13 Histórias Que Até A Mim Assustaram

19 janeiro 2015


Putz galera... estou escrevendo esse post, ainda, com o com coração em frangalhos pela partida do Kid Tourão. Alguns de vocês podem questionar: - “Pôxa vida, já era hora do sujeito ter superado esse momento, afinal de contas já faz mais de uma semana que tudo aconteceu”. Cara, ocorre que a minha ligação com o Kid era algo muito especial. Imagine o relacionamento pai e filho calcado no amor e multiplicado por ‘sei lá quantas vezes mais’. Era assim a minha relação com o velho.
Vejam bem, não estou deprê e muito menos revoltado com Deus, não, nada disso. Estou simplesmente triste. Saio, curto os amigos, as noitadas, os chopinhos, mas... bem... aquela certeza de que jamais verei – em vida – meu herói, o grande Kid, continua judiando. E quem está me dando uma força muito grande nessa hora é o meu anjo da guarda de carne e osso chamada Lulu. Caraca, que mulher! Bem que o saudoso Kid a admirava de montão, tendo um carinho especial por ela. Ah! Não posso me esquecer também do apoio de meus irmãos que está sendo fundamental. Nós três, ainda nos amparamos em muletas e nos consolamos mutuamente. E assim, vamos levando a vida.
Mas a vida prossegue e assim, vamos tocando em frente. Com certeza, lá no “Paraíso dos Kids” o grande Tourão estará torcendo para que eu não perca jamais a minha alegria de viver. Uma alegria tão grande, mas tão grande que se resume naquele tradicional grito de guerra que os seguidores do “Livros e Opinião” já aprenderam a conhecer: “Iahuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!
Belê? Mas vamos falar escrever sobre livros que, afinal de contas, é o sentido desse blog.
O meu contato com “13 Histórias Que Até A Mim Assustaram” aconteceu na chamada “Fase Tourão”. Quando terminei a leitura da coletânea de contos organizada e  aprovada pelo mestre do suspense Alfred Hitchcock, a saúde do Kid começou a degringolar escadaria abaixo, por isso demorei para fazer a resenha. Agora, com a cabeça um pouco mais leve resolvi encarar o computer para escrever o post. Vamos á ele.
A coletânea de Hitchocock serviu para confirmar a grande máxima: “Jamais compre um livro de contos – mesmo o seu autor sendo uma lenda viva ou morta – acreditando que todas as histórias serão boas”. Isto é impossível. Mesmo assim, adquiri “13 Histórias Que Até A Mim Assustaram” com a feliz convicção de que todos os contos do livro se salvariam. Afinal, o responsável pela seleção havia sido ninguém mais que o mestre do suspense, o gênio Alfred Hitchocock. Quando li a primeira história, a minha inocente convicção já começou a cair por terra abaixo. No terceiro, compreendi como havia sido inocente. Pêra aí, inocente não; um tonto mesmo. Na oitava história , cheguei a conclusão de que não existe e jamais existirá uma coletânea de contos perfeita.  
O livro que leva o aval de Hitchcock tem duas histórias medonhas, uma ruim da ‘muléstia’ e outra meia boca. Dessa forma, entre mortos e feridos, conseguiram se salvar nove; o que considero um bom saldo.
Bem, o primeiro é brabíssimo: “Uma Morte em Família”, que não merece sequer ser mencionado. Medíocre ao extremo. È a história de um agente funerário solitário que decide formar uma família bem sui generis: com defuntos. Um dia, ele descobre - na porta de sua casa, dentro de um cesto - o cadáver de uma criança que havia sido seqüestrada. Adivinhem só se ele não irá pegar o corpo da falecida, embalsamá-lo e juntá-lo a sua “família”. Conto chocho e com final mais chocho ainda.
“Os Homens sem Ossos”, de Gerald Kersh, compensa a ruindade do conto anterior. Gostei muito. Lembra em gênero, número e graus, a antológica série “Além da Imaginação”. Nele um explorador revela que descobriu num lugar isolado, no fim do mundo, uma raça de estranhos seres sem ossos e gelatinosos, ‘uns’ homenzinhos feios ‘pra dedéu’ e que atacam os desprevenidos, chupando todo o seu sangue. A grande sacada do conto de Kersh está no final quando é revelado o segredo dos tais homenzinhos. Surpreendente!
O terceiro conto, “A Batalha das Ruas” de Fritz Leiber é bem fraquinho e não empolga, apesar do tema interessante. Sei lá, a narrativa empaca, não evolui, deixando o leitor desanimado. Num futuro apocalíptico, os pedestres vivem uma batalha de vida ou morte contra os motorizados que nada mais são do que aquelas pessoas que possuem carros.
“As Duas Solteironas” se encaixam no gênero terror psicológico, daqueles que trocam miolos e sangue espalhados pelas paredes por medo e tensão. Daquelas que vão crescendo conforme a leitura vai evoluindo. Um detetive particular, após seu carro quebrar numa estrada abandonada, vai parar numa casa sinistra habitada por duas mulheres solteironas mais sinistras ainda. Elas dão abrigo ao homem, mas as suas intenções não serão nada boas.
