Putz galera... estou escrevendo esse post, ainda,
com o com coração em frangalhos pela partida do Kid Tourão. Alguns de vocês
podem questionar: - “Pôxa vida, já era hora do sujeito ter superado esse
momento, afinal de contas já faz mais de uma semana que tudo aconteceu”. Cara, ocorre
que a minha ligação com o Kid era algo muito especial. Imagine o relacionamento
pai e filho calcado no amor e multiplicado por ‘sei lá quantas vezes mais’. Era
assim a minha relação com o velho.
Vejam bem, não estou deprê e muito menos revoltado
com Deus, não, nada disso. Estou simplesmente triste. Saio, curto os amigos, as
noitadas, os chopinhos, mas... bem... aquela certeza de que jamais verei – em vida
– meu herói, o grande Kid, continua judiando. E quem está me dando uma força
muito grande nessa hora é o meu anjo da guarda de carne e osso chamada Lulu.
Caraca, que mulher! Bem que o saudoso Kid a admirava de montão, tendo um
carinho especial por ela. Ah! Não posso me esquecer também do apoio de meus
irmãos que está sendo fundamental. Nós três, ainda nos amparamos em muletas e
nos consolamos mutuamente. E assim, vamos levando a vida.
Mas a vida prossegue e assim, vamos tocando em
frente. Com certeza, lá no “Paraíso dos Kids” o grande Tourão estará torcendo
para que eu não perca jamais a minha alegria de viver. Uma alegria tão grande,
mas tão grande que se resume naquele tradicional grito de guerra que os
seguidores do “Livros e Opinião” já aprenderam a conhecer: “Iahuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!
Belê? Mas vamos falar escrever sobre livros
que, afinal de contas, é o sentido desse blog.
O meu contato com “13 Histórias Que Até A Mim
Assustaram” aconteceu na chamada “Fase Tourão”. Quando terminei a leitura da
coletânea de contos organizada e aprovada pelo mestre do suspense Alfred
Hitchcock, a saúde do Kid começou a degringolar escadaria abaixo, por isso
demorei para fazer a resenha. Agora, com a cabeça um pouco mais leve resolvi
encarar o computer para escrever o post. Vamos á ele.
A coletânea de Hitchocock serviu para confirmar a
grande máxima: “Jamais compre um livro de contos – mesmo o seu autor sendo uma
lenda viva ou morta – acreditando que todas as histórias serão boas”. Isto é
impossível. Mesmo assim, adquiri “13 Histórias Que Até A Mim Assustaram” com a
feliz convicção de que todos os contos do livro se salvariam. Afinal, o
responsável pela seleção havia sido ninguém mais que o mestre do suspense, o
gênio Alfred Hitchocock. Quando li a primeira história, a minha inocente
convicção já começou a cair por terra abaixo. No terceiro, compreendi como
havia sido inocente. Pêra aí, inocente não; um tonto mesmo. Na oitava história
, cheguei a conclusão de que não existe e jamais existirá uma coletânea de
contos perfeita.
O livro que leva o aval de Hitchcock tem duas
histórias medonhas, uma ruim da ‘muléstia’ e outra meia boca. Dessa forma,
entre mortos e feridos, conseguiram se salvar nove; o que considero um bom
saldo.
Bem, o primeiro é brabíssimo: “Uma Morte em Família”,
que não merece sequer ser mencionado. Medíocre ao extremo. È a história de um
agente funerário solitário que decide formar uma família bem sui generis: com
defuntos. Um dia, ele descobre - na porta de sua casa, dentro de um cesto - o
cadáver de uma criança que havia sido seqüestrada. Adivinhem só se ele não irá
pegar o corpo da falecida, embalsamá-lo e juntá-lo a sua “família”. Conto
chocho e com final mais chocho ainda.
“Os Homens sem Ossos”, de Gerald Kersh, compensa a
ruindade do conto anterior. Gostei muito. Lembra em gênero, número e graus, a
antológica série “Além da Imaginação”. Nele um explorador revela que descobriu
num lugar isolado, no fim do mundo, uma raça de estranhos seres sem ossos e
gelatinosos, ‘uns’ homenzinhos feios ‘pra dedéu’ e que atacam os desprevenidos,
chupando todo o seu sangue. A grande sacada do conto de Kersh está no final
quando é revelado o segredo dos tais homenzinhos. Surpreendente!
