Não sei onde, há algum tempo, vi ou ouvi um ditado mais ou menos assim: “Para recordar os bons momentos da infância vale a pena quebrar qualquer regra”. Achei esse “provérbio” estranho, naquele tempo, mas hoje, ao escrever esse post passo à entendê-lo melhor, pois estou acabando de quebrar uma das regras fundamentais desse blog que é a de abordar apenas assuntos relacionados à livros. Mas, para recordar os momentos marcantes de minha infância e pré-adolescencia me vejo, neste momento, escrevendo sobre enciclopédias, gibis e pasmem, até mesmo álbuns de figurinhas!! Tudo isso, num blog criado com a proposta de opinar sobre “L – I – V – R – O – S”. Pois é, só agora fui entender o verdadeiro significado daquele ditado de idos tempos.
Tudo começou numa madrugada da semana passada, quando cheguei em casa após a conclusão de uma reportagem e comecei a fuçar algumas caixas na esperança de encontrar rascunhos antigos que poderiam me ajudar na elaboração da minha matéria. Foi então que encontrei, ali abandonado e com a capa um pouco corroída pelas traças, um volume de capa azul da enciclopédia Trópico. Pronto! Foi o suficiente para desencadear uma “reação em cadeia” em minha mente que me levou a voltar ao tempo várias décadas, na época de minha infância e pré-adolescência.
Tudo bem, vou abrir o confessionário: não tenho vergonha de admitir que na minha puberdade fui um “meio- nerd”. Nos anos 70, essa palavrinha ainda não era conhecida, mas muitos jovens já se enquadravam na categoria do chamado “nerd à moda antiga”, ou seja, aquele adolescente que preferia ficar “afundado” nos livros – nesta época ainda nem sonhávamos com a tal da Internet - lendo, relendo e pesquisando, ao invés de sair, passear, namorar, enfim, ter uma adolescência normal. Portanto, as enciclopédias e os livros substituíam as páginas virtuais.
E a minha puberdade, pré-adolescência e que se dane, vá lá: até mesmo a minha adolescência; foi marcada dessa maneira. Saía às vezes, tinha os meus amigos e os namoricos adolescentes, mas confesso que preferia ficar em casa lendo, lendo e relendo... viajando com as histórias das páginas de inúmeras obras. E uma das obras que posso culpar pelo meu lado “nerd anos 70” foi a enciclopédia Trópico, da editora Martins Fontes. Por isso, irei começar esse post por ela. Na sequência estarei relembrando outras nove obras, entre livros, enciclopédias e até álbuns de figurinhas – que marcaram a minha infância e pré-adolescencia e, tenho certeza, também de muitos quarentões ou cinqüentões de hoje.
01 – Trópico (Enciclopédia)
Essa enciclopédia, literalmente, marcou a minha vida. Com certeza, foi a grande responsável por despertar em mim o gosto pela leitura. Lembro que nos anos 70, após “passar de ano” – naquela época ainda não usávamos a palavra ‘aprovado’ – minha mãe me presenteou com a coleção completa do “Trópico” com os seus 10 volumes com capas multi-coloridas. Acho que tinha uns 12 anos e quando vi o presentão de mamãe entrei em estado de graça, nem mesmo um autorama gigante que ocupava todo o meu quarto, presente do meu tio, me trouxe tanta alegria como aqueles 10 livrões de capas azul, laranja, preta e por aí afora.
Recordo dos momentos que ficava sentado na poltrona do papai na sala – e dos quais nem via as horas passarem – viajando com os conhecimentos da famosa e saudosa enciclopédia. E que viagem gostosa. “História da Humanidade”, “História das Religões”, “Mitologia Grega”, “Mitologia Nórdica”, “Castro Alves”, “José Bonifácio”, “biografias de personagens famosos da nossa história”, “História dos presidentes do Brasil”, etc e mais etc. Esta é apenas uma pequena prévia dos inúmeros dos assuntos que ocupavam as páginas do Trópico.
