacotava as coisas. Guardando lembranças, separando coisas como o porta retrato com a foto da mãe para levar na mochila consigo. Olhou a foto da mãe. Tinha herdado dela os cabelos lisos e ruivos. E do pai os traços fortes no rosto. Sua mãe era magra e alta. Até onde ela se lembrava, carinhosa. Ela tinha só três anos quando a mãe morreu. Era estranho como as memórias reais se misturavam com coisas inventadas por nossa cabeça e deixávamos de saber o que tinha realmente acontecido ou não. O dia da morte da mãe, por exemplo, era um grande emaranhado de gente, falação e luzes que ela ainda não conseguia se lembrar muito bem.
Enquanto dirigia o pai pensava em como eles tinham segurado as pontas até ali. Como tinha sido obrigado a terminar de criar a filha depois do que tinha acontecido e como carregava um enorme fardo desde aquele último telefonema. Ela era tão pequena e ali o pai já teve que impor uma importante regra: nunca mentiriam um para o outro. Comprometeu-se a falar somente a verdade para a filha. Ainda que fosse a partir daquele momento. Sabia que, como qualquer adolescente, Elizabeth tinha e teria seus segredos, mas novas mentiras estavam proibidas para ambos.
Estavam se aproximando de um posto de gasolina e ele ainda não sabia quanto tempo de viagem teriam (ninguém parecia saber com exatidão onde ficava a cidade e seu GPS tinha parado de funcionar fazia cerca de uma hora). Sugeriu uma parada, Elizabeth aceitou.
Alegando que precisava esticar as pernas, a garota desceu do sedã preto do pai (que ela considerava extremamente cafona, preferia um carro “sem bunda”), amarrou os cabelos compridos com um elástico e começou a, literalmente, se esticar ao lado do carro. Esticou braços acima da cabeça, puxou as pernas para trás, o pescoço. E o pai a olhava.
_ O que foi? – ela perguntou.
_ Nada, às vezes só acho que nunca mais vou ter minha menina de novo...
O pai parecia triste com a inevitável constatação. Ela sorriu.
_ Para pai. Pode parar. Fica aí ouvindo essas músicas deprê e vem com esse papo agora. (estavam no meio de How Can I Go On, ainda com Fred Mercury nos vocais, quando pararam) Vou sempre ser sua menininha tá? – ela disse com um gracejo que lembrava a careta mostrando a língua que mandava para o pai por mensagem de celular – E ainda vou precisar muito de colo.
Quando ela terminou os alongamentos o pai desceu do carro (ela achou que ele secava os olhos com as costas da mão, mas não tinha certeza), travou as portas e eles foram para a loja de conveniência. Compraram alguns salgadinhos e refrigerantes, o pai comprou uma caixinha de Tic-Tac, e saíram. Ela precisava ir ao banheiro, então ele deixou as compras no carro e também foi.
Achando mais limpo do que esperava, Elizabetn fez o que precisava e segurava já fazia um tempo, e quando estava lavando as mãos uma outra garota, parecendo um pouco mais nova que ela, entrou e parou ao seu lado para usar a pia.
No banheiro masculino o pai também lavava as mãos. Secou e saiu. Fora, um casal esperava por alguém para seguir viagem. Ele decidiu perguntar:
_ Desculpa, com licença, vocês sabem se falta muito pra chegar em Miramar?
O casal se entreolhou e com um sorriso meio de canto e sem jeito o homem respondeu,enquanto a mulher batia a cinza do cigarro:_ A gente ia adorar saber...
Será que ele tinha captado a mensagem certa?
_ Vocês também estão indo pra lá? – arriscou.
_ Sim. Foi indicação do diretor da escola onde nossa filha estudava. Ele disse que lá seria bom pra ela. – respondeu a mãe, não sem demonstrar certo tremor na mão que segurava o cigarro.
No banheiro feminino a menina tentava não olhar para Elizabeth. E também tremia um pouco.
_ Tá tudo bem? – ela perguntou.
_ Tá sim – a garota mais nova respondeu, ainda demonstrando certo nervosismo. – É que estou meio assustada, sabe?
_ Aconteceu alguma coisa?
_ Meus pais resolveram se mudar de repente. Tiveram uma reunião com o diretor da minha escola e no dia seguinte empacotaram tudo.
Elizabeth começou a ficar com medo das coincidências. A garota continuou, sem tirar as mãos debaixo da torneira que mantinha aberta:
_ Agora a gente está indo pra uma cidade que nunca ouvimos falar, um lugar chamado Miramar.
Não podia ser... era coincidência demais, mas Elizabeth resolveu que era melhor aliviar aquela 
tensão:
_ Puxa, sério? Eu também estou indo pra lá com meu pai. – tentou dizer no tom mais alegre que conseguiu debaixo daquele nervosismo.
_ E o que eles disseram pra você? – a menina perguntou. – que seria bom pra você?
O nervosismo de Elizabeth começou a aumentar e ela começou a achar que algo poderia não estar certo naquela história.
_ É... e disseram que...
A outra interrompeu:
_ Que você encontraria gente como você – ela deu ênfase nesta última parte.
_ Sim, foi isso que disseram... – Elizabeth ficava cada vez mais nervosa.
_ E por acaso você tem alguma ideia do que isso significa?
O nervosismo só aumentava. Mas agora ela não sabia mais se era pelo que a garota tinha dito ou por causa daquela água que não parava de cair da torneira. Custava a garota fechar a torneira para falar?_ Não... não tenho muita ideia não... – Elizabeth respondeu.
_ Pois eu tenho. Estão nos enfiando num lugar com um bando de freaks. – a menina respondeu, se alterando um pouco.
_ Como assim freaks? – Elizabeth sabia o que a palavra significava, gente estranha, esquisita (ao menos na cabeça de quem as classificava), mas não entendeu o que a menina quis dizer. Começou a notar um pequeno vapor preenchendo o banheiro lentamente.
_ Quer dizer que estão mandando a gente pra um lugar onde só tem anormal. E pior, estão querendo dizer que a gente também é! – a menina se alterava cada vez mais. E o vapor aumentava conforme o tom de voz dela subia.
_ Calma, eu acho que não é nada disso. – Elizabeth tentou dizer.
_ Sei lá o que vão fazer com a gente nessa cidade! E se começarem a usar a gente pra experimentos genéticos? – por mais que parecesse mais nova, a menina parecia inteligente. E cada vez mais alterada, é importante lembrar.
As duas quase não conseguiam se ver agora, tamanho era o vapor dentro do banheiro. Os espelhos já estavam completamente embaçados. A menina pareceu trocar a irritação pelo desespero:
_ Eu estou com medo do que vão fazer com a gente....
Novamente Elizabeth tentou acalmá-la:
_ Escuta, eu também estou indo pra lá, prometo que vou te proteger.
Quando ia se aproximar para abraçar a criança, a porta se abriu e o ar mais frio da rua entrou no banheiro.
_ Vamos embora daqui! – uma mão puxou a menina para fora. Foi só então que Elizabeth percebeu como estava quente ali dentro. E percebeu que a água ainda corria solta na torneira. Ao tentar fechá-la, sem querer molhou a mão e sentiu a pele queimar com a temperatura da água que escorria na pia.

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