O terceiro conto, “A Batalha das Ruas” de Fritz
Leiber é bem fraquinho e não empolga, apesar do tema interessante. Sei lá, a
narrativa empaca, não evolui, deixando o leitor desanimado. Num futuro apocalíptico,
os pedestres vivem uma batalha de vida ou morte contra os motorizados que nada
mais são do que aquelas pessoas que possuem carros.
“As Duas Solteironas” se encaixam no gênero terror
psicológico, daqueles que trocam miolos e sangue espalhados pelas paredes por
medo e tensão. Daquelas que vão crescendo conforme a leitura vai evoluindo. Um
detetive particular, após seu carro quebrar numa estrada abandonada, vai parar
numa casa sinistra habitada por duas mulheres solteironas mais sinistras ainda.
Elas dão abrigo ao homem, mas as suas intenções não serão nada boas.
“A Faca” de Robert Arthur, é meia boquíssima. Passou
no teste raspando. É a história de uma faca maldita que é descoberta por um
sujeito que estava fuçando algumas tranqueiras no meio do mato. Rapaz, a faca é braba! Ela estraga a vida
daqueles que ouçam tocá-la. Como já disse, a história apenas quebra o galho e
olha lá!
Apesar da narrativa tresloucada e tenebrosa; gostei
de “A Estrada para Mictlantecutli”.O autor Adobe James aborda o incansável tema
da luta do bem contra o mal. Um velho padre, muito esquisito e as vezes meio
sinistro, disputa com uma mulher de beleza estonteante e que galopa de maneira
sensual um lindo cavalo negro, a alma de um impiedoso assassino que foge da
polícia. Um deles é enviado de Deus
e o outro do demônio. Quem será
quem?
Em “O Estuário”, um espertalhão tem o hábito de
invadir velhos navios da 2ª Guerra Mundial que ficam abandonados num porto, em
busca de quinquilharias que possam render-lhe algum dinheiro. As suas incursões
acontecem durante as madrugadas quando as patrulhas no porto, praticamente deixam
de acontecer. Para que os seus furtos rendam mais, o sujeito resolve contratar
um ladrãozinho barato que passa a lhe ajudar nas investidas noturnas. Alguns
dias depois, o rapaz avisa que ouviu barulhos estranhos nos navios, como se
alguém o estivesse seguindo. Então, acontece o inevitável. A história conseguiu
me prender até o final.
My God!! O oitavo conto “Cidade Difícil”, à exemplo
do primeiro, nem merece ser mencionado.
É a ruindade das ruindades. Cara, não entendi as razões dos moradores da tal
cidade e muito menos a cidade em si. Narrativa artificial e com um final
violento e sem sentido. Uma bos.... Bem, melhor esquecer. Não sei onde
Hitchcock estava com a cabeça ao selecionar algo tão ruim para a sua coletânea.
O conto seguinte denominado “O Ente Sobrenatural”
atendeu à todas as minhas expectativas. O texto dinâmico de T.H.White prende a
nossa atenção do início ao fim. O ente sobrenatural do conto é um troll que só
é visto pelo pai do narrador da história, um pescador que decide passar as
férias num hotel na Lapônia. Lá, o pescador dá de cara com o monstro, mas por
algum motivo desconhecido, só ele consegue ver o troll sem nenhum disfarce. Já
os outros hóspedes enxergam o monstrengo como um distinto professor. Como fazer
para convencer todas essas pessoas sem ‘passar-se’ por um louco?
Já os leitores que apreciam o gênero thriller
psicológico irão amar “A Noite da Vingança”. Na minha opinião um dos melhores
contos do livro, só perdendo para “A Ameaça do Fundo do Mar”, esse imbatível.
Robert Somerlott escreve sobre um fugitivo nazista, responsável pela execução
de vários judeus durante a 2ª Guerra Mundial. É o tipo do conto que não dá para
comentar muito, pois corremos o risco de estragar as surpresas impagáveis que
acontecem ao longo da narrativa. O final é de derrubar o queixo de qualquer um.
Fiquei de boca aberta, pois jamais imaginava que seria aquele o final do
personagem.