As histórias sobre o anel dos nibelungos e a queda de Tróia, respectivamente mitologia nórdica e grega foram as que mais marcaram a minha infância na época saudosa do Trópico. A história de Orlando Furioso, poema épico, escrito pelo italiano Ludovico Ariosto em 1516 foi outro tema marcante para mim. A enciclopédia transformou o poema de Ludovico em prosa, tornando assim, a leitura muito mais atrativa.
A Enciclopédia Trópico foi publicada no Brasil em 1957 pela Editora Martins S.A, tendo como diretor José Giuseppe Maltese e reunia 10 volumes abordando assuntos gerais. Após o seu lançamento, nos anos 50, “O Trópico” continuou dominando as estantes das residências e escolas durante vários anos. Era considerada a grande “pop star” dos vendedores ambulantes de enciclopédias que visitavam nossas casas naqueles tempos.
Pena que num momento de “pura insanidade” resolvi doar os meus 10 volumes ao invés de restaurá-los. Agora é tarde demais para chorar pelo leite derramado. Que pena...
02 – Conhecer (Enciclopédia)
Depois do Trópico, outra enciclopédia que deixou marcas profundas – no bom sentido, é claro – em minha vida foi “Conhecer”. Ela era a menina dos olhos do meu irmão mais velho que toda semana ia até a única banca de revista da cidade para reservar o seu fascículo. Apesar de ter um ciúme danado das suas aquisições, ele deixava que eu me deliciasse com os assuntos que faziam parte do contexto de “Conhecer”. Ele sabia do meu vício pela leitura e então, permitia que eu também lesse os fascículos, não sem antes fazer uma “montanha” de recomendações: “Não deixa as páginas com orelhas”, “não dobre”, “não amasse”, “está com as mãos limpas??”, além de tantas outras.
O que mais me chamava a atenção em “Conhecer” eram as suas capas muito bem produzidas para uma enciclopédia da década de 60. Nossa! E como eu viajava com os temas desenhados naquelas capas. Sentia como se estivesse dentro daquele cenário, participando ou observando a ação ilustrada. As duas capas, que apesar de mais de 4 décadas ainda não esqueci, traziam as ilustrações de um submarino navegando numa noite estrelada; se não me engano o resumo do assunto em pauta na tarja amarela que ficava no lado esquerdo da capa estava relacionado com átomos ou energia nuclear. A outra capa tinha a ilustração de uma estação espacial e abordava o tema astronomia.
A cada certa quantidade de fascículos adquiridos, o colecionador comprava na banca uma capa dura para o volume ser encadernado.
Posso dizer que “Conhecer” foi uma das mais famosas, se não, a mais famosa, enciclopédia em fascículos lançada pela Editora Abril Cultural. Ela viria se tornar referência para os trabalhos escolares dos alunos que cursavam o ginasial. Foi um sucesso estrondoso na época, chegando a vender mais de 100 milhões de exemplares, além de ter 13 edições em 30 anos. Um verdadeiro fenômeno cultural.
A minha maior tristeza foi o meu irmão ter desistido de colecionar essa enciclopédia após “perder” alguns fascículos. Ao final, os poucos que sobraram, ele acabou doando. E naquela época, eu era muito pequeno para contestar tal atitude. E afinal de contas, era ele quem comprava os fascículos...
03 - Reader’s Digest (Seleções)
O que falar de uma “revistinha” publicada em 35 línguas e distribuída para 120 países? Dá para criticar um meio impresso com esses números? Mesmo assim, pode acreditar, mas as “Seleções do Reader’s Digest chegou a receber várias críticas na época; do tipo: cultura condensada, cultura americanizada e até mesmo assuntos simplórios. Mas, não dava ouvidos a nenhuma dessas críticas, já que o mais importante era atacar e devorar a coleção do Reader’s Digest do meu irmão.
