Caim e Abel

18 abril 2015
Não quero estragar esse post com spoilers porque o livro de Jeffrey Archer não merece. “Caim e Abel” é bom demais. Tão bom, como um vinho de safra especial que deve ser degustado com a alma e não com o paladar. Se eu estou exagerando? Não. Estou sendo sincero. Leiam o livro e depois me digam se estou errado. Archer caprichou; o sujeito, de fato, acertou a mão.
A prova de que “Caim e Abel” tem um enredo ‘Top” é a de que na época de seu lançamento, em 1979, chegou a ser traduzido para 21 idiomas e publicado em 61 países Quer mais? Ok, eu conto mais. A história dos dois personagens criados por Archer que lutam para preservar as suas conquistas e que se empenham até a velhice em destruir-se mutuamente, conquistou os leitores de uma tal maneira que o clamor para uma continuação foi quase unânime. Resultado: Archer que não tinha planos de escrever uma sequencia envolvendo os dois adversários - tanto é que matou essa possibilidade no final romance - teve que se virar para criar um enredo derivado  do original, aproveitando personagens secundários da trama. Nascia assim, três anos depois, “A Filha Pródiga”, outro sucesso do autor, mas isso é assunto para um outro post. Aqui, vamos falar de “Caim e Abel”.
Imagine dois homens poderosos que nutrem, entre eles, um ódio mortal. Mas um ódio sem limites, capaz levar ambos a destruir-se mutuamente sem medir nenhuma conseqüência. Pois é, assim é a saga de Abel Rosnovski, polonês, filho ilegítimo, e de William Kane, americano, de uma tradicional família de banqueiros de Boston.
Depois de sobreviver aos horrores da guerra, Abel emigra para os Estados Unidos, onde faz fortuna e torna-se proprietário de uma poderosa cadeia de hotéis. Kane, por sua vez, herda do pai a fortuna e a presidência do banco, e procura fazer dele uma das mais fortes instituições financeiras do país. Após uma sucessão de acontecimentos – muito bem engendrados por Archer – os dois homens encontram-se finalmente para se transformarem em obcecados inimigos, cada qual decidido a destruir o outro.
O romance de 575 páginas é dividido em sete livros. O primeiro conta os detalhes sobre os nascimentos de William e Abel. No segundo livro, vemos o desenvolvimentos dos dois personagens até ficarem adultos, na casa dos 20 anos, mas ainda sem se conhecerem, o que só acontece a partir do terceiro livro quando, então, iremos descobrir  o motivo do ódio entre os dois personagens. O autor também mostra nesta parte, como William e Abel foram construindo os seus impérios, um no setor bancário e outro no hoteleiro. A participação dos dois homens na 2ª Guerra Mundial como soldados dos Estados Unidos é o assunto das 13 páginas que formam o quarto livro. Novamente a imaginação fértil de Archer cria uma situação onde um deles acaba salvando a vida do outro, durante o conflito, mas sem saber à quem está salvando. O ódio e a disputa sem limites entre o banqueiro e o hoteleiro atingem o ápice no quinto livro, quando eles chegam ao ponto de tomar atitudes inconseqüentes em seus negócios e que podem levar a autodestruição de ambos. O contraponto ao rancor e a raiva envolvendo os dois personagens é o amor e a paixão avassaladora que surge entre os seus filhos: Florentyna e Richard. Vejam só, William e Abel estavam tão preocupados em se atacarem que nem perceberam que os seus queridos filhos haviam se apaixonado e estavam vivendo uma paixão avassaladora debaixo de seus narizes. Bem... quando os dois descobrem isso... Ai... ai... ai... sai de baixo.
E finalmente no sexto e sétimo livros ocorrem o desfecho da história de William, Abel e também de seus filhos.
Um dia desses, ao ter terminando de ler “Caim e Abel”, me perguntaram quem era o vilão do romance escrito por Archer. Eu respondi que não havia vilão e tampouco mocinho. Na realidade, em certos momentos eu odiava Abel e amava William; mas em outras passagens esse sentimento se invertia. As atitudes boas e desprezíveis dos personagens principais se equivalem no decorrer do enredo.
Mas, sem dúvida nenhuma, o golpe de mestre de Archer foi a revelação final, na forma de uma carta, que cai nas mãos de um dos dois inimigos e que muda tudo aquilo que você leu antes. Cara! Meu queixo, literalmente, caiu! Aliás, continua caído até agora, devido ao impacto da revelação.

Enfim, um livro imperdível.

6 comentários


  1. Li esse livro ano passado e me impressionei com a força narrativa de Jeffrey. Ele é incansável. As aventuras de Abel, fugindo de um lado para o outro já valiam o livro todo. E a personalidade de Willian também era fascinante, sempre encontrando uma maneira de multiplicar o dinheiro, fazendo economia mesmo sem precisar. Quanto à continuação, aguardo sua resenha, pois foram tantas opiniões negativas que encontrei, que me desanimei em ler.

    Obs: sempre que a Florentina era mencionada, eu imaginava as cenas com a música do Tiririca ao fundo. Não conseguia evitar.:)

    http://porquelivronuncaenguica.blogspot.com.br/

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    1. Ehehehehehe... Se bem, Ronaldo, que no meu imaginário, a Florentyna do livro é um 'pedação' de mulher, uma verdadeira Vênus, ao contrário da Florentina do Tiririca (rsssss). Quanto a "Filha Pródiga", tão logo termine de ler "Escuridão Total Sem Estrelas" de Stephen King, será o próximo da lista. Espero que a história fique num patamar próximo de "Caim e Abel".
      Abcs!

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  2. Nossa... sua resenha foi tão sedutora que já estou correndo atrás do livro para lê-lo. Obrigada por isso!

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    1. Gleisse, obrigado!
      Você irá gostar de "Caim e Abel". O enredo, de fato, prende o leitor. Depois, aproveite para ler "A Filha Pródiga" que é a continuação dessa história. Na sequencia, Jeffrey Archer conta a saga dos filhos de Caim e Abel.
      Grande abraço!

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  3. Dos meus livros preferidos - o conheci, por meio da minissérie dos anos 80. Sempre que o indico, todos ADORAM. Segundo Archer, inspirado na história real de dois magnatas americanos, já mortos. O legal da continuação (A Filha Pródiga) é que ele conta, na primeira parte, parte da "mesma" história de Caim e Abel, sob a perspectiva de "outros" personagens. Archer é um autor que faz MUITO sucesso na Inglaterra e EUA, mas "pouco" no Brasil, embora nunca tenha deixado de ser publicado por aqui.

    Obs.: conheci seu blog hoje e comentei em algumas resenhas. Att, Itamar.

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    1. Que legal Itamar!
      E aí, está gostando?
      Comente mesmo. Os comentários das postagens, na realidade, é o combustível que dá ânimo para o blogueiro seguir com o seu trabalho.
      Thank's!

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