“O Fantasma do Enforcado” é outro conto com final
surpreendente, daqueles de gelar o sangue. Um casal decide construir uma casa
num terreno bem espaçoso e aconchegante, sem saber que ali aconteceu o
enforcamento de um fazendeiro, cujo fantasma passará a atormentá-los. Prestem
atenção no momento em que um dos amigos desse casal vai visitar o filho num
sanatório. Brrrrr... A descrição da criança é apavorante. Aliás, a ‘criança-mostro’ tem relação direta
com o fantasma do título da história. O autor William Wood deixou para explicar
tudo nas últimas linhas e com uma grande dose de calafrios.
A penúltima história se chama “Jornada para a Morte”
e ao lê-la me veio à mente o antológico conto “O Sobrevivente” de Stephen King,
onde um náufrago faminto começa a devorar partes de seu próprio corpo. Será que
King encontrou inspiração nesse antigo conto de Donald E. Westlake, escrito em
1959?
A coletânea organizada por Hitchcock termina com “A
Ameaça do Fundo do Mar”, o melhor e também o mais comprido dos 13 contos. Talvez,
muitos considerem a narrativa de John Wyndham arrastada e cansativa, além de
comprida, já que o conto tem mais de 140 páginas; mas na minha modesta opinião,
simplesmente adorei. A história vai prendendo a sua atenção página por página e
não vemos a hora de saber quem vencerá a batalha: seres humanos ou os
alienígenas que querem dominar o nosso planeta.
A descrição do primeiro ataque dos invasores que se
escondem no fundo do mar é de tirar o fôlego. Eu não conseguia desgrudar as
mãos do livro. Uma leitura angustiante, mas prazerosa.
Posso dizer que “13 Histórias Que Até A Mim Assustaram”
passou no teste, já que a quantidade de contos bons superou os ruins e por uma
boa margem.
6 comentários
Tenho essa coletânea e também a achei com muitos altos e baixos, porém a maioria dos contos me agradou. Esses livros de Alfred são meio complicados, porque alguns são péssimos, com contos policiais repetitivos, quase sem nenhum de terror. Principalmente os mais recentes. É difícil acertar de comprar um que seja excelente. Quanto ao conto de Whydman, foi o único que abandonei, achei muito arrastado. Muito legal ver uma resenha sobre essa série, é difícil encontrar pela net. No meu blog falo bastante sobre autores de terror também. Se quiser conferir.
ResponderExcluirhttp://porquelivronuncaenguica.blogspot.com.br/2015/01/sete-coisas-assustadoras-criadas-por.html
Verdade, alguns são muito bons, mas outros verdadeiras bombas. Você já é a segunda pessoa que me diz isso. Com relação ao conto de Whydman, acho que eu estou sendo a ovelha negra na história (rs). Dei uma espiada na Net e os poucos que leram o conto e postaram, afirmaram que não gostaram, mas no meu caso, achei tremendamente incrível.
ExcluirVisitei o seu blog, Ronaldo. Gostei muito.
Abcs!
Realmente muito boa a resenha, me animou para ler o livro, em uma coleção de contos assim é inegável ter comparações e algumas histórias serem melhores que outras, os autores me fascinam são caras reconhecidos lá fora mas que possuem pouca coisa publicada por aqui, acho uma pena isso. Como disse Ronaldo acima alguns volumes dessa série realmente deixam a desejar, não lembro bem o nome mas na adolescencia peguei um exemplar do Hitchcock achando que encontraria horror mas eram apenas histórias policiais. Mas estou animado e começarei essa semana ainda esse livro. Valeu :)
ResponderExcluirSe me permite gostaria de deixar a indicação de outro livro de contos muito bom, chama-se Coma e Emagreça com Ficção Científica, há algumas histórias bem macabras por lá
http://www.bibliotecadoterror.com.br/2015/03/coma-e-emagreca-com-ficcao-cientifica.html
Obrigado Rafa!
ExcluirCom certeza irá gostar da maioria dos contos de Hitchcock.
Já visitei o seu link e postei um comentário.
Grde abraço!!
Este livro está na minha lisa de leituras. Acho que irei gostar.
ResponderExcluirbomlivro1811.blogspot.com.br
Maurilei, com certeza irá gostar!
ExcluirUma excelente coletânea :)
Abraços!