Lembro que “Seleções” trazia em suas páginas diversos assuntos, entre os quais, saúde, humor, diversão, meio ambiente, entre outros. A tal revistinha era tão poderosa que nos anos 70 chegou a fazer concorrência com a ultra-famosa revista “O Cruzeiro”. A sua tiragem atingia nessa época, cerca de 500 mil exemplares mensais.
As sessões da revista que mais me atraiam eram “Piadas da Caserna” que tinha um humor bem ácido e o “Livro do Mês” que trazia de maneira resumida um livro de grande sucesso naquele período.
Podem pensar o que quiserem, mas “Seleções do Reader’s Digest” fez parte da minha infância...
04 – Manual do Professor Pardal
Quando o “Manual do Professor Pardal” foi lançado pela editora Abril, em 1972, eu tinha 11 anos de idade. O manual foi um amor sem limites em minha vida, tanto é, que até hoje o trago guardado comigo, todo remendadinho com fita crepe. O “Manual do Professor Pardal” foi um dos primeiros livros que tive. A obra trazia um monte de invenções criadas pelo conhecido professor, considerado o personagem mais inteligente desenvolvido por Walt Disney. Ele era capaz de inventar tudo o que lhe pediam e assim, surgiam as mais loucas engenhocas. Cara! Como eu era fã do Professor Pardal. Devo ter ficado muito feliz quando ganhei o seu manual, exemplo disso, é que o trago comigo apesar de decorridos muitos anos.
Não pensem que o livro só trazia invenções mirabolantes e impossíveis. Nada disso. Havia, também espaço para os projetos sérios, entre os quais: como construir um periscópio. Cheguei a fazer muitas invenções publicadas no manual e juro que me senti o próprio Professor Pardal.
05 – “Perdidos no Espaço” (Álbum de figurinhas)
Que delícia recordar, no exato momento em que escrevo esse post, dos meus tempos de menino; quando aos domingos chegava em casa correndo, depois de brincar com os meus primos, completamente sem fôlego, somente para não perder o seriado Perdidos no Espaço. Eram os famosos anos 60 e eu estava – se não me falhe a memória – no finalizinho do primário, pronto para pular de fase na escola. Êta seriado bom! E por ser tão fã da famosa série do Dr. Smith, quando foi anunciado o lançamento do seu álbum de figurinhas, fiquei eufórico. Grande parte da minha mesada gastava na compra de figurinhas para completar o álbum. Quantos “bafos” joguei com os meus amigos de infância na esperança de faturar os cromos que faltavam para completar o álbum! Colocávamos quatro ou cinco figurinhas viradas para baixo e batíamos nelas com a mão em forma de concha. Aqueles que conseguissem virá-las passavam a ser os seus proprietários. Rapaz! E a emoção ao abrir um maço de figurinhas que havia acabado de comprar na banca! Ficava torcendo para ser contemplado com "uma difícil”.
Caso contrário, se viesse uma repetida, a decepção era grande. Lembro que naquela época tínhamos o hábito de batizar as figurinhas com apelidos. Chamávamos de “lepra”, aquelas figurinhas repetidas que saíam em quase todos os maços; quanto as raras que dificilmente vinham repetidas, eram conhecidas por “difíceis”. Ah! E esqueçam as auto-adesivas, naquela época nem sonhávamos com esse recurso; tudo era na base da goma-arábica (se lembram dessa cola?) ou então da cola preparada com trigo. Quanto as colas de tubinho (do tipo Tenaz) ainda eram consideradas grandes novidades, talvez nem existissem ainda.
E é nesse clima gostoso de saudosismo que um dia desses recordei de “Perdidos no Espaço”, o meu primeiro álbum de figurinhas, que me ajudou muito no trato com as palavras, pois sempre estava lendo as aventuras da família Robson, enquanto colecionava os seus cromos.
