Não quero estragar esse post com spoilers porque o
livro de Jeffrey Archer não merece. “Caim e Abel” é bom demais. Tão bom, como
um vinho de safra especial que deve ser degustado com a alma e não com o
paladar. Se eu estou exagerando? Não. Estou sendo sincero. Leiam o livro e
depois me digam se estou errado. Archer caprichou; o sujeito, de fato, acertou
a mão.
A prova de que “Caim e Abel” tem um enredo ‘Top” é a
de que na época de seu lançamento, em 1979, chegou a ser traduzido para 21
idiomas e publicado em 61 países Quer mais? Ok, eu conto mais. A história dos
dois personagens criados por Archer que lutam para preservar as suas conquistas
e que se empenham até a velhice em destruir-se mutuamente, conquistou os
leitores de uma tal maneira que o clamor para uma continuação foi quase unânime.
Resultado: Archer que não tinha planos de escrever uma sequencia envolvendo os
dois adversários - tanto é que matou essa possibilidade no final romance - teve
que se virar para criar um enredo derivado
do original, aproveitando personagens secundários da trama. Nascia
assim, três anos depois, “A Filha Pródiga”, outro sucesso do autor, mas isso é
assunto para um outro post. Aqui, vamos falar de “Caim e Abel”.
Imagine dois homens poderosos que nutrem, entre
eles, um ódio mortal. Mas um ódio sem limites, capaz levar ambos a destruir-se
mutuamente sem medir nenhuma conseqüência. Pois é, assim é a saga de Abel
Rosnovski, polonês, filho ilegítimo, e de William Kane, americano, de uma
tradicional família de banqueiros de Boston.
Depois de sobreviver aos horrores da guerra, Abel
emigra para os Estados Unidos, onde faz fortuna e torna-se proprietário de uma
poderosa cadeia de hotéis. Kane, por sua vez, herda do pai a fortuna e a
presidência do banco, e procura fazer dele uma das mais fortes instituições
financeiras do país. Após uma sucessão de acontecimentos – muito bem engendrados
por Archer – os dois homens encontram-se finalmente para se transformarem em
obcecados inimigos, cada qual decidido a destruir o outro.
O romance de 575 páginas é dividido em sete livros.
O primeiro conta os detalhes sobre os nascimentos de William e Abel. No segundo
livro, vemos o desenvolvimentos dos dois personagens até ficarem adultos, na
casa dos 20 anos, mas ainda sem se conhecerem, o que só acontece a partir do
terceiro livro quando, então, iremos descobrir o motivo do ódio entre os dois personagens. O
autor também mostra nesta parte, como William e Abel foram construindo os seus
impérios, um no setor bancário e outro no hoteleiro. A participação dos dois
homens na 2ª Guerra Mundial como soldados dos Estados Unidos é o assunto das 13
páginas que formam o quarto livro. Novamente a imaginação fértil de Archer cria
uma situação onde um deles acaba salvando a vida do outro, durante o conflito,
mas sem saber à quem está salvando. O ódio e a disputa sem limites entre o
banqueiro e o hoteleiro atingem o ápice no quinto livro, quando eles chegam ao
ponto de tomar atitudes inconseqüentes em seus negócios e que podem levar a
autodestruição de ambos. O contraponto ao rancor e a raiva envolvendo os dois
personagens é o amor e a paixão avassaladora que surge entre os seus filhos:
Florentyna e Richard. Vejam só, William e Abel estavam tão preocupados em se
atacarem que nem perceberam que os seus queridos filhos haviam se apaixonado e
estavam vivendo uma paixão avassaladora debaixo de seus narizes. Bem... quando
os dois descobrem isso... Ai... ai... ai... sai de baixo.
E finalmente no sexto e sétimo livros ocorrem o desfecho
da história de William, Abel e também de seus filhos.
Um dia desses, ao ter terminando de ler “Caim e Abel”,
me perguntaram quem era o vilão do romance escrito por Archer. Eu respondi que
não havia vilão e tampouco mocinho. Na realidade, em certos momentos eu odiava
Abel e amava William; mas em outras passagens esse sentimento se invertia. As atitudes
boas e desprezíveis dos personagens principais se equivalem no decorrer do
enredo.
Mas, sem dúvida nenhuma, o golpe de mestre de Archer
foi a revelação final, na forma de uma carta, que cai nas mãos de um dos dois
inimigos e que muda tudo aquilo que você leu antes. Cara! Meu queixo,
literalmente, caiu! Aliás, continua caído até agora, devido ao impacto da
revelação.
Enfim, um livro imperdível.
ResponderExcluirLi esse livro ano passado e me impressionei com a força narrativa de Jeffrey. Ele é incansável. As aventuras de Abel, fugindo de um lado para o outro já valiam o livro todo. E a personalidade de Willian também era fascinante, sempre encontrando uma maneira de multiplicar o dinheiro, fazendo economia mesmo sem precisar. Quanto à continuação, aguardo sua resenha, pois foram tantas opiniões negativas que encontrei, que me desanimei em ler.
Obs: sempre que a Florentina era mencionada, eu imaginava as cenas com a música do Tiririca ao fundo. Não conseguia evitar.:)
http://porquelivronuncaenguica.blogspot.com.br/
Ehehehehehe... Se bem, Ronaldo, que no meu imaginário, a Florentyna do livro é um 'pedação' de mulher, uma verdadeira Vênus, ao contrário da Florentina do Tiririca (rsssss). Quanto a "Filha Pródiga", tão logo termine de ler "Escuridão Total Sem Estrelas" de Stephen King, será o próximo da lista. Espero que a história fique num patamar próximo de "Caim e Abel".
ExcluirAbcs!
Nossa... sua resenha foi tão sedutora que já estou correndo atrás do livro para lê-lo. Obrigada por isso!
ResponderExcluirGleisse, obrigado!
ExcluirVocê irá gostar de "Caim e Abel". O enredo, de fato, prende o leitor. Depois, aproveite para ler "A Filha Pródiga" que é a continuação dessa história. Na sequencia, Jeffrey Archer conta a saga dos filhos de Caim e Abel.
Grande abraço!