“A Faca” de Robert Arthur, é meia boquíssima. Passou no teste raspando. É a história de uma faca maldita que é descoberta por um sujeito que estava fuçando algumas tranqueiras no meio do mato.  Rapaz, a faca é braba! Ela estraga a vida daqueles que ouçam tocá-la. Como já disse, a história apenas quebra o galho e olha lá!
Apesar da narrativa tresloucada e tenebrosa; gostei de “A Estrada para Mictlantecutli”.O autor Adobe James aborda o incansável tema da luta do bem contra o mal. Um velho padre, muito esquisito e as vezes meio sinistro, disputa com uma mulher de beleza estonteante e que galopa de maneira sensual um lindo cavalo negro, a alma de um impiedoso assassino que foge da polícia. Um deles é enviado de Deus  e  o outro do demônio. Quem será quem?
Em “O Estuário”, um espertalhão tem o hábito de invadir velhos navios da 2ª Guerra Mundial que ficam abandonados num porto, em busca de quinquilharias que possam render-lhe algum dinheiro. As suas incursões acontecem durante as madrugadas quando as patrulhas no porto, praticamente deixam de acontecer. Para que os seus furtos rendam mais, o sujeito resolve contratar um ladrãozinho barato que passa a lhe ajudar nas investidas noturnas. Alguns dias depois, o rapaz avisa que ouviu barulhos estranhos nos navios, como se alguém o estivesse seguindo. Então, acontece o inevitável. A história conseguiu me prender até o final.
My God!! O oitavo conto “Cidade Difícil”, à exemplo do primeiro,  nem merece ser mencionado. É a ruindade das ruindades. Cara, não entendi as razões dos moradores da tal cidade e muito menos a cidade em si. Narrativa artificial e com um final violento e sem sentido. Uma bos.... Bem, melhor esquecer. Não sei onde Hitchcock estava com a cabeça ao selecionar algo tão ruim para a sua coletânea.
O conto seguinte denominado “O Ente Sobrenatural” atendeu à todas as minhas expectativas. O texto dinâmico de T.H.White prende a nossa atenção do início ao fim. O ente sobrenatural do conto é um troll que só é visto pelo pai do narrador da história, um pescador que decide passar as férias num hotel na Lapônia. Lá, o pescador dá de cara com o monstro, mas por algum motivo desconhecido, só ele consegue ver o troll sem nenhum disfarce. Já os outros hóspedes enxergam o monstrengo como um distinto professor. Como fazer para convencer todas essas pessoas sem ‘passar-se’ por um louco?
Já os leitores que apreciam o gênero thriller psicológico irão amar “A Noite da Vingança”. Na minha opinião um dos melhores contos do livro, só perdendo para “A Ameaça do Fundo do Mar”, esse imbatível. Robert Somerlott escreve sobre um fugitivo nazista, responsável pela execução de vários judeus durante a 2ª Guerra Mundial. É o tipo do conto que não dá para comentar muito, pois corremos o risco de estragar as surpresas impagáveis que acontecem ao longo da narrativa. O final é de derrubar o queixo de qualquer um. Fiquei de boca aberta, pois jamais imaginava que seria aquele o final do personagem.
“O Fantasma do Enforcado” é outro conto com final surpreendente, daqueles de gelar o sangue. Um casal decide construir uma casa num terreno bem espaçoso e aconchegante, sem saber que ali aconteceu o enforcamento de um fazendeiro, cujo fantasma passará a atormentá-los. Prestem atenção no momento em que um dos amigos desse casal vai visitar o filho num sanatório. Brrrrr... A descrição da criança é apavorante.  Aliás, a ‘criança-mostro’ tem relação direta com o fantasma do título da história. O autor William Wood deixou para explicar tudo nas últimas linhas e com uma grande dose de calafrios.
A penúltima história se chama “Jornada para a Morte” e ao lê-la me veio à mente o antológico conto “O Sobrevivente” de Stephen King, onde um náufrago faminto começa a devorar partes de seu próprio corpo. Será que King encontrou inspiração nesse antigo conto de Donald E. Westlake, escrito em 1959?
A coletânea organizada por Hitchcock termina com “A Ameaça do Fundo do Mar”, o melhor e também o mais comprido dos 13 contos. Talvez, muitos considerem a narrativa de John Wyndham arrastada e cansativa, além de comprida, já que o conto tem mais de 140 páginas; mas na minha modesta opinião, simplesmente adorei. A história vai prendendo a sua atenção página por página e não vemos a hora de saber quem vencerá a batalha: seres humanos ou os alienígenas que querem dominar o nosso planeta.
A descrição do primeiro ataque dos invasores que se escondem no fundo do mar é de tirar o fôlego. Eu não conseguia desgrudar as mãos do livro. Uma leitura angustiante, mas prazerosa.
Posso dizer que “13 Histórias Que Até A Mim Assustaram” passou no teste, já que a quantidade de contos bons superou os ruins e por uma boa margem.