O álbum “Perdidos no Espaço” foi lançado no Brasil em 1968, como já disse, devido ao estrondoso sucesso da série de TV homônima dirigida por Irwin Allen. A responsável pelo lançamento foi a Editora Verão que já havia colocado no mercado outros álbuns como “Bonanza” e “Pra Frente Brasil”, esse, em homenagem a conquista do tri-campeonato da nossa seleção no México em 1970.
Além das figurinhas do seriado de TV; o álbum nos brindava com outras sessões – que também podiam ficar recheadas de figurinhas - cujos nomes estavam relacionados com o espaço sideral, temática principal de “Perdidos no Espaço”. Coisas do tipo: “O Homem e o Universo”, com cromos sobre a conquista do universo pelo homem; “Galáxia da TV”, com os artistas famosos da televisão daquela época; “Satélites do Riso”, com figurinhas dos principais comediantes daqueles tempos; “Estrelinhas do Espaço”e por aí afora..
“Perdidos no Espaço”, em minha humilde opinião foi um dos melhores álbuns de figurinhas daqueles tempos. Quem não se lembra do Dr. Smith, Will, Major West, Judy e é claro o famoso Robô com a sua frase antológica: “Perigo”, “Perigo”, Perigo”!!
06 – El Cid (Álbum de figurinhas)
Taí mais um álbum de figurinhas que marcou. Sei que pode soar estranho, afirmar que um dos maiores ídolos de infância foi “El Cid”. Com certeza, algum leitor nesse momento deve estar exclamando: “Caraca! Esse sujeito não teve infância1” ou então: “Que cara anormal!”. Fazer o que... eu admirava o personagem interpretado nos cinemas pelo ator Charlton Heston. E fiquei fã depois de ter assistido ao filme. Rodrigo Diaz de Bivar, mais conhecido por El Cid, foi um herói espanhol do século XI que uniu os católicos e os mouros do seu país para lutar contra um inimigo comum: o emir Ben Yussuf (Herbert Lom). Após vários anos de cruzada pela libertação do país, o herói morreu antes da batalha final, alvejado no peito por uma flecha moura. Mas aqui cabe uma observação importante. Após receber a flechada fatal, El Cid em seu leito de morte, vendo o desânimo de seu exército com a situação, exigiu aos seus generais que tão logo, ele viesse a morrer, o seu corpo fosse amarrado firmemente na sela de seu cavalo para que os seus comandados pensassem que ele estivesse vivo. E foi assim, que durante a batalha final, os mouros ao verem o exército espanhol sendo liderado pelo seu grande comandante El Cid – que julgavam estar vivo - se colocaram em fuga.
Agora me responda... como não gostar de um sujeito desses?! Amei o filme e depois quando soube que seria lançado um álbum de figurinhas sobre o lendário El Cid, é claro que corri na banca para adquiri-lo. O álbum foi lançado pouco tempo depois do filme, no final dos anos 60.
É importante lembrar que tanto o álbum “El Cid” quanto “Perdidos no Espaço se transformaram em verdadeiras raridades. Já vi na Internet ofertas que ultrapassam os R$ 3 mil!! Por cada um deles...
07 – Mandrake (Gibi)
Nem Super-Homem e tão pouco Homem Aranha. X-Men? Nem sei se existia naqueles tempos; o gibi que fazia a minha cabeça era o de um mágico porreta: o Mandrake. Antes de “mergulhar” no meu hobby por livros; os quadrinhos – que mais se parecia com uma revista - desse mágico elegantérrimo que só usava ternos finos, luvas, cartola e uma capa de seda com forro vermelho era a minha leitura favorita.
Mandrake com o seu bigode do tipo ‘escovinha’ era duro na queda e as suas histórias prendiam a minha atenção de noite ou de dia. Hoje, em minha casa, não sobrou uma revista sequer. Culpa da mudança mal planejada de residência que correu em minha infância/adolescência. Depois de alguns anos na nova moradia, fui procurar os gibis e cadê?? Tinham desaparecido!!
