O Jogo do Exterminador

09 maio 2014


Cara, eu sempre acabava adiando a leitura de “O Jogo do Exterminador”. Quando pensava em adquirir o livro, já ‘batia’ um certo desânimo e pimba! Deixa o livro de Orson Scott Card pra lá. O motivo desse desânimo? Eu respondo: “as tão propaladas continuações da história que incluía “Orador dos Mortos”, “Xenocídio” e “Os Filhos da Mente”. Além de não me numa fase  “Up” para encarar sagas literárias – tanto é verdade que um Box lacrado com os cinco livros das Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell encontra-se mofando em minha estante – as sequências de “O Jogo do Exterminador” não me atraíam. Pelas resenhas e resumos que havia lido pareciam ‘algo’ tosco, muito diferente do enredo que abre a saga. “Orador dos Mortos” acontece três mil anos no futuro dos fatos de “O Jogo do Exterminador” e traz o personagem principal, Ender Wiggin, eternamente jovem por causa de suas viagens interestelares. Tipo um Deus que nunca morre. Cara, confesso que é demais para o meu bom senso. Sei lá, não engolia essas continuações de “O Jogo do Exterminador” e assim, fui adiando, adiando e adiando a leitura, até que certo dia me deu um click: - “Não acredito que estou deixando de ler um livro por achar que as suas continuações não prestam?!”. Na mesma hora, acessei a Estante Virtual, escolhi um sebo e comprei o livro de Card. Juro que esqueci até mesmo a minha preguiça de encarar sagas, trilogias e séries. Tão logo recebi a obra pelo correio, comecei a ler e não me arrependi. Quer dizer... me arrependi sim. Arrependi de não ter lido o livro bem antes.
“O Jogo do Exterminador” é uma obra absurdamente fantástica e mereceu todos os prêmios que ganhou, incluindo o “Hugo” e o “Nebula”, as duas principais premiações literárias do gênero ficção científica.
E para aqueles que não pretendem ler o livro porque já assistiram ao filme, gostaria de alertar para não cometam esse sacrilégio porque as duas obras não se comparam. Enquanto o livro é fantasticamente fantástico, o filme é uma bomba! Na minha opinião, um dos piores roteiros adaptados para o cinema de todos os tempos.
Na produção cinematográfica de Gavin Hood e que conta com Harrison Ford e Asa Butterfield nos papéis principais, tudo é superficial e às pressas. Já no livro, Ender vai conquistando o respeito de seus colegas aos poucos – etapa por etapa – até se tornar um comandante de esquadra no qual todos confiam cegamente. No filme ele já chega abafando e em pouco tempo se torna o ‘rei da cocada preta’: sem sacrifícios, conflitos ou barreiras a serem vencidas.
O ponto forte no livro de Card é essa relação conflituosa vivida por Ender e a sua capacidade de resolver, da melhor maneira, esses conflitos apesar de ter apenas seis anos!! Parece que todos querem fud... o menino: o seu irmão Peter, a sua irmã Valentine (apesar de bem intencionada), seu pai, seus amigos, os chefões da escola de Combate Espacial e por aí vai. Mas no virar das páginas, Ender consegue  tirar de letra tudo isso e de quebra faz com que essas pessoas passem a acreditar em sua capacidade, tornando-se respeitado por todos.
A leitura é de tirar o fôlego porque a cada capítulo, o garoto (acho que o termo criança caberia melhor) tem que provar que é capaz. Os desafios a serem superados são muitos, desde Bean, o recruta arrogante e auto-suficiente que não aceita receber ordens de ninguém, até o enigmático Alai que no início se torna um amigo inseparável de Ender, mas depois, por se julgar melhor do que o parceiro, acaba se afastando. Então, quando eles descobrem a facilidade que Ender tem em tomar decisões rápidas e ‘certeiras’, passam a admirá-lo. Alai chega a dar um beijo no amigo, cena que no filme foi substituída por um abraço.
Portanto, o ‘gostoso’ em “O Jogo do Exterminador” não são as cenas de guerra ou batalhas estelares, mas sim, a luta do personagem principal em se firmar num ambiente onde todos o vêem com desconfiança..
Card narra a história de uma criança de seis anos de idade que é recrutada para a escola de Combate Espacial. No futuro criado pelo autor, a humanidade está em guerra com uma raça de alienígenas que querem invadir a terra para super povoá-la. Numa dessas tentativas de invasão, quase que os alienígenas conseguem atingir o seu objetivo. Com muita dificuldade, o combate foi vencido, graças ao heroísmo  de um comandante que conseguiu explodir a nave-mãe dos invasores e assim, desativar todo as outras naves menores. Desde então, o respeitado coronel Graff e as forças militares terrestres treinam as crianças mais talentosas do planeta desde pequenas, no intuito de prepará-las para um próximo ataque. Ender Wiggin, um garoto tímido e brilhante, é selecionado para fazer parte da elite. Na Escola da Guerra, ele aprende rapidamente a controlar as técnicas de combate, por causa de seu formidável senso de estratégia. Não demora para Graff considerá-lo a maior esperança das forças humanas.
Em certos momentos, “O Jogo do Exterminador” se torna uma leitura pesada, pois mostra o processo de brutalização imposto à crianças na Escola de Combate, onde são tratadas como qualquer recruta adulto.
Os trechos em que Card narra o treinamento dos garotos na Sala de Combate são primorosos. Não há como deixar de ‘engolir’ as páginas.
Enfim, como já disse uma leitura imperdível... 
Ah! Esqueçam o filme.

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