6 comentários

  1. Tenho essa coletânea e também a achei com muitos altos e baixos, porém a maioria dos contos me agradou. Esses livros de Alfred são meio complicados, porque alguns são péssimos, com contos policiais repetitivos, quase sem nenhum de terror. Principalmente os mais recentes. É difícil acertar de comprar um que seja excelente. Quanto ao conto de Whydman, foi o único que abandonei, achei muito arrastado. Muito legal ver uma resenha sobre essa série, é difícil encontrar pela net. No meu blog falo bastante sobre autores de terror também. Se quiser conferir.

    http://porquelivronuncaenguica.blogspot.com.br/2015/01/sete-coisas-assustadoras-criadas-por.html

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    1. Verdade, alguns são muito bons, mas outros verdadeiras bombas. Você já é a segunda pessoa que me diz isso. Com relação ao conto de Whydman, acho que eu estou sendo a ovelha negra na história (rs). Dei uma espiada na Net e os poucos que leram o conto e postaram, afirmaram que não gostaram, mas no meu caso, achei tremendamente incrível.
      Visitei o seu blog, Ronaldo. Gostei muito.
      Abcs!

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  2. Realmente muito boa a resenha, me animou para ler o livro, em uma coleção de contos assim é inegável ter comparações e algumas histórias serem melhores que outras, os autores me fascinam são caras reconhecidos lá fora mas que possuem pouca coisa publicada por aqui, acho uma pena isso. Como disse Ronaldo acima alguns volumes dessa série realmente deixam a desejar, não lembro bem o nome mas na adolescencia peguei um exemplar do Hitchcock achando que encontraria horror mas eram apenas histórias policiais. Mas estou animado e começarei essa semana ainda esse livro. Valeu :)

    Se me permite gostaria de deixar a indicação de outro livro de contos muito bom, chama-se Coma e Emagreça com Ficção Científica, há algumas histórias bem macabras por lá

    http://www.bibliotecadoterror.com.br/2015/03/coma-e-emagreca-com-ficcao-cientifica.html

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    1. Obrigado Rafa!
      Com certeza irá gostar da maioria dos contos de Hitchcock.
      Já visitei o seu link e postei um comentário.
      Grde abraço!!

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  3. Este livro está na minha lisa de leituras. Acho que irei gostar.

    bomlivro1811.blogspot.com.br

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    1. Maurilei, com certeza irá gostar!
      Uma excelente coletânea :)
      Abraços!

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