Antes de escrever sobre o meu ídolo dos gibis fui pesquisar um pouco sobre ele na Internet e descobri que o Mandrake foi criado em 1934 por Le Falk, o mesmo criador do “Fantasma”.
Além do enredo cheio de ação e mistério o que mais me atraia nas aventuras do Mandrake eram as capas dos “gibis-revistas” fantasticamente elaboradas. Só as ilustrações já vendiam o produto. O mágico tinha uma namorada, a princesa Narda, do reino Cockeine e o seu fiel escudeiro Lohtar. Quando o negócio apertava e os truques do mago falhavam quem salvava o “almoço” era o vigoroso Lohtar que saía na pancada com os criminosos.
Mandrake era um ilusionista que tinha o dom de hipnotizar a pessoa instantaneamente. A hipnose acontecia pelos olhos (quando olhava firme para o inimigo) ou então através de gestos das mãos. O poder de ilusão do herói era tão grande que quando aplicada, a arma do vilão se transformava num buque de flores.
Muitas saudades desse cara...
08 – Vinte mil léguas submarinas (Livro)
E finalmente, chegamos ao propósito desse blog: os livros! E é claro, muitos deles foram meus companheiros inseparáveis de infância e adolescencia. Um deles é muito especial: “Vinte Mil Léguas Submarinas”, de Júlio Verne. Ao escrever sobre esse livro novamente tenho que fazer referência ao meu irmão mais velho – viram só como ele foi importante nesse processo de leitura? – já que sorrateiramente “afanava emprestado” as suas relíquias literárias que ficavam guardadas em seu armário fechado à chave. Como eu sabia, onde ele escondia as chaves, esperava que o mano saísse para o trabalho, então ia lá e escolhia um livro para iniciar a minha viagem pelo enredo de suas páginas. Toda essa epopéia aos meus 13 anos de idade! Um dia ele me pegou no flagra, mas ao invés de ficar bravo, simplesmente disse: “Que bom que gosta de ler...” A partir desse dia, passou a deixar o famoso armário destrancado...
“Vinte Mil Léguas Submarinas”era um dos livros que ficava nesse armário. O que me encantou logo de cara foi a ilustração de sua capa: uma lula gigante “abraçando”, com seus tentáculos enormes, um grande submarino que já estava emborcando. Era um livro de capa dura amarela e a ilustração ocupava todo o centro da capa. Algo fantástico!
Todos os dias, depois que chegava da escola, me desligava do mundo real para embarcar no famoso submarino Nautilus comandado pelo não menos famoso capitão Nemo. Que saudades!
O enredo realmente prendia a atenção de todo o adolescente da minha época que apreciasse uma boa leitura. O Nautilus, criado e desenvolvido pelo capitão Nemo era movido somente a electricidade. Nemo e a sua tripulação optaram por cortar todas as relações com os continentes e com a humanidade e passaram a viver somente do que o mar lhes dava. Para se ter uma idéia, a comida e a matéria prima que necessitam para a produção de electricidade, vinham tudo do mar. O capitão criou um segredo em torno de sua criação, escondendo-a do mundo, por isso, quando o submarino começa a aparecer aos olhos humanos e provocar, acidentalmente, estragos em outros barcos, a maioria dos marinheiros passam a vê-lo como um terrível monstro marinho e assim, inicam uma caçada sem fim ao terrível “ser”.
Com certeza, qualquer dia desses, estarei dedicando um post exclusivo à esse livro fantástico de minha infância...
09 – Éramos Seis (Livro)
A história de dona Lola e seu marido “seo” Júlio que criaram com muito sacrifício os seus quatro filhos: Carlos, Alfredo, Julinho e Maria Isabel foi outro livro que fez parte da minha pré-adolescencia. A escritora Maria José Dupré narra a vida de dona Lola desde a infância das crianças quando ela e Júlio suaram muito para conseguir recursos para educar os seus filhos. Dupré passa a narrar depois, a fase adulta dos quatro filhos. Conforme os anos passam as coisas vão mudando na vida de dona Lola. A morte do marido, o sumiço de Alfredo pelo mundo e a união de Maria Isabel com um homem desquitado, o que era um escândalo nos anos 40.
Não há como se emocionar com as perdas que dona Lola vai sofrendo ao longo do romance. Como me apaixonei por essa bondosa mulher que apesar da onda de sofrimentos ao longo de sua vida, jamais desanimou. Ela sempre procurava manter o seu bom humor que se refletia na esperança de dias melhores. Ela foi uma das minhas heroínas da pré-puberdade.
10 – Obras completas de Monteiro Lobato (Coleção de livros)
Há lembranças que sempre marcam a nossa infância. Podem passar décadas e décadas, mas por serem tão especiais, elas ficam lá guardadinhas em nosso sub-consciente, à nossa disposição para aflorarem a qualquer instante com muita emoção e saudades. Uma dessas recordações que jamais iriei esquecer é a de minha mãe me buscando na escola. Antes de me levar para casa, ela fazia questão de – toda a semana – dar uma passadinha comigo até até a Biblioteca Pública Municipal. Quando minha saudosa mãe não podia fazer isso, por ter algum compromisso importante, eu sempre cobrava dizendo: “Mamãe, hoje nós não vamos na ‘casa dos livros’. Antes de falecer, ela sempre relembrava dessa passagem com aquele sorriso especial que até hoje trago comigo.
No primeiro dia que cheguei na biblioteca fiquei encatando com uma coleção de 34 volumes, todos em capa verde. Já conhecia os personagens de Monteiro Lobato, mas ao ver aqueles livros fiquei “louquinho”, pois neles, o escritor dava uma nova roupagem para as aventuras dos moradores do Sítio do Pica Pau Amarelo. Foi inesquecível viajar nas páginas do volume “Os 12 Trabalhos de Hércules” e curtir a interação de Narizinho, Pedrinho e Emília com o mitológico herói grego, filho de Zeus. Me lembro ainda de como o famoso trio do Sitio do Pica-Pau Amarela conseguiu ajudar Hércules a derrotar o temível leão de Medéia.“Os 12 Trabalhos de Hércules” foi um dos primeiros livros que li, aquele que ajudou a despertar em mim o interesse pela leitura. Por isso, a coleção “Obras Completas de Monteiro” foi fundamental em minha vida, como acredito tenha sido na vida da maioria dos leitores brasileiros. Acredito que de cada 10 brasileiros que apreciam literatura, 10 leram Monteiro Lobato em sua infância. Faço essa citação para que vocês entendam o poder da obra desse escrtitor, nascido em Taubaté, na vida de todos os brasileiros. E para não quebrar essa regra, o “menino” aqui também foi um grande fã e admirador dos personagens criados por Lobato.
Deixar uma obra de Monteiro Lobato de fora de um post como este seria um verdadeiro sacrilégio.
Espero que tenham gostado das escolhas de minha infância.
Inté!
32 comentários
caraca meu que saudades daqueles tempos...
ResponderExcluirEsses eram, guardadas as proporções, a internet do tempo de minha infância! Realmente, saudosas publicações.
ResponderExcluirA maquina do tempo, como é delicioso viajar nela!
ResponderExcluirUnknown, Max e Alleqs, como diz o ditado popular... recordar é viver!
ResponderExcluirObrigado pela visita.
Abcs1
Olá, também sou dessa época e, além de 5 albuns Perdidos no Espaço e figurinhas avulsas, tenho também 3 daqueles robôs que eram sorteados durante a série pela Record nos anos 60. Um preto, um preto e vermelho e um prata. Todos bem conservados e funcionando. Lembro-me que a garotada era louca para encontrar o vale-brinde nas latas de Ovomaltine.
ResponderExcluirTenho também Cartilhas Caminho Suave de 1963 e 1966 (alfabetização pela imagem e primeiro livro).
Grato - nelson_forni@yahoo.com.br - 16/11/2012
Pois é Nelson, bons tempos aqueles...
ExcluirEu tbém tinha o album do Perdidos no Espaço, mas com o tempo, ele sumiu...É uma pena pque só vamos dar valor há muitos souvenirs das nossa infância qdo nos tornamos adultos.
Guarde bem essas reliquias porque são verdadeiras jóias raras... jóias de colecionadores.
Abcs!
É incrível como eu pensava que só eu gostava loucamente dessas coisas. Lendo aqui parecia que eram os meus próprios pensamentos expressados por outro pessoa. Assino embaixo de tudo o que li aqui. Parabéns pela ideia fabulosa de criar na Internet um espaço para recordar tempos tão marcantes como os anos 60 e 70.
ResponderExcluirBilvg,
ExcluirCom certeza vc não é o único... Um universo infindável de leitores curte essas pérólas literárias. A maioria deles viveu esse período de ouro... Um exemplo vivo disso;sou eu (rss)
Volte sempre!!
ola´pessoal.... mais um saudosista aqui, eu tinha 10 anos em 68, colecionei o Perdidos no Espaço, o El Cid também eu gostava muito as figurinhas do El Cid parece que a gente 'entrava dentro' da figurinha, como é poderosa a mente da criança não é mesmo! Comprei esses albuns recentemente no Mercado Livre e tenho em casa, além de outros. Abraços
ResponderExcluirEntão, somos dois! Eu tbém fui um ardoroso fã do álbum de figurinhas de El Cid. Ah! E de Perdidos no Espaço também. Que saudades daquela época. Nossa!!
ExcluirA Trópico é muito clássica!
ResponderExcluirCaso se interesse:
ResponderExcluirhttp://produto.mercadolivre.com.br/MLB-526922156-coleco-enciclopedia-tropico-ilustrada-10-volumes-_JM
Abraço.
Gande Augusto! Sempre pesquisando,
ExcluirValeu pela dica.
Abcs!
lindo, lindo, adorei visita seu blog, matei saudades, reavivei a memoria, dos tempos de minha infância, com os álbuns de figurinhas, os gibis que revendia nos anos 60/70.
ResponderExcluirThanks Ademir!
ExcluirVolte sempre :)
Quando li sobre Monteiro Lobato. Foi uma viagem inesquecível a minha infância. Quem me mostrou o mundo da leitura foi minha madrinha. A coleção dela era exatamente essa verde.Ficava em uma estante com portas de vidro. Meus olhos brilhavam quando ela abria aquelas portas. Obrigada por relembrar um período tão importante da minha vida.
ResponderExcluirRecordar coisas boas é bom sempre e sempre, não é?
ExcluirA coleção Monteiro Lobato (capa verde) também me traz grandes recordações. Lembro de minha mãe, grande incentivadora das minhas leituras.
Abcs!
Sensacional blog, parabéns pela postagem! Tenho a coleção completa ainda, e hoje mesmo (26/08/2016), estarei postando no meu blog um dos volumes, valeu e grande abraço!
ResponderExcluirCaramba, José Antônio, lendo seu artigo pareceu pra mim que você escreveu sobre as minhas próprias experiências literárias da pré-adolescência e adolescência. Imagino que temos idades parecidas. Cheguei até seu blog porque, por um acaso, me recordei da Enciclopédia Trópico, de tão gratas lembranças, e resolvi fuçar um pouco pra ver se ainda poderia ser encontrada. Um grande abraço
ResponderExcluirEsta enciclopédia marcou gerações, inclusive a nossa. Deixou uma saudades enorme.
ExcluirAbcs!
eu tenho os fascículos da enciclopédia Tropico, tenho de restaurar as lombadas tenho todos
ResponderExcluirparece que voce adivinhou minhas referencias de infância.
ResponderExcluirola Pessoal, tenho um album do El Cid em perfeito estado de conservaçao e completo com todas as figurinhas, por acaso alguem tem ideia de quanto vale no mercado para colecionador?
ResponderExcluirflaviopelogia@yahoo.com.br
obrigado
Olá Flavio,
ExcluirNo "Mercado Livre", os valores variam de R$ 130,00 a R$ 750,00. Conmfira no link.
http://colecoes.mercadolivre.com.br/albuns/album-el-cid
Boa noite !
ResponderExcluirDesculpe reviver um tópico antigo, mas tenho uma dúvida: lá pelos fins dos anos 70 (talvez inicio dos 80...) foi publicado por aqui uma enciclopédia em fascículos que tinha como base as publicações infanto-juvenis da editora Usborne. Não lembro do nome que saiu por aqui, mas achei um link com algumas das páginas: http://childrensbooksofthe70sand80s.weebly.com/usborne-nature-trail.html.
Se alguém lembrar de alguma coisa, agradeço !
Abraços !
A enciclopédia Trópicos marcou minha infância também, minhas primeiras descobertas sobre as histórias da humanidade foram através de cada página folheada com muita curiosidade, até hoje guardo na lembrança a emoção sentida
ResponderExcluir"Parabéns José Antônio" pelo seu artigo. Li-o com interesse ímpar do começo ao fim. Também sou dessa época, colecionei a "Conhecer" da Abril Cultural, mas, de idas e vindas com mudanças, acabei por me desfazer dela. A Enciclopédia Trópico, eu a li durante meu tempo de seminário em Goiânia no ano der 1966. O álbum Perdidos no Espaço, colecionei também, tenho-o até hoje pena que faltam umas 6 figurinhas, tenho o "robozinho" em papelão.
ResponderExcluirOlá Geraldo!
ResponderExcluirFico muito feliz por esse post ter cumprido o seu papel e 'promovido' uma verdadeira viagem ao passado levando muitos leitores - como você - nas asas da recordação. E como é bom recordar fatos bons que marcaram a nossa infância, adolescência ou juventude.
Obrigado por expressar a sua opinião.
Grde abraço!
Olha... está de parabéns pelo post e como eu e muitos que o leram, fez reviver memórias, sentimentos maravilhosos, que foram parte da construção do nosso eu, personalidade, caráter. Meus filhos nem quiseram aprender a consultar em livros, rsrs. Eu falava: e se faltar internet? Energia?rs. Mas foram essas enciclopédias, livros, coleções, manuais e gibis q deram base para a turma mais jovem organizar as idéias no mundo virtual, Parabéns e obrigada por criar o post e compartilhar. Deus o abençoe!
ResponderExcluirObrigado, mesmo!
ExcluirVocê não imagina co o fico feliz quando a postagem cumpre com os objetivos propostos. E o objetivo dessa postagem foi o de resgatar a importância que esses livros, enciclopédias e almanaques tinham para nós leitores. Agradeço à Deus por ter nascido numa época bem anterior ao advento do computador, videogame e outros aparatos tecnológicos, pois assim, pude desfrutar ao máximo o prazer da leitura dos livros físicos e das bibliotecas.
Pelo o que escreveu, acredito que você também pensa assim.
Grande abraço!!
Quero acrescentar q não devemos lamentar pelo q não fizemos, por ter estado mais enfiado em livros, rs. Q não parecia um adolescente normal, rs; Deus tem um histórico para cada um. Mesmo na adolescência e juventude, época mais cheia de energia e inquietude física e mental, muitas programações levam a perigos e dissabores que muitos adolescentes e jovens não contam, para que fique a aparência, "fama" de que viveu mais coisas legais, ou foi mais feliz... A gana de querer ser melhor q os outros, produz distorção da realidade, mentira; q tem perna curta, e o maior enganado é aquele q a produziu, e não foi feliz realmente.
ResponderExcluirCaramba, eu amava a Trópico.
ResponderExcluirComo essa coleção foi importante na minha formação como leitor. Como ela foi importante>